sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sítio de Rachel de Queiroz é transformado em reserva particular do patrimônio natural

O município de Quixadá, no Ceará, ficou famoso por ser o local escolhido pela escritora Rachel de Queiroz para a produção de seus livros. Parte do sítio onde ela passava os dias foi transformado em reserva particular do patrimônio natural.




Fonte: Globo Rural

Artesãos homenageiam a escritora Rachel de Queiroz em exposição

Obras estão expostas no Salão Municipal de Fortaleza até 4 de novembro.
Artesãos se inspiraram na vida e nas obras da escritora cerense.

Artesãos elaboraram peças inspiradas na vida e nas obras da escritora Rachel de Queiroz
(Foto: TV Verdes Mares/ Reprodução)

A vida e as obras da escritora cearense Rachel de Queiroz inspiraram telas, rendas e bordados produzidos pelos 71 artesãos selecionados para participar da sexta edição do "Salão Municipal de Fortaleza", que teve 89 inscritos na edição deste ano.

O resultado dos trabalhos expostos surpreendeu os organizadores do evento. “É impressionante a força de vontade deles, porque muitos não tem nem sequer instrução, nem estudaram Rachel Queiroz, mas eles leram, foram atrás e pesquisaram na internet pedindo ajuda dos filhos, o que enriqueceu o evento”, diz a gerente da célula de artesanato do Salão municipal de Fortaleza, Vânia Pinheiro.

A artesã Maria das Graças participa pela primeira vez da exposição e fez um bordado em homenagem às "Três Marias", obra da escritora que ela mais gostou de conhecer. Ela também bordou a cortina que conquistou o primeiro lugar em apenas três semanas. “Consegui ler 'O Quinze', mas me apaixonei mesmo foi pela obra 'As Três Marias', e daí surgiu a ideia de fazer a peça inspirada nesse tema.

A artesã Angelice Santos Custódio se inspirou na força dos retirantes que enfrentaram a seca do ano de 1915, uma referencia à história mais conhecida de Rachel de Queiroz. Em uma das telas expostas, está a imagem da Fazenda Não Me Deixes, onde a escritora costumava passar as férias, em Quixadá. Outra tela traz a consagração, quando pela primeira vez uma mulher conquistou a vaga na Academia Brasileira de Letras.

Serviço
Espaço Cultural Viajando nos livros
Shopping Benfica (Av. Carapinima 2200)
10h às 22h
até 4 de novembro
Ingressos: grátis.

Fonte: G1 TV Verdes Mares

Fotografia-Olhar coletivo

A exposição "A carne nossa de todos os dias", dos fotógrafos Carlos Gibaja e Sérgio Carvalho, traz um registro de espaços onde acontece o abate de animais. Os dois circularam por cidades do Nordeste à procura desses locais

A exposição é a primeira etapa do projeto de pesquisa realizado pelos fotógrafos Sérgio Carvalho e Carlos Gibaja
Imersos numa pesquisa densa e, pelo menos até agora, sem data certa para terminar, os fotógrafos Carlos Gibaja e Sérgio Carvalho trabalham juntos há cerca de um ano percorrendo feiras populares e matadouros, localizados em algumas cidades dos estados do Ceará e Piauí.

Os dois buscam captar imagens de ambientes precários onde acontece o abate de animais, em seu sentido mais cru. Segundo os fotógrafos, as condições dos locais são as piores possíveis e, muitas vezes, munidos de higiene necessária para tal. "A carne é cortada no chão em meio a sangue e fezes. O cheiro é forte, repugnante. Provoca náuseas, embrulha o estômago", explicam eles.

Primeira etapa
A exposição "A carne nossa de todos os dias" tem abertura prevista para amanhã, às 10 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço, no Centro. Ela consiste na primeira etapa do projeto idealizado pelos fotógrafos.

Sérgio Carvalho conta que uma das questões exploradas, ao longo da pesquisa, e que norteou a própria temática da exposição era mostrar quem são as pessoas por trás desse trabalho.

"Essa é uma profissão anônima, em exercício há tempos na sociedade, mas por algum motivo fingimos não ver. A nossa pesquisa ainda está em andamento, pretendemos estender a visita a outras cidades do País. Criamos um blog (acarnenossadetodososdias.com/) e uma página no Facebook (http://www.facebook.com/event.php?eid=148849308543776) para a exposição, a fim de ter um diálogo com o espectador, afinal, a fotografia só se realiza quando é vista".

Em seguida completa: "esse é um trabalho em conjunto, independente de quem esteja na câmera, as fotos são de nós dois. É um olhar coletivo. Tanto que não assinamos as imagens que estarão expostas, pois não há um só autor".

Para Carlos Gibaja, a experiência lhe proporcionou uma série de reflexões que circundam em torno da relação do homem com a carne. "A maioria de nós comemos carne, mas não temos o hábito de matar o animal, relegamos essa responsabilidade a outra pessoa. Mas, a gente esqueceu esse processo, afastamos de nossa realidade e daí, quando vemos imagens sobre esses ambientes, nos surpreendemos", diz.

Apesar da dramaticidade da exposição "A carne nossa de todos os dias", ela apresenta um olhar plástico e de uma estética refinada. São 24 fotos de onde sobressaem os mais diversos personagens: carrascos, vítimas e beneficiadores, às vezes famílias completas. E, como numa encenação, os personagens se confundem no mais básico dos instintos: a sobrevivência.

O projeto foi contemplado no Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia do Edital de Incentivo as Artes 2010, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), e no III Edital de Concurso Público Prêmio de Fotografia de Fortaleza 2010, da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor).

A exposição faz parte da programação do II Encontro Internacional da Imagem Contemporânea promovido pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

FIQUE POR DENTRO
Perfil de dois
Carlos Gibaja é peruano e atua como fotógrafo desde 1995 desenvolvendo ensaios fotográficos no Brasil e no Peru. Professor universitário de diversas instituições educativas nestes dois países, especializado no ensino de fotografia. Viaja ao Brasil no ano de 2000 para estudar e trabalhar com fotografia e audiovisual, cria o primeiro encontro de fotografia universitária em Fortaleza, do qual é curador permanente. Sérgio Carvalho nasceu em Teresina(PI), em 1969. Começou a fotografar em meados da década de 90. Desde o inicio desenvolve a fotografia como expressão artística documental. Realizou diversas exposições, com participação em salões de arte e festivais de fotografia. É membro-fundador do Instituto da Fotografia do Ceará. Ganhou o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia em 2005, com o documentário coletivo "Gente do Delta" e em 2009, com o ensaio "Barbearia do Tempo". Recentemente , o fotógrafo publicou o livro "Barbearia do Tempo".

