sexta-feira, 19 de agosto de 2011

As idades de Ana




Foto: Rafael Cavalcante
A escritora cearense Ana Miranda completa hoje 60 anos de vida. Às voltas com a produção de um novo livro, ela interrompe os trabalhos para cuidar dos filhos e dos netos, enquanto sonha em voar

Uma casa de tijolos amarelos cercada de muito verde. Uma rede armada na varanda. Longe da vida citadina, o mar faz a única trilha sonora. Uma gata siamesa, Filomena, cruza a varanda em passos lentos. “Vó, cadê meu ovo com bacon?”. Um céu azul e o vento forte balançando os cabelos um tanto grisalhos. Esse é o cenário na casa de Ana Miranda, na Prainha, onde o tempo parece não correr na mesma velocidade dos grandes centros.

Um reflexo desta vida pacata está na voz mansa e no sorriso discreto que sublinha cada palavra da escritora. Numa longa conversa sobre literatura, cinema, inspiração, trabalho, ela demonstra o quanto de serenidade e maturidade o passar dos anos lhe trouxe. “Não acredito muito nas idades. Esse é um padrão de tempo, mas existem mil idades. É um símbolo. Posso tirar uma carteirinha, não pego fila, tenho lugar para estacionar”. Para ela, esse símbolo chegou com tranquilidade, entre perdas e ganhos. “Sinto que a disposição física diminui, mas a disposição mental aumenta. Gosto da experiência. Para o escritor, quanto mais velho, mais venerável”.

Nascida em Fortaleza, em 19 de agosto de 1951, Ana Maria Nóbrega Miranda, com apenas cinco anos, foi morar no Rio de Janeiro. Depois, em Brasília. Em seguida, em São Paulo. Criada dentro de uma educação moderna e com liberdade, ela pode provar vários sabores. Escreveu poesia, trabalhou no cinema, fez ilustrações, fundou a editora da Fundação Nacional das Artes (Funarte), enquanto trabalhava no órgão. Mas foi mesmo na literatura, que ela se encontrou. Se houver um ponto de partida para sua dedicação às letras, lembra ela, talvez tenha sido quando, ainda pequena, alguém lhe fez uma pergunta, mas não obteve resposta. Por algum motivo inexplicável, Ana correu para o diário e escreveu: “Hoje me fizeram uma pergunta e eu respondi”. Pronto. Foi o momento onde ela percebeu que poderia recriar o mundo, consertar os próprios defeitos, fugir da timidez, moldar a realidade da maneira que bem entendesse.

Daí em diante, mais do que nunca, o diário tornou-se um amigo constante. Ali, contava sobre o dia, anotava impressões e se aventurava nas primeiras poesias. E foi destas poesias, guardadas pela mãe, que nasceu Anjos e Demônios. “Um amigo me sugeriu publicar, mas eu achava muito ruim. E é ruim mesmo”, conta, antes de uma boa risada. Em seguida, veio Celebrações do outro, também de poesias. “Esse é pior ainda porque é pretensioso”. Tempos depois, viria a escrever um roteiro para cinema baseado em Clara dos Anjos, de Lima Barreto. O texto, escrito por incentivo do cineasta Nelson Pereira dos Santos, se perdeu e, só recentemente, voltou para a autora.

Ana revela que escreve bastante a partir dos sonhos. E foi de um deles que nasceu Boca do Inferno, seu primeiro romance histórico e, até hoje, seu livro mais célebre. No sonho, a escritora era uma mulher do século XVII, que tinha seu vestido de noiva roubado no dia do casamento. Para reaver seu pertence, ela percorria a cavalo a estrada do ouro, que liga Paraty (RJ) a Ouro Preto (MG). Impressionada com o que viu, ela decidiu mergulhar no que havia sobre a época, desde costumes, personagens até a forma de falar e escrever. Foram dez anos de pesquisa até a publicação. “Foi um sucesso retumbante. Mas eu queria mesmo era ficar em casa, lendo e escrevendo”.

E é lendo e escrevendo que ela passa a maior parte do seu tempo. No momento, ela está se dedicando a um novo projeto, sobre o qual ainda não quer adiantar nada. Também acaba de encerrar a biografia de Chica da Silva, que será lançada pela editora Leya. Outros 63 projetos se acumulam numa lista sobre sua escrivaninha. “Mesmo que eu faça um livro por ano, o que é impossível, não terei tempo de realizar isto tudo”, avalia. A única força capaz de lhe tirar dessa rotina é a presença dos dois netos. “Aí, eu sou avó o tempo inteiro, você está vendo. Eles são a razão de tudo”.

