De onde virá o desejo que o ser humano tem de ver perpetuada sua memória? O que explica o desejo que este ser tem de conhecer suas raízes e sua identidade?
Em minha filosofia livre de normas acadêmicas acredito que a resposta está natureza mais profunda do ser humano: o amor no seu mais amplo sentido!
Contudo, neste cismar filosófico, cabe uma pergunta: hoje em dia não estará este desejo sendo apagado e calado? Haverá espaço no sistema capitalista para uma identidade que não seja aquela do consumismo?
Tal cismar nasceu em nosso coração quando recebemos nos meses de Junho e de Julho as visitas de ilustres filhos da Cidade do Acaraú e de uma filha ilustre de Morrinhos.Estas pessoas foram para mim o sinal de um fenômeno que passa despercebido aos olhos da grande massa mecanizada, ocupada em fazer girar a grande roda do produzir - consumir - produzir - consumir.... até que a morte chegue!
Na Zona Norte do Vale do Acaraú encontramos pessoas muito preocupadas com a preservação da memória e da História de seu povo e cidades que abriram Memoriais com este fim e até a publicação de livros que contam a história das cidades.
Memorial da Paróquia de Santana do Acaraú |
A primeira visita que recebi foi do Senhor Totó Rios, um acarauense apaixonado pela história de sua cidade e que tem um projeto de criar um memorial Virtual para contar a história das cidades do médio e do baixo vales do Acaraú através de fotos.
Em Julho recebemos a visita de Dona Guilhermina Braga, incumbida pelo pároco de Morrinhos Padre Jacó Sindharta de conseguir conosco uma cópia da foto do Reverendo Padre Arakén da Frota para fazer parte de uma galeria que estará em Memorial que a Paróquia pretende abrir.
Também nos deram o prazer de sua visita Maria Iranir Araújo, Acarauense conhecedora de suas raízes e de sua história.Soubemos por ela da situação de perseguição e incompreensão que sofre o pioneiro, nesta nossa região do médio e do baixo Acaraú na criação de espaço para a preservação da Memória: O Senhor José de Fátima. Segundo os mesmos muitas das peças colecionadas por este senhor ao longo de muitos anos foram roubadas ou extraviadas uma vez que estavam em espaço aberto pela Prefeitura de Itarema que pouco ou quase nunca cuida de tal espaço!
Em passagem por Bela Cruz anos atrás, vimos na fachada de um Casarão antigo uma placa que indicava que ali também havia um Memorial. Esperamos o mesmo abrir em seu turno da tarde contudo isto não ocorreu, fato que nos frustou a expectativa de conhecê-lo!
No ano passado fomos presenteados com a Publicação do Livro: Morrinhos sua história e sua gente do casal João Leonardo Silveira e Maria Luzia Rocha Silveira. O livro, de linguagem bem acessível, conta a história de Morrinhos desde seus remotos primórdios!
Tais exemplos nos mostram uma verdade: apeasar de envoltos ainda em espeesa névoa de desconhecimento de sua história os cidadãos da parte baixa do Acaraú querem conhecer suas raízes e a região mostra ter um grande potencial para o turismo histórico e Arquitetônico.
Acredito que tal fenômeno ganhará mais força se os autores das iniciativas que citamos unirem-se em torno deste ideal comum: o conhecimento da memória e da história como caminho de crescimento da autonomia e da cidadania.
Por Léo Cardim
Um comentário:
Bem dito e compreendido o comentário do autor. Porém me parece um equívoco grave afirmar que uma sociedade de consumo (Capitalista) tem por si só características fundamentais para desprezar sua História. Ora, isto não é verdade, temos várias sociedades capitalistas que sentem uma necessidade de memória coletiva em alto grau. O problema é a falta de investimentos nesta questão. Sou historiador em formação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e tento a algum tempo fazer um trabalho sobre a História da cidade do Acaraú. Até agora, ninguem financiou minha empreitada. O problema esta além de um sistema de consumo que não caberá a mim dialogar sobre isso agora
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