MAIS INFORMAÇÕES:
Abertura da Exposição "A carne nossa de todos os dias", dos fotógrafos Carlos Gibaja e Sérgio Carvalho. Amanhã, às 10 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço (Rua Major Facundo, 154, Centro). Entrada gratuita. Visitas de terça-feira a sábado, das 9 horas às 19 horas, e, domingo, das 10 horas às 14 horas. Contato: (85) 3101.8826 ou 3101.8827.

Arco do Triunfo está depredado em Sobral

Pichações, fios elétricos soltos, reboco caindo são alguns dos problemas apresentados pelo cartão postal

Parte do Reboco do monumento está caindo. O principal cartão postal da cidade de Sobral precisa de recuperação. Prefeitura promete reformar o local imediatamente
LAURIBERTO BRAGA

Sobral. O Arco de Nossa Senhora de Fátima, principal cartão postal da cidade, está depredação. Foi construído há 58 anos por dom José Tupinambá da Frota, na administração do prefeito Antônio Frota Cavalcante (1951-1954), para marcar a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima a Sobral, em 1º de novembro de 1953. O monumento foi projetado pelo arquiteto Falb Rangel e executado pelo engenheiro Francisco Frutuoso do Vale.

O Arco já passou por duas grandes intervenções na segunda gestão do prefeito Cid Gomes (2001-2004), hoje governador do Estado. Em 31 de maio de 2001, Cid Gomes, com ajuda do então bispo diocesano, dom Aldo di Cillo Pagotto, e do secretário de Desenvolvimento Urbano, o hoje ministro dos Portos, Leônidas Cristino, inaugurou uma moderna iluminação para o Arco e melhorou sua infraestrutura. Já em 21 de dezembro de 2004, na sua despedida da Prefeitura de Sobral, Cid Gomes inaugurou o Boulevard do Arco com um passeio largo, na Avenida Doutor Guarany, em volta do monumento.

A beleza do Arco está sendo desgastada com pichações (inscrições de nomes de casais de namorados e das palavras do Estado São Paulo); fios elétricos soltos; ligação elétrica improvisada; reboco caindo na parte de cima e nas quinas das colunas; luminárias penduradas por fios, sem as amarrações adequadas; e paredes e calçadão muito sujos. Além disso, a pintura do arco está desfigurada e as placas de homenagem (três) estão sem lustre.

Pichações também estão prejudicando o monumento, construído há 58 anos por dom José Tupinambá da Frota

Banheiro
A dispensa do Arco, na parte debaixo de uma das colunas, está com a fechadura do portão quebrada. O que seria um espaço para guardar material de limpeza está entulhado de coisas velhas e servindo de banheiro para algumas pessoas. O local acaba favorecendo a proliferação de ratos e baratas. Até as flores ao redor da imagem de Nossa Senhora de Fátima, na parte superior do Arco do Triunfo, estão secas.

Outro problema é a manutenção do Boulevard. A irrigação do jardim é feita religiosamente à tardinha, mas o sistema hídrico está vazando para os esgotos da Avenida Doutor Guarany, que acabam enchendo, provocando o transbordamento de água nas proximidades do padaria Companhia do Pão.

Terço
Os sobralenses têm muito orgulho do Arco e cobram a manutenção permanente dele. "Têm muitos anos que não dão manutenção no Arco. Faz uns quatro a cinco anos que não estão mexendo nele", reclama o aposentado Raimundo Cavalcante, de 69 anos. Segundo ele, "o Arco agora só serve para negócio de show". Raimundo recorda que "Dom José, quando fez o Arco, foi para todo mundo vir rezar o terço toda noite. Isso nos anos 1950 e 1960. Hoje, ninguém respeita mais isso. É um ambiente completamente poluído", lamenta. Morador de Cariré, na Zona Norte, e visitando Sobral, o operário Francisco Hudson, de 37 anos, não gostou do que viu no Arco. "Acho que deveria recuperar para não cair na cabeça de ninguém. E uma reforma assim não custaria muita coisa", sugere. O prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, disse que vai mandar recuperar imediatamente toda estrutura danificada do Arco. "É nosso principal cartão postal e vamos fazer tudo que for preciso para torná-lo mais bonito", prometeu.

Clodoveu Arruda destaca que o Arco já tem uma fiação subterrânea, como determina o Patrimônio Histórico da União. Ele anuncia que, no próximo dia 23, às 19 horas, no anfiteatro da Margem Esquerda do Rio Acaraú, vai assinar convênio com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e com o Governo do Estado do Ceará para fazer subterrânea toda fiação elétrica do Centro Histórico sobralense.

Pioneira
"Vai ser a primeira cidade do Interior do Brasil a ganhar esta fiação. Vamos assinar a ordem de serviço no valor de R$ 12,5 milhões e meio para tornar o Centro mais bonito, seguro e adaptado para pessoas com deficiências. Com isso, toda fiação aérea da parte central será subterrânea", promete, não informando o tempo para conclusão da obra.

Demora
"É uma obra mais demorada, mas que já vai começar dia 23 próximo e tornar Sobral mais bonita ainda. Hoje, pelo que sei, nenhuma cidade do Interior do Brasil tem esta fiação subterrânea. São Luís, do Maranhão, e Olinda, em Pernambuco, são as únicas cidades metropolitanas que têm este ganho cultural no Nordeste", finaliza o prefeito.

Veveu Arruda informou que a solenidade será encerrada com um show do cantor e compositor Zeca Baleiro e contará com a presença do governador Cid Gomes.

MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura Municipal de Sobral, Rua Viriato de Medeiros, 1250
Centro - Sobral
Telefone: (88) 3677.1100


Lauriberto Braga 
Repórter

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Discurso de Steve Jobs para os formandos de Stanford


Em seu discurso histórico para os formandos da Universidade de Stanford, na Califórnia, em junho de 2005, Steve Jobs garantiu que "lembrar que você irá morrer é a melhor maneira que conheço para evitar o pensamento de que se tem algo a perder".




Leia o discurso

"Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Que a verdade seja dita, eu nunca me formei na universidade. Isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos. Eu abandonei a Universidade Reed depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: 'Apareceu um garoto. Vocês o querem?' Eles disseram: 'É claro'.

Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. Este foi o começo da minha vida. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha ideia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz.

No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam muito mais interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: a Universidade Reed oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa.

Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante. Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.

Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois. De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Porque acreditar que os pontos vão se ligar em um momento vai te dar a confiança para seguir seu coração, mesmo que te leve para um caminho diferente do previsto, e isso fará toda a diferença.

Minha segunda história é sobre amor e perda. Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares com mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação – o Macintosh – e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém, que achava que era muito talentoso, para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir…

Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. Então aos 30 anos, eu estava fora. E muito escandalosamente fora. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Packard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. As coisas que aconteceram na Apple não mudaram isso em nada. Eu havia sido rejeitado, mas continuava amando.

Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.

Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte. Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: 'Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia você certamente vai acertar'. Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: 'Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?' E se a resposta é 'não' por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa. Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo – expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar – caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Lembrar que você irá morrer, é a melhor maneira que conheço para evitar o pensamento de que se tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir o seu coração.

Há cerca de um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 meses. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas – que é o código dos médicos para 'preparar para morrer'. Significa dizer aos seus filhos tudo o que você pensou que teria os próximos 10 anos para dizer, em apenas poucos meses. Significa ter certeza de que tudo está no lugar, para que seja o mais fácil possível para a sua família. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.

Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade. O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e ótimas noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: “Continue com fome, continue bobo”. Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos. Muito obrigado a todos".

Fonte: Jornal do Brasil

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Teatro São José, de Fortaleza, será restaurado e reaberto ao público

Secretaria de Cultura de Fortaleza comprou o teatro por R$ 998 mil.
Prédio foi tombado em 1988 e não sofrerá mudanças na estrutura original.



Abandonado por muitos anos, o teatro São José vai passar por reforma e reabrir ao púbico transformado no Teatro Municipal de Fortaleza, segundo a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor). O prédio, que pertencia à Federação dos Trabalhadores Cristãos, foi comprado pela administração municipal por R$ 998 mil reais e passará antes por uma grande obra de restauração.

Tombado em 1988, o teatro São José não poderá ter modificadas nem a fachada nem a área interna na restauração, com início marcado para o primeiro semestre de 2012. De acordo com a Secretaria de Cultura, o projeto arquitetônico de restauração do teatro São José está quase pronto e a licitação para a obra deve ser aberta entre novembro e dezembro deste ano.

"Além de ter esse palco noturno como mais uma casa de espetáculos na cidade, ele também terá uma escola de teatro. Ele firma esse elo entre educação e cultura", afirma a secretária de Cultura de Fortaleza, Fátima Mesquita.

Maltratado pelo tempo
Com quase um século de construção, mesmo maltratado pelo tempo, o teatro São José conserva o charme de uma casa  de espetáculos cheia de história. Refém da falta de manutenção, do lado de fora, o teatro perdeu a pintura da fachada e a beleza do jardim.

Por dentro, restou pouco do capricho marcado nos balcões na tela com a imagem da sagrada família, acima do palco. A antiga casa de cultura sofre com os cupins, estragos no telhado, no sistema elétrico e no palco. Nem mobília e os instrumentos musicais foram conservados, como a velha bilheteria e o piano do teatro.

O professor e historiador Henri Randel Costa diz que o teatro foi construído dentro de um processo de luta pela hegemonia do movimento social operário entre a Igreja Católica, no caso do Ceará, e a Maçonaria. "São José, que não era operário, era artesão, foi 'proletarizado' pela Igreja Católica justamente para servir de referência para essa classe operária, que estava se formando. Ele é uma simbologia", explica.

Fonte: TV Verdes Mares

VIDA MARIA filme curta-metragem de Márcio Ramos


“VIDA MARIA” é um filme curta-metragem em animação realizado com recursos do edital “3o. PRÊMIO CEARÁ DE CINEMA E VÍDEO”, realizado pelo Governo do Estado do Ceará, onde recebeu nota máxima na categoria “FICÇÃO-ANIMAÇÃO-FILME”. O curta se consagrou nos festivais de cinema em 2007 e encerrou o ano como o filme mais premiado do Brasil.

Produzido por Márcio Ramos, em computação gráfica 3D e finalizado em 35mm, o curta-metragem mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas no Sertão Cearense, no Nordeste do Brasil, criando uma atmosfera realista e humanizada. Maria José, uma menina de 5 anos de idade, é levada a largar os estudos para trabalhar. Enquanto trabalha, ela cresce, casa, tem filhos, envelhece.





Mais informações:VIACG

"Vida Maria" mostra contradições entre sonho e realidade no Cine PE
"Vida Maria", curta de pouco mais de oito minutos, brilhou na terceira noite do Cine PE. A animação, produzida quase que inteiramente por Márcio Ramos, conta de forma concisa e com toques de humor a contradição entre os desejos pessoais e a realidade que se impõe a qualquer pessoa. 

O tema central partiu da vida pessoal de Ramos, que, imerso em seu trabalho com televisão e vinhetas de publicidade, viu o sonho de realizar um curta sendo adiado pela realidade do dia-a-dia.

"A idéia de realizar um projeto pessoal que fosse mais duradouro surgiu em 2000, mas, sem tempo, tive de adiá-lo por alguns anos", diz Ramos, que, além de dirigir, foi responsável por roteiro, fotografia, arte, som e montagem, contando apenas com a ajuda de Hérlon Ramos na composição da trilha sonora. 

"A idéia central surgiu da minha própria experiência, da contradição entre um sonho [realização do curta] e a realidade [a rotina diária de trabalho] que se impõe todos os dias." Longe de parecer um auto-retrato, Ramos tornou o material ainda mais rico ao apresentar um ciclo na vida de Maria José, que é obrigada a largar os estudos para ajudar nas tarefas diárias da família.

Assim como todas as Marias em sua infância, Maria José gosta mesmo é de "desenhar palavras" em seu caderno. Repreendida pela mãe, Maria vai ao quintal executar as tarefas da casa. De forma brilhante, Ramos mostra a repetição deste ciclo passando ao menos por três gerações.

Assim, com toques de humor, o diretor cearense consegue falar em oito minutos mais sobre a triste situação sócio-econômica vivida por muitas gerações do que qualquer dissertação acadêmica. 

Fernanda Crancianinov 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Memória repaginada

Com a chegada de três novos títulos, a Coleção Nossa Cultura, da Secretaria da Cultura do Ceará, reforça a tradição da literatura do Estado

Jáder de Carvalho-Ilustração Audifax Rios

Revelar a riqueza do Ceará aos próprios cearenses. Em última instância, é esse o objetivo da Coleção Nossa Cultura, ação da Secretaria da Cultura do Ceará inserida na construção de uma política voltada ao livro e à leitura. Embora situado no campo da literatura, o programa revela contornos mais abrangentes, ao fazer emergir e manter em circulação uma parte largamente desconhecida da produção intelectual do Estado.

Neste ano, a Coleção ganhou novos títulos, que agora se somam aos anteriores nos acervos das bibliotecas estaduais: "Américo Facó: obra perdida", com obras do autor mencionado; "O Canto Novo da Raça", dos escritores Jáder de Carvalho, Sidney Netto, Mozart Firmeza e Franklin Nascimento, e "Romanceiro de Bárbara", de Caetano Ximenes de Aragão.

