domingo, 17 de janeiro de 2010

Acaraú - Histórico

Histórico

Os primeiros habitantes, fundadores do Acaraú, na opinião do Barão de Studart, eram pescadores vindos do Sul. Atraídos pela fartura dos bancos pesqueiros (Acaraú pesqueiro ou comedouro de peixe grosso, segundo Pompeu Sobrinho, citado por Renato Braga em o Município, ano I, n° 1) instalaram-se inicialmente no lugar denominado Presídio, transferindo-se mais tarde para melhor situação, em local mais seguro, ao fundo do delta formado pelo rio Acaraú.

Segundo João Brígido, "no longo período da guerra holandesa, o interior do Ceará começou a receber população de origem portuguesa. Muitas famílias tiveram de abandonar o litoral para viver nas matas, ocupando-se de plantações, ou no sertão, criando gado. Fundaram-se então as primeiras fazendas de criar no alto sertão da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Paraíba. Daí, os sertanistas foram seguindo até o alto Jaguaribe. O gado que sitiaram teve incremento espantoso. Procedia das ilhas portuguesas. Pelo litoral vieram também povoados para o Ceará, sendo quase que exclusivamente de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande. Desta origem são as famílias que primeiro se estabeleceram na bacia do Acaraú".

"A esses pescadores - afirma Renato Braga - vieram juntar-se os criadores que, dos fins do século XVII e começo do XVIII, estabeleceram-se com os seus gados na ribeira do Acaracu. Pescadores e criadores foram, por conseguinte, os primeiros habitantes do Acaraú".

O primitivo núcleo da Barra do Acaracu servia de ancoradouro a pequenas embarcações, vindo a chamar-se Porto dos Barcos de Acaracu. Localizada à margem direita do rio, ficava a povoação encravada na légua de terra adquirida em 23 de dezembro de 1793 por José Monteiro de Melo ao padre Basílio Francisco dos Santos e seus irmãos, capitão Manuel José dos Santos e D. Maria Joaquina, casada com Antônio José Peixoto, todos moradores em Lisboa, pela quantia de um conto e duzentos mil réis. Monteiro de Melo, ao morrer, em 1806, legou esse patrimônio a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da freguesia, que nesse tempo era a de Sobral.

Muito antes do povoamento, o território do atual Município abrigou a esquadra de Jerônimo de Albuquerque, quando este empreendia viagem ao Maranhão para expulsar os franceses. Nesse mesmo local - a enseada de Jericoacoara - Jerônimo de Albuquerque, por volta de 1613, lançou os fundamentos de uma povoação, denominada Nossa Senhora do Rosário, e ergueu um fortim de pau-a-pique, de existência curta mas cheia de episódios de intensa dramaticidade: junto a seus muros desenrolaram-se lutas mortíferas entre lusitanos e naturais: também ali feriu-se contra os franceses sangrento combate, em que o vigor e qualidades heróicas dos nossos antepassados se evidenciaram sobejamente. Em 1614, o Governador Gaspar de Souza, sabedor das graves aperturas por que passava a pequena guarnição do forte de Nossa Senhora do Rosário, despachou um caravelão com 300 homens armados, sob comando do capitão Manuel de Souza d'Eça, que exercia em Pernambuco as funções de Provedor de Defuntos e Ausentes. Tendo partido do Recife a 28 de maio, o capitão açoriano, durante a viagem, distribuíra a guarnição pelos fortins deixados à retaguarda, chegando a Jericoacoara com 18 comandados, em 9 de junho do mesmo ano. Ao lado de Manuel d'Eça, participava da expedição um sobrinho de Jerônimo de Albuquerque, de igual nome. A 18 de junho de 1614, o forte era atacado pelo corsário francês Du Prat, que fez desembarcar na enseada cerca de 200 homens dispostos à luta.

Depois de intensa fuzilaria, em que se notava a superioridade numérica dos atacantes, na proporção de dez franceses para um português, tentaram aqueles escalar o forte a descoberto, sendo batidos pelos dezoito denodados defensores, dirigidos por Manuel d'Eça e Jerônimo de Albuquerque.

Os sobreviventes fugiram para o navio, deixando no campo de luta "mais de doze mortos e cerca de trinta feridos". Feitos os preparativos para sustentar o próximo confronto, à falta de munição, foram os pratos de estanho transformados em balas. Mas, para surpresa dos ocupantes do forte, os franceses se retiraram para o Maranhão, temerosos de nova derrota. Dias depois, aportava na Jericoacoara a frota comandada por Jerônimo de Albuquerque, vinda do Recife, com instruções para desalojar os franceses do Maranhão. Por capricho deste, ou em cumprimento a ordem de Gaspar de Souza, o Forte de Nossa Senhora do Rosário, reconhecida sua inutilidade, foi demolido em 12 de outubro de 1614.

Almofala constituiu o primeiro aldeamento do Município de Acaraú. Refere o Desembargador Álvaro Gurgel de Alencar que Almofala era sede da antiga missão dos índios] Tremembés, datando de 1608, época em que os jesuítas os aldearam nas praias dos Lençóis. Em Almofala fica a igrejinha que a Rainha D. Maria I de Portugal mandou construir para os índios em 1712.

Origem do topônimo: palavra indígena, composta de Acará (Garças) e Hu (Água), significado “Rio das Graças”” (Paulinho Nogueira).

Gentílico: acarauense

Formação Administrativa

Em divisão territorial datada de 1995, o município é constituído de 4 distritos: Acarau, Aranaú, Juritianha e Lagoa do Carneiro.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Alteração toponímica municipal
Acaracú para Acaraú, alterado pela lei provincial nº 1814, de 22-01-1879.

Fonte: IBGE