sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Uece em parceria com o IFCE oferta Mestrado em Computação


Estão abertas as inscrições para a seleção da 11ª turma de mestrado profissional em computação aplicada (MPCOMP) oferecido pela Universidade Estadual do Ceará – UECE, em parceria com o Instituto Federal do Ceará – IFCE. O curso tem convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e Fundação Universidade Estadual do Ceará (FUNECE).

Podem se candidatar às vagas aqueles profissionais com graduação plena e tecnológica ligadas as área de ensino, informática, redes de comunicação, computação, engenharia, ciências exatas, economia, administração e afins. Mais informações podem ser conferidas no link aqui

O poeta Dal Costa de Acaraú é atração do 7º Festival de Cantoria do Eusébio

Desafios, repentes, competições de melhor dançarino e cantor são atrações do Festival de Cantoria no Eusébio

A arte da viola revela talentos nos Municípios cearenses, uma tradição que passa entre as gerações
ALEX PIMENTEL
Fortaleza. Com uma participação de público estimada em cerca de 800 pessoas, acontece amanhã, a partir das 20 horas, o 7º Festival de Cantoria do Eusébio. O evento contará ainda com o show da banda de forró pé de serra Forró do Povo e da cantora Elisa Lombard.

O coordenador do evento, Francisco Edson das Chagas, disse que a cada edição o festival tanto aumenta no número de público, quanto de atrações.

"Hoje, o evento é uma referência forte para os cantadores e repentistas que buscam divulgar seus trabalhos por meio do Festival", afirmou o coordenador Francisco Edson. O festival acontece na casa do coordenador e há distribuição de prêmios para o melhor cantor, dançarino e distribuição de brindes, oferecidos pelos patrocinadores da iniciativa.

Atrações
Dentre as atrações previstas para o próximo sábado, incluem os repentes de viola com os poetas Luiz Pinto de Quixadá e Dal Costa de Acaraú. Na ocasião, haverá uma homenagem especial para o poeta Daniel Capistrano da Costa (de Águas Belas, Boa Viagem).

Francisco Edson disse que o Festival surgiu quase como um acaso, há sete anos. Lembra que na época queria apenas celebrar o aniversário de 18 anos do filho mais velho, que havia passado no vestibular. Com isso, convidou amigos violeiros. Um desses achou que poderia também levar outros companheiros de cantorias e fazer com que a festa também fosse uma oportunidade para se comercializar comidas e bebidas.

Francisco Edson disse que a ideia vingou de forma surpreendente já na primeira edição, o que suscitou fazer um evento bem maior. Dessa vez, o grande incentivador era o filho mais velho. Por mais uma vez, a festa aconteceu em abril. O fato triste é que dias depois, esse morria de um infarto fulminante.

Incentivo
"Foi o momento mais triste e traumático que passei na vida. No entanto, por incentivo de amigos não desisti e, em homenagem à sua memória, passei a realizar o evento todos os anos, só que agora nos meses de setembro", disse.

Edson disse que o sofrimento inicial foi superado pelo sucesso da festa que se consolidou na região, atraindo artistas regionais de todo o Estado. Além disso, toda a receita da festa é destinada para cobrir os custos e ainda para investir nos festejos natalinos.

MAIS INFORMAÇÕES
7º Festival de Cantoria

Rua Cruzeiro, 808 - Coaçu - Eusébio - Estrada do Fio (1ª lombada à direita) Telefone: (85) 9947.4006

Museu do Ceará sofre problemas estruturais

Apesar da fachada pintada recentemente, o prédio tem infiltrações e apresenta portas e janelas quebradas

Ao lado das gargalheiras e algemas usadas por escravos, são vistas grandes infiltrações na parede da sala "Escravidão e Abolicionismo"; na "Artes da Escrita", a situação é a mesma
FOTO: ALEX COSTA

Visto de fora, o Museu do Ceará parece estar em ótimo estado de conservação, especialmente por causa de uma pintura na fachada, que recebeu recentemente. Porém, se analisado com olhares mais atentos, mesmo por fora, pode-se detectar uma série de problemas, como janelas e portas quebradas, com pintura deixando a desejar. Visto de dentro, são muitos os sinais da falta de manutenção. O principal deles são as infiltrações, que estão por toda parte.

Nem mesmo o espaço de visitação, no primeiro andar, escapou. Na sala "Escravidão e Abolicionismo", ao lado de gargalheiras e algemas usadas para castigar escravos, enormes infiltrações podem ser vistas. Na sala "Artes da Escrita", a situação é a mesma. Mas é na administração onde o problema está mais crítico. Lá, o reboco da parece está fofo e uma parte já começou a soltar.

Entre os visitantes, boa parte dos problemas estruturais passam despercebidos. A recepcionista Érica Cavalcante, 25 anos, que estava, ontem, visitando pela primeira vez o Museu do Ceará, afirma que achou o local interessante. No entanto, voltou para casa frustrada, porque não constava nada sobre o assunto que ela pesquisava para um trabalho da faculdade: a seca de 1887 e o sanitarista Rodolfo Teófilo.

Já a estudante de Serviço Social Edilaine Sousa, 25 anos, achou o museu "um pouco limitado". "A história do Ceará é muito rica e eles só mostram o que consideram mais importante. Tem muitas fotos de pessoas, mas pouco sobre os acontecimentos", critica. A estudante diz que a estrutura do museu é ótima, mas acha que ele poderia ser melhor explorado.

Para a professora Taciana Façanha, 36 anos, que estava com uma turma de 29 alunos, o museu atende o seu objetivo, que é visualizar na prática o que conteúdo que está sendo passado aos alunos: o patrimônio histórico-cultural de Fortaleza. Ela elogia a forma como foram separadas as temáticas, sempre com uma relação com o assunto anterior, e afirma que os monitores são muito bons.

Mensalmente, o Museu do Ceará recebe 3 mil visitas, grande parte agendada por escolas. Devido ao número reduzido de visitantes no fim de semana e por questões de segurança, ele não funciona aos domingos.

Sede de evento
Enquanto isso, o Ceará se preparada para receber a 5ª Primavera dos Museus, que acontece de 19 a 25 de setembro, com participação de 589 instituições, que promoverão 1.779 atividades em 310 cidades do País, entre elas Fortaleza. "Mulheres, Museus e Memórias" é o tema desta edição do evento. O historiador do Museu do Ceará, João Paulo Vieira, destaca que viu na temática uma oportunidade de falar de um sujeito importante na história, que é a mulher.

O edifício do Museu do Ceará foi inaugurado em 4 de julho de 1871, quando funcionava a Assembleia Provincial Legislativa. Já sediou o Tribunal de Contas do Ceará, a Faculdade de Direito, o Tribunal Regional Eleitoral, a Biblioteca Pública e o Instituto do Ceará.

Quinta Primavera
Casa José de Alencar
De 19/09 a 20/12 - Exposição de fotos, jornais e outros documentos
Informações: 3276-2379

Museu da UFC
De 21/09 a 07/10 - Seleção de obras das artistas que compõe o Museu da UFC
Informações: 3366-7481

Museu do Ceará
Dia 22/09 - Mostra de pintura "Somos todas do mundo", da artista Lídia Rodrigues. Informações: 3101-2609

Miss - Ceará
Dia 21/09 - Exibição de documentários sobre a inserção feminina no universo predominantemente masculino Informações: 3101-1202

Memorial da cultura cearense
Dia 24/09 - Encontro com a artista plástica Nice Firmeza, que falará de memórias de seus 90 anos
Informações: 3488-8611

MAIS INFORMAÇÕES
A programação completa da 5ª Primavera dos Museus pode ser conferida no site

INCENTIVO
Faltam investimento e interesse da população
Artes visuais, artes plásticas, história, muita história, um universo que anda um pouco escondidos na nossa Capital, tanto pela falta de investimentos, quanto pela falta de divulgação e interesse da população nos museus. Segundo dados da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), atualmente, cerca de oito museus estão ativos na Capital.

Entretanto, apesar de existir a estrutura física a maioria dos prédios está em péssimo funcionamento. Segundo o historiador e professor da Universidade Federal de Ceará (UFC), Regis Lopes, o que falta são políticas públicas de incentivo.

"O poder de atração dos museus está ligado ao investimento e direcionamento. Acho que o problema não é falta de verba e sim de interesse", ressalta Lopes. Para o professor, a principal saída seria a criação de programas educativos com as escolas. Dessa maneira, segundo ele, a criança aprenderia desde cedo a importância do museu e se tornaria uma adulto frequentador desses lugares.

Para Maíra Ortins, coordenadora de artes visuais da Secultfor, há muitos museus funcionando na Capital e em excelente condições, contudo o que falta são espaços culturais, ou seja, lugares onde é possível uma divulgação de múltiplos trabalhos, desde artes visuais, artes plásticas, passando pelo teatro até formações e palestras. "Os museus são lugares extremamente importantes, mas se não existirem os centros culturais não teremos o que expor lá. Precisamos de interesse", diz.

SEM VERBA

Memorial das Secas fechado há 7 anos

O Palacete Carvalho Motta, prédio antigo, robusto e com ares franceses, situado na esquina das ruas Pedro Pereira com General Sampaio, nem parece que um dia abrigou o tradicional Museu das Secas, memorial fundado em 1983 pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) que exibia peças antigas recontando à trajetória deste evento climático. O local está fechado há sete anos.

Por falta de recursos financeiros, o projeto de reforma e reabertura do local está parado, o acervo abandonado, longe do público e do olhar curioso de pesquisadores. Uma grande lacuna que se abre na memória.

Acervo
Na lista de relíquias presentes havia objetos iconográficos e maquinários, telefones à manivela, lunetas e um arsenal de obras raras; uma biblioteca, relatórios, documentos e diversos registros de construções de açudes, a exemplo do Açude do Cedro, tais preciosidades ricas para qualquer colecionador.

Entretanto, o que resta agora são pichações nas paredes recém pintadas, janelas quebradas, grades enferrujadas e falta de perspectiva de futuro. A vendedora ambulante, Rosenilda Alves, 43 - que usa as sacadas do prédio como banca de roupas - se encanta com a beleza da arquitetura, mas lamenta a decadência e fim do antigo museu.

"Tinham uma eterna promessa de reforma que nunca saiu do papel. Passaram só uma tinta na parede e pronto. É só enrolação mesmo. Podia virar um importante ponto turístico da nossa cidade", diz. Segundo ela, até hoje curiosos perguntam sobre o memorial, outros até pensam que o palacete é uma igreja ou um simples casebre qualquer.

A arquiteta do Dnocs, Raquel Pontes, conta que há um projeto de transformar o antigo Museu das Secas em um Centro de Referência Virtual. Entretanto, o anseio esbarraria, segundo ela, na ausência de verba e falta de vontade política. "Fizemos um longo e criterioso restauro, mas não temos prazo de quando o local voltará a funcionar. Quem sabe em 2012", comenta.

LUANA LIMA, IVNA GIRÃO E KARLA CAMILA 
REPÓRTERES/ESPECIAL PARA CIDADE

Cultura popular precisa resgatar sua identidade

Festas tradicionais: mestre em Educação, Paulo Henrique Leitão dos Santos alerta para a "espetacularização" das culturas carnavalescas e cita as fantasias dos maracatus
FOTO: VIVIANE PINHEIRO

Fórum apontou, ainda, a necessidade de preservação da identidade dos grupos de cultura popular
Em Fortaleza, há uma tendência a "sapocaização" de grupos da cultura popular, sobretudo durante o Carnaval de Rua na Avenida Domingos Olímpio. A observação foi feita, no fim da tarde de ontem, pelo mestre em Educação, Paulo Henrique Leitão dos Santos, ao participar do I Fórum de Patrimônio e Festas no Ceará.

O evento - que fica encerrado hoje no Auditório Ícaro de Sousa Moreira, no Centro de Ciências da UFC - é uma iniciativa de equipe de pesquisadores do Programa Pró-Cultura, do Ministério da Cultura.

Segundo ele, a "espeta-cularização das culturas carnavalescas" é mais visível na apresentação das fantasias dos maracatus, apesar de ser a representação de uma corte negra. "O peso das fantasias, muitas vezes, dificulta até mesmo o desfile dos participantes das agremiações", lembrou, acrescentando que determinadas características das apresentações são apropriadas ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, mas não aos grupos culturais da Capital cearense.

"Essa tendência põe em risco a evolução dos maracatus na avenida", exemplificou o palestrante, que integra o Cordão do Coroá, grupo criado em 2003 pelo programa de extensão da UFC e que pesquisa as culturas populares de tradição oral. Paulo Henrique Leitão atua, também, como coordenador de Ação Comunitária do Serviço Social do Comércio (Sesc-CE).

O fórum tem o objetivo de debater e a avaliar os desafios operacionais, políticos e territoriais do patrimônio imaterial das festas populares (tradicionais e religiosas), perante os incentivos públicos, o turismo e a mídia no âmbito do Ceará e de Fortaleza em particular.

Relação com a mídia
As dimensões territoriais das festas populares e do turismo, bem como a relação desses grupos com a mídia, "muitas vezes não respeitam os limites do mapa", citou o palestrante. Isso ocorre com os romeiros e os penitentes, que um dia estão no Ceará e no dia seguinte podem estar em outro Estado do País. "As políticas públicas devem observar a movimentação territorial desses grupos", frisou.

Tanto no contato com a mídia como em outros momentos, os grupos culturais devem preservar suas identidades, defendeu Leitão.

Sobre isso, a brincante do Maracatu Axé Oxissi, Francisca Estela Gonçalves, 65 anos, ressaltou a importância do evento "para que a gente discuta melhor o assunto e as pessoas possam se conscientizar a respeito do valor da cultura para nosso Estado". Comentou que tanto o Governo do Estado como a Prefeitura de Fortaleza deveriam "valorizar mais o Carnaval da nossa cidade, oferecendo mais apoio financeiro, pois fazemos uma festa muito bonita".

O fórum está sob a coordenação regional do professor Christian Dennys de Oliveira, do Departamento de Geografia da UFC, que destacou que o evento visa ainda discutir as formas de financiamento e fomento à cultura. Na programação de hoje, o destaque será a mesa-redonda "Tradição, renovação e educação patrimonial", além da apresentação do Cordão de Coroá.

MOZARLY ALMEIDAREPÓRTER

Contos para o cordel

Coleção adapta contos de fadas para a literatura de cordel, através do trabalho da dupla Arievaldo Viana e Jô Oliveira

Personagens de contos de fadas no universo da literatura de cordel. Acima, ilustrações feitas pelo pernambucano Jô Oliveira

Embalando a infância de milhares de crianças no mundo inteiro, os contos de fadas europeus adaptados pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, no início do século XIX, ganham versão para a literatura de cordel, a partir da harmonia métrica do cearense Arievaldo Viana e das belas ilustrações do pernambucano Jô Oliveira.

A dupla vem trabalhando na coleção "Era uma vez... Em Cordel", publicada pela editora Globo. Ao todo, 12 histórias clássicas do cânone da literatura infantil serão convertidas em versos. Dois deles, "A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau" e "O coelho e o jabuti", já estão prontos. O lançamento acontece amanhã, na XV Bienal do Livro do Rio de Janeiro.

O cordelista Arievaldo Viana, com presença confirmada no evento, conta que o convite para participar do projeto veio do amigo e parceiro de trabalho Jô Oliveira. "Ele é um grande artista! Um ótimo ilustrador! Jô foi convidado a desenvolver um projeto para a editora. Então, teve a ideia de adaptar contos de fadas dos irmãos Grimm para a literatura de cordel, chamando-me para transformar a história em rima. Os livros estão lindos, uma edição bem caprichada, com ilustrações coloridas e traços parecidos com os da xilogravura. Mais a frente quando a coleção estiver toda completa, vamos trabalhar com o ´Livro das Mil e Uma Noites´, contos populares originários do Médio Oriente".

Livros
Publicado pela primeira vez em 1812, a história da Chapeuzinho Vermelho é uma das mais queridas pelo público infantil. Pelas mãos de Arievaldo Viana, ela se transformou em "A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau". A ideia do conto permanece, mas agora o texto é escrito em estrofes compostas de sete versos. Do mesmo modo, a conhecida fábula "O coelho e o jabuti" ganha uma versão divertida, entoada pela simplicidade e a cadência das rimas de Arievaldo Viana.

"Alfabetizei-me com os folhetos em cordéis. É muito importante para mim poder, de alguma forma, contribuir com a difusão e novas adaptações desse gênero literário. A coleção ´Era uma vez... Em cordel´ também circulará pelas salas de aula do País, fortalecendo mais uma vez o fato de a literatura de cordel ser um instrumento pedagógico potente, capaz de facilitar o processo de ensino-aprendizado de jovens e crianças", destaca.

Além da coleção, Arievaldo Viana vem se dedicando a outros planos. "Estou envolvido em vários projetos, de quais pretendo relançar o livro ´O baú da gaiatice´, um dos meus primeiros escritos. Essa será a terceira edição. Também venho me dedicando à produção de cordéis sobre contos gauchescos (´Causos de Romualdo´), que serão lançados na Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro. O cordel é a minha vida. Todos esses projetos são uma forma de tentar manter viva essa tradição na sociedade contemporânea", conta o poeta.

Fique por dentro Versos da tradição
A literatura de cordel é um gênero poético que se origina de formas de poesia da tradição popular europeia, trazidas ao Brasil ainda na época colonial. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular, principalmente no Nordeste. Costuma ser composta em sextilhas (estrofes de seis versos), e abrange os mais diferentes assuntos. Um dos mais famosos artistas do cordel foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Em sua obra encontramos versões contos populares, histórias de cangaceiros e fatos do cotidiano.

Poesia
A peleja de Chapeuzinho Vermelho com Lobo Mau
Arievaldo Viana e Jô Oliveira
Globo
2011
36 páginas
R$ 34

Poesia
O coelho e o jabuti
Arievaldo Viana e Jô Oliveira
Globo
2011
32 páginas
R$ 32

ANA CECÍLIA SOARES
REPÓRTER

Museu de Santana do Acaraú-Sobre um movimento pela preservação

De onde virá o desejo que o ser humano tem de ver perpetuada sua memória? O que explica o desejo que este ser tem de conhecer suas raízes e sua identidade?
Em minha filosofia livre de normas acadêmicas acredito que a resposta está natureza mais profunda do ser humano: o amor no seu mais amplo sentido!

Contudo, neste cismar filosófico, cabe uma pergunta: hoje em dia não estará este desejo sendo apagado e calado? Haverá espaço no sistema capitalista para uma identidade que não seja aquela do consumismo?
Tal cismar nasceu em nosso coração quando recebemos nos meses de Junho e de Julho as visitas de ilustres filhos da Cidade do Acaraú e de uma filha ilustre de Morrinhos.Estas pessoas foram para mim o sinal de um fenômeno que passa despercebido aos olhos da grande massa mecanizada, ocupada em fazer girar a grande roda do produzir - consumir - produzir - consumir.... até que a morte chegue!

Na Zona Norte do Vale do Acaraú encontramos pessoas muito preocupadas com a preservação da memória e da História de seu povo e cidades que abriram Memoriais com este fim e até a publicação de livros que contam a história das cidades.

Memorial da Paróquia de Santana do Acaraú
A primeira visita que recebi foi do Senhor Totó Rios, um acarauense apaixonado pela história de sua cidade e que tem um projeto de criar um memorial Virtual para contar a história das cidades do médio e do baixo vales do Acaraú através de fotos.

Em Julho recebemos a visita de Dona Guilhermina Braga, incumbida pelo pároco de Morrinhos Padre Jacó Sindharta de conseguir conosco uma cópia da foto do Reverendo Padre Arakén da Frota para fazer parte de uma galeria que estará em Memorial que a Paróquia pretende abrir.

Também nos deram o prazer de sua visita Maria Iranir Araújo, Acarauense conhecedora de suas raízes e de sua história.Soubemos por ela da situação de perseguição e incompreensão que sofre o pioneiro, nesta nossa região do médio e do baixo Acaraú na criação de espaço para a preservação da Memória: O Senhor José de Fátima. Segundo os mesmos muitas das peças colecionadas por este senhor ao longo de muitos anos foram roubadas ou extraviadas uma vez que estavam em espaço aberto pela Prefeitura de Itarema que pouco ou quase nunca cuida de tal espaço!

Em passagem por Bela Cruz anos atrás, vimos na fachada de um Casarão antigo uma placa que indicava que ali também havia um Memorial. Esperamos o mesmo abrir em seu turno da tarde contudo isto não ocorreu, fato que nos frustou a expectativa de conhecê-lo!

No ano passado fomos presenteados com a Publicação do Livro: Morrinhos sua história e sua gente do casal João Leonardo Silveira e Maria Luzia Rocha Silveira. O livro, de linguagem bem acessível, conta a história de Morrinhos desde seus remotos primórdios!

Tais exemplos nos mostram uma verdade: apeasar de envoltos ainda em espeesa névoa de desconhecimento de sua história os cidadãos da parte baixa do Acaraú querem conhecer suas raízes e a região mostra ter um grande potencial para o turismo histórico e Arquitetônico.

Acredito que tal fenômeno ganhará mais força se os autores das iniciativas que citamos unirem-se em torno deste ideal comum: o conhecimento da memória e da história como caminho de crescimento da autonomia e da cidadania.

Por Léo Cardim

Reportagem em Jornal e Blog

Diário do Nordeste-História do Porto de Cacimbas
Diário do Nordeste-História do Porto de Cacimbas
Blog do Eliomar-Biblioteca de Acaraú
Blog Ceará é Noticia-Biblioteca de Acaraú

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Livro pode 'ganhar vida' no lançamento, diz escritora cearense


Na hora de lançar um livro, a escritora cearense Socorro Acioli diz sempre ter ideias “mirabolantes” para fugir do evento tradicional com falas ilustres seguidas por sessão de autógrafos e um coquetel. Em janeiro do ano passado, a escritora conseguiu executar uma dessas ideias e lançou sua 14ª obra, “A bailarina fantasma”, com uma visita guiada com a presença de 200 pessoas pelo Theatro José de Alencar, local histórico de Fortaleza e que serviu de cenário para o livro. “O escritor tem de pensar em um evento que deixe o leitor com curiosidade para ler o livro. Fazer com que o livro ganhe vida”.

A história do livro de Socorro Acioli se passa toda no Theatro José de Alencar e foi escrita a partir da lenda de uma bailarina vestida de azul que rondava o local. “Sempre penso que o lançamento seja um prolongador do tema do livro. No caso da 'Bailarina', o 'mergulho' no texto tinha de ser no Theatro”, explica. Além do apoio da editora, a ideia do lançamento do livro ser uma visita guiada teve ajuda da diretoria do teatro e, inclusive, fez parte da comemoração do centenário do equipamento cultural.

“Fiz um roteiro nos cenários da história. Conduzia os visitantes para diferentes locais e lia um trecho do livro. Geralmente, nos lançamentos, vão os amigos e a família. Como agreguei um evento diferente, acabei atraindo muita gente que não conhecia”. Apesar da publicação ser voltada para o público juvenil, a escritora conta que cerca de 200 pessoas entre crianças, adolescentes e adultos passaram pelo passeio que começou às 16h de uma quarta-feira e terminou por volta das 22h.

Lançamento multimídia
O convite para a visita guiada de “A Bailarina Fantasma” também foi original. Socorro Acioli produziu um book trailer da história, o primeiro do Ceará. “Enviei para imprensa, para os convidados e disponibilizei na internet. Meu público de 8 a 14 anos está todo na internet. É o meio mais fácil para chegar neles”. No vídeo, a escritora apresentava o livro com atores interpretando pequenos trechos da história.
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A escritora é um exemplo da importância de saber planejar o lançamento e como isso pode gerar consequências positivas. “Muitas vezes, o que importa não é a venda e, sim, a divulgação na mídia. Fazer lançamentos diferentes gera espaço e é um investimento a longo prazo”. Até agora, já foram vendidos 30 mil exemplares da obra e a comercialização está esgotada nas livrarias de Fortaleza. Umas das novidades é que 'A Bailarina Fantasma' também vai virar filme por uma produtora do Rio de Janeiro.

Um mês depois do sucesso do lançamento oficial, foi realizada uma leitura pública do livro no foyeur do Theatro José de Alencar. Vinte e um convidados leram na íntegra um dos 21 capítulos da história. Ao longo de 2010, a escritora ainda fez mais seis visitas guiadas sobre o livro a convite do próprio teatro e de escolas da capital cearense. “Até hoje, se eu chegar no teatro, os guias me chamam para fazer o passeio com os visitantes e contar a história da bailarina”.
Socorro Acioli defende que o livro precisa fazer um “casamento" com outras artes. Em 2011, a escritora lançou mais uma obra, o cordel “O Inventário de Segredos” e mais uma vez fez diferente. Socorro convidou o grupo cearense Breculê para musicar todos os capítulos da sua 15ª obra e realizou um show em uma livraria de Fortaleza.

Momento crucial para escritor
O coordenador editoral da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult), Raymundo Netto, reafirma que o lançamento do livro é uma questão crucial, principalmente, para os escritores que publicam por conta própria ou em acordo com as editoras. “A maior parte da imprensa dá ênfase à publicação de um livro quando é feito o lançamento. Esse é o momento de divulgação e de venda”, destaca.

Raymundo Netto, que também é escritor e já trabalhou na publicação de mais de 90 livros pela Secult, orienta que o local do evento de lançamento precisa ter uma relação com a história do livro e com o público. “Quando o escritor tem apoio da editora, a preocupação é menor e o lançamento acaba sendo simbólico. Mas, no caso de escritores independentes, o esforço tem de ser bem maior porque a grande venda do livro será no lançamento”.

O coordenador editoral lembra pequenos detalhes que devem ser pensados na organização do lançamento de um livro. “É importante preparar a logística do local, separar dinheiro para os trocos, tomar cuidado com as papeletas com os nomes para a dedicatória, a distribuição do livro nas editorias especializadas com pelo menos 15 dias de antecedência do lançamento. Esses detalhes fazem a diferença e garantem o sucesso de um lançamento”.
Gabriela Alves
 
Usei o Facebook para conseguir lançar meu livro, diz autora estreante

Ceará deve ter mais de 50 parques eólicos em 2014


A produção de energia eólica no Ceará deve manter ritmo de franca expansão nos próximos três anos. Atual líder nacional no setor, e com projetos ainda a serem construídos, o Estado deve chegar em 2014 com mais de 50 usinas e uma capacidade instalada de quase 1,5 mil MW, segundo panorama traçado pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

Atualmente o Ceará possui 17 usinas eólicas em operação. Os parques estão localizados em Acaraú, Amontada, Aquiraz, Aracati, Beberibe, Camocim, Fortaleza, Paracuru e São Gonçalo do Amarante. Todos as usinas, somadas, têm uma capacidade instalada de 493,9 MW. De acordo com o presidente do Conselho Regional do Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) do Ceará, engenheiro eletricista Antônio Salvador da Rocha, 1 MW é suficiente para abastecer 500 famílias.

O panorama da Abeeólica para 2014 prevê o Ceará com 54 usinas e capacidade instalada de 1.488,7 MW - atrás somente do Rio Grande do Norte. A energia seria suficiente para uma demanda equivalente a 744 mil famílias, aproximadamente. 

Projetos vão além do litoral
O litoral do Estado vem deixando de ser o único ponto onde os projetos eólicos são instalados. A região da Ibiapaba é uma nova realidade para os investidores. Em 2010, por exemplo, novos parques eólicos foram aprovados em leilão para Ubajara e Tianguá.

De acordo com o diretor da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) no Nordeste, Pedro Cavalcanti, a ida de projetos para regiões além do litoral se deve a um conjunto de fatores, como lincenças ambientais impedidas em cidades litorâneas e viabilidade econômica mais adequada à realidade do investidor.

Pedro aponta ainda que  as praias cearenses já possuem um grande número de usinas - o que motiva os investidores a optarem pela expansão em outras regiões.

"Todo o litoral está mapeado. No Ceará a questão ambiental é mais severa, mas isso não impediu o Estado de se expandir. O Ceará deu um grande sinal de vitalidade nos últimos leilões", comenta o diretor.
Nos últimos leilões de energia o Rio Grande do Norte obteve melhores resultados que o Ceará.

Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Um olho no cravo e outro na fechadura


O meu fascínio pela literatura fantástica tem origem, sem dúvida, na tradição oral que corria o Sertão numa época em que eu era menino e que a luz da Light se apagava às 22h em quase todas as pequenas cidades do interior do Nordeste brasileiro.

Aparelhos de televisão eram uma raridade, poucas famílias mais abastadas podiam acompanhar o que se passava no resto do Brasil. A nós, filhos de pobres,só nos restavam algumas brincadeiras que não necessitavam da claridade, mas o que verdadeiramente nos encantava era sentar na calçada, alpendre ou mesmo no meio da rua e abrir uma roda de contação de histórias.

Geralmente um adulto, não raro os mais velhos da vizinhança, iniciava logo uma narrativa de assombração, era a senha para que todos se calassem, apertassem a mão do irmão mais velho e grelassem os olhos na tentativa de enxergar a boca de onde saía os mesmos e velhos causos de cavalos correndo em roçados na madrugada, luzes em oiticicas de beira de rio, carnes sendo cortadas em mercados fechados, aparições e perseguições em ruas e veredas de nossa cidadezinha.

Minha mãe vivia brigando com meu pai por conta dos mil mal-assombros que incutia em nossas cabecinhas noite adentro. Iam deixar trauma nos meninos, dizia. Mas eles deixaram em nós foi um gosto pelo mistério que levamos pela vida afora. Já adulto, e em contato com a cultura letrada, era mais do que natural que gostasse de literatura fantástica.

Mas desenvolver esse gosto pelo gênero não foi tão fácil, porque raros eram os autores da dita “literatura séria” que o cultuavam. Há uma ou outra história perdida de alguns escritores românticos, pouquíssimas dos ditos realista-naturalistas e menos ainda dos modernistas. Mas com o tempo fui descobrindo narrativas fantásticas até no mais empertigado realista. Uma espécie de gênero minoritário, mas cultuado por quase todos os escritores.



Fui criando gosto de marcar os contos fantásticos encontrados em livros e coletâneas. Daí a vontade de juntá-los, de classificá-los, de estudá-los. Faltava-me um cabedal teórico, que aos poucos fui descobrindo e lendo mais como curioso e menos como estudioso sério. Das classificações sisudas de Todorov (que no centro de sua teoria apontava como definição única a hesitação entre o racional e o irracional, abrindo leque à direita para o estranho explicado e à esquerda para o maravilhoso, principalmente este, que nos levaria ao Realismo Mágico latino-americano) aos mais modernos dos estudiosos, fui percebendo que, assim como a literatura fantástica foi mudando com o passar do tempo, a tentativa de classificá-la, conceituá-la, também foi no rastro, se perdendo nas infinitas veredas deixadas pelo que os escritores iam produzindo.

Um dia, assistindo uma palestra na universidade, um professor discorria sobre as características marcadamente realistas de nossa literatura nordestina, devido ao clima quente da região, às eternas lutas do homem com a terra, os desafios da sobrevivência etc. e tal. Diante de tal quadro, prometi a mim mesmo que juntaria um número significativamente de textos fantásticos para contrapor a essa verdade tão aparentemente óbvia do seguro professor. Quase todos os livros que li depois desse episódio foram lidos com um olho no cravo do Diabo e o outro na fechadura do fantástico.

Para se conhecer a literatura fantástica em nosso país há que se ler autor por autor, catando contos e romances (e, tremei Todorov, até poesias) que se enquadrem no gênero, dialoguem e tangenciem com ele. Tarefa difícil, mas que poderia ser facilitada por coletâneas e antologias, que agregassem tais raras pérolas nos mais longínquos rincões desse nosso imenso país. Mas são raras, por que não dizer: raríssimas, as coletâneas, panoramas, antologias específicas do gênero que trazem textos de autores brasileiros.

Há alguns anos o escritor e compositor Bráulio Tavares, um dos raros estudiosos do gênero fantásticos que eu tenho conhecimento, veio a Fortaleza lançar sua ótima Página de sombras (digo ótima porque, diferentemente das coletâneas anteriores publicadas no Brasil, traz autores diferentes dos mesmos e já mais que sambados exemplos usados por outros antologistas, ao lado de nomes nunca antes apresentados em antologias e coletâneas, como Carlos Emílo Correa Lima, Berilo Neves, Heloísa Seixas e André Carneiro). Durante palestra no lançamento, Bráulio fez menção de dívida a duas outras coletâneas. Uma delas é Maravilhas do conto fantástico (Cultrix, 1958), organizada por Fernando Correia da Silva e com introdução e seleção de José Paulo Paes — que mais tarde também organiza e traduz Os buracos da máscara (São Paulo: Brasiliense, 1985), que inclui dois contos brasileiros, de Murilo Rubião e José J. Veiga. A outra é O conto fantástico (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959) com seleção, prefacio e notas de Jerônimo Teixeira, trazendo 26 histórias brasileiras dentro do gênero aqui abordado (na breve apresentação, Bráulio supõe ser esta reunião de Monteiro a primeira do Brasil na temática fantástica).

Não pensem que essa limitação bibliográfica se refere apenas ao gênero fantástico. Não, são pobres também as antologias, coletâneas e panoramas referentes a qualquer gênero no Brasil. Qualquer coleção de contos e poemas que entopem as livrarias neste início do século 21 traz lacunas e uma falta de abrangência inacreditáveis. Organizadores sem nenhum conhecimento do que se passa nos vários Estados brasileiros organizam irresponsavelmente os “Melhores Contos”, os “Melhores Poemas” sem critério algum, deixando de fora verdadeiros mestres de nossa literatura, que são penalizados simplesmente por residirem e publicarem em centros distantes da grande mídia (e das grandes editoras) ou mais distantes ainda do universo limitado de conhecimento dos tais organizadores; mestres do porte de um Moreira Campos, Gilvan Lemos, O. G. Rego de Carvalho, Hélio Pólvora, José Chagas, H. Dobal, Francisco Carvalho, Juarez Barroso, José Alcides Pinto, Jamil Sneje e uma enormidade de grandes outros escritores ficam de fora das referidas coletâneas, enquanto outros autores de obras e qualidade infinitamente inferiores estão lá.

PANORAMAS E ANTOLOGIAS LOCAIS

Para suprir e tentar evitar que isso aconteça (injustiças e omissões de grandes autores), pensamos em organizar um panorama do conto fantástico no meu Estado do Ceará, de literatura tão vasta e rica, porém quase desconhecida em seus pormenores pelo restante de brasileiros de outras plagas. Dos contos passamos para os capítulos de romances e até poemas, chegando a um inacreditável total de 207 peças: 130 histórias, 60 poemas (ou excertos) e 17 capítulos (ou fragmentos) de romances. Em tal empreitada contei com as valiosas colaborações de Sânzio de Azevedo (maior conhecedor da literatura cearense) e Alves de Aquino (poeta de valor da nova geração que desponta em nossas letras brasileiras).

Tenho corrido estados a lançar o livrão de quase 800 páginas que foi financiado pela Secretaria de Cultura do Ceará, em seu valioso programa de editais de literatura: Julho corremos as principais cidades do Estado, depois fomos para o Agosto das Letras de João Pessoa/PB, em setembro vamos lançá-lo na Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Até o final do ano tentar correr (ou ao menos caminhar) Brasil afora.

Com esta ideia procurar sensibilizar outros apaixonados, estudiosos ou simples curiosos como eu, a organizarem cada vez mais obras coletivas em seus estados. Assim, quem sabe daqui a algum tempo, os limitados organizadores de antologias nacionais não tenham a desculpa do desconhecimento dos grandes autores de cada pedaço deste país quase continental.

ASSOMBRAÇÕES NO PENAMBUCO ANTIGO
Tenho em lugar especial de minha estante as três primeiras edições do extraordinário Assombrações do Recife Antigo, do mestre Gilberto Freyre, lembrança de quando morei em Recife no final da década de 1980 do século 20 e percorria quase diariamente os maravilhosos corredores da livraria Livro 7 e saía já de noitinha pelas ruas escuras do Recife Velho, embriagado pelos poemas de Augusto dos Anjos e assombrado pelos causos (no subtítulo Freyre os chama de “Algumas notas históricas e outras tantas folclóricas em torno do sobrenatural no passado recifense”) bem catalogados e melhor contados pelo mestre de Apipucos.

Quando Freyre, no seu “Prefácio à 2.ª edição”, diz que “este livro não pretende ser contribuição senão muito modesta para o estudo de um aspecto meio esquecido do passado recifense: aquele em que esse passado se vê tocado pelo sobrenatural. Pelo sobrenatural mais folclórico que erudito, sem exclusão, entretanto, do erudito.” ou ainda quando afirma que “Quando muito, acrescenta uma ou outra novidade, miúda, mas mesmo assim de algum interesse, à literatura ou ao folclore do sobrenatural do Brasil.” Ele Parece querer desafiar futuros estudiosos de outras áreas das artes, do teatro e das artes plásticas e da literatura de Pernambuco (e do cordel, e da música, e da...) a procurarem a presença de aspecto tão importante do imaginário de um povo que é o sobrenatural. Que teimoso e destemido estudioso fará o levantamento de poemas, contos e romances (e músicas, e gravuras, e cordéis, e...) nessa que é uma das mais ricas literaturas do Brasil, a Pernambucana?

Pedro Salgueiro é escritor e organizador de O cravo roxo do diabo - O conto fantástico no Ceará

Fonte: Suplemento Pernambuco