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terça-feira, 13 de março de 2012

Acaraú, o Rio das Garças

Foto: Divulgação
 
“Acaraú, o Rio das Garças”. Este é o título do documentário, que será lançado na próxima quarta-feira (14), às 19h30, na Universidade de Fortaleza (Unifor). O filme de 50 minutos conta a história do Rio Acaraú, que corta a Zona Norte cearense. “Percorremos cerca de 320 quilômetros para mostrar o Acaraú como um rio de pertencimento da população ribeirinha de muitas cidades cearenses”, afirma o pesquisador e documentarista, Roberto Bomfim, que dirigiu o filme.
 
O produção do documentário chegou a gravar mais de 50 horas de imagens e depoimentos para selecionar os 50 minutos. Bomfim conta que utilizou a história oral e documental para montar o documentário. “São historiadores, habitantes da ribeira, produtores culturais e escritores que contam a história do Acaraú, trazendo o sentimento de pertença a tradições culturais e folclóricas vitalmente importantes na formação e povoamento da Zona Norte do Ceará”, diz Roberto Bomfim.
 
Feito pela Setoceano Filmes, o documentário mostra as várias facetas do Acaraú. “Discutimos no documentário a preservação do rio, de sua mata ciliar e a degradação que ele está sofrendo em alguns municípios”, relata Bomfim.
 
Outra faceta retratada no filme é que o Acaraú tem garças em sua voz e apresenta desenvolvimento com a criação de camarão e peixe. “É um rio que move também a economia da Zona Norte”, cita Bomfim.
 
O Acaraú começa a ter uma importância maior para Zona Norte a partir do Século XVIII. O documentário exibe isso através de depoimentos de pesquisadores. “Nossos depoimentos mostram que estes objetos materiais e imateriais estão cristalizados elementos relevantes à memória do povo cearense”, destaca Bomfim.
 
Passando por Tamboril, Varjota, Cariré, Groaíras, Sobral, Santana do Acaraú, Morrinhos, Marco, Bela Cruz, Cruz e Acaraú. O filme traz depoimentos apaixonados e denunciadores de Lustosa da Costa, Juarez Leitão, Batista de Lima, Francisco Pinheiro e Audifax Rios.
 
O documentário mostra um pouco da história de cada uma das cidades onde foi filmado. “Tivemos esta preocupação de documentar também a história breve de cada um desses municípios onde filmamos. É uma contribuição para destacar a história dessas cidades que o Acaraú corta”, lembra Bomfim.
 
O aproveitamento do Acaraú para as populações ribeirinhas é um ponto que o documentário explora. “Todos dependem do Acaraú, quer do uso de suas águas, quer da produção de peixes ou de camarão ou para manifestar sua cultura através de tradições folclóricas que ainda hoje são preservadas por gerações”, revela Roberto Bomfim.
 
O documentário resgata manifestações como reisados, grupos quilombolas e mestres da cultura. “Resgatamos esta memória imaterial do Acaraú”, festeja Roberto Bomfim.
 
O filme, após o lançamento de Fortaleza será levado até o final do ano para exibição nas cidades onde foi filmado. “Pretendemos exibir o documentário por toda ribeira do Acaraú mediante a convênio e patrocínios. Vamos também distribuir cópias do documentário para bibliotecas, escolas, universidades, entidades culturais, prefeituras e organizações não governamentais”, informa Roberto Bomfim.
 
Depois a idéia é de exibição do documentário mediante convênio com tevês abertas e fechadas. Temos ainda o projeto de tradução para inglês, espanhol e francês para exibição em ONGs da França, Espanha e Portugal.
 
O documentário foi patrocinado pela Fundação Presidente Kennedy por convênio junto à Casa Civil do Estado do Ceará. Ele derivou do projeto “Rio Acaraú, o Gigante do Norte”.
 
 “Este projeto, que teve a chancela da Fundação Educacional Presidente Kennend, de Guaraciaba do Norte; quis dar uma lição da inteligência dos bravos sertanistas, índios e estrangeiros, que conquistaram e valorizaram o Norte do Ceará com suas tradições, costumes e culturas”, finaliza Roberto Bomfim.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Rio Acaraú - Atividade portuária na pesca - Participação Totó Rios

Portos de Cacimbas e da Outra Banda hoje são voltados para pesca empresarial e os viveiros de camarão em Acaraú



Hoje voltado para a atividade pesqueira, o Porto de Cacimbas já foi um importante ponto de entrada e saída de mercadorias na Zona Norte do Ceará, antes da consolidação do Porto de Camocim. Carros de boi traziam os produtos até as embarcações FOTO: WILSON

Sobral Falar do Porto das Cacimbas, na pequena cidade litorânea de Acaraú, é falar de um tempo de muita nostalgia, pois se sabe perfeitamente que este antigo porto, quando em plena atividade, foi responsável pelo desenvolvimento da região do Baixo Acaraú.

Era algo em torno de 900 carros de boi que trafegavam continuamente nos meses de verão. Nas estradas poeirentas, transportavam-se algodão, couros, peles de animais e outros produtos que em Cacimbas eram embarcados para Pernambuco, Bahia e outros mercados.

O historiador Raimundo Girão, em sua obra "História Econômica do Ceará", confirma isto, quando informa que "pelo Acaraú transitavam os artigos e mercadorias que saíam ou demandavam os sertões do Norte da Capitania. As primeiras fábricas foram levantadas no modesto Porto das Cacimbas".

Porto de Cacimbas
Por meio do Porto das Cacimbas surgiu um outro para atender às embarcações fluviais. Era o Porto da Outra Banda, hoje denominado de Porto Pesqueiro, afastado cerca de cinco quilômetros da barra do rio, que deu origem ao povoado que adensou com o nome de Oficinas, para mais tarde se transformar na cidade de Acaraú.

Hoje os tempos são outros: o Porto Outra Banda se transformou num bairro que se situa às margens do Rio Acaraú, mais precisamente na desembocadura desse rio. O porto hoje está a serviço de empresas ligadas à pesca empresarial e viveiros de camarão. Naquele bairro já está em fase de instalação outro viveiro, que ocupa uma das áreas de mangue, responsável pela valorização dessas áreas.

Porto de Outra Banda
Atualmente, os quintais das casas são disputados por empreendedores do ramo, que ali instalam seus viveiros. Alguns moradores reclamam do mau cheiro que exala do Rio Acaraú, proveniente de restos despejados pelos viveiros que estão funcionando. A comunidade se sente incomodada, mas não sabe como nem para quem reclamar, caracterizando a falta de informação quanto aos direitos e deveres do uso dos lugares públicos. Encontrar alguém que queira reclamar da situação é difícil. Todos temem sofrer represarias por empresários ou por pessoas ligadas a eles.

Porto de Cacimbas
"O Porto de Cacimbas foi a porta de entrada dos meus antepassados. Foi por aqui que chegou, vinda de Pernambuco, mais precisamente de Porto de Galinhas a minha avó materna Alzira Pereira dos Santos", comentou o pesquisador e professor Lucivan Rios Silveira, mais conhecido por "Totó", que está editando um livro que tenta resgatar o período áureo do Porto de Cacimbas. Ele lembra que o porto teve também um grande valor histórico. "As histórias de algumas famílias acarauenses têm origem no Porto de Cacimbas. Minha avó casou-se com Inácio Eduardo Rios de onde descende nossa família".

Um dos fatos memoráveis na vida da população desta cidade data o dia 20 de janeiro de 1981, quando o inglês Stuart Mallert Rogerson chegou na companhia de esposa, uma dinamarquesa, e três filhos. A família viajava num pequeno barco, o "Thália". Naquela ocasião estavam dando uma volta ao mundo e, no Brasil, escolheram a Ilha Fernando de Noronha e a cidade de Acaraú para visitar. Passaram três meses arrumando o barco e no dia 13 de setembro daquele ano deram sequência à aventura.

O pesquisador lembra que o Bairro Outra Banda foi realmente o início de tudo, em Acaraú. "Ali aportavam as embarcações menores, que vinham de Cacimbas, pelo rio, nas mares de enchentes", recorda Totó.

O Porto de Outra Banda (Pesqueiro) tem hoje praticamente a mesma atividade de outrora. Usado para embarque e desembarque do pescado dos barcos que com a pesca da lagosta aumentou o número de barcos. Quatro trapiches são destinados a esse tipo de embarcações que ali ancoram diariamente.

Wilson Gomes
Colaborador

Poucas pessoas que moram no entorno sabem que ali houve um porto importante. No período colonial, a carne produzida nas charqueadas era exportada pelo Porto do Aracati FOTO: MELQUÍADES JÚNIOR

ARACATI
Local sofre com assoreamento de rio

Aracati Um campo de futebol, muito mato, embarcações de pesca encalhadas e uma bandeira do Brasil num falso mastro podem ser observados na região onde funcionou o antigo Porto de Aracati, em torno do qual se formou a cidade e toda a opulência econômica que um dia representou. No período colonial, Aracati era o principal ponto de intercâmbio comercial, quando o Ceará se tornou independente da capitania de Pernambuco. Atualmente, o porto aracatiense está desativado, não existe nem na memória de muitos que moram nas redondezas.

Na primeira metade do século XVIII, esta então vila litorânea era conhecida como São José do Porto dos Barcos. Pelo porto vinham as grandes embarcações, colonos e os produtos comercializados. Daqui ia a carne seca, principal produto do comércio entre capitanias.

"Aracati, como porto de mar acessível, relativamente próximo do Recife e de Salvador, tornou-se, mesmo antes de ser elevado à vila, o pulmão da economia colonial da capitania, cuja riqueza era, em maior parte, por ela transitada", esclareceu o historiador Raimundo Girão, que descreveu o local como "empório comercial de primeira grandeza".

A época era de esplendor para os habitantes da vila, principalmente os barões, que construíram suas casas na Rua Grande, hoje Rua Coronel Alexanzito. A influência do porto na realidade da vila era tanta que Aracati ganhava mais importância - pela dinâmica econômica - do que Fortaleza, até que esta cidade criasse seu próprio porto e concentrasse as principais transações econômicas.

Nos dias atuais, o porto perdeu status, o movimento parou, o núcleo populacional que se formou no passado se desenvolveu como cidade, ingressando em outras atividades. A ligação com outros locais se faz por estradas de rodagem, e do mar só desembarca peixe, camarão e lagosta. Alguns barcos ficam atracados na região do antigo porto, na conexão entre o mar e o Rio Jaguaribe, por onde passavam alguns barcos chegados.

O rio, hoje assoreado, encalha as pequenas embarcações nos períodos do ano em que a maré baixa arrasta boa parte da água para o mar. O assoreamento do rio provocou distanciamento dos pontos de desembarque no porto, até tornar impraticável esta atividade. "Do antigo Porto do Aracati nada mais existe", afirma o memorialista Antero Pereira. O local teria ficado totalmente desfigurado depois da construção do dique de proteção às cheias na cidade. "Existem relatos de viajantes que aqui estiveram em 1864 afirmando que os vapores nessa época ainda fundeavam em frente à cidade de Aracati. No entanto, já em 1872 esses vapores chegavam somente até o Fortinho, onde ficavam atracados no antigo Trapiche. Ainda existe alguma coisa do velho Trapiche", explica Antero.

Jogando bola em um "campinho" na região do antigo porto de Aracati, Francisco Tiago e Deurismar da Silva, ambos de 12 anos, não sabiam que existia ali um local onde os navios chegavam, vindos de vários lugares. Hoje é "apenas" um campinho de futebol e depósito de barcos. Depois do bate bola, enquanto o sol não se punha, os meninos pegam a bicicleta e contemplam o inexistente, até uma inocente pergunta (justificável pelo ensejo da Copa do Mundo): "vinha navio da África?". "Sim", responde a reportagem.

Vinha com vários mercadorias, entre as quais escravos para serem explorados na região. Até que um jovem jangadeiro bateu o pé que não desembarcaria mais homens para trabalharem por força. Da Vila de Canoa Quebrada (nome batizado por um navegante português que lá aportou no século XVII), com sua atitude o jangadeiro Francisco Nascimento tornou-se o Dragão do Mar.

Melquíades júnior
Colaborador

Mais informações
Prefeitura de Aracati
(88) 3446.2433
Museu Jaguaribano de Aracati
(88) 3421.3396

Rio Acaraú - Programa Expedições TV Diário

O Rio Acaraú é uma das mais importantes e belas riquezas naturais do Ceará.












Fonte: Programa Expedições TV Diário

Rio Acaraú


O Acaraú é um rio brasileiro que banha o estado do Ceará, “Nasce na Serra das Matas, um dos pontos mais altos da região. Saindo de Monsenhor Tabosa, em pleno sertão, percorre 320 quilômetros. Corta Sobral, uma das cidades mais importantes do Ceará. Banha 18 municípios e chega ao mar, em Acaraú. Nessas regiões, as chuvas são restritas e, por causa do calor, a evaporação é altíssima. Conclusão: evapora muito mais do que chove e a água some dos leitos. A terceira e última nascente fica a mais de mil metros de altitude: São Gonçalo. Está toda pisoteada, sem nenhuma proteção”. (Cf. FREITAS, Vicente. Rio Acaraú. In: Vale do Acaraú Notícias. 2ª Edição, março de 2010. p. 7).[1]

Fica situado na parte norte do estado. A origem do topônimo Acaraú é indígena, sendo resultado da fusão de "Acará" (Garça) e "Hu" (Água), significando, portanto, “Rio das Garças” (Paulinho Nogueira). Teria habitado às margens desse rio o grupo indígena brasileiro Tremembé.

Nesta bacia estão construídos alguns dos mais importantes açudes cearenses: o Edson Queiroz, em Santa Quitéria, o Forquilha, no município do mesmo nome, o Aires de Sousa (ou Jaibaras), em Sobral, além do Paulo Sarasate (ou Araras), que está construído sobre o leito do Rio Acaraú e cuja barragem está localizada no limite dos municípios de Varjota, Pires Ferreira e Santa Quitéria.

Segundo outras fontes, nasce na Serra do Machado, em Itatira. Lança-se no oceano Atlântico por meio de dois braços: Cacimba e Mosqueiro. Banha as cidades de Tamboril, Sobral, Santana do Acaraú, Morrinhos, Marco, Bela Cruz e Cruz, entre outras.

Condições pluviométricas

A maior parte da bacia está situada em região de clima tropical quente semiárido com apenas uma pequena porção (na base da Chapada da Ibiapaba) apresenta clima tropical quente semiárido brando [2]. A pluviometria, portanto, é baixa com volumes de chuva que vão de 500 a 1.000 mm em praticamente toda a sua área.

Afluentes Principais
Rio Jaibaras;
Rio Groairas;
Riacho dos Macacos

domingo, 23 de janeiro de 2011

Rio Acaraú-Interiorização do ´Siará´ acompanha roteiro dos rios

A Cidade de Sobral, vista a partir do Rio Acaraú, foi um dos primeiros Municípios a serem formados na região do Vale do Acaraú e à margem do Rio, no processo de interiorização
FOTOS: CID BARBOSA/ACMI-UVA
Diversos Municípios da Zona Norte do Estado do Ceará surgiram e se desenvolveram a partir do "Rio das Garças"

Rio Acaraú. Quando o ilustre Martim fugiu da tribo dos Tabajara, porque Iracema não deveria dormir na sua oca, saiu pelas matas e passou pelas "frescas margens do rio das garças", conforme descreve o escritor José de Alencar no romance "Iracema". "Rio das Garças" é o significado da palavra Acaraú, que nasce da fusão das palavras tupis "Acará" (garça-branca-grande) e "Hu" (água), citado diversas vezes pelo escritor.

A partir da obra de José de Alencar pode-se constatar que a interiorização no "Siará" se deu através de seus rios, tendo o Acaracu, Acaraú ou simplesmente Rio das Garças, uma importância primordial neste contexto. Pero Coelho de Sousa ao chegar ao Brasil, em 1603, para administrar a Capitania do Siará, como era chamada a região correspondente às capitanias do Rio Grande, Ceará e Maranhão, escolheu a foz do Rio Pirangi, hoje Ceará, para se instalar, e depois transferiu-se para às margens do Jaguaribe.


A cidade de Morrinhos preserva-se bem acima do leito do Rio Acaraú que passa pela sua sede. O local é frequentado por lavadeiras, pescadores e banhistas diariamente
Os rios ofereciam água, alimento, lazer e travessia. Desde o seu início, a ocupação do Ceará foi guiada, literalmente, pelos rios e pela atividade econômica. A cultura criatória ou pecuária foi a primeira atividade econômica motora para a ocupação do Estado, entre os séculos XVIII e XIX.

Com o crescimento econômico, surgiram as cidades de Aracati, Sobral, Icó, Acaraú, Camocim e Granja. Conforme conta o coordenador do curso de História da Universidade Vale do Acaraú (UVA), Agenor Soares Júnior, devido à demanda do mercado consumidor litorâneo, "as terras do interior passaram a ser alvos de especulação, produzindo um movimento de interiorização seguindo os principais rios e seus afluentes".

Com esses movimentos, as estradas para o interior da capitania começaram a se delinear, sempre atendendo ao curso dos rios. A ribeira do Rio Acaraú tornou-se estradas naturais perfeitas e propícias para o desenvolvimento cearense. No interior, o cenário também foi tomando forma: ranchos, vendas, bodegas, capelas, igrejas e moradias. A partir daí muitos lugarejos nasceram e deram início à cidades importantes.

Primeiras populações

Para o médico e historiador Barão de Studart, os fundadores e primeiros habitantes de Acaraú foram os pescadores vindos do Sul, atraídos pela fartura dos barcos pesqueiros.

As terras onde hoje se encontra o Município de Marco, antes eram ocupadas por índios, provavelmente os Tremembé. Em Nova Russas, uma fazenda de curtume deu origem ao povoamento e, hoje, cidade. Reriutaba antes fora a Fazenda Santa Cruz. A região era habitada pelos índios Reriú.

Já Santana do Acaraú deve seu nome e sua origem à santa homônima. Em 1626, o frei Cristóvão de Lisboa e sua comitiva passavam pela região, quando foram atacados por índios Tapuio, levando o grupo a refugiar-se nas terras do atual Município. No mesmo ano, a instalação da imagem da santa em um serrote indicava onde seria erguida sua capela. Em Varjota, credita-se o seu povoamento ao Padre Macário Bezerra, da Paróquia do Ipu, também com a construção de uma capela, entre os anos de 1834 e 1840.

"Princesa do Norte"

A origem da "Princesa do Norte", Sobral, tem dois viés. O historiador Agenor Soares Júnior diz que uma delas está relacionada a dois sesmeiros. "Segundo padre Sadoc de Araújo, Sobral teria origem com os descendentes dos sesmeiros Antônio da Costa Peixoto e Leonardo Sá, este último considerado o primeiro povoador da ribeira. Com eles, iniciam-se também doações de terras ao erguimento de capelas nas fazendas de suas propriedades, dando início, a uma lenta constituição de um patrimônio religioso".

A outra inicia com as doações de terras feitas pelo capitão Antônio Rodrigues Magalhães e Quitéria Marques de Jesus, no século XVIII, respondendo ao pedido do padre Lino Gomes Correia. "Casal proprietário da Fazenda Caiçara que, em resposta ao pedido do padre visitador Lino Gomes Correia, doou extensão de terras para a construção de uma igreja matriz que servisse como sede do curato da ribeira do Acaraú, marcando o início do desenvolvimento da região, surgindo um povoado ao redor do templo, atraindo famílias que vinham pela fertilidade da região e pelos serviços religiosos agora mais acessíveis", conta Soares sobre a formação de Sobral.

A partir das doações de terras, o povoamento de Sobral foi dividido em quatro curatos: Amontada, Coreaú, Serra dos Cocos e Caiçara - com a construção de igrejas e capelas neste locais.

"A configuração do povoamento foi produzida de acordo com a criação das capelas erguidas pelos fazendeiros e religiosos, sempre margeando os rios, tornando-se a gênese de várias cidades da região". Hoje, Sobral carrega a responsabilidade de ser um dos principais celeiros da Zona Norte e do Estado na cultura, política, economia e social. Tem o grande desafio, hoje, de recuperar e preservar aquele que foi responsável pela sua origem e seu desenvolvimento, o Rio das Garças.

GEO-HISTÓRIA

Práticas de povoamento ainda são mantidas

Entender o meio ambiente não diz mais respeito somente aos fatores naturais, como flora e fauna. A história também é importante. Um conceito moderno versa sobre uma relação direta entre componentes naturais, socioculturais e atividades humanas. Neste entendimento é que o geógrafo da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), José Falcão Sobrinho, desenvolveu uma pesquisa, resultando em livro, intitulado como "A Geo-história Ambiental do Vale do Acaraú".

Entrevistando e contando a história de 300 agricultores da região - Josés, Joões, Antônios e Marias -, o autor chega a conclusão que "o ontem se repete no hoje". As mesmas práticas adotadas para povoar o Ceará, ainda hoje são mantidas por milhares de famílias no Vale do Acaraú. O latifúndio, concentração de terras, criação de gado, agricultura de subsistência, queimadas, desmatamentos, entre outros danos, continuam na prática das gerações contemporâneas.

Para Falcão, "o relevo contribui com informações a respeito da geo-história natural do Vale do Acaraú", e por isso a fixação das populações nas três áreas da bacia é diferente. No maciço (serras), a permanência de moradia é maior, com 90% dos entrevistados morando há mais de 30 anos no local.

No sertão, a flutuação da população é predominante, devido a questões climáticas e também à propriedade da terra. O autor explica que "no ambiente de maciço houve uma reforma agrária familiar (...). Na superfície sertaneja, há, assim, o contraste de uma área com um processo histórico atrelado ao latifúndio à flutuação da população".

Na ocupação do Vale do Acaraú, muitas questões sociais vivenciadas hoje foram inseridas desde o tempo da colonização e fortalecidas durante os anos. A mão-de-obra esteve sempre ligada a agricultores com baixo índice de conhecimento, fato este que influi na sua condição de vida, conforme descreve Falcão.

A cultura exploratória sempre esteve presente na história do rio, alcançando o ambiente e os que vivem nele. "Tão belo é o Vale do Acaraú, nas suas diversidades naturais e culturais (...). Mas que gera similitudes, fracionadas no intemperismo físico, (...), resseca e desagrega o solo e franje as rugas na face do sertanejo, mas não consegue desagregar a indiferença social", conta o autor.

Ligação

"Os grandes rios, Jaguaribe e Acaraú, constituiram a ligação entre interior e mar"

Agenor Soares Júnior
Coordenador do Curso de História da UVA

"O relevo contribui com as informações a respeito da geo-história do Acaraú"

José Falcão Sobrinho
Geógrafo e Pro-reitor de extensão da UVA

EMANUELLE LOBO
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Rio Acaraú - Fontes de trabalho e renda

Fim de tarde, as embarcações partem do porto do Acaraú para alto-mar em busca do pescado. Os itens mais apreciados da região são camarões e lagostas
FOTOS: CID BARBOSA

Pesca, criatórios de camarão e de peixes, extração de mariscos e até a apicultura são atividades do Acaraú

Hidrolândia. Numa ocupação de áreas bastantes diferentes, com oscilação de altitude entre o nível do mar e 1.145m acima, na Serra das Matas, a Bacia Hidrográfica do Acaraú possibilita usos diferentes das populações. A mais tradicional, a piscicultura, contribui com milhares de famílias, como a de Edson Saraiva de Sena, conhecido como seu Edinho, morador da Ilha do Ezaú, no Município de Hidrolândia.

A ilha é banhada pelas águas do Rio Acaraú barrada no Açude Araras. Vindo de Mossoró, fez morada no local em 1961. De lá para cá, viveu e sustentou a família com a pesca e a agricultura. Em 2006, a apicultura surgiu como nova oportunidade para a comunidade. Seu Edinho tomou à frente e, com um grupo de moradores, foi capacitado. "Mudou muita coisa. A gente não tinha condição financeira. Trabalhava só para ter o alimento. Mas a apicultura nos dá uma visão muito boa", afirma.

Outro projeto que "bebe" das águas do Acaraú são os Perímetros Irrigados Araras Norte e Baixo Acaraú. O último é responsável por uma produção anual de 24 mil toneladas de frutas, entre as quais, banana, coco, mamão e melancia. Sozinho, o Baixo Acaraú movimenta R$ 2 milhões por ano.

A maior parte da produção deste perímetro vai para o exterior, ao contrário do Araras Norte, que abastece São Benedito, Fortaleza, Sobral, Tianguá e Teresina. Nos dois perímetros são cerca de 650 produtores. Número este pequeno em relação aos outros projetos no Ceará. Para o gerente administrativo-financeiro do Baixo Acaraú, Francisco de Assis, ainda há pouca representatividade no mercado, devido à grande quantidade de frutas de fora, e uma área plantada relativamente pequena.

"Menina dos olhos"

A carcinicultura é, talvez, a atividade mais controvérsia realizada nesta bacia, não eximindo a ação predadora da agricultura realizada às margens do rio, devastando, assim, a mata ciliar, dentre outras. A verdade é que não há meio termo quando se fala no cultivo de camarão marinho: há os que defendem e os que reprovam.

A atividade é realizada na área considerada "a menina dos olhos" do meio ambiente: o estuário. Isso porque é o berço da diversidade. "Ele representa a base de uma complexa cadeia alimentar para o Litoral Oeste do Estado. É o berçário de espécies, produz matéria orgânica e nutrientes para dar suporte à atividade pesqueira e à qualidade de vida das comunidades", explica o professor Jeovah Meireles, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

A mesma justificativa é dada pelo diretor técnico da Associação dos Carcinicultores da Costa Negra (ACCN), Clélio Fonseca, sobre a escolha da região para a produção de camarões. "A região tem um diferencial do meio ambiente que oferece muitas riquezas naturais", esclarece.

Ele diz que as empresas da região da Costa Negra, zona costeira formada pelos Municípios de Cruz, Acaraú e Itarema, em breve, não utilizarão produtos químicos para o cultivo do crustáceo. "Com a certificação do camarão da Costa Negra, as empresas vão adotar, e algumas já estão adotando, procedimentos únicos e que fazem uso de produtos orgânicos. Não utilizando nenhum produto químico e antibiótico. Tudo isso será banido do nosso modelo de produção".

Em um diagnóstico realizado pelo Ibama, em 2005, entre os principais questionamentos sobre a atividade, estão a ocupação de uma Área de Proteção Permanente (APP); a degradação do ecossistema manguezal, da mata ciliar e do carnaubal; contaminação da água por efluentes; extinção de áreas de mariscagem, pesca e captura de caranguejos; disseminação de doenças; expulsão de marisqueiras e pescadores de sua área de trabalho, dentre outros.

O complexo estuarino, além da importância ambiental, é fonte de renda e alimento para muitas comunidades, como a do Curral Velho, em Acaraú. A área está vinculada aos sistema ambientais que amortecem os danos do aquecimento global, por exemplo. "O manguezal tem a função local de proteger a zona costeira da erosão mais acelerada, e de forma global, captura do dióxido de carbono", explica Jeovah Meireles.

Segundo Clélio Fonseca, há uma preocupação dos produtores da região em manter a qualidade da água e do estuário. "Nós fazemos um auto-monitoramento constante, até porque nós precisamos de um ambiente saudável. Verificamos os parâmetros físico-químicos e biológico da água todos os dias, para não causar dano ao meio ambiente e impacto ao próprio cultivo de camarão", afirmou.

Sustentabilidade

De todos os lados, o discurso para o desenvolvimento é o mesmo: ninguém tem nada contra. Mas há distância entre este processo e a sustentabilidade? Enquanto não há solução à vista, outra ameaça de ocupação chega ao Curral Velho, desta vez com a energia eólica. "Temos o marisco em boa quantidade. Tem gente que vive só disso. E é lá onde querem passar a energia eólica. Não vamos liberar a nossa fonte de alimentação para uma pessoa e a comunidade ficar de mãos vazias", diz o presidente da Associação dos Pescadores e Marisqueiras do Curral Velho, José Edson de Sousa.

A empresa argentina Impsa Wind, ganhadora do leilão realizado em 2010 pela Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia, vai instalar seis parques de energia eólica em Acaraú. Com as novas usinas, o Ceará passa a liderar área no País.

Segundo o diretor de Engenharia e Construções da Impsa Wind, João Junqueira, os parques serão edificados na Lagoa Seca, Ventos do Oeste, Araras, Garças, Buriti e Coqueiros. "Já realizamos o estudo de impacto ambiental, audiências públicas e já foi aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema)". A empresa busca, agora, financiamento das obras, que deverão ficar prontas até junho de 2012.

A comunidade do Curral Velho denuncia que, apesar de ter sido convidada para a audiência que discutiu a instalação das usinas eólicas, foram impedidos de participar. "Fomos violentados, impedidos de entrar na audiência", disse a marisqueira Maria do Livramento. (E.L.)

Enquete
Importância

"Quando estamos comendo o camarão da carcinicultura, estamos comendo a biodiversidade, a qualidade da água e outros"

Jeovah Meireles
Professor do Dep. de Geografia da UFC

"90% da mão-de-obra da fazenda de camarão não exigem mais que a 4ª série. A gente ainda emprega a mulher do pescador"

Clélio Fonseca
Diretor técnico da ACCN

CONFLITO

Produzir e preservar

Acaraú. Uma relação conturbada se estabeleceu desde a instalação dos primeiros empreendimentos de carcinicultura (foto)no estuário do Rio Acaraú. De um lado, empreendedores ocupam espaços de preservação permanente com a promessa de geração de emprego e renda.

De outro, a comunidade luta pelo pedaço de chão e de rio, de onde tiram o sustento e o alimento das famílias e da cultura do lugar. "A gente conseguiu o barramento deles aqui. Já foram derramados suor, sangue, lágrima e, graças a Deus, hoje a gente ´tá´ com esse pedaço de chão", afirmou o presidente da Associação dos Pescadores e Marisqueiras do Curral Velho, José Edson de Sousa.

Estudos realizados nos EUA e Tailândia, de matriz economicista, publicados na revista "Science", da American Association for the Advancement of Science, divulgaram os valores das externalidades negativas embutidas na atividade, como a degradação e a poluição. Os custos para a recuperação são altos.

Os valores econômicos gerados por hectare nas fazendas de camarão é de US$ 8,340 e para preservar o manguezal em torno de US$ 823. Os valores sociais calculados pela pesquisa mostram que as externalidades custam um déficit de US$ 5,443 e custos de US$ 35,696 para recuperar cada hectare de manguezal.

"Só se pensa na carcinicultura na geração de emprego e renda, que é um mito. Se gera seis vezes menos empregos do que declaram os empreendedores", diz Meireles.

Segundo Fonseca, na região da Costa Negra são "em torno de três profissionais por hectare, em empregos diretos e indiretos". Mas, o diagnóstico do Ibama define no estuário do Acaraú 0,58 empregos/ha, mais de 3 vezes menos do que diz a Associação Brasileira de Criadores de Camarão. (E.L.)

Demanda Hídrica

190 milhões m³/ano é a demanda hídrica de irrigação da Bacia Hidrográfica do Acaraú, representando 84% do total. Para o consumo humano, a demanda é de 15% e 1% para a indústria.

Fonte: Diário do Nordeste 

Rio Acaraú - Degradação ambiental compromete curso das águas

Em Cruz, o pescador Pedro de Noé de Araújo tentar fisgar algumas piabas para complementar alimentação, mas reclama da salinização da água no trecho que passa na cidade
FOTOS: CID BARBOSA
Com um passado de glória, o Rio Acaraú hoje vive em alerta contra a poluição, desmatamento e extinção de espécies.

Próximo ao porto de Acaraú, na foz do rio, a reportagem flagrou queimadas na mata. A cena foi corriqueira durante o percurso
Monsenhor Tabosa. Um rio morto. Esta foi a constatação que diversos estudiosos, pesquisadores e moradores do Rio Acaraú fizeram sobre ele. O lixo e o assoreamento, decorrente do desmatamento da mata ciliar e da retirada da calha, são os dois "bichos-papões" do rio.

Este gigante de 375km de extensão, no entanto, sobrevive e faz viver muitas famílias, Municípios, animais, matas e a Zona Norte, como pode ser visto no percurso da nascente à foz. Ele é também o principal da bacia hidrográfica que leva seu nome.

Muito lixo e esgoto encontrados embaixo da ponte, em Sobral. Em Monsenhor Tabosa, barragem do rio está desativada
Surge timidamente. A cada gota de água brotada do chão ou caída sobre as pedras próximas às nascentes, o Rio Acaraú vai tomando sua forma. Suas duas nascentes estão localizadas na Serra das Matas, no Município de Monsenhor Tabosa, a 306km de Fortaleza. O local é considerado o ponto mais alto do Estado, com 1.145m de altitude.

O primeiro trecho do leito do Acaraú já foi sinônimo de fartura, devido a sua boa água para cultivo. "Há 40 e poucos anos era tudo lindo. Engenhos de cana, plantações de banana. Hoje não se planta mais nada, ´tá´ tudo devastado", conta o comerciante Fernando Ferreira de Melo. Sua queixa se repete ao longo do Acaraú.

Em estudo realizado pelos professores Marcos José Nogueira de Sousa e Maria Lúcia Brito da Cruz, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), "Análise geoambiental e mapeamento das áreas degradadas susceptíveis à desertificação na Bacia Hidrográfica do Acaraú", é constatado que "a especulação imobiliária, o desenvolvimento do turismo e da carcinicultura, o crescimento desordenado dos núcleos populacionais, o incremento agroindustrial, o manejo de irrigação nos agropólos - perímetros irrigados - como Araras Norte e Baixo Acaraú, a incorporação de terras para agricultura, desmatamento, ablação dos solos e a desertificação estão entre os principais problemas de degradação ambiental".

A professora e pesquisadora Maria das Graças Farias Medeiros, filha de Tamboril, testemunhou o tempo de glória da sua região por conta das águas do Acaraú. Agora se debruça em trabalhos de pesquisa e sociais para resgatar o rio. "Quando a tâmara florescia, indicava um bom inverno. A gente tinha um rio verde e hoje é mais plantação de capim", afirmou.

As cenas de devastação não se restringem, no entanto, à plantação de capim. Além dela, queimadas nas margens, retirada desordenada de areia, muito esgoto despejado nas águas do Acaraú preocupam moradores e gestores.

Nos 13 Municípios visitados, a realidade do rio é a mesma, e em alguns casos pioram devido às atividades econômicas e práticas desordenadas. Em Tamboril, na passagem molhada que corta a cidade, a água não passa por lá, decorrente da destruição e também da estiagem do ano que findou.

Em Varjota, onde está localizado o principal reservatório da Bacia Hidrográfica do Acaraú, o Açude Paulo Sarasate, o assoreamento também já prejudica a atuação do açude conhecido como Araras. O reservatório perdeu 15% de sua capacidade devido ao fenômeno. O "Araras" é responsável por tornar o Rio Acaraú perene.

Apesar da grande quantidade de macrófitas no espelho d´água, em Sobral, e uma das margens do rio está coberta de lixo e de esgoto sendo despejado diretamente no Acaraú, o diretor técnico da Saae, José Alberto Rodrigues de Andrade, afirmou que "o esgoto que cai no Rio hoje é das lagoas de tratamento. Não é água potável, mas serve para irrigação".

Com tantas mudanças no trato do rio, a consequência foi quase o total desaparecimento da mata ciliar e dos animais que viviam à sua margem. A vegetação predominante é a Caatinga. A mata ciliar que resta no Acaraú pode ser vista na margem do leito do médio e baixo curso do rio. Durante as cheias, muitos Municípios sofrem com inundações e enchentes devido à descaracterização do leito dos rios. A água vem descendo e, não encontrando seu caminho, ocupa outros espaços.

Quanto aos animais , há registro de papagaios, preás, canários, cutia, guaxinim, onça, raposa, veado, caititu, jacu, seriema, garças, afora os peixes e mariscos. Infelizmente, a incidência desses bichos têm caído a cada dia. "A gente encontra ainda, mas é difícil porque estão todos em extinção", contou o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Acaraú (CBHA), Alexandre Bessa Cavalcante.

No estuário - espaço em que o rio se encontra com o mar -, preferencialmente nos bancos de areia e canais que fazem intercomunicação com o apicum, a extração de mariscos é feita diariamente pelas famílias. Lá são encontrados unha de velho, búzios (Anomalocardia brasiliana), concha e intã (Donax striatus). (E.L.)

Os problemas encontrados na Bacia Acaraú

A bacia do Rio Acaraú apresenta uma significativa diversidade ambiental, incluindo enclaves de serras úmidas, sertões, vales e ambientes litorâneos. Alguns problemas ambientais e de impactos negativos são comuns a esses ecossistemas. Outros adquirem peculiaridades próprias de cada um.

Dentre os problemas, destacam-se: desmatamentos desordenados, degradação da biodiversidade, erosão dos solos, queimadas, caça predatória, degradação de nascentes fluviais, deterioração do patrimônio natural, desequilíbrios ecológicos, expansão da desertificação, poluição dos solos e dos recursos hídricos, a degradação dos manguezais na área estuarina, degradação das matas ciliares das várzeas e das matas úmidas nas serras; expansão dos processos de desertificação nos sertões.

Eles afligem quase toda a população da bacia e têm sérias repercussões na qualidade de vida das populações rural e urbana. Nas ações a serem empreendidas, as propostas de curto, médio e longo prazos devem ser implementadas para a prevenção e recuperação das áreas mais vulneráveis às secas e à degradação ambiental; estimular a organização dos comitês de bacias para melhor gerir as disponibilidades dos recursos hídricos; incentivar as práticas de educação ambiental; contribuir, enfim, para a articulação entre órgãos governamentais e não governamentais, visando um estilo de desenvolvimento compatível com as necessidades de conservação ambiental e com equidade social desta que é a segunda bacia hidrográfica mais importante do Ceará.

*Geógrafo, doutor em Geografia Física pela Universidade de São Paulo (USP) e professor titular da Uece. Atua na área de Geociências, com ênfase em Geomorfologia. É um dos autores da pesquisa "Diagnóstico Geoambiental da bacia hidrográfica semiárida do Rio Acaraú: subsídios aos estudos sobre desertificação".

*Marcos José Nogueira de Sousa

Fonte: Diário do Nordeste

Rio Acaraú-Lugar de sobrevivência e diversão para ribeirinhos

Estudantes, todos os dias, percorrem o rio de barco para chegar até a escola
FOTOS: CID BARBOSA
Milhares de famílias em todo o curso do Rio Acaraú utilizam-se de suas águas no sustento da vida e para o lazer

Rio Acaraú. Um rio tem sempre múltiplos usos: pesca, para beber, oferecer alimento, navegar, desenvolver e entre muitas outras, para se divertir. A família Sousa sempre teve uma ligação forte com o Rio Acaraú, que trouxe prosperidade. Eles vivem bem próximo às nascentes, na Serra das Matas.

Esta família é uma daquelas que nasce e cresce no mesmo local. No quintal de casa plantam cebola, coentro, beterraba, cenoura e criam algumas cabeças de gado. Para eles, "é o melhor interior que tem. Não seca nunca. Quando chove fica tudo bem ´verdim´, a água escorrendo pela terra. Muda tudo", festeja o pai, Ademir Maciel de Sousa.

Para João Rodrigues do Nascimento, 56 anos, que todos os dias vai ao Açude Araras, em Varjota, pescar, as águas que abastecem o reservatório é tudo para sua família. Ele é pescador e desde os 15 anos trabalha no local, e da sua cultura criou os oito filhos. "Esse açude aqui é tudo na minha vida, porque tiro o pão de cada dia. No dia que eu não venho aqui, eu não fico satisfeito", disse.


No mesmo local, um grupo de estudantes olha curioso para seu João. Eles aguardam para seguir viagem pelas águas do Araras até a Ilha do Ezaú. Conta a lenda que Ezaú era um pescador que frequentava o local para pescar e um dia encontrou o pedaço de terra. Durante as chuvas e cheias fica ilhado dos Municípios de Hidrolândia e Varjota.

Lá fez morada e deu seu nome ao lugarejo. Todos os dias, o grupo de estudantes percorre o açude numa viagem que dura em torno de 45 minutos cada trecho, tempo suficiente para os amigos colocarem o assunto em dia. Os mais velhos são responsáveis por pilotar o barco. Já os mais novos olham atentos para aprender o ofício, outros seguem no teto observando o percurso, e os mais tímidos vão revendo o material da escola. O percurso é feito uma vez ao dia.

Em Cariré, o Rio Acaraú passa no Distrito Tapuio, separando-o da comunidade de Flores. No distrito, tem água encanada e energia. A população utiliza o leito para lavar roupa e como lazer, na maioria das vezes. A paraibana Francinete Luiz da Silva, 44 anos, mora no Tapuio há 21 anos. Vai ao rio duas ou três vezes por semana lavar roupa. Ela diz que "se não fosse esse rio a gente passava sede, não lavava roupa".


Nas margens, marcas de degradação: sacolas plásticas, queimada e bolsões de areia. Do lado de Flores, faltam água encanada e esgotamento sanitário. Energia tem, mas só dentro das casas. Além de pescar, lavar roupa e se divertir no Acaraú, a população também cozinha e bebe das águas que passam a poucos metros de casa.

Francisco Glayson da Silva, 15 anos, utiliza um método repassado pelos pais para pegar água do rio: faz um buraco raso na margem e retira a água que emerge. Ele diz que "a água sai mais limpa. Ela fica coada pela areia". É a partir deste trecho do rio que o lazer torna-se mais presente. Enquanto várias mulheres se desdobram para lavar roupas, crianças e adolescentes arriscam-se em saltos e jovens jogam vôlei bem no leito do rio.

Na passagem molhada entre Cariré e Groaíras, os balneários oferecem lazer e diversão aos banhistas durante os fins de semana. A Cabana do João é uma delas. O proprietário, João Batista do Nascimento Melo, montou uma estrutura para receber os clientes dentro do rio.

Ele garante que a barraca é provisória, permanece durante o período sem chuvas, e que é feita com materiais da própria natureza. E, ainda, que estimula os clientes a recolherem o lixo. "A gente pede para colocarem lixo nos cestos, recolhe, mas precisa de uma ajuda do poder público".

Em Sobral, o espelho d´água e a urbanização da margem esquerda do Rio Acaraú tornou a área ideal para prática de esporte e lazer. É um dos principais pontos de diversão dos sobralenses, que vão ao local manhã, tarde e noite. O lugar ganhou uma iluminação especial para embelezar ainda mais a entrada da cidade. Mas é um trecho que sofre abusos com a poluição.

Para o secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Acaraú, João Batista do Espírito Santo, a obra ficou bela, mas com alguns prejuízos para os Municípios vizinhos. "É uma enorme fossa a céu aberto, porque não tem como conter os esgotos que caem dentro. Nós sofremos as consequências, porque tudo o que é depositado naquele espelho passa por aqui".

Beleza

Quando o Rio Acaraú chega ao seu destino final, na cidade que recebeu seu nome, a imagem é ainda mais bela. Um trajeto de cerca de sete quilômetros, do porto do Acaraú ao encontro com o mar, mostra a riqueza oferecida por este guerreiro. O trajeto no estuário é todo ladeado pelo mangue e acompanhado pelas garças - brancas e azuis, além da tradicional galinha d´água. Em alguns pontos as canoas paradas na beirada indicam a presença de homens na cata aos caranguejos.

Para alguns empresários, o local poderia ser melhor visitado e explorado pelo turismo. "Seria mais importante para o turismo se fosse mais explorado, com passeios. Tentamos fazer, mas falta iniciativa privada e do Governo. Tem que ter um certo investimento", afirmou o dono de pousada, João Ivo Ferreira Gomes Filho.

O piloto da embarcação São Francisco, também pescador, Raimundo Nonato Ferreira, confirma que "esse rio sempre teve muito fartura. Se a pessoa se dispôs a sair, vai achar o que comer. Aqui no rio está tudo na vida da gente". (E.L)

Protagonista
Raízes

A família de Ademir Maciel de Sousa e Francisca Nascimento de Sousa é daquelas que nasceram e se criaram no mesmo local. Às margens do Rio Acaraú, ainda hoje plantam o sustento da família: coentro, beterraba, cenoura e outros. Tudo que se planta, dá, garante os moradores, mesmo quando não chove. A terra arenosa do local garante o alimento da família e ainda sobra para comercializar nas feiras. A relação com a terra e o rio, nesta família, é repassada de geração em geração.

Fonte: Diário do Nordeste 

Rio Acaraú - O gigante

Ele nasce no ponto mais alto do Ceará, a Serra das Almas, em Monsenhor Tabosa. O local abriga também a nascente do Rio Quixeramobim. Na comunidade Belmonte, duas nascentes bastante degradadas dão início ao rio. Sua extensão de 315km corta o Ceará no sentido sul-norte. Tem como principais afluentes os rios Groaíras, Jacurutu, Macacos e Jaibaras. O Rio Acaraú, propulsor do desenvolvimento de toda a Zona Norte, drena 28 Municípios. Destes, 13 foram visitados pela nossa equipe de reportagem. Em cada cidade, seres humanos, recursos naturais e setores econômicos formam uma das principais bacias hidrográficas do Estado: a do Acaraú.

Marco - Projeto de irrigação
Neste Município está localizado o segundo perímetro irrigado da Bacia, o Baixo Acaraú. Nos 8.335 hectares distribuídos no Municípios de Bela Cruz, Acaraú e Marco são produzidas diversas frutas. Além das belas frutas, a atração deste local é a barragem. Neste trecho, o volume de água parece aumentar. A produção é destinada, principalmente, para exportação. O destaque fica nas culturas de mamão, melancia, melão e abacaxi. O Baixo Acaraú é administrado por uma associação dos produtores e recebe assistência técnica da Secretaria de Agricultura do Estado e do Ministério da Integração Nacional.

Sobral - Lixo e esgoto

Sobral carrega consigo muitas estrelas: é um dos principais Municípios do Estado em desenvolvimento; possui universidades e figuras ilustres. Todo o seu florescer se deu logo ali, na margem do Rio Acaraú. Infelizmente, também é a cidade que mais o polui. Mesmo com 70% de cobertura de esgotamento sanitário, sozinho é responsável por despejar toneladas de esgoto e lixo diariamente. Um dos principais cartões-postais da cidade denuncia a urgência nos cuidados: a presença de macrófitas no espelho-d’água. A cidade tem desenvolvido, no entanto, ações a médio e longo prazos para tratar melhor o rio.

Santana do Acaraú - Paisagem Urbana

Os moradores de Santana do Acaraú têm o privilégio de ter o rio bem ali, logo à porta de casa. O Acaraú passa na zona urbana, possibilitando lazer e renda para a população. Infelizmente, estas funções não têm sido aproveitadas devido à quantidade de lixo e esgoto acumulados no braço que passa nesta cidade. Mesmo assim, alguns banhistas e lavadeiras arriscam em tomar banho e lavar roupas nas águas sujas. E acabam dividindo o espaço com bichos que passam para se refrescar ou beber água.

Cariré - Diversão e lazer

Enquanto aguardam as mães lavarem roupa, meninos e meninas se divertem no Rio Acaraú. Nadar, brincar e jogar vôlei fazem parte do repertório de lazer para as comunidades ribeirinhas. Eles dizem que no final de semana é sempre mais movimentado. Durante a semana, somente quem não tem aula vai para o rio. Quando o leito está cheio, os saltos são a grande pedida. Enquanto às chuvas não vêm com frequência, a opção é improvisar um quadra de vôlei. Independente da quantidade de água, a diversão está garantida. As opções de balneários aumentam a partir deste trecho do rio.

Varjota - Perímetro Irrigado

O Açude Araras é o principal reservatório da Bacia do Acaraú e possibilita múltiplos usos para as populações que vivem no seu entorno: pesca, navegação, lazer, abastecimento, irrigação, além de produção de energia. Localizado no Município de Varjota, o açude é responsável pela perenização do Rio Acaraú. Em dezembro, sua capacidade marcava cerca de 455 mil metros cúbicos. Atualmente, abriga mais de 400 gaiolas de piscicultura, podendo receber em breve mais 1.000 gaiolas. Abastece dois perímetros, o Araras Norte e o Baixo Acaraú.

Monsenhor Tabosa - Nascente do rio

A Serra das Matas, no Município de Monsenhor Tabosa, é o ponto mais alto do Ceará, com 1.145m de altitude. E é onde estão localizadas as duas nascentes do Rio Acaraú. O local era reduto de povos indígenas já extintos, mas com herança fincada no local. Centenas de famílias ainda hoje vivem da agricultura de subsistência. Há 40 anos era sinônimo de fartura. Canaviais e uma diversidade de frutas podiam ser encontrados nas baixas, responsáveis por abastecer os Municípios vizinhos. Hoje, estão ameaçadas pela devastação e poluição. A criação de uma Unidade de Conservação neste local pode ser a garantia de sua existência.

Acaraú - Estuário

Neste Município está localizada a sua principal riqueza: o estuário. É aquela região onde há o contato entre as águas do rio e do mar. É aqui, também, onde está localizado um dos principais ecossistemas existentes, o manguezal - a transição entre ambientes terrestre e marinho. “Ali é o berçário das espécies, é onde se produz matéria orgânica, nutrientes para dar suporte à atividade pesqueira e a qualidade de vida da comunidade ribeirinha”, define o doutor em Geografia, Jeovah Meireles. O espaço é disputado por pescadores, marisqueiras e carcinicultores.

Bela Cruz - Por entre as terras

Este Município é uma das quatro cidades da bacia do Acaraú que receberm Selo Município Verde, categoria C, em 2010. Tem realizado um programa ambiental que, entre várias ações, distribui ecobag para diminuir o consumo de sacolas plásticas. A comunidade de Varjota, zona rural deste Município, vê bem de perto o leito do Rio Acaraú passar. São cerca de 200 metros da porta de casa. Mesmo estando com pouca água, o lugar oferece oportunidade para pescar e se refrescer. Neste trecho do rio, a água parece mais limpa e chega a ser cristalina. Pena que está proibida para o uso desta comunidade. Os proprietários das terras que a água corta cercaram o trecho ou proibiram expressamente a utilização do rio.

Cruz - Deserto no leito do rio

Neste trecho do rio, podemos andar vários metros de uma margem a outra sem água e com muita areia. Embaixo da ponte de 162 metros não passa mais tanta água assim. E pensando nos problemas ambientais, a Secretaria de Meio Ambiente deste Município realiza desde 2002 diversas ações para contribuir com a recuperação do rio e de outros setores. A coleta seletiva é uma realidade nesta cidade. Livros e cartilhas são distribuídas na escola para conscientização dos estudantes.

Morrinhos - Cidade

A ocupação urbana em direção às margens do Rio Acaraú neste Município não ocorreu na mesma proporção que as outras 12 cidades visitadas. Segundo o Censo 2010, do IBGE, a população urbana é de 9.615 habitantes. Outro fator que contribui para que as famílias morem distantes da margem é a topografia local, bastante íngreme. Enquanto isso, os moradores aproveitam o final de semana para se deliciar nos balneários da região ou mesmo na passagem molhada ali próxima ao centro da cidade. A partir daqui o Rio ganha uma bifurcação, fácil de percebê-la na chegada ao Município de Marco.

Groaíras - Lazer e preservação

No limite entre Cariré e Groaíras, o Rio Acaraú banha um trecho e agracia os moradores e turistas com uma ótima opção para banho. É lá que se encontra o balneário Cabana do João. Além da margem, os banhistas podem usufruir de uma barraca provisória instalada bem no leito do rio. Pode-se comer um aperitivo e molhar os pés ao mesmo tempo. O proprietário, João Batista do Nascimento, diz que a extensão permanece durante 4 meses no leito, “durante o verão, que não chove”. Para não agredir o meio ambiente, ele diz que a armação é toda feita de forma natural, com troncos e palhas, e que faz um trabalho de conscientização com os clientes para recolher o lixo.

Hidrolândia - Ilha do Ezaú

A Ilha do Ezaú só se torna ilha na época de cheia do Açude Araras. Na época de pouca água tem ligação com o Município de Hidrolândia. Cerca de 83 famílias moram no local e sobrevivem da pesca, do plantio e, agora, do cultivo de abelhas. Mas é a piscicultura a principal atividade da comunidade. O trabalho artesanal também faz parte da rotina da comunidade. Várias mulheres executam diariamente o vai-e-vem de linhas para produção de redes em suas calçadas.

Tamboril - A origem do local

A Barragem Pedra e Cal, localizada na sede deste Município, desviava o leito do Rio Acaraú tempos atrás. Segundo contam os moradores de Tamboril, o ilustre morador capitão Luiz Vieira de Souza, dono de muitas cabeças de gado e fazendas na região, queixava-se da estiagem que assolava o local na grande seca de 1777. Em promessa a sua santa padroeira, prometeu construir uma barragem, caso escapasse da seca. Logo tornou-se um dos principais reservatórios da região no século XVIII. Sem água, atualmente a barragem resguarda apenas o seu valor histórico. No local foi flagrado plantação de capim e construções irregulares.

Fonte: Diário do Nordeste 

Rio Acaraú - Rio das Garças

Rio Acaraú significa Rio das Garças na Língua Tupi, que traz uma junção das palavras "Acará" (garça-branca-grande) e "Hu" (água), nome muito bem divulgado pelo ilustre escritor cearense José de Alencar. Oferecendo um roteiro instigante para conhecer o Ceará a partir das perspectivas históricas, econômicas, sociais e ambientais, este rio é fonte perene para esta reportagem especial.  O Diário do Nordeste percorreu, em 10 dias, 13 Municípios da Zona Norte do Estado, que são cortados pelo rio. Foram 1.808 km de descobertas e encantamentos, não só pelo cenário natural, constituído pelo próprio rio, a fauna e a flora, mas, também, pela população que sobrevive e tem suas vidas ligadas e condicionadas à existência do grande Acaraú.

A repórter Emanuelle Lobo e o repórter fotográfico Cid Barbosa, guiados pelo motorista Audênio Domingos, visitaram 13 Municípios banhados pelo Rio Acaraú. Das nascentes, em Monsenhor Tabosa, à sua foz em Acaraú, foram constatadas riquezas e desafios
FOTOS: CID BARBOSA
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Os caminhos traçados pelo Rio Acaraú

Os rios sempre tiveram papel fundamental para o Ceará. São fontes de renda, de alimento, de água, de vida. À época da colônia, traçaram os caminhos para que descobridores, estrangeiros ou exploradores chegassem ao sertão. Em suas margens foram formados os arraiais, depois as fazendas de criação, os lugarejos e, logo em seguida, as primeiras cidades. O Rio Acaraú foi um destes rios que ajudou a escrever a história do Ceará.

O Acaraú ou Rio das Garças, citado por José de Alencar em Iracema, teve sempre a abundância como característica. Hoje, vive o dilema de acumular lixo, esgoto e danos ambientais. Desmatamento, queimadas, assoreamento e desertificação são alguns dos fenômenos que preocupam pesquisadores, ambientalistas e gestores.

Hoje, quem viveu o tempo de glória deste rio, localizado na Zona Norte do Estado, tenta reescrever sua história. Projetos tentam equilibrar a relação entre rio, pessoas e empresas, com foco na sua proteção e preservação. Os animais que ainda povoam seu leito, anunciam que a vida ainda é latente naquele espaço. Mesmo com tantos desafios a enfrentar, o Rio Acaraú vai cortando, embelezando, florindo e descortinando as cidades por onde passa.

Quem visitar suas margens vai encontrar mosaicos de roupas lavadas; peixes fresquinhos nas redes e tarrafas; mariscos nos baldes de homens e mulheres; e crianças, muitas crianças brincando em suas águas. Perto de regiões serranas ou mais próximo do mar, o sentimento de quem bebe desta água é o mesmo do pescador José Edson de Sousa: "ele é o pai dessas comunidades, porque ele traz pra nós a nossa fonte de alimentação".
Fonte: Diário do Nordeste