De volta ao serviço, ela se guarda na casa da Prainha, que é seu pedaço de paraíso. “Para ter inspiração, basta olhar pela janela. A casa inspira é a não escrever”, brinca, acrescentando que trata-se de uma casa de fases, que está sempre recebendo visitas, tanto que chega a procurar espaço para a solidão. E nesse tempo entre novos projetos, netos, filhos, casa, ainda há espaço para o sonho? Para a resposta, Ana Miranda precisa de um tempo. “Tenho tantos sonhos...”. Ela olha para o vazio, pensa mais um pouco para eleger apenas um. “Que o mundo viva em paz. Agora, se for um sonho particular, eu queria voar. Sonho muito que estou voando”.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Ana Maria Nóbrega Miranda nasceu em Fortaleza em 19 de agosto de 1951. É autora de títulos como o premiado Boca do Inferno. Em 2005, voltou a morar no Ceará. Quinzenalmente, aos domingos, escreve no O POVO

Marcos Sampaio
marcossamapaio@opovo.com.br

Fonte: O Povo 




Cearense, de Fortaleza, Ana Miranda nasceu em 1951 e cresceu em Brasília. Morou no Rio de Janeiro entre 1969 e 1999, quando se transferiu para São Paulo. Atualmente mora na Prainha, em Aquiraz, litoral leste cearense. Estreou na literatura e, 1978 com um livro de poemas intitulado Anjos e Demônios. Pela Companhia das Letras, publicou 06 romances, uma novela e um volume de contos. Tem livros publicados nos Estados Unidos, França, Inglaterra e Itália. Seu livro Boca do inferno foi agraciado com o prêmio Jabuti, além de ter sido incluído na lista dos cem melhores romances do século em língua portuguesa, publicada pelo jornal O Globo. Seu livro Dias e Dias, inspirado na poesia avassaladora de uma jovem pelo poeta Gonçalves Dias.

Debatedores: Ângela Gutierrez, Batista de Lima. Mediador: Gilmar Chaves.
Programa gravado no auditório do CCBNB Fortaleza em 29/04/2003.

Elicio Pontes lança livro de poesias


Os Olhos do Tempo é o segundo livro do poeta Elicio Pontes e foi lançado no 17 de agosto, no Martinica Café.

Elicio Pontes nasceu em Nova Russa, Ceará. Em Crateús, para onde se mudou aos cinco anos, escutava cantadores e poetas populares na feira da cidade. À noite, lia romances de cordel para ouvintes não leitores; ganhava aplausos (e, às vezes, algumas moedas).
Aos 13 anos foi para Fortaleza, onde mais tarde tornou-se jornalista e radialista. Formou-se em Pedagogia pela UFC. É mestre em Educação pela USC, de Los Angeles, EUA, e doutor pela Uned de Madri, Espanha. É professor da Universidade de Brasilia.
Publicou, em 2001, Corpos Terrestres, Corpos Celestes (Poesia).

Fonte: Blog Luci Afonso

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Momento de celebração do Projeto Tudo de Cor para Fortaleza


A Praça General Tibúrcio, mais conhecida como Praça dos Leões, foi escolhida para receber o projeto Tudo de Cor para Fortaleza, uma parceria entre Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará(Secult) e Akzonobel/Coral. Hoje o projeto será marcado pela celebração e apresentação de ícones da cultura cearense na praça dos Leões, com maracatú e show do Fagner na Praça do Ferreira, às 19:30h.

O Projeto Tudo de Cor para Fortaleza, tem por objetivo levar cor para a vida das pessoas, despertando o senso de preservação da população das cidades por onde passa, oferecendo ainda treinamento de iniciação à pintura com o intuito de despertar o gosto por uma profissão técnica. A Akzonobel/Coral entrou com as tintas, a mão-de-obra e a capacitação dos pintores envolvidos no Projeto foi ministrada pela Escola de Artes e Ofícios Tomaz Pompeu Sobrinho.

A revitalização dos prédios históricos de Fortaleza circunda um dos corredores culturais e comerciais mais antigo da capital cearense, a Praça do Leões, agregando as edificações históricas e tombadas como a Assembleia Provincial (Museu do Ceará), o Palácio da Luz (antiga sede do Governo, atual Academia Cearense de Letras) e a Igreja do Rosário (primeiro templo religioso da cidade), além da primeira estátua pública (a do General Tibúrcio) e também a estátua da escritora Rachel de Queiroz. Um trecho da Rua Floriano Peixoto, entre o Museu do Ceará e o restaurante Lescale, foi incluso na proposta, bem como dois prédios da Rua Conde D'eu e a Casa do Estudante (rua Nogueira Acioly).