Mozart Firmeza-Ilustração Audifax Rios

Os três livros fazem parte da série "Luz do Ceará", uma das quatro da Coleção Nossa Cultura (as outras são "Memória", "Panorama Nacional" e "Biblioteca Bolivariana").

"Sinfonia Negra", de 1946 (descoberta preciosa, por ser composto, em boa parte, de narrativas), e "Poesia Perdida", de 1951, são os dois trabalhos de Facó presentes em "Obra perdida". O reconhecimento chega em hora oportuna, frente ao aniversário de 126 anos de nascimento que o escritor comemoraria em 2011.

"Obra perdida" foi elaborada a partir da investigação das edições príncipes do autor na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, com o acréscimo de novas ilustrações.

Já "Romanceiro de Bárbara" foi originalmente escrito entre julho de 1975 a agosto de 1978, com o intuito de registrar a trajetória histórica de Bárbara de Alencar, nascida no Exu, Pernambuco, em 1760, e morta no Piauí, em 1832.

Franklin Nascimento-Ilustração Audifax Rios

Trata-se de um conjunto de 77 poemas com acentuada influência da poesia popular do Nordeste. Esta segunda edição, que chega mais de 30 anos após a primeira, traz a apresentação do poeta Francisco Carvalho, texto originalmente publicado no caderno "Exercícios de Literatura", das Edições UFC (1990), e um estudo biobibliográfico do Prof. Alves de Aquino, o Poeta de Meia-Tigela.

Por fim, "O Canto Novo da Raça", cuja primeira edição data de 1927, reúne poemas dos quatro autores considerados pioneiros do Modernismo no Ceará. O texto de apresentação ficou por conta de Sânzio de Azevedo, colaborador fundamental também em outros momentos do projeto.

Disseminar
Embora lançados neste ano, as três reedições foram elaboradas ao longo do ano de 2010, juntamente com outro projeto de fôlego da coleção, uma série de 10 volumes com reedições de obras de Juvenal Galeno.

"Juvenal Galeno: obra completa" faz parte da série "Memória", e traz inclusive trabalhos que nunca haviam sido publicados - a exemplo de "Quem com ferro fere, com ferro será ferido", primeiro texto teatral escrito e encenado no Ceará, datado de 1859".

"Esse texto tem importância fundamental tanto para a literatura quanto para as artes cênicas cearenses. O manuscrito estava com Ricardo Guilherme, descobrimos isso ao longo das pesquisas. Até a Casa de Juvenal Galeno dava-o como perdido", comemora Raymundo Netto, coordenador editorial da Secult e responsável pela Coleção.

"A elaboração dessa série foi repleta de descobertas como essa, encontramos coisas raríssimas como cartas de Gonçalves Dias a Galeno, entre outras. Tivemos o maior cuidado, porque embora ele não seja nosso principal poeta, é o mais significativo. Foi pioneiro em todos os aspectos que se possa imaginar no campo da escrita", complementa o coordenador.

Sidney Netto-Ilustração Audifax Rios

Entre os dez volumes, Netto destaca alguns como "Prelúdios Poéticos", primeiro livro escrito por Juvenal. "É um marco do romantismo cearense. Galeno lançou-o no Rio de Janeiro e chegou aqui com apenas dois exemplares. Um estava com a família, outro na biblioteca pública", recorda.

"Agora as obras estão ao alcance de todos. Costumo dizer que, nesse projeto, o livro em si nem é o mais importante, mas sim o resgate da cultura e da memória, de democratizar o acesso a essas obras e estimular pesquisas. Olhamos nossos poetas como se fossem menores, mas, na verdade, não os conhecemos. Vários grandes livros da literatura cearense nunca chegaram a ter uma segunda edição", pondera Netto.

Ao longo desse trabalho, o coordenador destaca colaborações importantes como a de Sânzio de Azevedo. "Ele foi um consultor constante", reconhece. O elogio vem de volta. "Juvenal Galeno não era mais lido porque ninguém encontrava mais seus livros, nem em sebos. Agora, todos poderão conhecê-lo, graças ao trabalho de Raymundo", observa Sânzio.

As loas estendem-se inclusive por parte de outros pesquisadores. "Nosso mercado editorial ainda é tímido, e muitas vezes não dá importância ao que foi feito antes. Então iniciativas como essa são oportunas", elogia o professor Gilmar de Carvalho.

"É um material que precisa estar nas bibliotecas, precisa circular e sair dessa rubrica de ´obras raras´. Embora muita coisa já tenha sido reeditada, gostaria de ver outras iniciativas nesse sentido", torce Gilmar.

Entre possíveis sugestões para futuros relançamentos, o professor destaca dois livros. "´A Divorciada´, de Francisca Clotilde, e ´Rainha do Ignoto´, de Emília Freitas, seriam títulos interessantes nesse momento em que se fala tanto da questão de gênero, por serem de duas escritoras. ´Rainha´, por exemplo, chegou a ser republicado, mas há cerca de 30 anos. As novas gerações não têm acesso", ressalta.

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER

Lançado edital “Tesouros Vivos da Cultura”


A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) está com as inscrições abertas para o Edital dos “Tesouros Vivos da Cultura/Mestres da Cultura” 2011, que reconhece pessoas que tenham conhecimentos ou técnicas necessárias para a produção e preservação da cultura tradicional popular. O Edital oferece 02 vagas para registros de grupos e um registro de coletividade, no Livro de Registro dos “Tesouros Vivos da Cultura”. Os interessados têm até o dia 26 de outubro para fazer suas inscrições.

Durante a inscrição o candidato deverá ser comprova a existência e a relevância do saber ou do fazer, ter reconhecimento público, deter a memória indispensável à transmissão do saber ou do fazer, propiciar a efetiva transmissão dos conhecimentos e possuir residência, domicílio e atuação, conforme o caso, no Estado do Ceará, há pelo menos 20 (vinte) anos, completos ou a serem completados no ano da candidatura.

Somente serão aceitos as inscrições dos candidatos com os formulários de inscrição padrão preenchidos em fotocópia ou impressão de maneira legível e assinados pelos responsáveis, acompanhados de currículo do candidato. Os documentos devem ser entregues na Secretaria, aos cuidados da Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural (COPAHC), das 8h às 17h.

Os selecionados e inscritos no Livro de Registro dos “Tesouros Vivos da Cultura/Mestres da Cultura” comprometem-se a transferir suas técnicas e conhecimentos a alunos ou aprendizes, através de programas educativos organizados pela Secult, cujas despesas serão custeadas pelo Tesouro Estadual.

Tesouros Vivos da Cultura

Projeto da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará que reconhece pessoas que tenham conhecimentos ou as técnicas necessárias para a produção e preservação da cultura tradicional popular. Através de edital público, a Secult identifica e confere o título de Tesouros Vivos da Cultura.

As pessoas físicas que receberão o título de “Tesouros Vivos da Cultura”, além da diplomação solene, recebem auxílio financeiro a ser pago, mensalmente, pelo Estado do Ceará, em valor não inferior a um salário mínimo, que poderá ser vitalício ou temporário. Para o registro de grupos cabe o diploma solene que concede o título de “Tesouro Vivos da Cultura”, além do auxílio financeiro destinado à manutenção de suas atividades.

Por fim, ao registro das coletividades – que podem ser comunidades inteiras que tragam vivas a tradição do fazer e saber - o Estado do Ceará concede o título de “Tesouro Vivos da Cultura” Tradicional Popular do Estado do Ceará, além de dar prioridade na tramitação de projetos direcionados às Políticas Públicas Estaduais, no ano subseqüente ao de sua diplomação.

A Legislação - Com a Lei nº 13.351, de 27 de agosto de 2003, o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura - Secult, garantiu o registro dos Mestres da Cultura Tradicional Popular, apoiando e preservando a memória cultural do nosso povo, transmitindo às gerações futuras o saber e a arte sobre os quais construímos a nossa história. Em 2006, esta Lei foi revisada e ampliada, trazendo a manutenção dos grupos e coletividades. A Lei dos Tesouros Vivos da Cultura, de Nº 13.842, foi publicada no Diário Oficial do Estado do Ceará em 27 de novembro de 2006.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cidades históricas terão R$17 milhões para restauros

Quatro cidades do Interior vão receber verbas do PAC das Cidades Históricas. Propriedades particulares são o alvo dos financiamentos. Serão beneficiadas as cidades de Aracati, Icó, Sobral e Viçosa do Ceará

Sobral realiza trabalho para retirar letreiros do centro histórico (RAFAEL CAVALCANTE)

Donos e inquilinos de imóveis residenciais e comerciais de sítios históricos do Ceará vão poder financiar o restauro dos prédios a juros zero. De acordo com a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Ceará, Juçara Peixoto, este mês deve ser assinado convênio com cinco prefeituras para o lançamento público de editais.

As obras fazem parte do programa PAC das Cidades Históricas, do Governo Federal. Serão beneficiadas as cidades de Aracati, Icó, Sobral e Viçosa do Ceará, que têm sítios históricos oficializados pelo Iphan, além de Fortaleza. Segundo a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), na Capital, o PAC das Cidades Históricas vai contemplar imóveis do Centro e entorno.

O financiamento para as obras nas cidades do Interior soma R$17 milhões e será feito pelo Banco do Nordeste. Para prédios residenciais, o pagamento do empréstimo poderá ser feito até 15 anos. Para prédios comerciais, o prazo é de dez anos.

Juçara explica que para receber o financiamento, o imóvel passa primeiro por análise técnica do Iphan. Embora as obras sejam executadas por quem pede o financiamento, o órgão acompanha o andamento dos trabalhos para que não haja descaracterização do imóvel.

Facilidades
A superintendente do Iphan detalha que não há faixa específica de financiamento para as obras nem renda mínima.

“O que não pode é comprometer grande parte da renda com o empréstimo. Quem recebe até três salários mínimos tem algumas facilidades”, acrescenta.

Outra facilidade é que não é preciso ser proprietário do imóvel para pedir o financiamento. “Qualquer pessoa que more, um inquilino com anuência do proprietário, por exemplo, pode pedir. Tem que ser alguém que tenha responsabilidade pelo prédio”, ressalta.

Juçara lembra ainda que imóveis de interesse histórico já descaracterizados ou em processo de arruinamento também podem ser contemplados.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Imóveis particulares de sítios históricos de Aracati, Icó, Sobral e Viçosa do Ceará, reconhecidos pelo Iphan, além de Fortaleza, vão ser contemplados com obras de restauro. Recursos serão repassados por meio de financiamento.

SERVIÇO

Sobre o financiamento
Podem pedir financiamento de restauro donos ou inquilinos de prédios, residenciais e comerciais, com valor arquitetônico reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Onde: Aracati, Icó, Sobral, Viçosa do Ceará e Fortaleza (no Centro).
Como financiar: procurar a Prefeitura após a publicação dos editais
Quanto: não há faixa de financiamento definida, mas renda do solicitante é levada em conta

Quando: a partir deste mês
Como é feito o pagamento do empréstimo: até 15 anos para residências e até 10 anos para comércios
Outras informações: a sede do Iphan em Fortaleza: (85) 3221-6263, 3221-2180
e-mail: iphan-ce@iphan.gov.brt

Thiago Mendes
thiagomendes@opovo.com.br

Fonte: O Povo

domingo, 9 de outubro de 2011

Iphan analisa pedido de patrimônios imateriais

Os três pedidos de registro de patrimônio imaterial são novidades no Ceará, embora previsto por legislação

Grupos juninos do Estado, como a Quadrilha do Zé Testinha, trazem nas suas encenações ritmos como forró, xote, baião e xaxado no repertório musical
BRUNO GOMES
Iguatu. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Ceará, analisa três pedidos de registro de preservação de bens culturais de natureza imaterial. São eles: o complexo cultural e religioso de Santo Antônio, em Barbalha; as matrizes tradicionais do forró (xote, baião e xaxado); e a dança do maracatu, na Capital. Ainda não há no Estado nenhum patrimônio cultural imaterial registrado, e o primeiro a alcançar essa condição será a festa do padroeiro de Barbalha, cujo processo está mais avançado e foi apresentado no início de 2010.

Os três pedidos de registro de patrimônio imaterial são novidades no Ceará, embora previsto por legislação desde 2001. Entretanto, se compararmos com o processo de tombamento de bens imóveis e de obras de arte que já dura cerca de 70 anos no Brasil, é uma proteção recente, ainda desconhecida por muitos, mas de fundamental importância para a preservação da cultura nacional popular, que se manifesta em várias comunidades interioranas.

A chefe substituta da divisão técnica do Iphan, no Ceará, Ítala Morais da Silva, evidencia que o processo de tombamento do patrimônio material é mais limitado, com ocorrência em poucas cidades, que apresentam imóveis da época colonial e barroca. "Numa nova perspectiva cultural, o registro visa preservar uma quantidade maior de bens, mesmo de práticas culturais de um só grupo", explicou. "O objetivo é a diversidade cultural, fazendo com que maior número de pessoas possa ser representado em suas manifestações artísticas e culturais".

Ítala Silva explicou que os pedidos de registro de bem cultural de natureza imaterial devem ser apresentados por um maior número de pessoas, entidades e instituições públicas e privadas. Devem ser acompanhado de um histórico da atividade, documentos, fotos, recortes de jornais e de outras mídias - áudio e vídeo. O processo dura em média 18 meses e exige a realização de várias audiências públicas na comunidade e de um inventário por técnicos, como metodologia de trabalho. Trata-se do Inventário Nacional e Referências Culturais (INRC).

"A metodologia de trabalho do registro de um bem imaterial resulta em um processo mais complexo em comparação com o tombamento de um imóvel com a participação de vários técnicos", observa Ítala Silva. "É um trabalho interdisciplinar". Outro aspecto diferencial é que deve haver uma efetiva participação e desejo da comunidade para que ocorra o registro. "A sociedade deve ter participação ativa e um desejo de preservação do bem". Apesar da exigência de envolvimento de um maior número de agentes, o registro do bem imaterial não evita a possibilidade de perda da prática cultural, por não sucessão na comunidade para a geração jovem ou por outros motivos. "Não podemos obrigar que a atividade cultural seja mantida ao longo do tempo. A legislação prevê que, a cada dez anos, o Iphan faça nova pesquisa, um inventário e uma análise para a apresentação de um novo parecer e continuidade do registro".

Após o registro, o Iphan promove uma articulação para a implantação de políticas públicas visando à preservação do bem protegido. "É importante existir o registro para a continuidade dos grupos, pois as pessoas de mais idade, os mestres da cultura, transmitem para os jovens essas práticas", disse Ítala. A partir de uma maior participação da comunidade e sensibilização de seus membros fica mais fácil a preservação do bem cultural. Os pedidos de registro do forró e do maracatu como bem imaterial pelo Iphan foram apresentados neste ano, respectivamente, pela Associação Cearense do Forró, e pela Associação Cultural Maracatu Rei do Congo, e ainda carecem de uma melhor avaliação, segundo Ítala. "Só após apresentação do inventário teremos melhor definição da demanda solicitada", ressaltou. "No caso do maracatu é necessário que o pedido envolva outros grupos, uma participação conjunta por ser um bem coletivo".

Primeiros
O registro de bem cultural imaterial começou a ocorrer a partir de 2001, após publicação de decreto pelo Iphan. Os primeiros registros foram em 2004. Estão protegidos e reconhecidos o ofício das baianas do acarajé, na Bahia, e a arte gráfica dos índios Waiãipi, do Amapá. Desde 2007, que os padrões e cores que constituem o patrimônio iconográfico Kusiwa da cultura Waiãpi está registrado oficialmente no dossiê do Iphan. No Iphan, há um Conselho Consultivo, com representações da sociedade civil e de entidades de classe, que apreciam o dossiê de registro do bem imaterial.

Mais informações

Superintendência do Iphan em Fortaleza
Rua Liberato Barroso, 525, Centro
Telefone: (85) 3221. 6360


SANTO ANTÔNIO

Decisão deve sair este ano

A cidade de Barbalha, na região do Cariri, vive a expectativa de aprovação pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do registro da Festa de Santo Antônio de Barbalha. Essa será a denominação oficial, conforme decisão coletiva tomada recentemente em audiência pública realizada no Município. "Esperamos que até o fim do ano o Iphan anuncie o registro e publique o dossiê oficial até a realização da próxima festa em 2012", disse o secretário de Cultura e Turismo do Município, Dorivan Amaro dos Santos.

Os agentes culturais do Município esperam com ansiedade a divulgação do registro. A demanda oficial foi encaminhada ao Iphan no início de 2010, mas Santos observa que o inventário das festividades religiosas e populares, que inclui o carregamento do Pau da Bandeira, a Cachaça do Vigário e o novenário em louvor ao santo padroeiro, começou em 2003. "Já houve muitas reuniões, audiências públicas e aguardamos agora o anúncio do registro porque o processo já está concluído", frisou. "Será muito importante para a divulgação, valorização e reconhecimento de uma festa que terá caráter nacional".

Santos observou que o registro da Festa de Santo Antônio de Barbalha vai aumentar a responsabilidade dos moradores, da administração pública municipal e das pessoas envolvidas com a promoção da cultura. "Haverá um maior cuidado com a preservação". A demanda apresentada pelo Município envolveu ampla participação e articulação da comunidade local.

O professor de História da Universidade Regional do Cariri (Urca) e presidente do Instituto Pró-Memória, uma ONG de Barbalha, Josier Ferreira da Silva, ressaltou que historiadores e memorialistas da região do Cariri vivem a expectativa do registro como bem imaterial da Festa de Santo Antônio de Barbalha. "Essa iniciativa vai fortalecer a identidade cultural do Município. Aumenta, por outro lado, a nossa preocupação em preservar a tradição". Josier observou que apesar do mundo moderno globalizado e tecnológico, a região do Cariri cearense preserva manifestações culturais que têm origem com a colonização do sertão cearense a partir de Pernambuco. "Há de conviver o novo e o tradicional em uma região marcada pela diversidade cultural e de seus diversos ritos religiosos populares".

A partir da segunda metade da década de 1976, houve a implantação de políticas públicas de valorização e reconhecimento da Festa de Santo Antônio de Barbalha, quando o Município investiu em divulgação e organização do evento. Ele defende um aprofundamento do inventário sobre as diversas manifestações culturais da região.

O pedido de registro das matrizes tradicionais do forró - xote, baião e xaxado - ainda vai passar por um processo de análise do Iphan. São ritmos de música e de dança que fazem parte da cultura nordestina. Segundo registro de Câmara Cascudo, o xote é antiga dança de salão, provavelmente de origem húngara e que se assemelha à polca. O xaxado é originário do alto sertão pernambucano e divulgada por cangaceiros. O baião é um gênero musical e sertanejo de canto e de dança.

Surgimento
A historiografia registra que foi a partir do encontro na década de 1940, entre o sanfoneiro Luiz Gonzaga, pernambucano de Exu, e o advogado e compositor cearense da cidade de Iguatu, Humberto Teixeira, que surgiu o ritmo baião. A dupla teria então criado esse novo jeito de tocar e dançar músicas conhecidas popularmente de arrasta-pé. Daí a denominação de "Rei do Baião" e "Doutor do Baião" para a dupla que abriu espaço para toda essa manifestação musical que chegou até os dias atuais, mesmo com transformações e introdução de instrumentos elétricos.

O tradicional forró pé de serra resiste ao tempo e as composições de cinco décadas passadas ainda estão presentes no repertório de shows de artistas consagrados. O chamado forró universitário mantém o ritmo do xote (dois pra lá, dois pra cá).

Registrar e preservar essa cultura musical nordestina é um reconhecimento da importância desse gênero, que passou a ser conhecido por forró, e que já está fixado nas mentes e nos corações de gerações seguidas e que resiste aos modismos de cada época.

Mais informações

Prefeitura de Barbalha

Secretaria de Cultura e Turismo
Rua Princesa Izabel, 187, Centro
Telefone: (88) 3532. 1708


Honório Barbosa
Repórter

Santana do Acaraú-Saudosa Maloca, Maloca Querida



Santana do Acaraú, berço de ilustres homens, nascida de uma promessa à santa Ana, sonhada como berço pelos indivíduos que, por primeiro se instalaram nos arredores da Capelinha que deu origem à Matriz, para suas futuras gerações; está assistindo a uma rápida devastação do patrimônio arquitetônico que poderia contar a história da evolução da "pólis" santanense.

Onde está o Palacete de bronze, primeira câmara de vereadores? Onde está o Casario da rua João Cordeiro, hoje só conhecido a muito custo nas fotos da década de 30 do século passado? Que foi feito do Pavilhão do Congresso de 1948? Onde está a Casa de Caridade construida pelo venerável Padre Ibiapina? etc e etc...
Estamos "saindo lá pra fora pra apreciar a demolição" do que ainda resta e alguns de nós não estamos conformados.

Parabenizamos a iniciativa da Paróquia que a anos atrás reformou o sobrado Padre Arakén e a casa Paroquial (ainda que modificando seus interiores e restaurando suas fachadas), e restaurou a Matriz.
Louvamos a iniciativa da família Alves que restaurou a Casa de seus patriarcas: O Solar dos Alves.

Somos felizes pela iniciativa de Audifax Rios que, reformando o Antigo Salão paroquial e Cartório de seu pai, trouxe para aquela casa elementos arquitetônicos que os santanenses eliminaram ao longo do tempo como gesto de um passo para a "modernidade"!
Gratos às Reiligiosas Filhas de Sant'Ana que, embora fazendo uma reforma interna muito preservaram do casarão que ainda hoje abriga o patronato Santana.
Igual menção honrosa mrecem a família Lopes e tanta outras que restauraram e preservam as fachadas e/ou interiores originais de suas casas.

Nos perguntamos: que futuro terá a casa mais velha da Cidade: o sobrado localizado na Avenida São João, apelidado de Jaburu e cenário de cenas do Filme "o Guerreiro Alumioso" de Rosemberg Cariri? Como será feita a reforma da Cadeia pública, prédio do século XIX? Como será feita a reforma do Mercado público, também da mesma época?

Quem terá culpa nesta história? Quem terá razão? A meu ver todos nós e ao mesmo tempo ninguém! Para que o patrimônio já apagado tivesse sido preservado, teria sido necessário, iniciar anos atrás, um movimento de educação para a conservação. Só conservamos o que conhecemos e apreciamos!

Este movimento de educação precisa ser iniciado com urgência e, se o fizermos, já estaremos fazendo tarde ( melhor do que nunca!) para preservarmos o que ainda resta!

Não se trata de um saudosismo vão, nem de um pensamento retrógrado ou anacrônico, mas de uma busca ou resgate de uma identidade que passa pela cultura material, meio pelo qual os elementos da identidade são comunicados.

Fomos informados que em setembro a Lei orgânica do Município será reformulada. Este é o momento de contemplar os patrimônios Material e imaterial de Santana, de garantir às futuras gerações um arcabouço legal para a preservação de sua identidade!

Se tal movimento não começar e for levado adiante correremos o risco de cantar aquele refrão dorido, saudoso e cheio de remorso: "saudosa maloca, maloca querida onde juntos nós passemos os melhores dias de nossas vidas"!

Crateús - Centenário com sanfoneiros

Ampla programação cultural marcará as festividades dos 100 anos de fundação do Município de Crateús

Igreja Matriz do Município, datada da década de 30, concentra festejos religiosos. Ainda como capela, deu origem à cidade que hoje é polo na região dos Inhamuns
REPRODUÇÃO

Crateús. Faltando apenas 38 dias para o seu centenário, data oficial no dia 15 de novembro, este Município vive momentos de expectativa e grande movimentação. Hoje, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo lança a programação oficial do Centenário, cujo carro chefe é o evento "Sanfona, Música do Mundo - I Encontro Nacional da Sanfona dos Sertões de Crateús". A partir das 18h, no Teatro Rosa Moraes, acontece o lançamento oficial dos Festejos do Centenário de Crateús.

A tradicional "Ave Maria Sertaneja" será executada pelo sanfoneiro Cafuné do Mucambo. O prefeito, Carlos Felipe, e o secretário de Cultura, Francisco Aldo, falarão sobre as festividades do centenário, marcadas pela realização do I Encontro Nacional da Sanfona, "Sanfona, Música do Mundo", e do II Festival Aéreo, com a apresentação da esquadrilha da fumaça. Na ocasião, também será apresentada toda a programação prevista para o mês de novembro, na continuação das festividades.

"Além de comemorar o Centenário de Crateús, o Encontro Nacional da Sanfona pretende firmar o Município na agenda cultural do Estado e do País, resgatando a atividade musical desse belo instrumento, que é a sanfona", pontua o secretário adjunto municipal de Cultura, Avelar Macedo.

Contagem regressiva
Às 18h30, a programação cultural completa e toda a estrutura de apoio do evento, que pretende atrair participantes de Fortaleza, do Piauí e de toda a região dos Inhamuns, serão apresentadas pelo promotor cultural Fernando Elpídio, idealizador do Encontro Nacional da Sanfona. E, marcando a contagem regressiva para o grande evento, os sanfoneiros crateuenses Edilson Vieira e Bento Raimundo apresentarão músicas compostas especialmente para as festividades do Centenário. Fechando as atividades do dia, acontece a 7ª edição do Projeto Arte na Praça, o maior mix cultural da região, promovido pela Prefeitura de Crateús, que vem contando com grande presença de público e enriquecendo o calendário cultural da região dos sertões de Crateús e Inhamuns.

O evento "Sanfona, Música do Mundo" será um grande encontro de músicos, ouvintes e admiradores de um dos mais belos, populares e complexos instrumentos musicais. De 12 a 15 de novembro, este Município cearense de marcantes referenciais históricos abrirá espaço para grandes nomes da música do Ceará e do Brasil, valorizando a tradição, a cultura e a arte e estimulando o turismo regional. Contará com apresentações musicais, oficinas e palestras, sempre visando à promoção de novos talentos.

Astros
Além disso, consagrados instrumentistas locais, estaduais e nacionais realizarão shows no evento, que marca a comemoração do Centenário do Município. Estão previstos, segundo a Secretaria, as presenças de Elba Ramalho, Ítalo e Renno, Renato Borghetti, Waldonys, As Bastianas, Orquestra Sanfônica do Ceará e Kbra da Peste.

Dentro das atrações locais se destacam os sanfoneiros Bento Raimundo e Edílson Vieira, crateuenses apaixonados pela sanfona desde a juventude. Músicos conhecidos na região e em outros Estados do País farão apresentações e funcionarão como uma espécie de "anfitriões" das atrações nacionais. Esperam que o Encontro marque a história cultural da cidade e dos artistas. "É um momento ímpar para a cidade, região e para nós, artistas, que há tantos anos estamos na luta para viver da música e conservar este instrumento maravilhoso, que é a sanfona", afirma Edilson Vieira.

Para ele, que se prepara para gravar o segundo CD no início de 2012, o Encontro será favorável para os artistas. "É uma oportunidade de mostrarmos o nosso trabalho para o País, será como uma vitrine", diz o sanfoneiro que tem mais de 50 músicas e já fez turnê em grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Roraima. Orgulha-se de nunca ter saído da sua terra natal, sustentar a família com as suas apresentações e shows. Um de seus maiores sucessos é a música "Crateús é meu lugar".

Bento Raimundo afirma que o evento resgata uma vocação do Município. "Crateús é um celeiro de sanfoneiros, tínhamos grandes festivais aqui há algumas décadas e ao longo do tempo não ocorreram mais, então esse Encontro resgatará e dará oportunidade aos artistas", analisa. Ele, inclusive, será o professor da Escola de Formação de Sanfoneiros, que começará a funcionar ainda neste mês com o objetivo de descobrir e formar jovens sanfoneiros.

Escolas públicas
A programação comemorativa inicia no dia primeiro de novembro, por meio de apresentações artísticas e culturais com a participação de estudantes da rede municipal e jovens assistidos pelos projetos sociais, mobilizados pela "Caravana do Selo Unicef".

Daí em diante serão realizadas inúmeras atividades festivas e culturais, até o dia 15 de novembro, data oficial do Centenário, quando a cidade acordará em festa, para atrair grande parte da população.

Elevação
1911 Foi o ano de elevação da vila à cidade de Crateús, no dia 14 de agosto, por meio do decreto, fato ocorrido no dia 14 de agosto e oficializado em 15 de novembro do mesmo ano

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Cultura e Turismo
de Crateús/Prefeitura Municipal - (88) 3691.0249
Nova Letra - (85) 9987.7599

HISTÓRIA
Cidade cresceu no entorno da Igreja
Escritores de Crateús são autores de livros históricos com as principais datas comemorativas
Crateús. "Como em qualquer cidade, aqui não é diferente. Para se dizer alguma coisa sobre Crateús de ontem, temos a obrigação de mencionar e reverenciar a Igreja Matriz, que faz parte diretamente da história desta terra. Templo que por milhões de vezes acolheu seus fiéis paroquianos desde os idos pré-históricos da cidade, quando já em 1769 existia como capela. Depois, em 1832, transformada em Matriz da Paróquia Senhor do Bonfim e Catedral desde 1964", destaca o escritor Flávio Machado e Silva, no livro "Crateús, Lembranças que aquecem o coração".

A história registra que o fato inusitado que marca o surgimento deste Município ocorreu em 1792, quando a imagem de Senhor do Bonfim foi trazida por escravos. "Fontes não escritas falam que a imagem do Senhor do Bonfim veio em costas de escravos, dentro de uma rede, de Salvador (BA) a Crateús, sob os cuidados de Luiza Coelho da Rocha Passos. A imagem foi esculpida em cedro, por artista europeu", relata o livreto Guia Paroquial, de 2009.

Antes, porém, desse episódio singular que marca a chegada da imagem de Senhor do Bonfim, cuja devoção já havia iniciado na Bahia em 1745, a Fazenda Piranhas já era realidade.

De acordo com o livro História de Crateús, de Maria Ivane Sales, Aurineide Martins e Sônia Maria Sales, foi em torno da pequena capela, hoje Catedral, construída em taipa às margens do Rio Poti, na Fazenda Piranhas, em 1769, que nasceu o povoado, que depois se chamaria Crateús.

Anteriormente, ainda na Fazenda Piranhas, registros históricos contam a chegada do precursor Domingos Jorge Velho, iniciando o povoamento. "A tribo dos índios karetiús aqui vivia, até que chega Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista que procurava lugares onde moravam os índios para fundar e povoar com pessoas que andavam com ele", conta o livro História de Crateús. A obra relata ainda que "passados muitos anos, em 1721, quando os índios já não viviam mais aqui, as terras foram arrematadas por Dom Ávila Pereira".

A Fazenda Piranhas cresceu e, posteriormente, em 6 de julho de 1832, tornou-se a Vila Príncipe Imperial. A Vila chegou a pertencer ao Piauí e no ano de 1880, este foi anexado ao território do Ceará, como resultado da solução encontrada para o litígio territorial entre os dois Estados. O Ceará reconheceu a jurisdição do Piauí sobre o Município de Amarração (atual Luís Correia) e em troca o Piauí ofereceu dois importantes Municípios piauenses: Independência e Príncipe Imperial.

"Pela lei nº 3.020 de 22/10/1880, as terras que hoje formam o nosso Município e que, até aquela data pertenciam ao Piauí, passaram a fazer parte do Ceará, trocadas que foram pelas terras onde se situa o antigo Porto de Amarração", registra páginas do livro "História de Crateús".

Por meio do decreto, a vila foi elevada a cidade, fato ocorrido em 14 de agosto de 1911 e oficializado em 15 de novembro do mesmo ano. Nessa época, foi escolhido o nome Crateús. De origem indígena, na linguagem dos tupis é assim definido: cará, que quer dizer batata e teú, lagarto. Na linguagem dos índios tapuios, kraté quer dizer lugar seco ou lugar muito seco.

Com a elevação a cidade e a proximidade com o Estado do Piauí, o desenvolvimento foi chegando. O grande marco dessa época foi o estabelecimento de um novo tipo de transporte, o ferroviário.

Chegada do trem
Além da vocação agropecuária, que desde os primórdios do Município é decisiva na propulsão da economia, a chegada do trem é destacada como fator definidor de progresso, movimentação financeira e gerador de negócios com pessoas de outros centros. Crateús atraiu olhares do Estado.

"Graças à exportação de gado, boa produção e a ligação ferroviária que nos alcançou em 1912, nossa terra tornou-se alvo de admiração e do interesse das pessoas de diversas localidades do nosso Estado, notadamente dos Municípios de Sobral, Ipu, Independência e Tamboril, e de Estados vizinhos", conta o historiador Norberto Ferreira Filho, em destaque no livro "Coletânea".

Silvania Claudino
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste