sábado, 19 de fevereiro de 2011

Padre Antonio Eudes Cruz- Homilia de Pe. Valdery da Rocha-04.10.10

EM DIA COM A IGREJA – Pe. Valdery da Rocha*
padrevaldery@supeirg.com.br

                            “ELE VEM COMO IRMÃO PARA O MEIO DE SEUS IRMÃOS”

Dia 4 último (festa de São Francisco) tomou posse como Administrador Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Acaraú, o padre Antonio Eudes Cruz que era Administrador Paroquial de Fátima (Sobral). O evento se deu em solene concelebração, à noite na Praça da Igreja Matriz, com a participação de muitos sacerdotes e a presença dos paroquianos de Acaraú e amigos vindos de outras localidades onde padre Eudes já fora Pároco. Na ocasião fez a homilia o cônego Gonçalo de Pinho Gomes, pároco da Sé Catedral. EM DIA COM A IGREJA traz para seus leitores, na íntegra, as palavras proferidas pelo pregador que expôs com sabedoria aspectos teológicos da missão do padre e parabenizou padre Eudes pela nova missão a ele confiada. Falando de maneira espontânea assim disse cônego Gonçalo:

“Estamos aqui reunidos nesta Celebração Eucarística: padres, religiosas, seminaristas, autoridades, agentes de Pastoral e todo o povo de Deus aqui presente para participar da posse do Padre Eudes, como Administrador Paroquial desta secular Paróquia, dirigida durante os últimos 45 anos pelo querido e saudoso Monsenhor José Edson Magalhães.
Acarauenses, o Padre Eudes foi escolhido para dar continuidade aos trabalhos de evangelização nesta terra. Ele vem como irmão para o meio de seus irmãos, cheio de esperança e de bons propósitos; vem consciente dos desafios que terá de enfrentar, mas veio confiante, na certeza, de que contará com a colaboração e o apoio de todos os paroquianos e pessoas de boa vontade de Acaraú.

Padre Eudes é um sacerdote jovem, de experiência comprovada. Inteligente, manso, acolhedor, sensível, bom administrador, capaz de conviver com os diferentes. Sacerdote piedoso e zeloso. Com toda certeza haverá de corresponder plenamente às expectativas e aos anseios do povo de Deus, em Acaraú.

Nas Paróquias e lugares por onde passou – Patrocínio, Seminário, Jijoca, Mucambo e Fátima deixou marcas profundas de sua presença como padre e verdadeiro amigo.

Meu caro Padre Eudes! Você recebe hoje, agora, a missão de dirigir os destinos espirituais desta Paróquia. Não é uma experiência nova porque você já esteve à frente de três outras Paróquias. Mas é uma outra experiência, em outra Paróquia, com outro povo. A missão é a mesma, mas o lugar é diferente e as circunstâncias são outras.  Aqui você vai exercer a sua missão de padre como você já vinha exercendo em outros lugares. E o povo de Deus sabe e tem consciência da missão do Padre. A missão do padre é a mesma missão de Jesus; é a mesma missão de todo e qualquer cristão. Mas, com o padre, pelo sacerdócio ministerial, a sua missão é de maior responsabilidade, pois vai exercê-la com mais empenho, com mais dedicação, por conta do Sacramento que ele recebeu, o Sacramento da Ordem. Assim, deve o padre exercer aquela tríplice missão que nós recebemos no dia do nosso batismo; a missão de ser profeta, sacerdote e rei-pastor. O profeta, pelo próprio sentido da palavra, é aquele que fala em nome de alguém, tanto que pode haver, tanto o profeta do mal como o profeta do bem. E o cristão, sobretudo quando padre é aquele que fala em nome de Deus, é aquele que veio para anunciar a Boa Nova, a boa notícia, trazer à humanidade, aos homens, o Evangelho. A boa notícia de que Deus é o nosso Pai, que Ele nos ama com um amor incondicional e todos nós somos irmãos e devemos nos amar uns aos outros assim como Cristo nos amou. Então, o profeta, falando em nome de Deus, vai anunciar à humanidade os valores do Reino de Deus: a justiça, o perdão, a fraternidade, a lealdade, a misericórdia, a paz, enfim, o amor. Então, é a missão do profeta anunciar. Usando bem a missão da Palavra, o profeta também é aquele que faz a denúncia. Vai denunciar tudo aquilo que se opõe, que se torna obstáculo à vivência da Palavra de Deus. Tudo aquilo que se torna um obstáculo para que a Palavra de Deus se torne realidade, se torne presença viva no meio das pessoas. É assim que o profeta, quando denuncia, vai combater a injustiça, vai denunciar a mentira, o erro, a falsidade. Ele não tem medo. Ele tem consciência da sua missão. Se houver necessidade, até não tem medo de oferecer a sua vida por conta da defesa da verdade.  Isto aconteceu com os profetas do Antigo Testamento. Acontece também ainda com os profetas de hoje. Muitos e muitos irmãos nossos, pela defesa da verdade, tomaram a palavra para defender os oprimidos e os injustiçados. Muitas vezes tiveram as suas vidas ceifadas. Então, essa é a missão profética, essa é a missão que um padre, especialmente, o Pastor tem que cumprir.

É missão também do padre a missão sacerdotal. Assim como os fieis têm também o sacerdócio comum, o padre, além do sacerdócio comum, tem também a missão que lhe é dado pelo ministério sacerdotal, pelo Sacramento da Ordem. Pois ele tem a missão de santificação. E o padre busca a sua própria santificação e a santificação dos fieis que lhe são confiados, através da oração, e sobretudo, através da administração dos Sacramentos, principalmente do Sacramento da Eucaristia que é o Sacramento mais importante que contém toda a riqueza espiritual da Igreja, pois é o centro de todos os Sacramentos. O Sacramento em que está presente o próprio autor dos Sacramentos. A Eucaristia funda a Igreja, faz com que a Igreja viva. A Eucaristia é o Sacramento base e é o sacerdote aquele que preside e celebra a Eucaristia para os fieis. A Igreja não pode sobreviver sem a Eucaristia. Daí a importância do ministério do sacerdote porque celebra a Eucaristia. Ele é instrumento nas mãos de Deus para que aconteça este grande ação que é a Eucaristia. Foi assim que quis Jesus Cristo ao instituí-la. No mesmo dia em que Ele instituiu a Eucaristia, deu aos seus Apóstolos e aos seus sucessores, os bispos, e aos presbíteros participantes do sacerdócio do bispo, o poder de presidir a Eucaristia. Por isso é que a presença do sacerdote é importante, porque ele traz, através do Sacramento da Eucaristia, a presença real de Jesus Cristo para alimentar a fé dos fieis, do povo de Deus. É assim que o padre tem essa missão santificadora. Através dos Sacramentos ele colabora de modo decisivo para a santificação do povo, oferecendo o sacrifício da Eucaristia pelos seus próprios pecados e pelos pecados do povo.

Eis aí, irmãos e irmãs, a missão sacerdotal que o Padre Eudes, e nós padres, já exercemos e que ele agora vai viver de uma maneira mais intensa aqui nesta Paróquia que ele está assumindo.

Também o padre, principalmente o Papa, tem a outra missão que é a missão real, a missão régia, a missão de Pastor, a missão de governar o povo de Deus, a missão de cuidar do povo de Deus. No Antigo Testamento, e no Novo Testamento, principalmente no capítulo 10 do Evangelho de São João, nos é apresentada a figura do Bom Pastor. E Jesus Cristo se apresenta como o Bom Pastor, aquele que dá a vida pelas suas ovelhas, aquele que conhece as ovelhas e as ama, aquele que é capaz de sacrificar a sua própria vida por todas e por cada uma delas; aquele que deixa as noventa e nove no redil do curral e vai à busca daquela ovelha que estava perdida. Então esse é o Bom Pastor. Essa missão, que o Padre Eudes vai cumprir aqui no Acaraú, assim como fez nas paróquias por onde passou.

Então, Padre Eudes, é um peso, uma tarefa pesada, sim, É um peso que você vai exercer e levar. Contará, com toda certeza, com a graça de Deus. Você já tem uma experiência de onze anos de padre. Já não é um neófito. Você já tem uma caminhada. Você, penso eu, está bastante capacitado para assumir os destinos desta Paróquia. É claro que cada pessoa tem sua maneira de ser. Monsenhor Edson dirigiu por 45 anos aqui esse rebanho com seu modo peculiar de ser. Aqui ficou por muitos anos, com toda certeza criou laços junto ao seu povo, trabalhou como pôde, todos bem o conheciam, era um sacerdote exemplar, estudioso, zeloso e muito fez para conservar a fé do povo desta Paróquia. Você é o continuador, mas você é você, você tem sua maneira de ser. Cada pessoa é uma pessoa particular. Você vai contar, repito, com toda certeza com a colaboração dessa gente, desse povo de Deus, porque o povo que tem fé, sabe que o padre é aquele que vai representá-lo diante dessa missão importante, de conduzir, de guiar, de animar a comunidade. Em verdade, o padre, é o animador da comunidade. É aquele que conforta e deve estar como aquele que ajuda os outros a se animarem e, na medida em que ele anima o seu povo, recebe também por parte do povo essa animação.
Meus irmãos e minhas irmãs! Naturalmente vocês esperam muito do padre, isso é natural, mas o padre espera também muito de vocês, e o Padre Eudes, com toda certeza, está esperando esse apoio, essa colaboração, a compreensão a fim de que ele possa exercer bem o seu ministério aqui.  È preciso que haja essa empatia entre o povo e o Padre, entre os fieis e o seu Padre. E disso eu não tenho dúvida de que vai haver não somente a empatia, mas vai haver também a simpatia, porque o Padre Eudes é uma pessoa muito simpática, e então ele vai conquistar com a sua simpatia também a amizade e o carinho de todos os seus novos paroquianos.

Nós, principalmente nós que formamos o Presbitério desta Diocese, que temos o Padre Eudes como colega-amigo, nós queremos desejar a ele muito êxito nesta nova empreitada, nesta nova caminhada à frente da Paróquia de Acaraú. Quero ter a certeza de que, com a graça de Deus, com a oração dos seus paroquianos e com o esforço muito grande que ele irá de fazer, ele corresponderá plenamente em primeiro lugar à vontade de Deus que o chamou para essa missão, e, às expectativas e aos anseios deste povo bom de Acaraú. Povo bom também que me acolheu um dia quando aqui exerci meu primeiro ministério sacerdotal como Vigário Cooperador do Monsenhor Sabino de Lima. Passei aqui apenas um ano e só saí porque o Bispo me tirou, mas saí saudoso, gostaria de ter permanecido.

Padre Eudes, que você seja muito feliz junto aos seus paroquianos. Conte com o apoio de seus colegas. Tenho certeza de que você será muito feliz. Meus parabéns.”.
                      
* Professor do Instituto de Teologia e Pastoral (ISTEP) e Pároco de Cruz

Fonte: Jornal Correio da Semana
Colaboração: Artemísio da Costa

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