A obra, que homenageia os 270 anos de Inácio Gomes Parente, um dos colonizadores de Sobral, será lançada no dia 15
Sobral O genealogista Francisco de Assis Vasconcelos Arruda se dedica há mais de 40 anos à pesquisa e escrita de livros sobre famílias deste Município. No próximo dia 15 de agosto, na sede social do BNB Clube, às 19h30, em Fortaleza, ele lançará o primeiro volume da coletânea Dicionário Biográfico. O primeiro a ser divulgado é sobre a Família Gomes Parente.
O genealogista se dedica há mais de 40 anos à pesquisa e escrita de livros sobre a origem das famílias sobralenses. Afirma que realiza o trabalho por amor, para cumprir uma missão FOTO: JOSÉ LEOMAR
Na ocasião, será comemorado o aniversário de 270 anos de Inácio Gomes Parente, um dos colonizadores da região, e também será entregue o certificado de Filho Ilustre a alguns expoentes da família. A publicação faz parte dos planos do escritor de lançar, em parceria com a Editora Premius, uma Enciclopédia Genealógica da Ribeira do Acaraú, que abrange Sobral e cidades vizinhas. "Sobre a família Gomes Parente, já são cinco livros publicados, faltando ainda um para completar o estudo desta família com duas mil paginas escritas", afirma.
E, paralelo a isso, prepara a 2ª edição dos Gomes Parente, que pretende fazer logo consiga um apoio para sua publicação. Quanto à família Arruda, já trabalha a 3ª edição, que sairá em quatro tomos, perfazendo mais de duas mil páginas.
O pesquisador avisa que os leitores irão se surpreender com o Dicionário. "Muitas pessoas que estão relacionadas dentro dele não leva o sobrenome da Família Parente ou Gomes Parente, e muitos ficarão surpresos, pois não entendem como pertencem a essa família", destacou. Dentre os nomes que levarão o certificado de Filho Ilustre, que receberão por ocasião da comemorações dos 270 anos de Inácio Gomes Parente, está o governador do Estado Cid Ferreira Gomes, assim como seu irmão Ciro Ferreira Gomes, entre outras personalidades.
Histórico
O patriarca da família, Inácio Gomes Parente, nasceu no ano de 1742, em Portugal, e apenas mudou-se para Sobral com cerca de 20 anos, conforme o pesquisador explica. Casou-se em 24 de novembro de 1777, na Serra da Meruoca, e faleceu em 13 de abril de 1838, com 96 anos.
"Os membros desta família estão ligados à história de Sobral e do Ceará, desde o primeiro Prefeito municipal, José Ferreira Gomes, até os dias atuais, com o doutor José Clodoveu de Arruda Coelho Neto, frente à prefeitura de Sobral, perfazendo 13 prefeitos desta augusta família de Sobral", diz o pesquisador.
De acordo com Assis, o historiador Cônego Sadoc de Araújo escreveu livros sobre a cronologia sobralenses que servem com texto básico para quem busca se aprofundar no assunto. "Ele foi o grande garimpeiro. No livro Raízes Portuguesas do Vale do Acaraú encontra-se os diversos colonizadores que desaguaram seus sobrenomes em Sobral, e Inácio Gomes Parente é um destes pioneiros portugueses a aportar na região", explica.
Dificuldades
O pesquisador aponta que algumas famílias locais são mais fáceis de localizar e estudar, pois já possuem um histórico familiar. Quando se encontra o sobrenome delas pode-se presumir, com certeza, que existe parentesco. Dentre essas, ele cita a família Ferreira da Ponte, que chegou à Fazenda Caiçara em 1679, tendo as gerações seguintes mantido seu sobrenome.
"Já outras dificultam, pois o sobrenome pode ter vários troncos e origens, ou mesmo adotados, como era muito comum, principalmente, na época da escravatura negra.
Silva e Souza, por exemplo, eram sobrenomes de grande destaques em Portugal e, pela importância que tinham, passaram por uma massificação. Consequentemente, perderam a força do nome, tornando-se de difícil pesquisa genealógica", destaca o autor. Assis Arruda caracteriza a família Ferreira da Ponte como um "grande rio" das famílias da Ribeira do Acaraú. "Ela é o rio principal, e as demais são afluentes que desaguaram no grande leito genealógico". Ele diz, ainda, que a Fazenda Caiçara possuía poucas famílias.
Cita como as principais os Ferreira da Ponte, os Linhares, os Gomes Parente, os Vasconcelos, os Arruda e outras como os Frota. Este sobrenome, conforme o pesquisador, veio do Rio Grande do Norte através de Felipe Gomes da Frota, que casou-se com uma descendente da Família Linhares, fazendo com que todos os Frotas da região sejam também Linhares.
A própria família não teria esse conhecimento, por ter predominado em sua descendência os Gomes da Frota, em todos os filhos, esquecendo o nome da mãe, como era também costume. "Hoje, muita gente não sabe, mas, por ocasião do casamento, os filhos de Felipe acabaram sendo batizados apenas com o nome da família do pai", acrescenta Assis Arruda.
A família Linhares, de Sobral, tem sua origem em Domingos da Cunha Linhares. Já o Arruda vem de Amaro José de Arruda e, atualmente, também podem ser encontradas as ramificações dessa família nas cidades de Granja, Fortaleza e Baturité. Amaro vivia numa fazenda chamada Oiticará, na região que hoje é encontrada a cidade de Massapê, segundo explica Assis.
Criação de sobrenomes
De acordo com ele, Sobral criou sobrenomes genuinamente sobralenses, como a família Mont´Alverne, que foi um apelido dado pelo padre Fialho a Antonio Aguiar, um de seus alunos. "Ele utilizava essa tática, pois era professor de historia e isso auxiliaria aos alunos a memorizar alguns fatos. Também tiveram origem parecida os nomes Cialdine e Verniau", diz.
Conforme Assis Arruda, a família de João batista Demétrio acabou criando esse sobrenome, mas, a origem dele vem dos Aires de Sousa. A família Rangel também tem uma origem parecida, sendo genuinamente descendentes Manoel Jose do Nascimento, avô do general Tibúrcio. Eles tinham um filho chamado Antonio Rangel que repassou o nome. A família veio de André Vidal de Negreiros, que foi um grande restaurador da Revolução Pernambucana.
História
Amor pela genealogia
O interesse do pesquisador Assis Arruda pela Genealogia começou ainda na década de 70, quando residia com sua irmã, que era casada com o advogado Francisco José Ferreira Gomes, que, inclusive, já havia escrito sobre a genealogia da família e continuava com os estudos sobre seus antepassados. Suas pesquisas no campo surgiram a partir da vontade de conhecer inicialmente a própria família.
Com 20 anos de idade, escreveu para diversos parentes mostrando interesse em construir a árvore genealógica da Família Arruda. Suas fontes de pesquisa são registros públicos e arquivos e relatos pessoais. Certidões como as de casamento, óbito e nascimento são bastante buscadas por ele. Mesmo depois de 40 anos se dedicando à Genealogia, o pesquisador afirma que não teve espaço de trabalho apropriado, assim como outros grandes nomes do Estado, que acabavam por trabalhar na garagem casa, em meio ao calor intenso. Hoje, Assis Arruda é aposentado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
COLABORADORA
JÉSSYCA RODRIGUES
Fonte: Diário do Nordeste