Segundo a diretora do Museu, Cristina Holanda, dentro do projeto o Museu do Ceará ganhará pintura externa completa e participará da gravação da parte promocional do evento, incluindo o chamado time lapse.

O Projeto conta também com as parcerias da Prefeitura de Fortaleza por meio da SERCEFOR (Secretaria do Centro da Cidade de Fortaleza), SEMAM (Secretaria do Meio Ambiente) e SECULTFOR (Secretaria da Cultura de Fortaleza); o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional); e a COELCE (Companhia Energética do Ceará). Foram várias reuniões e ações envolvendo essas instituições e os lojistas e diretores dos equipamentos situados na área do projeto.

Serviço: Projeto Tudo de Cor para Fortaleza

Programação:

Mutirão de pintura na Parça dos Leões
Hora: 15:30
Local: Praça dos Leões

Descerramento da placa comemorativa
Hora: 17h
Local: Praça dos Leões

Apresentação de Maracatú
Hora: 18h
Local: Praça dos Leões

Show Fagner
Hora: 19:30h
Local: Praça do Ferreira

Fonte: Secult-Ce

O sertão dentro de nós

Se tudo que venha da literatura e da arte merece alguma atenção, Patativa do Assaré é uma espécie de avô absoluto daquilo que se possa querer sugerir em termos de vida, de leveza, de autenticidade. Bem por isso, o poeta cearense de tempos em tempos faz uma aparição mencionada por aqui. E a razão de seu retorno, agora, em agosto, é mais do que significativa: acaba de ser lançado, por iniciativa de uma parceria entre a Tempo d’Imagem, de Fortaleza, e o Sesc SP, o belíssimo (simplesmente belíssimo) volume Patativa do Assaré: o sertão dentro de mim  (capa abaixo). São 144 páginas, em papel couche, acabamento gráfico de luxo e capa dura com sobrecapa, tudo do bom e do melhor como o querido Patativa teria feito por merecer em cada instante de sua vida. E vale, pelo amor de Deus, cada centavinho do investimento.


A motivação para esse novo álbum forjado no entorno da vida, da obra, da rotina e do modus vivendi do mais ilustre filho de Assaré, ou do Sertão de Santana, é por si só incomum: quem assina as fotos é o fotógrafo Tiago Santana (abaixo), cuja competência cada uma das dezenas de imagens em preto-e-branco não cansará de reafirmar. O que nos surpreende, causa vertigem, é o que surgirá nas duas últimas fotos do conjunto: na penúltima, Patativa aparece sentado com uma criança, um nenezinho, no colo.


O texto “O retrato do Sertão dentro de mim”, na página ao lado, à direita, revela o contexto: aquele menininho no colo do poeta é ninguém menos que Tiago, a quem Patativa viu nascer, em 1966, e a quem até ajudou a cuidar, de algum modo.
As famílias de ambos se conheciam e se visitavam. Assim, Tiago cresceu convivendo, vendo, ouvindo Patativa e ouvindo sobre Patativa, o que, como não poderia mesmo deixar de ser, resultou num respeito, num carinho, numa admiração, numa amizade e num amor absolutos. Bem por isso, porque Patativa também simpatizou desde sempre com o menino, jovem e fotógrafo Tiago, ao longo do tempo foi permitindo e propiciando e aceitando o registro fotográfico de uma rotina e de um cotidiano como praticamente ninguém mais o poderia fazer.



Na últiima foto do álbum, assim, aparece diante de nós Patativa em primeiro plano, e logo adiante aquele mesmo menininho da foto anterior já com a câmera, eternizando o bardo, em imagens como a acima e a abaixo, que constam desse acervo montado ao longo dos anos, até a morte do poeta, em 2002. Tiago e Patativa, e as pessoas das relações de Patativa, conviviam com extrema naturalidade, e assim temos, diante de nós, o escritor como nunca se poderia esperar, realçado ainda mais por depoimentos e por um texto primoroso do professor Gilmar de Carvalho.


É um volume que, ao passo em que se lê a poesia de Patativa, a gente não cansa de folhear e de admirar um momento sequer. Livro não para ficar na estante. Livro para ser carregado consigo, para onde quer que se vá: para  chácara, para a praça, numa viagem, para uma ilha. Obra-prima. Nada menos que isso.

por Rudolfo Beling - romarbeling@yahoo.com.br

Os encantos de Jeri

Impossível chegar em Jericoacoara, ou simplesmente Jeri, como é carinhosamente chamada, e não se apaixonar. Ter vontade de morar lá. Comprar um negócio como os vários estrangeiros fizeram e nunca mais dar as caras na grande metrópole.




Foto: Divulgação
Se você tiver ‘sorte' de chegar quando a energia elétrica tiver acabado na vila, prepare-se para, além do banho frio, ver uma infinidade de estrelas num céu inesquecível. A bagagem para Jeri é muito simples, chinelos e roupas confortáveis. Ao andar na rua a impressão que dá é que estamos em plena orla, já que a areia faz parte das vias do local.

Localizada a 305 quilômetros de Fortaleza, para chegar até Jericoacoara é preciso seguir para Jijoca. A estrada acaba ali e depois é preciso deixar o carro e seguir de bugue, jardineira ou veículos com tração nas quatro rodas. Prepare-se para chacoalhar bastante, além de encarar as atoladas do carro na areia com muito bom humor. Fatalmente você terá de descer e empurrar. O acesso complicado ajudou a preservar Jeri, o que é uma ótima notícia para quem preza pela natureza selvagem.

Mas tudo vale a pena em Jericoacoara. É lá que fica uma das dunas com a vista mais bonita do Brasil. Diariamente turistas e moradores se enchem de fôlego para subir os 30 metros de areia fofa (a impressão que dá é que nunca se chegará ao topo, já que o pé afunda com certa frequência). Mas logo vem a recompensa: o sol que se põe lindamente no mar. Por isso não deixe de visitá-la no fim de tarde. Além disso, é possível apreciar a vila encantadora, restaurantes e barzinhos cada vez mais transados.




Foto: Divulgação
A maior parte dos 20 quilômetros que separam Jijoca e Jericoacoara ficam entre dunas, sem caminho bem definido. Ir de automóvel mesmo pelas praias vizinhas é arriscado - e carros são desnecessários numa vila pequena. A dica é estacionar em Jijoca e embarcar nas caminhonetes ou jardineiras que vão até Jeri. Para quem vem de Fortaleza a melhor maneira é pegar a CE-085 até Barrento, depois pegar a BR-402, via Itapipoca, até o trevo de Acaraú, onde a CE-085 é retomada até Jijoca.





Foto: Divulgação
Praias

Para quem gosta de andar à beira-mar, aproveite para chegar até a Pedra Furada, considerado o segundo cartão-postal de Jeri. Na maré baixa, bastam 40 minutos de caminhada pela praia; pela direita não esqueça de mergulhar nas águas mornas e tranquilas da praia Malhada no caminho. Na maré alta o acesso é pela trilha do Morro do Serrote, a mais longa.

A praia do Preá fica a 12 quilômetros ao Leste de Jeri e é uma das mais acessíveis para quem está na vila. Mas vale dizer que é preciso ir pela praia, na maré baixa.

Sentir o vento no rosto e o cheiro da maresia são motivos para investir num passeio imperdível: ir de bugue pelos 20 quilômetros de areia a Oeste da vila, seguindo para Camocim. No caminho será possível encontrar Mangue Seco, antigo mangue hoje convertido em estranhas formações de areia; Tatajuba Velha, vila soterrada pelas dunas, em ruínas há mais de 20 anos; e Tatajuba Nova, para onde os moradores desalojados da primeira se mudaram.

Faça uma parada estratégica na lagoa Torta, onde é possível comer frutos do mar bem fresquinhos e ainda descansar curtindo a deliciosa brisa em redes sobre a água.




Foto: Divulgação
E as belezas não param por aí. As lagoas Azul e do Paraíso, localizadas na vila de Jijoca de Jericoacoara - na verdade são dois cantos diferentes da mesma lagoa, a da Jijoca -, são os melhores lugares para mergulhar e tomar sol na região. As águas cristalinas e calmas são um convite para não ir embora tão cedo, pelo menos até o sol se pôr.

Depois de todos os passeios, basta retornar à vila, tomar um bom banho, calçar os chinelos e ir em busca de um menu diferenciado - os restaurantes oferecem crepes, pizzas, frutos do mar, entre outros. Com certeza depois de tudo isso será impossível conter o desejo de ficar para sempre na encantadora Jeri.

Praia com arrasta-pé

Mar quentinho e praias de tirar o fôlego, forró, frutos do mar, bom humor, adrenalina, rendas... Não faltam atributos para colocar Fortaleza como um dos mais bonitos destinos do Nordeste brasileiro.

E não é à toa que se auto-intitula A capital da alegria. O Estado, que abriga humoristas de nascimento como Tom Cavalcante, Chico Anysio, Didi Mocó, Falcão, faz questão de receber os turistas de braços abertos e, claro, com um sorriso no rosto.




Praia do Futuro    Foto: Divulgação
Na cidade onde o verão dura o ano inteiro - com temperatura média de 27ºC, as praias são grandes atrativos. A do Futuro é uma das mais conhecidas. Lá o banho de mar está liberado, pois a água não é poluída. Praia larga, com orla reta e muito vento, abriga várias barracas muito bem equipadas, que servem desde caranguejo (não saia de Fortaleza sem apreciar alguns) e o tradicional pargo assado no sal grosso.

A praia de Mucuripe é ótima para observar as jangadas que trazem peixes fresquinhos ao mercado à beira-mar. É lá que está localizada a estátua de Iracema, construída para homenagear um dos seus mais ilustres conterrâneos, o escritor José de Alencar. O romance de Iracema conta, de forma poética, o amor quase impossível entre um branco, Martim Soares Moreno, pela bela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna.




Estátua de Iracema     Foto: Divulgação
A de Meireles é ponto de encontro durante o dia para caminhar no calçadão. À noite, é a vez de conhecer a feirinha de artesanato com 3,5 quilômetros de extensão. A de Iracema é repleta de bares e casas noturnas, além de possuir um píer muito procurado para ver o pôr do sol.

Cultura e Arte

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura é um ótimo passeio para um fim de tarde. O complexo abriga museus como o Memorial de Cultura Cearense e o Museu de Arte Contemporânea do Ceará.




Centro Dragão do Mar    Foto: Divulgação
Construído entre 1908 e 1910, com estrutura metálica importada da Escócia, o Theatro José de Alencar é o mais importante marco arquitetônico da capital cearense. Com vitrais art nouveau, tem jardim lateral projetado pelo paisagista Burle Marx. O palco, móvel, se desloca para a frente, para cima e para baixo. Cada camarote tem o nome de uma obra do escritor, homenageado também por uma pintura do artista cearense João Vicente no arco do palco.




Teatro José de Alencar   Foto: Divulgação
Já o Museu do Ceará conta com cerca de 7.000 peças, incluindo o acervo do padre Cícero e textos originais do poeta Patativa do Assaré.




Museu do Ceará    Foto Divulgação
Rendas, rendas e mais rendas. Fortaleza é famosa pela variedade delas, que vão desde a renascença, passando pela labirinto até a de filé. Introduzida pelos portugueses, a de bilro é um bordado que não se usa agulhas. Impossível não se deixar hipnotizar pela destreza das mãos das rendeiras, que habilmente vão construindo belíssimas peças. É também improvável não voltar com a mala mais pesada carregada de tanta arte.




Rendeiras   Foto: Divulgação
Em Maranguape, a 30 quilômetros de Fortaleza, os amantes da branquinha vão se deliciar no Museu da Cachaça, que conta com um vasto acervo de documentos, fotos, garrafas e tonéis de bálsamo. Em meio à paisagem serrana, o local mantém curiosidades como o maior tonel de madeira do mundo, com capacidade para 374 mil litros (registrado no Livro dos Recordes, e um parque com área para esportes radicais.




Museu da Cachaça   Foto: Divulgação
Memórias do pai de Iracema

A Viuvinha, O Guarani, Lucíola, Iracema, Senhora. Essas e outras relíquias só remetem a um único nome da literatura brasileira: José de Alencar. E é ele o homenageado na casa que leva seu nome, situada em Sítio Alagadiço Novo, no bairro Messejana.

Com a frase Divas, senhoras e sertanejos, sejam todos bem-vindos o visitante vai se deparar com um espaço verde que respira tranquilidade e cultura, bem no meio da movimentada Avenida Washington Soares.




Casa de José de Alencar   Foto: Divulgação
Em 1825 o local foi adquirido pelo padre José Martiniano de Alencar, pai do escritor cearense José de Alencar. Durante nove anos o espaço serviu de moradia para um dos principais nomes da literatura nacional, cuja obra foi fortemente influenciada pelas belezas naturais do Estado do Ceará.

Em 1965, durante a gestão do reitor Antonio Martins Filho, a Universidade Federal do Ceará adquiriu o sítio e o manteve até hoje. Passeando pelos espaços, o visitante pode aprender sobre a obra do escritor, ver a história do livro CF51Iracema/CF contada por imagens e saber mais sobre escravidão e cultos afro-brasileiros.

Construído no século 18, o local tem, além da simples casinha que mantém seu desenho original, uma biblioteca, a pinacoteca, um restaurante, ruínas históricas e museus. Dentre o acervo é possível ver a coleção Arthur Ramos, composta por fetiches, atabaques, trabalhos de feitiçaria e outros itens que se referem às manifestações religiosas afro-brasileiras, como a macumba e o candomblé, incluindo peças africanas de grande valor etnográfico, bem como outras relacionadas com a escravidão no Brasil.

Há ainda a coleção de Renda Luiza Ramos e, na pinacoteca Floriano Teixeira, 32 quadros - telas a óleo e desenhos - do pintor maranhense, que retratam personagens da obra romanesca de José de Alencar, como Iracema e Martim, Peri, Lúcia, Aurélia, Arnaldo, Emília.

Além de ter visitação gratuita, a Casa José de Alencar conta com monitores que se distribuem em dois turnos e acompanham os visitantes, fazendo explanações sobre o acervo e os espaços.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Leitura e mitos da cultura popular são levados a três cidades do Ceará


Serão beneficiados alunos de 4º e 5º anos das escolas de Caucaia, Aquiraz e São Gonçalo do Amarante.


Por: Roberto Nascimento


Nos dia 17, 18 e 19 de agosto, contadores de histórias levarão o mundo mágico da leitura e da contação de histórias aos alunos de 4º e 5º anos das escolas de Caucaia, Aquiraz e São Gonçalo do Amarante e das comunidades do entorno. O objetivo é despertar nos alunos o desejo de criar as próprias narrativas e levá-las à reflexão sobre seu papel na história da cidade e seu entorno.


Será uma sessão interativa por dia, realizada nas escolas Cel. Raimundo de Oliveira, Laís Sidrim Targino e Leorne Belém para cerca de 160 crianças. A iniciativa é uma das ações do “Contadores de Histórias Encantadas”, projeto apoiado pela Endesa Brasil.


Durante o mês de agosto, as contações de histórias serão realizadas em 11 cidades do país. No total, mais de 3 mil escolas do Brasil estão participando do “Contadores de Histórias Encantadas”.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Museu de Arte Contemporânea de Sobral, no CE, está fechado há 2 anos


Equipamento foi fechado após enchente do Rio Acaraú danificar estrutura.
Prefeitura de Sobral diz ter projeto para reabrir museu, mas sem previsão.

O Museu de Arte Contemporânea de Sobral (Madi), na margem esquerda do Rio Acaraú, no Ceará, está fechado, desde 2009, quando ocorreu uma enchente no rio. As águas invadiram o prédio e, segundo a prefeitura, comprometeu a estrutura do equipamento.

Para a professora Samara Costa, é uma pena que o acervo ainda esteja inacessível para o público. “Vim com meus alunos conhecer o espaço. Ficaram todos curiosos para conhecer o prédio, mas ele continua fechado”, diz Samara. A empresária Vânia Praxedes também lamenta que o prédio continue fechado. “São obras do mundo todo e ninguém tem acesso”, diz a empresária.

De acordo com o Secretário de Cultura e Turismo de Sobral, Campelo Costa, já existe um projeto em fase inicial de desenvolvimento. A ideia é ampliar o prédio, criando um primeiro pavimento com uma estrutura metálica. “No primeiro pavimento vão ficar as peças da exposição. No térreo, pretendemos fazer exposições temporárias e um trabalho de educação com as crianças que vierem ao museu”, diz o secretário.

Segundo Campelo, ainda não há previsão para a conclusão do projeto, mas ainda este ano o projeto da nova estrutura será apresentada a população.

Fonte: Do G1 CE, com informações da TV Verdes Mares
 

Encontro destaca cultura e desenvolvimento do litoral

O local faz parte da Rede Cearense de Turismo Comunitário. A Reserva Extrativista tem cerca de 200 famílias
FOTO: JULIANA VASQUEZ
A difusão das tradições culturais pelos mestres vai beneficiar novas gerações e pesquisadores
 
Todos os aspectos ligados aos povos que sobrevivem do mar serão debatidas no I Encontro Sesc Povos do Mar, que acontecerá entre os dias 18 e 21 de agosto, na Colônia Ecológica Sesc Iparana, localizada no Município de Caucaia. Debates sobre a cultura, do artesanato à prática de saúde ancestrais, o desenvolvimento do turismo nas cidades praianas, questões socioambientais e etnicidade mobilizarão pescadores, artesãos, quilombolas, indígenas e 100 pesquisadores cearenses, entre biólogos, geógrafos e assistentes sociais. O evento reunirá 400 pessoas.

O encontro será também um momento de socialização entre membros de 44 comunidades participantes, oriundas de 12 Municípios cearenses. Danças regionais, música experimental, artesanato, como rendas, bordados e garrafas desenhadas com areia colorida e outras manifestações culturais, vão divertir os participantes, resgatar e difundir a tradição cultural dos povos das comunidades litorâneas cearenses. Como tema de debates e rodas de conversa, a cultura desses povos também servirá de estímulo à inclusão socioeconômica.

Memória oral
As falas e expressões socioculturais de mestres e representantes das comunidades de pescadores, de quilombolas e de indígenas ganham destaque em oficinas, minicursos e apresentação de vídeos que também acontecem durante o evento. Suas experiências e vivências resgatarão histórias, memórias, identidades étnicas e servirão de exemplos aos mais novos, além de material para pesquisadores.

O representante do Estevão, comunidade de pescadores de Canoa Quebrada, no Município de Aracati, Assis Honorato, quer usufruir o máximo desse encontro. "É uma troca de saberes. Vamos conhecer projetos de sucesso e tentar implantar ideias que ajudaram a vida das pessoas em outras praias".

Um grupo de jovens do Estevão apresentará a Dança do Coco. O pescador Aluísio Pereira dos Santos, de 70 anos, acompanhará o grupo para disseminar seus saberes e histórias aos participantes do evento.

"Este evento promove a reflexão, a criação e a difusão de formas sustentáveis de abrangência territorial e cultural", resume a diretora regional do Serviço Social do Comércio (Sesc-Ceará), Regina Leitão.

Turismo sustentável
Além de promover as tradições culturais, o encontro apresentará projetos de desenvolvimento sustentável, como o da Prainha do Canto Verde, localizada no Município de Beberibe. Criada em junho de 2009, a Reserva Extrativista (Resex), com cerca de 200 famílias, vive da pesca artesanal da lagosta e do turismo comunitário.

Uma reserva extrativista tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura das populações tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais do lugar. Diferente do turismo convencional, no turismo comunitário a população distribui equitativamente a renda entre os moradores. Eles articulam e constroem a cadeia produtiva. Criou-se uma cooperativa, por meio da qual os turistas participam de roteiros de visitação com trocas culturais com a população local, além de trilhas voltadas para a preservação do meio ambiente.

"O modo de vida, o convívio, os acessos à praia e a garantia de que a natureza, apesar de explorada, é preservada são as vantagens de viver nesse paraíso", orgulha-se o pescador José Alberto Ribeiro, há 22 anos na profissão e que cria três filhos na Prainha do Canto Verde.


Fique por dentro
Criação
Desde 1997, os moradores da Prainha do Canto Verde lutavam pela criação da Reserva Extrativista. Uma batalha judicial, que se arrastou por longos 17 anos, contra uma imobiliária que tentou expulsar a comunidade das terras onde vivia, foi vencida, em março de 2006, quando em julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi reconhecido o direito das famílias a permanecerem em suas terras. Hoje, 610 hectares de terra estão garantidos para a atual e as futuras gerações que queiram manter o modo de vida da população e preservar o meio ambiente do lugar.

MAIS INFORMAÇÕES
1º Encontro Sesc Povos do Mar. Colônia Ecológica Sesc Iparana, cidade de Caucaia
Inscrições: (85) 3452.9082

Isabel Albuquerque
Especial para o Regional

Colégio Imaculada Conceição comemora 146 anos

Foto: Reprodução
Fundado em 15 de agosto de 1865, o Colégio da Imaculada Conceição, pertencente à Rede Vicentina de Educação, completou ontem 146 anos. O espaço voltado para atividades na área educacional e na formação humana e cidadã de crianças e jovens foi um dos primeiros a serem fundados na Capital com esses objetivos.

Localizada, hoje, na Avenida Santos Dumont, no Centro de Fortaleza, a instituição de ensino faz parte da história da cidade e da sociedade cearense, tanto no que diz respeito à educação e à transmissão de valores aos seus alunos quanto na contribuição para o resgate e para a construção da memória da cidade seja por meio da sua exuberante arquitetura seja pela sua própria história.

No início, o local recebia apenas meninas que tinham a oportunidade de serem educadas e de aprenderem diversas funções consideradas importantes. A ideia da instituição naquela época era oferecer uma educação formal para a realização pessoal e familiar de suas alunas.

Hoje, o colégio tem como algumas de suas principais missões realizar uma educação integrada, pautada nas vivências pessoais e coletivas.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Literatura de cordel ganha espaço em São Paulo


São Paulo - Com a maior concentração no país de nordestinos fora da região de origem, a cidade de São Paulo terá este mês dois grandes movimentos culturais que tentam preservar uma das maiores tradições brasileiras: a literatura de cordel. Até o dia 6 de outubro, ocorre o 1º Festival de Cordel, no Centro de Tradições Nordestinas (CTN), com oficinas, saraus, cinema e palestras, além de um concurso para premiar os 20 melhores trabalhos.

No próximo dia 27, o Movimento Caravana do Cordel vai reunir especialistas para debater o tema no 1º Fórum do Cordel em São Paulo, no auditório da Ação Educativa, no bairro de Vila Buarque, na região central. Mais do que levar cultura e entretenimento, os coordenadores desses dois eventos querem que eles sirvam para chamar a atenção dos educadores sobre a importância do ensino desse gênero literário nas escolas de ensino fundamental e médio.

Ao pé da letra, cordel significa corda pequena. Seu uso para a classificação da literatura vem do costume, introduzido no Brasil pelos portugueses, de pendurar as cartilhas com os escritos em barbantes nos locais onde as obras eram colocadas à venda. Comumente impressos em papéis rústicos, os exemplares ganharam ilustrações em xilogravura entre o final do século 19 e o começo do século 20.

Curador do 1º Festival de Cordel de São Paulo, o jornalista e estudioso da cultura popular Assis Ângelo informou que a ideia de levar o tema para as salas de aula já se tornou realidade no Ceará e no Piauí, e, agora começa a se espalhar pelo estado do Pernambuco.

Ângelo lembra que, antes de chegar ao Brasil, o dramaturgo português Gil Vicente (1465-1536) tornou-se uma referência do cordel. Entre os primeiros nomes de poetas brasileiros consta o do paraibano Leandro Gomes de Barros, que morreu em 1918. Ele inspirou Ariano Suassuna a escrever a peça O Auto da Compadecida. Além de ser publicada em livro, a obra foi para as telas do cinema e da televisão.

Segundo o especialista, a estrofe mais comum do cordel é a de seis versos, cada um deles com sete a 11 sílabas. As rimas não podem faltar. Para Ângelo, é preciso acabar com o preconceito que ainda existe em torno dessa tradição. “Muitos pensam que é uma atividade de analfabetos quando ela inclui, por exemplo, pelo lado erudito, Castro Alves e, pelo lado popular, Patativa do Assaré, que se estivesse vivo estaria hoje com 102 anos”, observou ele.

Patativa do Assaré, nome popular do poeta cearense Antonio Gonçalves da Silva, é autor, entre outros, de poemas como Caboclo Roceiro e Triste Partida, cantada na voz de Luiz Gonzaga em gravação de 1964, e Vaca Estrela e Boi Fubá, musicada na voz de Raimundo Fagner, em 1980.

Já o poeta baiano Castro Alves tem entre os escritos mais famosos o Navio Negreiro, que aborda episódios do sofrimento dos povos africanos trazidos para serem escravizados no Brasil. Um dos trechos diz: “Auriverde pendão de minha terra/Que a brisa do Brasil beija e balança/Estandarte que a luz do sol encerra/E as promessas divinas da esperança.../Tu que, da liberdade após a guerra/Foste hasteado dos heróis na lança/Antes te houvessem roto na batalha, que servires a um povo de mortalha!”

Outro poeta que em alguns momentos recorre a elementos do cordel é Gonçalves Dias. Em Canção do Exílio, ele exalta a riqueza da fauna e flora brasileira: “Minha terra tem palmeiras/ Onde canta o sabiá/ As aves que aqui gorjeiam/ Não gorjeiam como lá”.
Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil