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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ironias e outras coisas de um gozador

Sobre Coisa Nenhuma e Outras Coisas, quinto livro do dramaturgo Fernando Lira, é lançado hoje, 16, no Auditório do Dragão do Mar

Lira diz ter a escrita influenciada pelo gaúcho Luís Fernando Veríssimo e pelo cineasta norte-americano Woody Allen (DIVULGAÇÃO)

Como se colocasse óculos com lentes que lhe dotasse de superpoderes, o escritor vê a realidade com grandes doses de ironia. Seja com seus tipos cômicos ou em situações risíveis, o dramaturgo Fernando Lira transporta para o papel sua leitura do cotidiano de forma inusitada e reúne seus escritos em Sobre Coisa Nenhuma e Outras Coisas, livro que será lançado hoje, 16, no Auditório do Dragão do Mar.

A obra recebe o apoio do Instituto Federal do Ceará, (IFCE) em que Lira é professor do curso de Licenciatura em Teatro. O livro é resultado de uma compilação de 51 textos escritos pelo dramaturgo entre 2000 e 2001. Fernando escrevia semanalmente para uma página na Internet chamada “Delira na Rede”.

Já naquela época, mesmo sem a invenção das redes sociais, Fernando recebia o retorno de leitores e sentia que seus textos eram bem recebidos. Surgiu, então, a vontade de reuni-los em livro, projeto que foi adiado pelo mestrado e o doutorado do escritor. “Agora, surgiu a oportunidade de editá-los assim. Os textos que eram mais de 70 passaram por uma triagem, fiz enquetes com pessoas próximas para escolher os textos. É uma oportunidade de resgatar esses textos, que estava restritos a pessoas que acompanhavam a página naquela época, e levá-los a outros públicos”, comenta Fernando.

Os textos, que o escritor não ousa definir como crônicas ou contos, são escritos em prosa, mas dotados de cargas cênicas. Tanto que, para o lançamento, dois grupos de teatro ajuntaram alguns dos textos e apresentam duas montagens teatrais: Constatação Aterradora e Uma Lógica Particular. “Quando os escrevi, mesmo já sendo dramaturgo, os textos eram exercícios de prosa. Depois passei a levá-los para sala de aula e o potencial cênico foi trabalhado”, explica.

Sobre Coisa Nenhuma... é o quinto livro de Fernando que diz ter sua escrita influenciada pelo gaúcho Luís Fernando Veríssimo, “na criação de tipo, e na ironia com que trabalha os nomes dos personagens”, e o estadunidense Woody Allen, “na peculiaridade com que observa o mundo”.

Apesar de ficcionais, os textos de Fernando têm “vários pés na realidade”. De Sobre coisa nenhuma... desprendem-se tipos como Maria Joana, uma repórter policial que leva oficio tão a sério que pratica crimes para entendê-los – “uma crítica ao jornalismo policial e ao sensacionalismo de como alguns programas televisivos tratam os crimes”; a Diva Gação, que sabe tudo nada, e o professor Funnddus, doutor em Nada, que sabe nada sobre tudo – uma observação sobre como o meio acadêmico às vezes pode ser vazio.

Tamanha é a profundidade do conhecimento que o professor Funnddus detém que foi a ele dada a missão de prefaciar a obra. Ao final de seu prefácio sobre o livro ou (ou sobre nada), Funnddus (des)convida: “Embora as minhas profundas palavras não reflitam nem de leve a dimensão desta obra – que não tive o saco de ler até o final – aconselho que todos passem pelo sacrifício que, de certo modo, a mim foi imposto”.

SERVIÇO

Lançamento do livro Sobre Coisa Nenhuma e outras coisas
260 páginas
Quanto: R$ 20
Quando: hoje, 16, às 18h30min
Onde: Auditório do Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81)
Acesso livre
Outras info.: (85) 9622 5092.

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

Fonte: O Povo

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Acarauense Aline Bussons premiada no II Concurso Cepe de Literatura Infantil e Juvenil


A Companhia Editora de Pernambuco – Cepe anunciou o resultado do II Concurso Cepe de Literatura Infantil e Juvenil, promovido em 2011. Na categoria Infantil os vencedores foram a mineira Maria Ângela Haddad Villas (Mariângela Haddad), com o livro O mar de Fiote, primeira colocada; a jornalista pernambucana Adriana Pimentel Victor, segunda colocada com a obra Maria das vontades; e a cearense Aline Maria Freitas Bussons, com O hipopótamo que tinha ideias demais, terceira classificada. Na categoria Juvenil, a obra vencedora foi O dia em que os gatos aprenderam a tocar jazz, de Pedro Henrique Barros Portela da Silva, do Rio de Janeiro; seguindo-se A valente princesa Valéria, de João Paulo Vaz, também do Rio de Janeiro, segundo colocado; e O decifrador de poemas, de Viviane Veiga Távora, de São Paulo, terceira colocada.

Os prêmios são idênticos para cada categoria: oito mil para o primeiro lugar, cinco mil para o segundo colocado e três mil para o terceiro. Não houve menções honrosas. Concorreram 333 obras, sendo apenas 59 na modalidade juvenil, o que demonstra o boom que a literatura infantil vem vivendo nos últimos anos, alavancada por ótimos textos e excelentes ilustrações e projetos gráficos. A comissão julgadora foi composta pelo jornalista e escritor Cícero Belmar; escritor Conrado Falbo; especialista em crítica literária Luiz Reis; a mestra e doutoranda em Linguística, cujo objeto de estudo são os contos de fadas, Simone de Campos Reis; e a assessora pedagógica de bibliotecas comunitárias e agente de formação de leitores, Carmem Lúcia Bizerra Bandeira, colunista do site Interpoética. A comissão julgadora considerou critérios subjetivos como criatividade, originalidade, representação de gênero, prazer da leitura, entre outros.

Mariângela Haddad é bastante conhecida como ilustradora, tendo recebido diversas menções "Altamente Recomendável" da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (RJ) e o Prêmio de Incentivo do NOMA, Japão, em 1996. Começou a escrever em 2009, quando ganhou o concurso 5º Prêmio Barco a Vapor, da Fundação SM, São Paulo, com o livro O Sumiço da Pantufa. O livro O mar de Fiote, que venceu o concurso da Cepe na categoria Infantil, fala da descoberta de um mar inusitado e o início de uma amizade improvável, tendo como cenário uma cidade do interior. “Cheguei a imaginar o estranhamento que esse "mar mineiro" causaria num concurso de literatura promovido à beira-mar... Concursos são assim, indispensáveis, importantes, bem-vindos e causadores de frios na barriga”, disse ela.
Foi a primeira vez que Pedro Henrique Barros Portela, vencedor na categoria Juvenil, participou de um concurso literário. O texto foi escrito no final de 2010, “mais pelo exercício da escrita e pelo prazer imediatista dela”. A inspiração veio de sua admiração por gatos e pelo jazz, estilo musical que mais aprecia. A inscrição no concurso teve também o objetivo de ajudar a superar o medo da crítica. Ele confessa que ficou “atônito” com a notícia sobre o prêmio. “Nunca tinha ganho nada dessa forma antes, então não sabia como se reage a uma notícia dessas”.

CONCURSO SE CONSOLIDA – A repercussão do I Concurso Cepe de Literatura Infantil e Juvenil, realizado em 2010, e a qualidade editorial e gráfica dos livros que foram lançados em 2011, deixaram os vencedores do II Concurso com uma grande expectativa. Aline Bussons, professora de língua portuguesa da Universidade Regional do Cariri, no Ceará, que tem dois livros infantis publicados - Uma baleia muito esperta e Raulzito, o jacaré – diz que tenta “trabalhar com as temáticas da liberdade individual, do direito de sonhar e de estar na contramão das imposições da coletividade. Quando escrevi a história do hipopótamo Everardo, procurei trazer essas ideias pro texto. Essa premiação é muito importante, pois dará visibilidade ao meu trabalho. Uma ótima oportunidade de publicação e de divulgação de livros. Além disso, sinto uma grande satisfação em saber que minha obra será divulgada por uma editora de Pernambuco e lida pelas crianças pernambucanas!”

João Paulo Vaz diz que “os concursos literários têm sido fundamentais” na sua carreira de escritor. Ele tem quatro livros publicados, dois deles através de concursos. As brincadeiras de princesas e aventuras das netas Janaína e Beatriz, de oito anos, foram a inspiração para escrever A valente princesa Valéria, que foge da narrativa tradicional ao colocar a princesa como salvadora do príncipe e depois os dois, para ganhar a liberdade, enfrentam juntos uma série de obstáculos.

Maria das vontades é o primeiro livro infantil da pernambucana Adriana Victor. Ex-repórter da Rede Globo Nordeste, ela tem reportagens publicadas em diversos jornais e revistas do país; é coautora de Ariano Suassuna: Um Perfil Biográfico, publicado pela editora Zahar, e autora dos textos de Encourados - Inventário Fotográfico, Investigação Sonora e Registros Escritos sobre o Vaqueiro e a Lida com o Gado. Em outubro de 2011, lançou Bonecos na Ladeira, livro sobre os gigantes do Carnaval de Olinda.

Viviane Veiga, de São Paulo, disse que ter um livro escolhido em um concurso nacional, como o da Cepe, “é uma alegria imensa para qualquer escritor”. Vencedora em dois concursos de poesia, esta é sua estreia em prosa e a primeira experiência voltada para o leitor juvenil. “Eu espero que o leitor se aproprie do texto e da poesia escondida nas páginas do Decifrador de poemas”. Viviane tem publicada a obra Mareliques da praia-louca, com ilustrações de Walther Moreira Santos (Editora Bicho Que Lê, PE), que venceu o Concurso PROAC de Publicação de Livros no Estado de São Paulo, da Secretaria de Estado da Cultura. O MEC vai publicar sua obra Pé de alguma coisa pede outra, que venceu o II Concurso Literatura Para Todos, realizado pelo Ministério da Educação. Em 2012 deverá ser publicado também o Cordel de Teresinha, vencedor do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel – Edição Patativa do Assaré, do Ministério da Cultura.

Fonte: CEPE

Livro de escritora acarauense é lançado pelas Edições Demócrito Rocha


A escritora acarauense Aline Bussons teve sua obra de literatura infantil intitulada “Uma baleia muito esperta” publicada pelas Edições Demócrito Rocha, do Grupo de Comunicação O Povo. O lançamento da obra aconteceu no último sábado (10/12) no auditório da Livraria Cultura, no bairro Aldeota, em Fortaleza.
Aline Bussons na tarde de autógrafos na Livraria Cultura Foto: Júlia Cordeiro

O livro, que custa R$ 18,50, conta a história de uma baleia que, de tão esperta, ensina até as diferenças de mamíferos, como ela, de peixes. Aline Bussons é estreante na literatura e uniu seu amor pelo mar à experiência como professora na elaboração do livro, que apresenta ilustrações de Guabiras. No lançamento, Bussons participou de uma sessão de autógrafos e sua obra foi adaptada a musical produzido por Marcelino Câmara. Além do livro de Bussons, a Demócrito Rocha fez o lançamento de mais quatro obras da literatura infantil.

Júlia Cordeiro e Aline Bussons-Tarde de autógrafos

SERVIÇO
"Uma baleia muito esperta"
Edições Demócrito Rocha
R$ 18,50
Endereço da Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282 - Joaquim Távora - Fortaleza - CE
E-mail: fundacao@fdr.com.br
Mais informações: (85)4008.0800
                             (85)3255.6270


Livro narra a história da crise existencial de uma baleia

"Uma baleia muito esperta" já havia sido lançado em 2010, no Centro Cultural Bom Jardim e no Dragão do Mar, com direito a contação de história

Roberta era uma baleia feliz e tranquila que levava uma vida normal no oceano. Até que um dia, tudo muda a sua volta quando uma outra baleia, Georgina, lhe diz que baleias não são peixes, e sim mamíferos. A confusão está feita e Roberta e mais um outro grupo de cachalotes passam a se questionar se são peixes, mamíferos e até mesmo répteis ou aves.

A partir dessa premissa simples, a autora Aline Bussons, em seu primeiro livro infantil, apresenta uma discussão lúdica acerca do conhecimento científico. A baleia Roberta passa por um dilema existencial e levanta uma série de questões sobre identidade e relações sociais. "Gosto de literatura infantil por causa da simplicidade", afirma a autora Aline Bussons. "A ideia do livro é criticar a ciência e todas as classificações e rótulos que ela traz", explica. "O livro discute temas filosóficos a partir dos enquadramentos que a sociedade faz". Isso tudo, claro, com uma linguagem infantil e lúdica. "Acho bacana que cada leitor tire suas próprias conclusões", afirma a escritora.

Para tornar o lançamento de "Uma baleia muito esperta" ainda mais interessante para a criançada, em pleno mês de férias, a professora da UFC, Elvira Drummond, especialista em literatura infantil, realiza a contação da história, dando vida aos dilemas existenciais de Roberta e seus amigos. 

Fonte: Diário do Nordeste-Publicado em 9 de janeiro de 2010

sábado, 10 de dezembro de 2011

Fantasia não tem idade

Cinco é bom, dez é melhor ainda! Uma semana após lançar cinco livros infantis, as Edições Demócrito Rocha trazem o lançamento de outras cinco obras para os pequenos

Era uma vez com sotaque cearense. E multiplicado por cinco. Somando mais estórias às outras cinco lançadas sábado passado, as Edições Demócrito Rocha trazem lançamento hoje, às 17 horas, no auditório da livraria Cultura, das obras Uma escola encantada, de Sáskia Brígido, Uma baleia muito esperta, de Aline Bussons, De lagarta a borboleta, de Gardner de Andrade e Helano Maciel, O mistério da professora Julieta, de Socorro Acioli, e a segunda edição de O livro dos clássicos, de Natalício Barroso.

A entrada é gratuita, mediante senhas – entregues meia hora antes. No evento, além da sessão de autógrafos, os autores e obras serão apresentados em musical produzido por Marcelino Câmara e acompanhado de Cristina Gino.

Os livros se dividem em duas sortes, cada uma de acordo com o tamanho dos seus leitores-modelo; sejam eles ávidos consumidores de literatura infantil ou de literatura infanto-juvenil. Para os maiores, são duas opções; enquanto Natalício Barroso oferece um mergulho na História grega em seu O livro dos Clássicos (ilustrações de Everton Luiz Silva), Socorro Acioli apresenta uma mestra cheia de segredos e portadora de uma mala preta com um vírus que atravessa as páginas e vem para a vida dos leitores de O mistério da professora Julieta (ilustrado por Suzana Paz).

Para o público infantil – seja aquele que já se aventurou no bê-á-bá ou dos menores que deitam no colo dos pais para ouvir a sessão de leitura antes do sono – são três as opções, cada uma buscando um tema diferente. Se a vocação é o sonho, Gardner de Andrade e Helano Maciel trazem a história de De lagarta a borboleta (ilustrações de Sérgio Melo), com o pequeno inseto que luta para romper a prisão do casulo e conquistar a liberdade de voar e se extasiar com a beleza da natureza.

Novos nomes
Do fundo do mar vem uma baleia que, de tão inteligente, ensina até as diferenças de mamíferos marinho – como ela – e peixes. Uma baleia muito esperta tem texto de Aline Bussons, estreante na literatura e que uniu seu amor pelo mar à experiência como professora na confecção do livro. As ilustrações, por sua vez, são de Guabiras.

De uma fornada direta do mundo dos contos de fadas, vem Uma escola encantada, escrito por Sáskia Brígido e ilustrado por Suzana Paz. Mas na viagem de lá para a cá, a estrutura veio torta e redefinida ao começar com um “E foram felizes para sempre” e encerrar com o clássico “Era uma vez...”. “As coisas acontecem muito de inspiração. Queria falar sobre uma escola que mostrasse um pouco de como eu queria que as escola fossem para crianças. Que fosse algo muito mágico. Não planejei ser assim, mas foi acontecendo”, conta Sáskia, que desde jovem foi não apenas uma leitora, como uma escritora e até editora dos próprios livrinhos. Para a escritora, o importante na literatura infantil é possibilitar o sonho, a viagem na estória do outro, reinventando uma para a vida do próprio infante.

SERVIÇO

Lançamento de Uma escola encantada, Uma baleia muito esperta, De lagarta a borboleta, O mistério da professora Julieta e O livro dos clássicos.
Quando: Hoje, dia 10 de dezembro.
Onde: Auditório da Livraria Cultura (avenida Dom Luís, 1010 – Aldeota).
Hora: 17 horas (Entrada com senhas, sujeito à lotação).
Preços: Uma escola encantada: R$ 22.
Uma baleia muito esperta: R$ 18,50.
De lagarta a borboleta: R$ 28.
O mistério da professora Julieta: R$ 33.
O livro dos clássicos: R$ 35.
Outras info.: (85) 4008 0800/ 3255 6270.

André Bloc
andrebloc@opovo.com.br

Fonte: O Povo

Um livro, muitos olhares, diversas Clarices

O livro Clarices (90 anos de nascimento, 50 anos de Laços de Família) traz artigos sobre a escritora Clarice Lispector e será lançado hoje, 10, no CCBNB

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia e veio ainda criança para o Brasil (BANCO DE DADOS)

Uma das escritoras brasileiras mais aclamadas, Clarice Lispector, se estivesse viva, completaria hoje, 10, 91 anos de idade. É em homenagem a ela que é lançado logo mais às 17 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste, o livro Clarices (90 anos de nascimento, 50 anos de Laços de Família).

A obra é um apanhado de artigos de professores de universidades brasileiras e do exterior – Portugal, Espanha e França – e pesquisadores de Clarice, além de uma entrevista com a italiana Nadiá Setti, professora do Centro de Estudos Femininos da Universidade de Paris 8, autora de uma das primeiras teses de doutorado sobre literatura feminina na França.

Com organização das professoras da Universidade Federal do Ceará Fernanda Coutinho e Vera Moraes, a obra em mais de 500 páginas se propõe esmiuçar as variadas facetas da escritora: a romancista, a contista, a jornalista. “Trazendo, ainda, trabalhos que exploram ângulos temáticos identificadores de seu texto, como é o caso da infância”, explica Fernanda, em material de divulgação.

O projeto surgiu ainda ano passado, em um simpósio em comemoração ao 90 anos de Clarice. Lá foram feitos os primeiros contatos com pesquisadores de outros países.

Vera mensura a importância da escritora, nascida na Ucrânia, mas que aos dois meses de idade veio para o Brasil. “Clarice criou um estilo particular, novo, singular, que levanta o questionamento se há uma literatura feminina, quais os destaques e suas especificidades. Ela foge do roteiro obrigatório de como escrever narrativas, é isso que encanta”, explica.

Mesmo após 34 de sua morte precoce, em 1977, aos 56 anos, a escritora continua sendo lida pelas novas gerações de leitores. “Sempre que se lê Clarice, algo novo surge. E sempre há novos leitores conhecendo Clarice e gostando, justamente pelo que ela escreve. De mulheres como protagonistas de suas histórias, das revelações interiores, dos momentos de epifania. Clarice vai se revelar cada vez mais”, acredita Vera.

O lançamento será feito juntamente com a inauguração da exposição Clarice: Retratos, com curadoria de Fernanda Coutinho e Inês Cardoso.

SERVIÇO

Clarices (90 anos de nascimento, 50 anos de Laços de Família)
Quando: hoje, 10, às 17 horas
Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro)
Entrada franca

Fonte: O Povo

I Feira do Livro do Ceará em Cabo Verde começa neste domingo (11)


O Governo do Estado,  por meio de Secretaria da Cultura (Secult), no Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, realiza em parceria com o Instituto de Arte e Cultura do Ceará, Câmara Cearense do Livro/CCL, UNILAB, Universidade Federal do Ceará e Universidade Estadual do Ceará, a I Feira do Livro do Ceará em Cabo Verde: "A Terra da Luz na Claridade", de 11 a 18 de dezembro, na Cidade Praia, Cabo Verde.

Sabido da importância da “palavra” no âmbito literário, mas também no ramo do conhecimento, e no intuito de aproximar os dois países por meio da difusão de saberes e troca de experiências, a I Feira Mundial da Palavra consolida o intercâmbio cultural entre Brasil (CE) e Cabo Verde, evidenciando as semelhanças entre os estados de expressão portuguesa, sobretudo no que diz respeito às suas literaturas e demais saberes no campo das Ciências Sociais e Humanas.

A ação cultural está norteada ao aprofundamento da amizade mútua e da cooperação solidária entre seus membros. As políticas de linguagem e cultura  estão orientadas à estimular o desenvolvimento social, cultural e econômico e a superação das desigualdades sociais.

Os dois países, unidos por meio da difusão de saberes e troca de experiências, trabalham possibilidades de reciprocidades de relações de cunho científico e cultural entre as duas nações com uma programação que inclui  exposições de vídeos, palestras, contações de histórias, exposições e lançamentos de livros, oficinas e promoção de grupos de trabalho entre universidades brasileiras e caboverdianas.

I Feira Mundial da Palavra promovida pelo Ministério da Cultura de Cabo Verde e Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, Secretaria da Cultura do Estado do Ceará,  em  parceria com o Instituto de Arte e Cultura do Ceará, Câmara Cearense do Livro/CCL, UNILAB, Universidade Federal do Ceará e Universidade Estadual do Ceará

Saiba mais sobre a Literatura:

Cedo, Cabo Verde despertou para o amor dos africanos pelo Brasil. Os "claridosos", criadores da revista Claridade, em 1936, dentre outros méritos, furaram, com decisão e arte, o cerco salazarista que impedia o acesso a textos brasileiros que apresentavam posturas políticas definidas, como os de Jorge Amado e de Graciliano Ramos.

Os claridosos, entendendo o Brasil como uma cultura mestiça e autônoma, encontravam-se, como parte de seu povo, em processo de conscientização cultural e nacional. Com o modernismo brasileiro, em especial o de caráter regionalista produzido no Nordeste, essa geração é influenciada.

Os escritores caboverdianos, a partir de autores brasileiros, como Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira e o sociólogo Gilberto Freyre, passaram a tomar consciência cada vez maior da realidade das ilhas e a romper com os modelos de tipo europeu. A atenção passou a ser cada vez mais na terra, no ambiente socioeconômico e no povo das ilhas. O grande marco de consolidação de temática nativista da literatura produzida em Cabo Verde acontece com o lançamento da revista Claridade. Assim, o modernismo caboverdiano, além de todas as perspectivas linguísticas e artísticas, o coloca à frente como elemento de afirmação e de consolidação da consciência da nação caboverdiana.

Sonara Capaverde



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Livro resgata a história e a cultura do município

Pesquisa reúne relato de historiadores que passaram pela cidade e documentos históricos encontrados pelo autor

Igreja do Céu é um dos pontos mais visitados do município (FCO FONTENELE)

Contar a história da cidade de Viçosa do Ceará - distante 365 quilômetros de Fortaleza - a partir de relatos de historiadores e da pesquisa de documentos históricos. Essa é a proposta do livro Viçosa do Ceará sob um olhar histórico. “O livro reúne a visão de vários historiadores que visitaram Viçosa, como Barão de Studart, Álvaro Gurgel de Alencar, Carlos Studart Filho e Padre Antônio Vieira”, diz Gilton Barreto, autor do livro.

Gilton informa que, em 1590, os primeiros franceses estabeleceram-se no local. Em 1604, começaram a chegar os jesuítas, com o objetivo de realizar a catequese dos índios. Inicialmente, o lugarejo era chamado de Vila Viçosa Real das Américas. Outros nomes foram utilizados até que, em 1943, decidiu-se por adotar o nome Viçosa do Ceará.

Segundo Gilton Barreto, a cidade possui 72 casarões tombados e é considerada uma das primeiras vilas do Ceará. O Teatro Pedro II, por exemplo, é tido como o segundo mais antigo. Foi inaugurado em 1911, um ano após o Theatro José de Alencar, em Fortaleza.

O livro também faz um resgate da cultura e da arte no município e traça detalhes da geografia do lugar. Em alguns distritos localizados no sertão, “há a produção da tradicional cachaça viçosense”, relata Gilton. Na parte serrana, há o cultivo de flores e da pimenta-do-reino, além da conhecida produção de licores e doces.

Na capa do livro, há uma gravura do artista plástico Ernane Pereira, que retrata a Vila Viçosa no ano de 1860. O desenho original foi encontrado na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e é de autoria do botânico Freire Alemão. Nele, é possível ver a primeira igreja com algumas casas ao redor. Ao fundo, está o chamado Morro do Céu. No livro, há outras 500 fotos da cidade.

A publicação também traz histórias de lendas que já correram à “boca miúda” em Viçosa. Uma delas envolve um sítio chamado Lajes. No local, há muitas pedras com forma de gente e animais. Reza a lenda que, antes, o local fazia parte de um reino, onde vivia um rei e uma princesa. Eles eram adorados pelos súditos.

A história muda de rumo com a chegada de um padre estrangeiro, por quem a princesa se apaixona. A notícia do romance deixou a população revoltada. Uma feitiçaria foi preparada para transformá-los em pedras. O problema é que o feitiço saiu forte demais e todos os membros da comunidade foram petrificados. Essa e outras lendas foram colhidas em manuscritos encontrados.

O livro Viçosa do Ceará sob um olhar histórico deverá ser lançado em agosto de 2012. O trabalho de pesquisa foi iniciado em 2006. Gilton Barreto também é autor do livro História, fatos e fotos de Viçosa.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
O livro Viçosa do Ceará sob um olhar histórico faz um resgate da história da cidade a partir de relatos já feitos por historiadores e de documentos guardados por famílias do município. A história da cidade começa em 1590, com a chegada dos primeiros franceses.

Geimison Maia
geimison@opovo.com.br

Fonte: O Povo

sábado, 3 de dezembro de 2011

Senta que lá vêm as histórias

As Edições Demócrito Rocha lançam hoje, às 17 horas, cinco livros focados num público ainda em formação do hábito de leitura: nossos pequenos. A Livraria Cultura recebe os autores

Ilustração de Karlson Gracie para o livro infantil Um Passeio Diferente (REPRODUÇÃO)

Tem hora que o hábito começa em casa. Junta-se pai, junta-se mãe; o filho na cama, deitado. Os olhos lotados de sono, mas o espírito vivo no discurso “num tô cum sono”. Abre-se o livro e na segunda página o pequeno tombou rumo ao mundo dos sonhos, continuar nessa outra realidade a história vocalizada pelos pais. E assim, chegado o primeiro ano do Ensino Fundamental, a própria criança pode se aventurar a estender a mão. E, a partir de hoje, esses pequenos-ávidos-leitores têm cinco novas opções genuinamente cearenses de leitura. Hoje, às 17 horas, as Edições Demócrito Rocha reúnem sete autores e quatro ilustradores no lançamento de cinco livros na Livraria Cultura.

Depois do lançamento da segunda edição de Detestinha – o bicho que detesta ler, o escritor e jornalista Demitri Túlio volta com duas obras focadas num público menos experiente na literatura. Se Detestinha dialogava com leitores da faixa infanto-juvenil, O ipê amarelo e o passarinho e O ovo mudo se focam em crianças nos primeiros passos entre letras. Outro autor dos mais experientes a criar novas páginas (e novas aventuras) é Horácio Dídimo, com seu O menino perguntador. Mas os primeiros passos na literatura não vêm apenas dos leitores. Cristina Gino, que lança Musicalização infantil e o grupo formado por Fernando Martins, Flávia Viana, Márcia Melo e Rodrigo Carvalho, autores de Um passeio diferente, vivem sua primeira incursão na literatura infantil. Além da sessão de autógrafos, os escritores serão apresentados por um musical do cantor e ator Marcelino Câmara, acompanhado da escritora e pianista Cristina Gino. O público deve chegar à Livraria Cultura com 30 minutos de antecedência para a distribuição de senhas para o auditório (sujeito a lotação).

De acordo com a jornalista Regina Ribeiro, editora das Edições Demócrito Rocha, a seleção dos títulos buscou a abordagem de temas tão diferentes como a matemática e a sociabilização, ao mesmo tempo em que não perdendo de vista a temática regional – marca da editora. “A ideia é ampliar esse universo da literatura clássica infantil, abordando a ecologia, a música, as ciências, a matemática”, disse.

Em O ipê amarelo e o passarinho (ilustrações Carlus Campos), Demitri produz um poema sobre o passado – quando homem e natureza viviam harmoniosamente, até que chegou um outro tempo onde a pressa quebrou essa harmonia. Já em O ovo mudo (ilustrações Carlus Campos), o autor traz uma fábula galinácea sobre as incerteza e inseguranças que também vivem os humanos. O menino perguntador (ilustrações Ingra Rabelo) reúne algumas das personagens criadas por Horácio Dídimo permeados por brincadeiras infantis de interrogação. Musicalização infantil (ilustrações Diana Medina) traz a experiência de Cristina Gino como educadora musical infantil com um roteiro do ensino na primeira infância. “Foi uma experiência muito diferente a de poder expressar a minha prática através do texto”, pontuou a autora.

Já Um passeio diferente (ilustrações Karlson Gracie) juntou o casal Fernando Martins e Márcia Melo aos amigos Flávia Viana e Rodrigo Carvalho numa aventura do personagem Daniel pelo mundo da geometria – que, segunda a experiência do grupo nas aulas de matemática, é uma das área em que as crianças têm mais dificuldade. Um dos primeiros leitores foi outro Daniel, de quatro anos e já viciado em livros, segundo a mãe, filho de Fernando e Márcia, já pôde se divertir antes de dormir com as aventuras de seu xará. “Como meu filho ainda não lê, vejo como ponto importante as figuras. Os livros estão com esse atrativo. A gente tentou trabalhar com o movimento e passou para o livro, além das formas geométricas”, aponta Márcia.

Próxima leva
Na próxima semana, no dia 10 de dezembro, o público infantil vai ser o foco de outros cinco lançamentos da EDR. Uma escola encantada, de Saskia Brígido (ilustrações de Suzana Paz); De lagarta a borboleta, de Gardner de Andrade e Helano Maciel (ilustrações de Sérgio Melo); Uma baleia muito esperta, de Aline Bussons (ilustrações de Guabiras); O mistério da professora Julieta, de Socorro Acioli (ilustrações de Suzana Paz) e O livro dos clássicos, de Natalício Barroso (ilustrações de Everton Luiz Silva).
SERVIÇO

O ipê amarelo e o passarinho

O menino perguntador

Musicalização infantil

O ovo mudo

Um passeio diferente

O quê: Lançamento de novos títulos infantis das Edições Demócrito Rocha

Quando: Hoje, dia 3 de dezembro.

Onde: Auditório da Livraria Cultura (avenida Dom Luís, 1010 – Aldeota).

Hora: 17 horas (entrada com senhas, sujeito à lotação).

Preços: Musicalização Infantil - R$ 22,00


O menino perguntador - R$ 33,00

Um passeio diferente - R$ 22,00

O Ovo Mudo - R$ 22,00

O Ipê Amarelo e o Passarinho - R$ 22,00


Outras info.: (85) 4008 0800


André Bloc
andrebloc@opovo.com.br

Fonte: O Povo

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nova obra de César Barreto fala do clero sobralense


Escritor, engenheiro e atual superintendente adjunto do Departamento Estadual de Rodovias do Ceará (DER), César Barreto Lima lança hoje seu novo livro. Às 19 horas, ele apresenta no Náutico Atlético Cearense "Sobral de todos os santos".

Como o próprio título entrega, o cenário das histórias contadas é o preferido pelo autor. Da cidade de Sobral, César Barreto recupera as memórias dos sacerdotes católicos que por ali passaram. O trabalho mais de 20 crônicas que recuperam episódios da vida do município que contaram com o protagonismo de padres e outros religiosos. O escritor conduz seus leitores por um texto leve, permitindo-se mesmo contar causos marcados pelo humor. Caso do sacerdote José Inácio Parente, às voltas com um jovem paquerador que estava de olho nas moças na escola por ele dirigida.

A maior parte das histórias que figuram no livro se ambientando nos anos 50, quando Sobral, em sua verve aristocrática, ainda era comum ver as elites preparem seus filhos para uma carreira eclesiástica.

Livro  
Sobral de todos os santos  
César Barreto Lima

Premius
2011
117 páginas
Lançamento às 19 horas, no Náutico Atlético Cearense (Av. Abolição, 2727, Meireles)

Dom Quixote de Baturité

Com narrativa divertida e crítica sobre antigos povos do Ceará, o livro Os Guerreiros de Monte-Mor, de Nilto Maciel, será relançado hoje na Livraria Cultura

O autor passeia pela cultura indígena com ironia e vocabulário rico (MARCOS CAMPOS)

Imagine uma tribo de guerreiros Jenipapos, que séculos atrás viveu nas terras da Vila de Monte-Mor, atual Serra de Baturité. Eram Liderados pelo quixotesco Antônio da Silva Cardoso, grande revolucionário nativista, que inspirava seus descendentes a conspirarem contra o imperador, os portugueses em geral e a Igreja. Essa história divertida, crítica e instigante constitui a narrativa de Os Guerreiros de Monte-Mor, de Nilto Maciel, com relançamento hoje (1º), na Livraria Cultura.

Publicado pela primeira vez em 1988, o livro tem narrativa não-linear e é marcado por uma crítica aguda e pela ironia, permeadas por um rico vocabulário, cheio de expressões e palavras da época, sobretudo da cultura indígena. Nilto conta que, para a atual edição, procurou manter quase intacta a grafia e estrutura originais, fazendo apenas uma ligeira revisão ortográfica e de alguns vocábulos. “Minha ideia inicial era escrever um grande romance de 1000 páginas, que viesse desde os pré-colombianos, mas o José de Alencar já tinha feito coisa parecida, aí resolvi mudar”, conta o autor.

O escritor conta que começou então a ler tudo sobre História do Ceará e resolveu desmembrar em vários livros o que seria seu romance sobre a trajetória de gerações passadas. “Quando fui pra Brasília autoexilado ia todo dia para a biblioteca do Congresso e procurava só coisa velha, sobre povos antigos, principalmente dos personagens mais voltados para o Ceará”, diz Nilto. Porém, ele frisa que não se considera um autor regionalista.

Em Os Guerreiros de Monte-Mor, o que logo chama a atenção do leitor é a figura excêntrica de Antônio, que faz questão de criar o filho dentro da tradição de seus povos, enchendo a mente do menino. “Tem um pouco de D. Quixote, embora eu ainda não tivesse lido D. Quixote quando escrevi, e tem um pouco de Policarpa Quaresma também”, diz Nilto, referindo-se a personagens de Miguel de Cervantes e Lima Barreto, respectivamente. “Meus personagens são todos rebeldes”, destaca, sendo que no livro há referências a eventos como a Confederação do Equador e a Inconfidência Mineira. Natural de Baturité, Nilto diz que o livro: “É uma homenagem à minha terra, aos índios do Brasil e do mundo e a todos os povos que foram massacrados”.

SERVIÇO

Relançamento do livro Os Guerreiros de Monte-Mor
Quando: Hoje (1º), às 19h
Onde: Livraria Cultura (Av. Dom Luiz, 1010 - Aldeota)
Preço do livro: R$ 23
Entrada franca
Outras info.: (85) 4008 0800

Marcos Robério 

Fonte: O Povo

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Editora José Olympio completa 80 anos

Editora José Olympio, responsável pela edição de sucessos como O Quinze, de Rachel de Queiroz, completa hoje 80 anos e promete comemorar com grandes relançamentos 

A escritora cearense Rachel de Queiroz teve grande parte de sua obra editada pela José Olympio (CLÁUDIO LIMA, EM 5/11/2000)

“É, não sei bem como se deu que, editada e editores, viramos irmãos. Não foi planejado, não foi nada repentino e dramático, foi misterioso, insensível. Quando vi já estava chamando J.O de ‘José’”. Foi assim que, há 30 anos, quando a Editora José Olympio completava meio século, a cearense Rachel de Queiroz narrava em sua coluna no O POVO como se deu o encontro, que começou ainda na década de 1930, e o desenrolar da relação familiar com o José e quem mais fazia a editora, que publicou seu O Quinze e outras tanta obras.

Hoje, 29, a José Olympio completa 80 anos, com a alcunha de ser a casa dos clássicos da literatura brasileira, publicando autores como Guimarães Rosa, Carlos Drummond e José Lins do Rego, numa época (nas décadas de 1930, 40 e 50) em que as concorrentes se interessavam mais pelos escritos europeus. Sob o comando da Editora Record desde 2001 e sem o icônico editor José Olympio, falecido aos 87 anos, em 1990, a editora fará reedições e novos recortes de grandes escritores.

São esperados para 2012: um livro de crônicas com facetas menos conhecidas de José Lins do Rego (textos sobre a cidade e o cinema) e Rachel de Queiroz (crônicas políticas); a obra completa reeditada, com novas orelhas, apresentações e cronologia de Ferreira Gullar; o novo romance de Ariano Suassuna, O Jumento Sedutor; Vanguarda européia e o modernismo brasileiro, de Gilberto Mendonça Teles; e Movimentos modernistas no Brasil, de Raul Bopp; o compositor Tom Jobim terá suas letras de música vistas como poesia; além de títulos estrangeiros.

Conhecida pela edição e livros nacionais, nos últimos anos a editora tem diversificado, com títulos estrangeiros, além de oras infantis -exemplo disso é O menino do dedo verde, que já passou da centésima edição e vendeu dois milhões de exemplares.

A ousadia de J.O

O editor paulista começou a vida profissional aos 15 anos como funcionário de livraria (da qual se tornou sócio) e abriu em 1934, com 29 anos, a Livraria José Olympio, a “Casa”, que ficava na rua do Ouvidor, 110, no Rio de Janeiro e foi palco para grandes encontros culturais, narrados pela jornalista Lucila Soares, neta do editor, sob o título Rua do Ouvidor, 110.

Ousado, José Olympio buscava escritores que até então não eram editados, lhes pagava direitos autorais adiantados, quando ninguém mais o fazia. O editor lançava obras com tiragens de milhares de exemplares para autores que se tornaram clássicos, mas que a época ainda eram talentosos desconhecidos.

Outra marca do editor e de seus livros era o apuro gráfico, sendo pioneiro na preocupação com a estética do livro, atraindo grandes artistas como Santa Rosa, Portinari, Cícero Dias, Goeldi, Luís Jardim e Poty.

O amor e o respeito pela literatura fez com que se formasse em torno de José Olympio um círculo de autores-amigos. O que fica claro quando Rachel, em sua crônica quando da morte de J.O., revela o transcender da relação que se tornou de convívio íntimo. “Nós, os que pomos no papel nossos pensamentos, sonhos e imaginações, dependemos do Editor, espécie de mágico, que tem o poder de transformar em livro aquilo que era apenas palavras, palavras. E quando temos o Bom Editor que nos solicita escritos, que põe em nós sua confiança e seu dinheiro, ele vira a própria figura paterna. J.O. editor, preencheu, melhor que nenhum outro, essa função. Os seus editados viravam seus amigos tão íntimos como só irmãos o seriam”, conta.

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

Fonte: O Povo

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Livro — Memórias do Juazeiro do Padre Cícero- Agostinho Balmes Odísio , de autoria de Vera Odísio Siqueira


Agostinho Balmes Odísio, chegou a Juazeiro em outubro de 1930, para fixar residência, a casinha de taipa mostrada na foto foi o único local disponível que ele encontrou para fixar morada e instalar seu atelier. Eis como ele descreveu a situação nos apontamentos que depois foram publicados em forma de livro por sua neta, Vera Odísio Siqueira, sob o título Memórias sobre Juazeiro do Padre Cícero,  publicado pelo Museu do Ceará em 2006: 

“Ao chegar ao Juazeiro apresentei-me ao prefeito (na época, José Geraldo da Cruz|), perfeito cavalheiro, para o qual tinha carta do major Juarez Távora. Recebeu-me com atenção e atendeu-me na farmácia da qual é dono; ao sair deu-nos como guia um empregado da Prefeitura o qual nos acompanhou na cidade, sendo o nosso cicerone, e já a mesma tarde graças a este senhor, tínhamos encontrado casa para morarmos e trabalhar. Casa!... uma tapera de pau a pique, barro a vista, cheia de buracos os quais nos deram um trabalho de dois dias para concertá-los. Mas ficamos agradecidos de ter encontrado tal morada, porque as casas melhores e de tijolos são todas ocupadas pelos proprietários.”

  
Totó Rios: Agradeço a Vera Odísio  por me presentear com este livro e com os livros publicados por seu pai João Otávio Siqueira: Viçosa do Ceará - Notícias Esparsas e Adivinha – o que é, o que é? 


Livro Agostinho Balmes Odísio — Memórias do Juazeiro do Padre Cícero, de autoria de Vera Odísio Siqueira


O livro “Agostinho Balmes Odísio — Memórias do Juazeiro do Padre Cícero”, de autoria de Vera Odísio Siqueira foi publicada sob o patrocínio do Museu do Ceará dentro do projeto Resgate da Memória Cearense. A apresentação foi feita pelo escritor de Juazeiro do Norte, Renato Casimiro.

Italiano de nascimento, Agostinho Balmes Odísio foi um escultor e arquiteto que viveu seis anos no Cariri, entre 1934 e 1940. Neste curto espaço de tempo, ele foi autor de bom número de obras de arte implantadas no Cariri, sendo a mais conhecida a Coluna da Hora, com 29 metros de altura, onde está a estátua do Cristo Redentor, com seis metros — totalizando 35 metros —  hoje oficializado como  o ícone da cidade de Crato.

Biografia

De acordo com pesquisa feita pelo historiador Armando Lopes Rafael, Agostinho Balmes nasceu em 1881, em Turim, norte da Itália, e formou-se pela Escola de Belas Artes daquela cidade. Na infância, foi aluno da Escola Profissional Domingos Sávio, mantida por São João Bosco.

Em 1912, ele esculpiu um busto do Rei da Itália, Vito Emanuel II, conquistando o 1º lugar numa disputa por uma bolsa de estudo em Paris. Na Capital francesa, foi discípulo de August Rodin, considerado, ainda hoje, o maior escultor contemporâneo. Em 1913, com 32 anos de idade, Agostinho Odísio resolveu emigrar para a Argentina, onde residia um irmão seu. Entretanto, por motivos ignorados, desembarcou no Porto de Santos, em São Paulo e permaneceu no Brasil até sua morte.

Durante 20 anos, produziu dezenas de obras de arte nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em 1934, devido a problemas de saúde, foi aconselhado a residir no Nordeste, por causa do clima quente da região. Por acaso, leu na Imprensa sobre a morte do Padre Cícero e, vislumbrando oportunidade de negócios – por conta da religiosidade da cidade – veio para Juazeiro do Norte, onde residiu até 1940. Agostinho Balmes foi também responsável pelo projeto do Palácio Episcopal de Crato, Coluna da Hora, na Praça Padre Cícero, e reforma do Santuário Diocesano Nossa Senhora das Dores, os dois últimos localizados em Juazeiro do Norte.
( Matéria publicada no "Diário do Nordeste", edição de 19/11/2006)



Sobre a autora: Vera Odísio Siqueira

Neta de Agostinho Balmes Odísio, nascida em Fortaleza, filha do advogado João Otávio Siqueira(autor do Livro Viçosa do Ceará(noticias Esparsas) e Josefina Odísio Siqueira.

Inicou seus estudos no Colégio Batista e cursou o Normal no Colégio Imaculada Conceição, Advogada, com pós graduação em Teoria da Comunicação e da Imagem pela UFC e pós graduação em Recursos Humanos, Ex empregada da CAIXA, hoje aposentada.
Fonte: Livro “Agostinho Balmes Odísio — Memórias do Juazeiro do Padre Cícero

Totó Rios: Agradeço recebimento deste livro de Vera Odísio, o que muito enriqueceu minha pesquisa sobre a História de Acaraú, citado livro trás informações sobre Agostinho Balmes Odísio que reformou a Igreja Matriz de Acaraú segundo citação a seguir:

"Em 1931 assumiu o cargo de Vigário da Paróquia de Acarau o Pe. Sabino de Lima Feijão. Jovem, vontadoso e dinâmico, pensou logo em uma reforma total na Matriz, serviço que teve inicio a 2 de setembro de 1943. O arquiteto e escultor italiano, Agostinho Baume Odísio foi contratado para superintender os trabalhos. Chamou, então, uma equipe de artistas e operários, e a obra teve inicio em ritmo acelerado.

Assim, no ano da graça de 1947, a 28 de novembro, teve sua festiva inauguração a nova Matriz de Acarau, com a benção, por S. Exa. Dom Jose Tupinambá, da Frota. Trata-se de um dos templos mais belos do interior do Ceará. Segundo opinião de Dom Edmilson Cruz, "a nossa Matriz avulta entre os demais templos do interior e de muitos da Capital do nosso Estado e quiçá do Nordeste, como uma vitoriosa exceção, pela majestade de seu conjunto e pela beleza de suas linhas arquitetônicas" .

Fonte: Acaraú Cidade Centenária-Nicodemos Araújo postados nos Blog Paróquia de Acaraú e Acaraú pra recordar

Lançamento Os Guerreiros de Monte-Mor, de Nilto Maciel, na Livraria Cultura


Os Guerreiros de Monte-Mor
(Armazém da Cultura)
de Nilto Maciel

Data: 1º de dezembro de 2011 (quinta-feira)
Horário: a partir das 19h
Local: Livraria Cultura (Av. Dom Luiz, 1010, Meireles)
Entrevista com o Autor: por Raymundo Netto, escritor.
Para contato com o Autor: niltomaciel@uol.com.br

Sobre a Obra de Nilto Maciel: Os Guerreiros de Monte-Mor, novela publicada pela primeira vez em 1988, pelo selo Contexto Jovem, de São Paulo, traz uma história divertidíssima, marcada pela ironia e a crítica aguda, além de um vocabulário e expressões de época e de costumes, características do texto de Nilto Maciel, um dos mais profícuos nomes da Literatura Cearense.
 
A saga quixotesca-macunaímica da família Cardoso, remanescente da tribo Jenipapo, iniciada por Antônio, grande revolucionário nativista — embora visto como excêntrico — que inspira seus descendentes a conspirarem contra o imperador, a autoridade portuguesa e a Igreja, numa denúncia revelada, em segundas intenções, do etnocídio pela opressão colonizadora portuguesa.
 
Antônio, índio criador de armas de guerras caseiras e enferrujadas, sempre a elaborar estratégias militares que, pensa, libertarão os jenipapos do domínio português, trama tudo em sua cabeça, em conversas demoradas com os animais da varanda, espantando galinhas, sonhando solitário com o sucesso do Regimento Cardoso, composto por ele o filho, ainda menino, o João, pequeno fazedor de buracos na terra em busca de minhocas, que, ao crescer, torna-se conhecido como contador de lorotas fantasiosas de príncipes, fadas e de outras lendas regionais. Mais tarde, após desilusões, João assume, ao lado do neto José e do demente índio xocó, Chico — seu até então “escudeiro”, formado nos campos de batalha do Cariri, e adestrador de uma infantaria de morcegos revestidos em armaduras de aço (arma secreta do Regimento) e de um bode, o velho Nazaréu, montaria militar do levante contra a vila Monte-Mor (nome antigo de Baturité, terra natal de Nilto) —, a proclamação da República Imperial dos Tapuios. A narrativa, a princípio não é linear. O tempo vai e volta numa costura bem feita a dominar o leitor curioso. João torna-se o personagem-eixo da narrativa que se desdobra mirabolante e desastrosamente num clima fantástico e humorado entre fatos da história do Siará Grande, como a chegada de D. João VI no Brasil, a Inconfidência Mineira, a Confederação do Equador, a tentativa de derrotar José de Alencar (o pai), de encontros com padre Verdeixa, dentre outros, e permitindo que o leitor participe das intermináveis e hilárias reuniões dos revolucionários nativistas onde se discutiam planos de dominação, patentes, nomes para o novo país, e até do primeiro golpe militar pré-revolucionário.
 
O Armazém da Cultura, ao publicar o imperdível Os Guerreiros de Monte-Mor, faz jus ao autor Nilto Maciel, destacando mais uma face de sua bibliografia, com certeza, tão instigante quanto muitas do melhor cenário da literatura brasileira.

Raymundo Netto

Sobre o Autor: NILTO MACIEL nasceu em Baturité, Ceará, em 1945. Cursou Direito na UFC. Em 1976, um dos criadores da revista O Saco. Mudou-se para Brasília em 1977, onde deu início, em 1992, à publicação da Literatura: revista do escritor brasileiro, regressando a Fortaleza em 2002.
 
Entre os melhores contistas brasileiros, obteve primeiro lugar em vários concursos literários nacionais e estaduais. Organizou, com Glauco Mattoso, Queda de Braço: uma antologia do conto marginal (Rio de Janeiro/Fortaleza, 1977). Participou de diversas coletâneas e antologias, entre elas: Quartas Histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa e Capitu Mandou Flores, ambas organizadas por Rinaldo de Fernandes, e “O Cravo Roxo do Diabo”: o conto fantástico no Ceará, organizado por Pedro Salgueiro.
O Cabra que Virou Bode foi transposto para a tela pelo cineasta Clébio Viriato Ribeiro, em 1993.
 
Publicou nos mais diversos gêneros literários e em diversas línguas (esperanto, italiano, espanhol e francês): Tempos de Mula Preta, Itinerário, Punhalzinho Cravado de Ódio, Os Guerreiros de Monte-Mor (a ser relançado em breve pelo Armazém da Cultura), As Insolentes Patas do Cão, A Guerra da Donzela, Carnavalha, Vasto Abismo, A Rosa Gótica, Pescoço de Girafa na Poeira, A Última Noite de Helena, A Leste da Morte, dentre outros. Como pesquisador do gênero CONTO, publicou: Panorama do Conto Cearense e Contistas do Ceará: d’A Quinzena ao CAOS Portátil.
 
Apoio Cultural
Armazém da Cultura
Livraria Cultura

As telas viraram páginas

Transcendendo a linguagem da pintura, a série de quadros Diálogos, do artista plástico Fernando França, agora vira livro a ser lançado hoje na Livraria Cultura
Depois de bem sucedida exposição, Fernando França reúne em livro série de peças em homenagem a grandes nomes das artes no Ceará (DIVULGAÇÃO)

Quando o artista plástico Fernando França pintou os quadros da comentada série Diálogos, deixou muito mais do que um admirável trabalho artístico. As pinceladas que puseram nas telas os retratos de 23 artistas do Ceará podem ser percebidas como um verdadeiro registro histórico, em uma espécie de culto às artes plásticas cearenses, capaz de transcender a linguagem da pintura. Por isso, os traços não ficaram apenas nas telas, mas ganharam as páginas do livro também intitulado Diálogos, que o artista lança hoje (28), em noite de autógrafos na Livraria Cultura.

Não era para menos, sobretudo depois do sucesso da série na recente exposição do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A dimensão disso pode ser medida pelas palavras do escritor Affonso Romano de Sant’Anna, na contracapa do livro: “Fernando, com essa série acho que você deu uma sacudidela na arte do Ceará, quiçá do Brasil: reuniu, fez pensar, parodiou, parafraseou, produziu algo histórico”.

“Pensei a ideia do livro porque a série tem esse aspecto documental, então eu quis fazer um registro do processo de criação de cada um dos artistas”, explica Fernando. Dividido em vários capítulos, a obra intercala pinturas e textos, escritos por nomes como, por exemplo, Gilmar de Carvalho e Nilo Firmeza, o Estrigas, que é também um dos retratados na série. O projeto do livro foi um dos contemplados pelo Edital das Artes, da Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Além disso, a iniciativa resultou também em um documentário produzido por alunos da Universidade de Fortaleza (Unifor), que será exibido na noite de autógrafos.

Fernando diz que seu objetivo desde o início dos trabalhos era a valorização dos artistas locais. “Temos uma produção de muita qualidade na pintura, aí pensei nos diálogos para valorizar o que a gente produz e para as pessoas terem acesso, conhecerem nossos artistas”, diz Fernando, acrescentando que até a grande dimensão dos quadros (1,5m x 2m) contém um simbolismo da grandeza dos artistas cearenses. Fernando pintava os retratos e deixava um espaço para que os próprios retratados interferissem na tela, em uma espécie de balão inspirado nas histórias em quadrinhos. O livro reforça ainda mais essa interação.

A ideia que motivou o artista a realizar a série surgiu em 2006, quando ele fazia uma residência artística na França. A distância de sua terra natal trouxe a inspiração da qual precisava. “Geralmente quando você está vendo de fora acaba tendo uma visão mais clara das coisas”, reflete. Perguntado sobre o que é preciso para que iniciativas de fôlego como essa se tornem mais frequentes no cenário artístico do Estado, Fernando diz que “a questão toda passa pela educação”, sendo que o poder público deveria estar comprometido com a formação cultural desde a fase infantil.

O que mais marcou em todo o processo, segundo o artista, foi o diálogo, a convivência com os demais artistas e a “capacidade de perceber e aprender com o outro”. “Estou muito feliz de ter feito (a série), fica um documento importante pro nosso Estado”, destaca. E para que a riqueza desse acervo fique disponível de forma permanente para todo o povo cearense, Fernando diz que pretende negociar a venda dos quadros para o Estado, através da Secult.

SERVIÇO

DIÁLOGOS
O quê: Lançamento do livro de Fernando Franca, com noite de autógrafos
Quando: hoje (28), às 19h
Onde: Livraria Cultura, no Shopping Varanda Mall (Av.Dom Luís, 1010, Aldeota)
Quanto: R$ 100
Entrada franca
Outras info.: 4008 0800
Estacionamento no shopping

Marcos Robério

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Adísia Sá publica novo volume sobre jornalismo

Uma das fundadores do primeiro curso superior no Estado, a jornalista acaba de organizar o livro Ensino do Jornalismo no Ceará Volume II, que conta com textos de ex-alunos e professores. A publicação já está à venda na Livraria da UFC
No livro, a jornalista reúne textos sobre os novos cursos de jornalismo que surgiram na rede particular de ensino (RODRIGO CARVALHO, EM 22/9/2008)

O primeiro curso de graduação em jornalismo do Ceará foi criado na Universidade Federal do Ceará (UFC) em 1965. Protagonista da luta por essa implantação, a jornalista e professora Adísia Sá lançou, em 1979, o livro Ensino do Jornalismo no Ceará, registro do contexto e das perspectivas da formação específica para jornalistas.

De lá para cá, diversos cursos surgiram na rede privada de ensino superior e a estrutura do mercado de trabalho se transformou. Pensando nessas mudanças e na comemoração aos 45 anos de criação do curso de Comunicação da UFC, Adísia Sá organizou o segundo volume da publicação, que já está à venda na Livraria da UFC.

De acordo com Adísia Sá, a grande diferença do volume II é a contribuição de diversos autores, entre eles ex-alunos e professores de cursos de jornalismo, e a inclusão, no livro, de cursos que surgiram desde a primeira edição. “É uma extrema vaidade que eu tenho. Um curso ter a história contada por ex-alunos”. A equipe de autores é composta por Anchieta Dantas Jr., André Nogueira, Francisco Souto Paulino, Erotilde Honório Silva, Márcia Vidal Nunes, Inês Vitoriano, Ivonete Maia, Luiza Helena Amorim e Nilton Almeida.

Para Adísia Sá, é importante que as novas gerações não percam as origens. “Sou uma mulher de continuidade”. A jornalista considera uma “omissão imperdoável” o fato de muitos cursos não darem prioridade ao estudo da história do jornalismo local. Segundo ela, as escolas deveriam ter orgulho de ensinar a evolução do jornalismo cearense, ainda mais tendo personagens marcantes dessa história ainda vivos. Por isso, ela considera a obra de Geraldo Nobre, Introdução à História do Jornalismo Cearense, um “livro precioso” para os atuais estudantes de jornalismo.

O curso de Comunicação Social da UFC foi desmembrado em dois cursos específicos, um de Jornalismo e outro de Publicidade e Propaganda. Para Adísia, essa mudança faz parte de um processo natural. “Antigamente, a gente se formava para tudo. Agora, a tendência é se especializar”, diz. Adísia explica que o curso de Publicidade e Propaganda ganhou tanta autonomia que resolveu disponibilizar um capítulo específico para esse curso no segundo volume do livro.

Segundo Adísia, a necessidade por especialização se acentuou com o fim da obrigatoriedade do diploma. Após a decisão, houve rumores sobre o fim dos cursos de jornalismo. No entanto, ela diz que nunca acreditou que isso fosse acontecer. “Nós vivemos cada vez mais em um mundo capitalista. Capitalista quer produto feito e de qualidade. Quanto mais você fizer uma faculdade bem feita, mais você tem oportunidade”. Ela explica que vai haver uma “seleção natural”, na qual vencerá o mais competente. Além disso, ela disse acreditar na volta da obrigatoriedade do diploma. “Nenhum empregador vai querer gastar dinheiro para alguém aprender”, afirma.

SERVIÇO

Ensino do Jornalismo no Ceará – Volume II

Edições UFC, 196 páginas. 
Onde comprar: Livraria da UFC (Av. da Universidade, 2683 - Benfica)
Fone: (85) 3366 7439 
Preço: R$ 25

Aline Moura

cotidiano@opovo.com.br

Fonte: O Povo

Francisco Sousa-Olhar de viajante

Em seu novo livro, o fotógrafo Francisco Sousa revela um Ceará plural e belo, com imagens elaboradas ao longo dos anos de atuação profissional

Mestre Zé Pio, do reisado do Planalto das Goiabeiras, Barra do Ceará, em Fortaleza: um dos personagens retratados em Ceará escrito à luz. Abaixo, Dona Dina, vaqueira de Canindé
FRANCISCO SOUSA

Um mapeamento imagético, um recorte poético, síntese do olhar viajante. Acima de tudo, porém, uma declaração de amor ao Estado. Assim se revela ao leitor o livro "Ceará escrito à luz", do fotógrafo Francisco Sousa, resultado de seleção em edital da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult).

Paraense de nascença, Sousa mora no Ceará há 10 anos; é, portanto, filho da terra de coração. A obra reúne mais de 100 imagens elaboradas ao longo dos últimos anos, durante viagens realizadas com o pesquisador e escritor Gilmar de Carvalho por vários municípios cearenses. O livro será lançado, amanhã, no Museu de Arte da UFC, juntamente com a abertura de uma exposição.

O fotógrafo Francisco Sousa, em uma das viagens pelo Ceará: formação autodidata e paixão pelo ofício

Entre os temas capturados por Sousa estão paisagens, comidas, artesanato, manifestações culturais e gente, muita gente - a exemplo dos artesãos, dos mestres, pescadores e outros habitantes da Capital e do Interior. O roteiro das viagens incluiu litoral, serra e sertão, em cidades como Fortaleza, Camocim, Beberibe, Amontada, Barbalha, Quixadá, Crateús, Crato, Juazeiro do Norte, Ubajara, Viçosa, Jaguaribe, ente outras.

Trajetória
Além das fotografias, "Ceará escrito à luz" apresenta minucioso texto de Gilmar de Carvalho sobre a história e a formação do Estado. Nele, o pesquisador aborda desde nosso legado indígena, ainda hoje pouco reconhecido, até a nova cena da literatura e da música cearense. Trata-se do primeiro livro individual de Sousa com colaboração de Gilmar. "Antes, em outros livros, já tinha feito fotografias para acompanhar seus textos. Agora é o contrário, ele serve de complemento para minhas imagens", explica o autor. "Embora não seja um livro didático, é quase isso, porque o artigo está bem completo e detalhado, atualizado, inclusive, com informações recém-descobertas".

Sousa começou a fotografar em 2002, de maneira amadora. A primeira câmera foi uma Montana portátil, que o então aprendiz levou em uma das tradicionais viagens que Gilmar fazia com seus alunos da faculdade para cidades do Interior.

"O grupo foi a um cemitério onde os penitentes faziam a autoflagelação, entre eles o Joaquim Mulato. Fotografei-o e essa foi minha primeira imagem publicada em jornal", recorda Sousa. A partir daí seguiu-se um aprendizado autodidata, empreendido paralelamente a outras atividades, como o curso de Guia de Turismo no Senac-CE e a graduação em Filosofia pelo Itep, no Seminário da Prainha.

Por dois anos, foi fotógrafo freelancer do Diário do Nordeste. Desde 2007, é repórter fotográfico associado ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará. Suas imagens já foram reunidas em livros e exposições no Ceará e em outros Estados. A parceria com Gilmar de Carvalho rendeu títulos como "Artes da Tradição", "Babinski no Ceará" (2005), "Mestres da Cultura Tradicional Popular do Ceará" e "Rabecas do Ceará" (2006).

Pluralidade
Por incluir imagens de vários momentos da carreira de Sousa, "Ceará escrito à luz" revela a rica pluralidade paisagística e cultural do Estado - por vezes desconhecidas pela própria população. "É uma terra linda. Muita gente acha que não há beleza no sertão, por exemplo, mas tem sim", alerta Sousa.

"Lembro de uma vez, quando viajávamos de ônibus, que chegamos ao destino cedo de manhã. Olhei pela janela aquela luz, o chão batido, uma casa de taipa ao fundo. Uma cena fantástica. E com a primeira chuva tudo isso se transforma", vibra o fotógrafo. Vale ressaltar ainda o valor histórico da obra, com o registro de festas, comidas, vestimentas, peças de artesanato, tecnologias e outros aspectos culturais do povo. Por fim, o livro revela ainda o apuro do olhar de Sousa. "Antes, fazia mais planos fechados, em apenas um indivíduo. Depois, passei a explorar mais o ambiente, o contexto dessas pessoas. Além de ter ficado mais atento às regras de composição em vez de me preocupar somente com o registro", detalha Sousa.

Entre as imagens, vale ressaltar uma de página dupla, de uma romaria no Crato, feita no meio da estrada, onde os devotos aparecem envoltos em neblina. "Peguei um pouco de chão mais do que o céu, justamente em referência a essa ligação do romeiro com o caminho percorrido a pé. Toda semana tem gente me pedido essa foto para colocar em casa", brinca Sousa.

Os personagens fotografados, porém, não precisam nem fazer esse pedido. "Em todos os trabalhos damos um retorno às pessoas, vamos lá e entregamos o livro a elas. Muitas vezes sofremos quando algum mestre mais idoso falece ou tem problemas de saúde".

Mal termina de falar sobre o novo projeto e o fotógrafo já revela outros para o futuro. "Queremos fazer um livro mostrando as viagens, tem muita história sobre o que acontece no caminho", brinca.

Livro
Ceará escrito à luz Francisco Sousa
Expressão gráfica
2011
216 páginas
R$ 80

Lançamento - Amanhã, às 18 horas, no Mauc (Av. da Universidade, 2854, Benfica). Na ocasião, também acontece a abertura de exposição com as fotos do livro, em cartaz até 31 de dezembro. Contato: (85) 3366.7481

ADRIANA MARTINS
 REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pedaços vivos do passado

A ser lançado hoje, novo livro do bibliófilo cearense José Augusto Bezerra reúne manuscritos raros relacionados à história do Brasil

O bibliófilo José Augusto Bezerra, responsável pela coordenação, organização, seleção dos documentos e pelos textos do livro Uma história do Brasil em Manuscritos FOTO: RODRIGO CARVALHO

Sem registros, não há história. A preservação da memória de um povo depende da documentação dos seus inúmeros aspectos de vida, hoje possível de se realizar em formatos tão diversos quanto vídeo, fotografia, gravação de áudio e, claro, a boa e velha escrita.

Durante séculos, porém, os registros escritos foram a única opção para fixar a trajetória das sociedades - primeiro redigidos à mão; depois, com a ajuda da prensa tipográfica de Gutenberg (antecedida pelos tipos móveis rudimentares inventados pelos chineses). Quando resistem ao tempo, tais documentos tornam-se praticamente uma ligação direta com o passado, aspecto que lhes confere certo fascínio, não apenas por parte de historiadores e profissionais da área, mas do público em geral.

No caso dos manuscritos, o fetiche é ainda mais pulsante. Pois o que está no papel não é apenas a tinta, as manchas ou a atmosfera da ocasião, mas a caligrafia de quem o redigiu, com todo o apelo do chamado "próprio punho" embutido.

Certamente, esse fascínio foi um dos motivos que levou o escritor e bibliófilo José Augusto Bezerra a adquirir o primeiro manuscrito de sua coleção, atualmente com cerca de dois mil e quinhentos itens - uma das mais vastas do País. Parte desse acervo foi reunida no livro "Uma história do Brasil em manuscritos", a ser lançado hoje, na biblioteca da Universidade de Fortaleza. A apresentação será da escritora Ana Miranda.

Editada pelo Instituto do Ceará - Histórico, Geográfico e Antropológico, do qual Bezerra é presidente, com o apoio do Banco do Nordeste e da Unifor, a obra revela-se uma importante contribuição historiográfica para o Brasil, não apenas devido à raridade dos documentos reproduzidos, mas pelo trabalho de contextualização dos mesmos. Além de uma pequena descrição, cada manuscrito é acompanhado de breve texto sobre o tema ao qual está relacionado. No fim do livro, há ainda a transcrição de todos eles. Alguns são enriquecidos com fotografias, gravuras, impressos, imagens de medalhas, moedas e outros itens da biblioteca do autor

"É quase uma mini-história por página. Foi um trabalho de síntese muito grande e desafiador, pois tivemos que resumir tudo o que precisava ser dito sobre cada tópico em espaço reduzido", conta Bezerra. "Além da responsabilidade em garantir que, entre milhares de informações, nada saísse errado, pois a obra servirá de referência para pesquisadores".

A seleção dos documentos foi elaborada dentro de uma perspectiva cronológica, a partir de fatos culminantes ou personagens de destaque da história nacional, no período da descoberta do País (1500) até a queda do Império, em 1889. No fim, o autor chegou ao número de 50 tópicos - a lista inclui desde Américo Vespúcio e Pedro Álvares Cabral, passando por índios, a Corte Portuguesa, a primeira Constituição Brasileira, a Guerra do Paraguai, a escravidão até o exílio da Família Imperial.

"O critério cronológico foi uma escolha pessoal, mas todos os historiadores que viram o livro foram unânimes ao dizer que a seleção ficou bem feita", comemora Bezerra. Dentre os manuscritos presentes no livro, há raridades como uma cópia manuscrita da carta "Lettera de Amerigo Vespucci", datada de setembro de 1504, que relata as supostas quatro viagens marítimas do italiano Vespúcio. Na tradução latina, o documento deu origem ao nome "América".

Obviamente, um trabalho desse porte não poderia ser desenvolvido apenas a duas mãos. "Tivemos uma equipe excelente de profissionais. Ressalte-se que o livro foi todo feito no Ceará, desde as pesquisas até a impressão", sublinha Bezerra. São quase 30 nomes envolvidos no projeto, entre fotógrafos, revisores, responsáveis pelas transcrições, designers, tradutores (todos os textos têm versão em inglês no livro), entre outros.

A elaboração de "Uma História do Brasil em Manuscritos" tomou dois anos de Bezerra e sua equipe. "Mas a seleção dos documentos começou antes, há uns cinco anos", revela. O resultado de tanto empenho não tardou. Logo após a finalização da obra, veio o primeiro prêmio, da Academia Portuguesa da História e da Fundação Calouste Gulbenkian, em concurso sobre a presença portuguesa no mundo. "Vamos recebê-lo em Lisboa, no dia 7 de dezembro", adianta Bezerra.

Vale ressaltar ainda a avaliação do Dr. Aquiles Alencar Brayner, curador do acervo latino-americano da British Library, em Londres (Inglaterra), para quem o livro constitui "magnífico catálogo, uma das mais importantes obras para o estudo e apreciação da cultura brasileira" (segundo breve texto publicado na contracapa). Brayner elogia ainda os esforços de Bezerra em reunir manuscritos - muitos dos quais "espalhados pelo mundo e desconhecidos em sua quase totalidade".

Nascido em 1948, em Alto Santo, no Ceará, José Augusto Bezerra seguiu ainda pequeno para Recife, onde completou os estudos. Retornou a Fortaleza adulto, já com um terço dos aproximadamente 27 mil volumes que compõem sua biblioteca. "Hoje pode ser considerada uma das coleções particulares mais completas do País, inclusive na parte de manuscritos", orgulha-se. A maior parte do material é adquirida por meio de leilões ou com livreiros antigos. Para Bezerra, manuscritos e outros documentos do tipo são importantes por constituírem registros ligados às fontes primárias da história - os personagens e acontecimentos. "Por se tratar de material original, a ocorrência de erros de interpretação ou de versões incorretas é mais difícil", analisa.

O cearense ressalta ainda o valor emocional desses documentos. "No livro há, por exemplo, uma carta redigida pelo Guarda-Marinha Joaquim Cândido do Nascimento, que participou da Guerra do Paraguai. Nela ele descreve a dor das batalhas, o ´Teatro da Guerra´. Provavelmente foi sua última correspondência, pois ele morreu dias depois. Qualquer outro documento não terá esse fetiche de ver o papel que foi manuseado pelo próprio autor", avalia.

Livro  
Uma história do Brasil em manuscritos 
 José Augusto Bezerra

Instituto do Ceará
2011
240 páginas
R$ 100 (no dia do lançamento)
Lançamento - Hoje, às 20 horas, no auditório da Biblioteca da Unifor. Contato: (85) 3477.3000

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER