sábado, 1 de outubro de 2011

Que tal Fortaleza ganhar um grande álbum de família?

Acervos fotográficos de famílias fortalezenses irão ilustrar livro sobre a história da Cidade entre os anos 1950 e 2010

A família Lonngren Sampaio foi uma das primeiras a mandar suas fotos (ACERVO PESSOAL)

A editora Terra da Luz recebe até o próximo dia 10 fotografias de acervos pessoais para ilustrar o livro Viva Fortaleza – 1950-2010, que contará 60 anos de história da capital cearense a partir de instantâneos cotidianos do passado. Quem contribuir com a cessão das imagens irá receber como contrapartida todos os originais digitalizados (caso ainda não estejam) e um exemplar do livro, a ser lançado no dia 24 de novembro, no Dragão do Mar.

Fotógrafos profissionais, aos pares com textos de escritores, jornalistas e intelectuais cearenses, também assinam no livro ensaios sobre a Cidade, que terá passado e presente ladeado em suas páginas. Entre os escritores, Fausto Nilo, Lira Neto, Demitri Túlio, Izabel Gurgel, Oswald Barroso e Regis Lopes. Os textos serão acompanhados com fotos de Maurício Albano, Lia de Paula, Alex Costa, Gentil Barreira, Fábio Lima, entre outros.

“Em 2006, fizemos um trabalho sobre a história de Fortaleza de 1890 a 1950 (A Fortaleza). Esse novo projeto vem complementar essa trajetória da Cidade. No primeiro, nós fizemos um levantamento do acervo do Nirez e alguns contatos com acervos familiares, mas como muitas pessoas ficaram falando que tinham fotos, na casa da avô, da mãe, resolvemos fazer essa chamada para a população colaborar”, explica a editora Patrícia Veloso.

Na ocasião de publicação do livro, também será aberta uma exposição com originais, reproduções e projeções das fotografias pessoais cedidas, além das imagens feitas pelos fotógrafos convidados. Objetos de época também farão parte da exposição, que ficará em cartaz até fevereiro.

“Nessa exposição, vamos ter por exemplo imagens aéreas de Fortaleza nos anos 70 sobrepostas com vistas atuais. É uma mudança profunda.”, adianta Patrícia. “Tem foto também das pessoas no Náutico, no Passeio Público, na Beira Mar ainda na década de 1950 e 1960, tem umas fotos aéreas do Romcy, um seleção interessante de uma família visitando os arredores do Palácio do Plácido, onde hoje é a Ceart”.

Aos interessados em contribuir, fotografias originais e cartões-postais enviados, selecionados ou não, serão posteriormente devolvidos. Fotografias impressas podem ser entregues no escritório da editora e as imagens digitalizadas encaminhadas para o e-mail terradaluzeditorial@gmail.com. No ato da entrega, o participante assina um termo para oficializar o uso das imagens. Para informações sobre o envio das fotografias, consulte o endereço www.terradaluzeditorial.com.br/vivafortaleza.

SERVIÇO

VIVA FORTALEZA
1950-2010

O quê: Livro que será ilustrado com fotos enviadas pela população
Quando: Até o dia 10 de outubro.
Onde: Editora Terra da Luz (rua Afonso Celso, 577 - Aldeota)
Outras informações: 3261 0525 e 8878 7021 ou
www.terradaluzeditorial.com.br/vivafortaleza

Saiba mais

O blog fortalezas.tumblr.com, mantido por Salomão Santana, reúne registros os mais diversos do passado da Cidade, com destaque para as fotos de acervos pessoais. De vídeos do João Inácio Jr. Show a uma fotografia das vendedoras da Mesbla em 1986, está tudo lá.

Pedro Rocha
pedrorocha@opovo.com.br

Fonte: O Povo 

Do Blog: Projeto parecido com o Acaraú pra recordar  de Totó Rios

Uma dádiva para os estudiosos da cultura cearense


A Fundação Waldemar Alcântara (FWA), através da Coleção Obras Raras, torna disponível para pesquisadores, professores, estudantes e aos interessados na história de nossa região títulos incomuns, e amplia o acervo com o qual contempla o resgate de registros marcantes do processo de formação de nossa cultura. A Coleção é composta dos livros “O Ceará”, de autoria de Raimundo Girão e Martins Filho, “Boletim de Antropologia”, organizado pelo Dr. Thomaz Pompeu Sobrinho, e o “Diário de Viagem”, de Francisco Freire Alemão, transcrito dos originais do autor, cujo título leva seu nome.

Tivemos oportunidade de participar na noite de ontem de um evento muito especial para a cultura cearense. A exemplo do que vem fazendo há muitos anos, o Centro Cultural Oboé promoveu mais um lançamento de livros. Entretanto, em que pese a importância dos eventos anteriores, esse foi especial por diversos motivos. Primeiro, porque foi antes de tudo uma festa de aniversário, em comemoração ao 500º lançamento. Depois, devido à importância dos  livros que foram apresentados na ocasião.

Dr. Lúcio Alcântara

Nessa festa, o Centro Cultural Oboé contou com uma parceria muito especial, a Fundação Waldemar Alcântara. Essa Fundação vem publicando há alguns anos reedições de obras de grande valor para o estudo e conhecimento da história e cultura do Estado do Ceará. A coleção, publicada como parte do Projeto Obras Raras, intitula-se Biblioteca Básica Cearense. Como muito bem disse o Dr. Lucio Alcântara em sua fala por ocasião da abertura do evento, essa coleção “é uma espécie de brasiliana cearense”, fazendo uma analogia com a Biblioteca Brasiliana, publicada ao longo de décadas pela editora Record.

Foram lançadas ontem duas reedições e uma primeira edição, conforme mencionamos acima. São obras de grande valor histórico e cultural, não se podendo deixar de mencionar o esmero com que foram editadas, em especial “O Ceará” e os dois volumes do “Boletim de Antropologia”, publicados em edições fac-similares.  A enriquecer as obras deve-se mencionar ainda os textos introdutórios escritos pelo Dr. José Murilo Martins (“O Ceará”), Prof. Dr. Ismael Pordeus Jr. (“Boletim de Antropologia”) e Prof. Dr. Antonio Luiz Macêdo e Silva Filho, Prof. Dr. Francisco Régis Lopes Ramos e Profa. Dra. Kênia Sousa Rios (“Diário de viagem de Francisco Freire Alemão”).

Coral Vozes do Outono

A festa de lançamento foi aberta com uma apresentação do Coral Vozes do outono, sob a regência do maestro Poty. Com as luzes do auditório apagadas, o Vozes do outono adentrou o auditório em procissão, com velas acesas, enquanto entoavam um Bendito, provocando intensa emoção em todos os presentes. Seguiu-se a fala do Dr, Lúcio Alcântara, representando a Fundação Waldemar Alcântara. A seguir, o Prof. Dr. Régis Lopes apresentou a Profa. Dra. Lorelai Kury, da FIOCRUZ, que proferiu uma elucidativa palestra sobre “A Comissão Científica do Império (1859-1961)”, que esteve no Ceará e da qual fazia parte Francisco Freire Alemão, autor de um dos livros.  

Prof. Dr. Régis Lopes

Quando cheguei em casa, antes de me deitar ainda dei uma folheada em cada um dos quatro exemplares adquiridos no lançamento. Uma maravilha! Quase não consigo largar o “Diário de Viagem de Francisco Freire Alemão”. Em “O Ceará”, me detive lendo a parte dedicada a Massapê, minha terra, e descobrindo informações históricas que eu até o momento desconhecia. Tive que fazer um esforço para fechar os livros, pois já era quase meia-noite e precisava dormir. Que noite abençoada!

Profa. Dra. Lorelai Kury

Agradeço à amiga Lígia Coe Girão, neta do historiador Raimundo Girão, por ter me enviado o convite para o evento.

Por Vasco Arruda

Coleção 'Obras Raras', com 3 livros que retratam a história e a cultura do CE, é lançada



Fonte: G1 Ce

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Livro homenageia Ralph Della Cava

Organizado por Gilmar de Carvalho, "Onze vezes Joaseiro" presta tributo ao historiador norte-americano

O Padre Cícero, talhado por artistas de Juazeiro do Norte
EDUARDO QUEIROZ

Ainda que a biografia escrita pelo jornalista cearense Lira Neto tenha chegado a um maior número de leitores, o estudo do historiador norte-americano Ralph Della Cava segue como obra fundamental para compreender o Padre Cícero - tanto o personagem histórico, quanto o mito dele indissociável.

Editado pela Paz & Terra (e atualmente fora de catálogo), "Milagre em Joaseiro" tornou-se uma obra incontornável para aqueles que se dedicam aos estudos do Padre Cícero e das manifestações culturais do solo sagrado do Cariri. A força desta obra, lançada originalmente em 1977, é o motor do livro "Onze vezes Joaseiro", tributo a Della Cava, organizado pelo pesquisador e escritor Gilmar de Carvalho, autor prolífico de estudos sobre as relações entre a comunicação e a cultura no contexto das tradições populares.

A obra será lançada amanhã, às 19 horas, no Campus da Universidade Federal do Ceará, em Juazeiro do Norte, no Cariri. Na ocasião, Della Cava receberá o título de Professor Honoris Causa da UFC.

O livro organizado por Carvalho reúne nove ensaios sobre manifestações culturais do Cariri, além de um ensaio fotográfico de Francisco Sousa (fotógrafo que tem palmilhado o Estado registrando suas manifestações tradicionais) e um cordel do poeta e gravador Abraão Batista.

Na obra, Gilmar de Carvalho volta ao Padre Cícero, tema de seu "Madeira Matriz", para falar de sua permanência no cordel e na xilogravura. Enquanto outros estudiosos transitam pelos signos contemporâneos da cultura de Juazeiro, das paredes votivas do Horto ao ziguezague dos mototáxis.Leia mais no caderno Regional

DELLANO RIOS 
EDITOR

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Almece celebra 28 anos de fundação

 A 8ª coletânea da Almece, lançada ontem, conta com poesias, discursos, contos e também crônicas

Mais de 200 pessoas foram ao evento, em que houve homenagem a representantes da Academia
NATINHO RODRIGUES
 
A Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará (Almece) comemorou, ontem à noite, no Centro, o 28º aniversário de sua fundação. Durante o evento, aconteceu o lançamento da 8ª Coletânea da Almece. Também foram agraciados com diplomas as principais personalidades do círculo sócio-cultural da Academia.

Mais de 200 pessoas compareceram à festa. Elas tiveram a oportunidade de acompanhar uma apresentação com cantores líricos, pianistas e também tecladistas.

Segundo o presidente da instituição, Francisco Lima Freitas, hoje, a Almece é um exemplo de dedicação e trabalho em prol das letras. "Nós valorizamos as colônias do interior e as transformamos em um veículo para levar as letras por todo o Estado".

Ele comentou que é incrível a união dos membros da Academia para contribuir para a projeção das letras no Ceará.

Freitas deu destaque ao lançamento da 8ª Coletânea da Almece. "Contos, crônicas, poesias e discursos poderão ser encontrados nesta edição. Com isso, podemos divulgar cultura e demonstramos que queremos divulgar o Estado", disse.

Além disso, o presidente falou sobre a homenagem aos representantes da Academia durante a cerimônia de aniversário da instituição. "Pessoas importantes para a instituição merecem essa grande homenagem neste dia", opinou.
 

Mercado do Artesanato mostra identidade cultural

O Mercado prossegue até amanhã, no Centro de Convenções de Sobral, promovendo profissionalização

O evento foi aberto pelo prefeito Veveu Arruda e pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Pedro Aragão

Sobral. Em sua terceira edição, o Mercado do Artesanato de Sobral mostra a identidade cultural com profissionalização e perspectiva de mercado. Aberto pelo prefeito Veveu Arruda e pelo secretário de Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Pedro Aurélio Ferreira Aragão, o Mercado prossegue até amanhã, no Centro de Convenções de Sobral.

Apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Mercado do Artesanato integra o Fundo Estadual de Cultura, do Governo do Estado do Ceará (FEC), pela Lei 13.818, de 16 de agosto de 2006, e abrange a formação de 500 artesãos de Sobral e Zona Norte, incluindo atividades teóricas e práticas.

A proposta do evento, coordenado pelo Programa Trabalho Pleno - Projeto Artesão Sobralense, é estimular o desenvolvimento e aprimoramento do artesanato sobralense, como expressão cultural e geração de renda visando, ainda, o fortalecimento da economia local por meio do apoio aos artesãos autônomos e a grupos produtivos.

Identidade
Com uma temática voltada para a identidade cultural, o evento enfatiza a formação da história sobralense, para que os produtos artesanais desenvolvidos no evento, sejam mais representativos da cultura local, agregando valor cultural às peças, como elemento impulsionador da comercialização dos bens produzidos artesanalmente.

O Mercado do Artesanato, diz o analista técnico do Sebrae-Sobral, Tomaz Machado do Carmo, é composto por atividades teóricas - palestras, cortejos, aula-espetáculo, visitas guiadas ao Centro Histórico - e atividades práticas, como oficinas de aproveitamento de tecidos; bordado; artes plásticas em gesso, madeira, cipó, palha de carnaúba; tecelagem, pinturas, reciclados, gastronomia e couro. "A ideia é construir uma marca Sobral para o nosso artesanato". Para isso, consultores Gilmar Martins, Sandra Goldacker, Evely Matthews Jucá, Suyenne Silva Lemos, Epítácio Júnior, Túlio Braga, Cristina Vieira, Cláudia Lóscio, Tomázia Cunha, Fátima Sousa e Armênia Rocha ministram oficinas até hoje.

Na abertura, houve palestras de Izaira Silvino, Ricardo Gomes Lima e Dênis Melo, além das apresentações de Helly Brasil, Tchesco Oliveira e Cia do Tijolo.

Exposição permanente
O encerramento amanhã, acontecerá com um encontro dos mestres da cultura popular: Irmãos Aniceto (Crato); Reisado do Mestre Antônio Ferreira (Lagoa do Mato/Aracatiaçu-Sobral); e grupo de Martônio Holanda. No dia 5 de outubro será inaugurada, na Casa da Cultura de Sobral, uma exposição onde serão expostos os produtos desenvolvidos no Mercado do Artesanato. Na oportunidade, o prefeito da cidade, Veveu Arruda vai anunciar um local para exposição permanente dos artesãos sobralenses.

MAIS INFORMAÇÕES:
Secretaria da Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de Sobral
Rua Visconde de Sabóia, 300 - Junco
Telefones: (88) 3611.4421/3611.6311

Fundação relança obras raras sobre o Ceará

A arte das rendeiras cearenses é um dos temas tratados nos boletins antropológicos da UFC, recém-reeditados MARÍLIA CAMELO

O bibliófilo e ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara, homenageou o pai ao criar a Fundação Waldemar Alcântara (FWA). A entidade atua no campo da cultura, com ações em diversas áreas, sempre com ênfase para a produção cearense. Um dos destaques da fundação é seu programa editorial, que já reeditou mais de 20 obras raras, estudos de autores fundamentais para compreender o Ceará, como Rodolfo Teófilo e Barão de Studart.

Amanhã, quando o Centro Cultural Oboé comemora seu 500º lançamento editorial, a FWA apresenta seus títulos mais recentes. Textos de períodos diversos de nossa história, de teor e formato distintos, eles retratam bem a linha abragente que enlaça os volumes da coleção Biblioteca Básica Cearense. São quatro novos livros: "O Ceará" (1939), de Raimundo Girão e Antônio Martins Filho; "Diário de Viagem de Francisco Freire Alemão" (escrito de 1859 a 1861), do botânico carioca que integrou a famosa Comissão Científica de Exploração, à época do Império; e, divididos em dois tomos, os cinco números do "Boletim de Antropologia", editados pelo Serviço (e posterior Instituto) de Antropologia da Universidade Federal do Ceará.

"Para editar estes títulos, contamos com o apoio fundamental do Banco do Nordeste", conta Lúcio Alcântara. "Os apoios e patrocínios são fundamentais para nosso trabalho editorial. Alguns títulos, a própria FWA editou sozinho, mas temos uma lista de obras que pretendemos reeditar, em edições fac-similares. São edições sem interesse comercial, mas que são muito procuradas por pesquisadores. Pedimos sugestões de títulos ao Instituto do Ceará, à Academia Cearense de Letras e outras instituições. No entanto, sempre que lançamos algo, as pessoas lembram de mais livros e nos sugerem", explica Alcântara.

Lançamentos
O ceará - de Antônio Martins Filho e Raimundo Girão. Fundação Waldemar Alcântara (FWA), 470 páginas

Diário de Viagem - de Francisco Freire Alemão - Organizado e apresentado por Kênia Rios, Régis Lopes e Antonio Luiz Macêdo e Silva Filho. FWA, 591 páginas

Boletim antropológico (volumes 1 e 2) - Vários autores. FWA, 350 páginas e 266 páginas

Lançamento às 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531, Aldeota).

Contato:
(85) 3264.7038

Lustosa da Costa


As primeiras manifestações da literatura cearense dizem respeito aos “Oiteiros” e as tertúlias palacianas. Sendo a poesia de Juvenal Galeno que marca os primórdios da nossa literatura.
Cabe referir, no período do Romantismo o nome de José de Alencar, o nosso maior representante literário. 

Já o Simbolismo no Ceará ocorre paralelo à Padaria Espiritual e o nome de maior destaque é o de Lívio Barreto. Ressalva-se também Patativa do Assaré, o mais canônico e o mais alto de todos os nossos poetas populares. Rachel de Queiroz, Domingos Olímpio, dentre outros nomes, hoje completamente deslembrados, e principalmente os escritores nem lembrados pela região nordeste, projetam na literatura brasileira e que confirmam o Ceará como um celeiro de escritores, alguns renomados e outros não.

Aos escritores cearenses é justo acrescentar o nome de Lustosa da Costa. É fundamental colocar a grandeza deste cronista, jornalista e romancista, e dizer da sua vida e da sua obra, e falar do primor e do encanto de sua prosa.

Lustosa da Costa reside em Brasília onde foi repórter da sucursal de “O Estado de S.Paulo” e colunista político do “Correio Braziliense”. É, atualmente, colunista do “Diário do Nordeste”, de Fortaleza. Iniciou carreira jornalística no “Correio da Semana”, de Sobral e exerceu o posto de editor chefe de “Unitário” e “Correio do Ceará”, jornais da cadeia “associada”, na capital cearense. Em 2000 foi eleito membro da Academia Brasiliense de Letras no lugar do goiano Bernardo Elis e ganhou o Prêmio Ideal Clube de Literatura, com o livro de crónicas “Rache o Procópio!”.

A obra de Lustosa da Costa representa um marco da nossa tradição literária moderna e a seu respeito já se manifestou a crítica favoravelmente. A caracterização dos personagens é perfeita, e em seu registro história e memorialística se juntam numa grandeza meridional e abrangente.

Natural de Cajazeiras (PB), o jornalista Lustosa da Costa chegou a Sobral no ano de 1942. Na época, com quatro anos de idade, morou na terra de Dom José até o final de 1955. Estudou no seminário e de lá saiu em 1953 para o colégio sobralense. Chegou a participar ativamente de movimentos estudantis criando dois jornais em 1955: o Clarim, com Aldo Melo e o Idealista, com João Alberto Bezerra. Mordido pela paixão política chegou ainda a participar de vários comícios da época e estrelou como articulista, em agosto de 1954, no Correio da Semana.

O jornalista, que tem Sobral como seu berço cultural é filho de um funcionário público que residiu na mesma cidade foi homenageado com a construção de uma biblioteca pública com seu nome: Biblioteca municipal Lustosa da Costa. Retornando de Paris em 1995, o autor escreveu: “Sobral não é uma cidade, é uma saudade chorando baixinho em mim”.

O escritor já conta vinte e cinco livros publicados, três dos quais editados em Lisboa. Quase todas as suas obras têm um eixo central, a cidade sobralense, no Ceará. As obras como “Sobral cidade das cenas fortes”, “Rache o Procópio!”, “No aprês-midi de nossas vidas”, “Vida paixão e morte”, “Cartas do beco”, “Sobral do meu tempo”, “Ideologia do Favor”, de 1977, dentre outras, das quais, o autor aborda a questão do clero, aborda também a questão do Coronel Patrolino Albuquerque. Todos os livros têm Sobral como foco. 
Trata-se de livros provincianos; o autor retrata sua infância, sua cidade, seu bairro, a casa onde morou.

Segundo Milton Dias, Lustosa da Costa se inscreve na lista dos melhores cronistas brasileiros. Nas suas crônicas: “Sobral do meu tempo,” de 1982 e”Clero, Nobreza e Povo de Sobral”, de 1987, apresenta o estilo simples, escorreito, a prosa pura, enxuta, a que não falta um lirismo contido, o vocabulário rico, sem afetação, a palavra fácil, a plasticidade, abordando os temas mais variados, os mais graves e os mais leves com a mesma vibrante espontaneidade.

Na obra “Louvação de Fortaleza”, o autor engrandece a cidade, pelo seu elevado conteúdo humano e literário, e pelos personagens que desfilam, ao longo das crônicas, traduzindo um acendrado amor por este pedaço de solo abençoado, aberto, livre, capaz de receber e proporcionar condições de sobrevivência a qualquer um.

Lustosa da Costa, cearense por adoção, é um dos jornalistas políticos brasileiros que carregam maior bagagem cultural. Atualmente, o autor ingressa com o mesmo brilhantismo e competência igual, no campo do conto.

F. Vanuza Araújo Matias – de Pires Ferreira, aluna do Curso de Letras, da UVA, em homenagem ao aniversário de Lustosa da Costa, em 10 de setembro.

O retrato do sertanejo cearense em D. Guidinha do poço de Oliveira Paiva


O romance Dona Guidinha do Poço de Manuel Oliveira Paiva, retrata uma história real ocorrida em Quixeramobim, no romance conhecida como Cajazeiras. É a saga de Maria Francisca de Paula Lessa, mulher rica da sociedade, que se apaixona pelo sobrinho do marido, e arquiteta a morte deste. Com a descoberta do assassinato do marido, Maria Francisca é condenada à prisão, onde passa muitos anos, e quando solta, já semi-enlouquecida perambula pela cidade, vindo a morrer como indigente.

Valendo-se de tal acontecimento, o escritor (re)conta a história da fazendeira, nomeando-a de Margarida Reginaldo de Oliveira, mulher dona de si, e de uma personalidade forte, encanta-se pelos dotes físicos e joviais de Secundido, sobrinho de seu marido Joaquim Damião – homem de temperamento manso, de forte ligação com a família. E com base nesses personagens e fatos, cria um verdadeiro retrato dos costumes, linguagem e ambiente do sertão cearense. A fidelidade que o autor manifesta ao descrever a paisagem, foi fruto de sua vinda para o referido lugar, (por motivos de doença) onde estudou e pesquisou a vida e os costumes dos sertanejos, e em todo o livro o autor demonstra uma verdadeira admiração pela dignidade e perserverança sertaneja.

Podemos perceber logo no ínicio a presteza que o sertanejo dedica ao seu próximo, seja este um retirante ou convidado: “ Dar hospedagem era um prazer para aquela gente no isolamento rural em que vivia, como ao fino cavaleiro a prática de uma fineza ou o regalo de um bom cavalo. Emprestavam até uma certa superioridade a quem vinha de fora, numa simpleza de costumes antiquíssimos” (PAIVA, 1993, p. 32). Desse modo, buscavam agradar como podiam, oferecendo o que tinham de melhor, demonstrando até uma certa humildade para com o próximo: “Faça o favor de não reparar se não lhe tratamos melhor. Aqui pelos matos não se encontram os recursos de lá” (PAIVA, 1993, p. 50).

Outra característica destacada do sertanejo que encontramos em toda a narrativa, refere-se a’ seu forte apego à religião, e sua crença em superstições, algumas conservadas até hoje : “Chuva com sol! O que é que quer dizer chuva com sol? Casamento da raposa com o rouxinol” (PAIVA, 1993, p.50). A devoção que o povo tinha por São José, que é tido como controlador das forças metereológicas, detendo o poder de trazer a chuva para aquele região castigada pela seca: “O calor subira despropositadamente. A roupa vinha da lavanderia grudada no sabão. A gente bebia água de todas as cores; era antes uma mistura de não sei quê. (…) Fizeram-se todos os remédios para chover. O vigário da freguesia, além das preces que a Santa Madre Igreja aconselha, consentiu que o povo em procissão mudasse a imagem de Santo Antônio da matriz para capela, que era o melhor jeito a dar para Deus Nosso Senhor ensopar a terra com água do céu. Entrou março, novenas de São José.” (PAIVA, 1993, p. 16).

Um dos contentamentos encontrados e que tornava o ambiente divertido, onde todos alegravam-se era com a cantoria de músicas. O prazer que o povo demonstrava diante de uma viola, revela que mesmo estes convivendo com a falta de água e um calor que deixava a “paisagem com um aspecto de pêlo de leão” (PAIVA, 1993, p. 16) o povo não estremecia, e ainda convida o leitor a conhecer os repentes que eram feitos de improviso, acompanhados sempre da viola, tratando de temas recorrentes aos acontecidos: “ Isto não é saborá/ É méu já purificado,/ Por Séa Guidinha mandado/ Mode os cantadô cantá./ Mode os cantadô cantá,/ Na minha terra isto é vinho,/ Banha nunca foi toicinho,/ Isto não é saborear.” (PAIVA, 1993, p. 78). Este trata-se de um agradecimento a Guidinha por ter fornecido o vinho para festa. A lealdade e a gratidão que dedicavam aos seus senhores eram publicamente versadas por seus vaqueiros cantadores.

Em algumas passagens do romance há uma oposição de tipos: de um lado temos os sertanejos, homens de moral e dignidade, incapazes desonrar o seu nome e do seu próximo, de outro Secundino, o moço da cidade, sem escrupúlos e ambicioso, que não hesita em trair os sentimentos e a honra de seu tio Joaquim Damião, a quem tanto lhe estimara, e que lhe oferecera sua casa. Essa oposição é vista através dos pensamentos de Secundino: “Certo não imaginava que o seu país possuísse daquela raça. Nunca vira reunidos assim tantos espécimens de gente vigorosa, mansa, com uas maneiras ao mesmo tempo broncas e delicadas, sem proferir uma expressão baixa, limpos da alma e do corpo” (PAIVA, 1993, p. 105). Comprovando assim que dentre os objetivos do autor, estava o de registrar e valorizar a cultura e o povo sertanejo.

Embora pouco conhecido e estudado, o romance de Oliveira Paiva constitui um marco na prosa regionalista. O romance regionalista, já tivera sido trabalhado por outros escritores, porém poucos são os que atribuiram aos interioranos a importância que Oliveira Paiva, que em sua obra constrói um verdadeiro retrato deste povo, que não raras vezes teve sua voz ocultada.

Diana Kelly Alves Oliveira – aluna do curso de Letras da UVA

Fonte: Jornal Correio da Semana

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Projeto estimula leitura em 40 municípios

Governo do Estado retoma projeto Agentes de Leitura em 40 municípios. Ideia é propagar o gosto pelos livros entre famílias carentes dos distritos
 
 
Com mochila nas costas e força nas pedaladas, 280 agentes de leitura vão percorrer distritos de 40 municípios do Ceará para difundir o prazer da leitura. Com previsão para início em novembro, o projeto Agentes de Leitura, parceria entre as secretarias estaduais da Cultura e da Educação, foi apresentado ontem a gestores municipais no Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU), em Fortaleza.

Cada agente vai acompanhar, durante um ano, 25 famílias de seu respectivo distrito. Por meio de contação de histórias, os agentes vão promover a leitura entre crianças e adultos. O projeto terá como foco famílias atendidas pelo Bolsa Família.

O projeto tem investimento total de R$ 1,4 milhão, do Fundo Estadual de Combate à Pobreza, e deve beneficiar 7 mil famílias no Estado. A maioria dos municípios contemplados apresenta baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

O secretário da Cultura do Estado, Francisco Pinheiro, cita que filhos de famílias cujos pais são analfabetos, ou com baixa escolaridade, têm mais dificuldades de aprendizado. “Queremos quebrar esse ciclo vicioso para que haja aquisição de novos conhecimentos”, aponta.

Para se candidatar a agente de leitura é preciso ter ensino médio completo e comprovar residência em um dos municípios beneficiados pelo projeto. O valor da bolsa de auxílio é de R$ 400.

Também serão escolhidos dez agentes articuladores para coordenar o trabalho dos agentes de leitura. Para esse cargo, é preciso ser formado ou concludente de cursos de Ciências Humanas ou Ciências Sociais e comprovar participação em atividades comunitárias. O valor da bolsa é de R$ 540.

Como
ENTENDA A NOTÍCIA
O projeto Agentes de Leitura é executado desde 2006 pelo Governo do Estado. Com recursos do Fundo de Combate à Pobreza (Fecop), os resultados do projeto serão avaliados por meio do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece) Alfa, do Governo do Estado.

SERVIÇO
Seleção de Agentes de Leitura

Quando: até 11 de outubro

Onde: inscrições pelo site da Secult: www.secult.ce.gov.br

Outras informações: (85) 3101 6794/ 3944

SAIBA MAIS

Os municípios contemplados no projeto são: Potiretama, Jaguaretama, Beberibe, Dep. Irapuan Pinheiro, Mombaça, Boa Viagem, São Gonçalo do Amarante, Miraíma, Uruoca, Granja, Barroquinha, Chaval, Caucaia, Quiterianópolis, Parambu, Novo Oriente, Ararendá, Ipaporanga, Poranga, Ipueiras, Monsenhor Tabosa, Tamboril, Graça, Coreaú, Moraújo, Senador Sá, Croatá, Salitre, Tarrafas, Araripe, Saboeiro, Potengi, Antonina do Norte, Santana do Cariri, Mauriti, Granjeiro, Altaneira, Porteiras, Assaré, Nova Olinda e Quixelô.

De acordo com a Secult, cerca de 27 mil livros vão compor o acervo dos agentes de leitura. Cada agente trabalhará com 91 livros.
 
 
 
Thiago Mendes
thiagomendes@opovo.com.br

Fonte: O Povo

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Coronel Ludugero

Coronel Ludugero, personagem do ator Luiz Jacinto

Nascido em 1929, Luiz Jacinto Silva, o famoso Coronel Ludugero, foi escoteiro aos dez anos e estudou no Colégio de Caruaru (hoje Colégio Diocesano), onde concluiu o Curso Ginasial.

Começou a trabalhar ajudando o pai a fazer celas de cavalo, mas não seguiu a profissão.

Com 12 anos foi parar numa padaria entregando pão e em seguida foi ajudante de pedreiro.

Com 16 anos foi para os correios entregar telegramas. Nessa época serviu em São Bento do Una e Serinhaém.

Aos 18 anos foi morar em Recife, onde fez um concurso para telegrafista. Embora não tenha sido aprovado, foi aproveitado pelos correios porque sabia taquigrafia. Permaneceu no órgão até ingressar na vida artística.

Luiz Jacinto começou sua vida artística no Rádio Clube de Pernambuco, onde fazia o programa das 12:30h sob o patrocínio da Manteiga Turvo.

Em 1960 conheceu Luiz Queiroga, que criou o personagem Coronel Ludugero Na mesma época, conheceu também Irandir Peres (Otrope), a atriz Mercedes Del Prado (Filomena).

Com incentivo de Onildo Almeida e Nelson Ferreira, iniciou gravações de músicas sertanejas. A primeira foi "Cumbuque de Ludugero" e a segunda "Ludugero Aposentado". Juntos gravaram vários discos. Seu primeiro grande sucesso foi "Se tivé muié" gravada pelo selo Mocambo, do Recife. O artista gravava também textos humorísticos.

Além de Ludugero, Luiz Jacinto interpretava mais dois personagens:

Zé Beato, um sacristão puritano e envergonhado (criado por Hílton Marques) e Virgulino (criado por Luiz Queiroga).

Em 1964, juntamente com Irandir Costa e Luiz Queiroga, foi trabalhar na extinta TV Tupy, no Rio de Janeiro.

Na TV Tupy, participou do programa AEIOU Urca, fazendo o personagem Zé Beato. Depois participou da Escolinha do Professor Raimundo de Chico Anysio fazendo Zé Beato e Ludugero.

Luiz Jacinto passou a gravar pela CBS do Rio de Janeiro, que fazia a promoção dos seus discos com a Caravana Pau de Sebo, apresentando shows em várias cidades do Nordeste. Entre os artistas que também participavam da Caravana estavam Jacson do Pandeiro, Marinês e Trio Nordestino. Quando morreu, já trabalhava para a Rede Globo.

No dia 14 de março de 1970, morre Luiz Jacinto e toda sua equipe, vítima de desastre aéreo na Baía de Guajará Mirim, em Belém do Pará. O corpo só foi encontrado no dia 30 de março e sepultado um dia depois, em Caruaru.

QUEM ERA O PERSONAGEM CORONEL LUDUGERO

Retratava com bom humor a figura lendária dos coronéis, muitos dos quais pertenciam à Guarda Nacional e gozavam de grande prestígio junto a população. Era um homem simples de poucas palavras, amante da verdade e sincero, gabava-se de si próprio. Contador de histórias fantásticas, era casado com dona Filomena. Bom aboiador, bom cantador de viola e poeta. Mantinha um secretário (Otrope) que o orientava nos negócios e nas questões políticas. Ludugero se sentia feliz em contar histórias, dando expansão ao seu gênio brincalhão, quando não estava em crises de impaciência e nervosismo.

TEXTO EXTRAÍDO DO JORNAL VANGUARDA Nº 6.797

Fonte: Caruaru

Dados Artísticos

Fez sucesso no rádio e na televisão com o personagem Coronel Ludugero, de temperamento explosivo e pronúncia incorreta das palavras. Em 1962 gravou com Rosa Maria pela Mocambo o cômico "Ludugero apoquentado" de Luiz Queiroga e em gravação solo "Combuque de Ludugero", de motivo popular adaptado por Luiz Queiroga. No mesmo ano, gravou de Onildo Almeida e Luiz Queiroga a moda de roda "Si tivé mulé" e de Luiz Queiroga o xote "Fiscá fulero". Em 1964 gravou de Nelson Ferreira e Luiz Queiroga a moda de roda "Sem mulé não presta" e de Onildo Almeida o xote "Duas fia pra casá". Em 1971 lançou o LP "Ludugero casa uma filha", no qual interpretou "Vou pra tamarineira", de Elino Julião. Seu maior sucesso foi "A volta do regresso", de Onildo Almeida e Irandir Costa. Morreu em meados dos 1970 em acidente de avião. Em 1999 a Polydisc lançou o CD "Coronel Ludugero - 20 supersucessos", com músicas que marcaram a carreira do artista, especialmente as paródias humorísticas, com destaque para "Vedete", "Filomena Flor" e "Sem mulé não presta".

Discografia

(1999) Coronel Ludugero. 20 Supersucessos • Polydor • CD
(1971) Ludugero casa uma filha • CBS • LP
(1970) muita saudade • CBS • LP
(1964) Sem mulé não presta/Duas fia pra casá • Mocambo • 78
(1962) Ludugero apoquentado/Combuque de Ludugero • Mocambo • 78
(1962) Si tivé mulé/Fiscá fulero • Mocambo • 78

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira




Fonte: O Nordeste

Jessier Quirino - matuto contando um filme

Paisagem de Interior - Jessier Quirino



O poeta Jessier Quirino descreve cagado e cuspido, como é a paisagem de interior de uma cidade do interior.

Núcleo de Arqueologia e História Indígena no INTA


O Núcleo de Arqueologia e História Indígena (NAHI) das Faculdades INTA conta com laboratório e grupo de estudo dedicado a atividades de pesquisa e extensão. Atualmente é desenvolvido no laboratório do NAHI o projeto chamado “Identidade Material: arqueologia e etnogênese nos domínios Tabajara”. O grupo de estudo também trabalha o projeto “História da Arqueologia no Ceará”.

O projeto “Identidade Material” tem a finalidade de auxiliar os índios Tabajara e Kalabaça de Poranga no processo de reconhecimento étnico. “Entendemos que o Patrimônio Arqueológico é uma ferramenta importante para a construção e reconstrução das identidades desses grupos. O NAHI vem mapeando os sítios arqueológicos conhecidos pelas comunidades Tabajara e Kalabaça e buscando ampliar esse mapeamento através de prospecções sistemáticas no município de Poranga”, explica Prof. Thiago Tavares, Coordenador do Curso de História do INTA.

Ainda como atividades do projeto serão ministradas neste ano diversas oficinas de educação patrimonial para alunos da Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Jardim das Oliveiras. Participam das ações os alunos do curso de História das Faculdades INTA e alunos do curso de História da UECE. Desses, três desenvolvem monografias ligadas ao projeto.

História da Arqueologia no Ceará. - O projeto busca conhecer a história do pensamento arqueológico no Estado do Ceará, através de autores do século XIX e XX que exerceram, de alguma forma, atividades arqueológicas, ou que de alguma forma possam assim ser consideradas. Nesse momento as fontes utilizadas para a pesquisa são as revistas do Instituto do Ceará, no período de 1887 a 1950.

Além dessas atividades o NAHI/Curso de História/INTA dá apoio científico a pesquisas arqueológicas através do laboratório de arqueologia, seja nas análises de materiais arqueológicos, ou seja, com a guarda de coleções arqueológicas provenientes te pesquisas científicas.

As coleções arqueológicas hoje sob a guarda do NAHI são Coleção Arqueológica do sítio Histórico de Quixaba (Aracati-CE), Coleção Arqueológica do sítio Histórico Chácara Maria Celestino Mota (Tauá-CE) e Coleção Arqueológica do sítio Histórico Trici (Tauá-CE).

O escritor cearense Raymundo Silveira lança livro de contos Lagartas de Vidro


O escritor cearense Raymundo Silveira acaba de lançar seu livro de contos “Lagartas de Vidro”, Prêmio Literário “Correio das Artes 60 Anos” da Paraíba. O lançamento aconteceu em João Pessoa. É o terceiro livro do escritor que é membro da SOBRAMES (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores). As outras duas publicações são: “Louca Uma Ova” (Prêmio Literário para Autores Cearenses) e “Medicina Crônica” (Prêmio Funarte de Criação Literária). Segundo ele, a comissão julgadora dos trabalhos no Concurso de Contos e Poesia "Correio das Artes 60 anos" foi composta pelos seguintes membros: Maria Valéria Rezende (escritora), Rinaldo de Fernandes (escritor e professor do curso de Letras da UFPB) e Ronaldo Monte (escritor, poeta e psicanalista). Raymundo Silveira anuncia para dezembro deste ano o lançamento conjunto de sua trilogia literária. Transcrevemos abaixo o texto escrito para as orelhas do livro “Lagartas de Vidro”, pela escritora Maria Valéria Rezende.
"Relendo os originais de Lagartas-de-vidro, para  escrever 'a orelha de Ray', vinha-me à memória o premiado 'A orelha de Van Gogh', de Moacyr Scliar, outro médico-escritor, e daí a longa linhagem de seres dessa espécie, talvez em risco de extinção, segundo os que vaticinam o fim da literatura e se estiver certa, como parece, a profecia do próprio Raymundo Silveira no conto Self-service. Meu pai, médico numa família de escritores, dedicava-lhes uma estante especial e  nela, adolescente, pesquei muito do que fez minha formação literária, desde os 'inocentes',  A moreninha, As pupilas do Senhor Reitor, ou os 'inconvenientes' Gargantua et Pantagruel, Memórias de um sargento de milícias, A ceia dos cardeais e muitos outros, até chegar a Grande Sertão: veredas. Cert amente o que faz a literatura que sobrevive ao autor é o embate direto, apanágio dos médicos à antiga, com as queixas, as dores e a imaginação desse intrincado amálgama de corpo e alma que somos, reelaborado pelo talento de escritor.  Aqui o escritor não esconde o médico, não porque nos conte 'causos' de consultório, muito pelo contrário: revela-nos o médico como paciente e compadecido,mas transita por várias sendas da experiência e da linguagem humanas, atravessa num átimo a fronteira entre o mais cru realismo e o fantástico,  engana o leitor fazendo-o crer que lê uma simples crônica antes que irrompa sua pura invencionice, passa dos monólogos de vozes alheias para o relato clinicamente preciso, do fluxo de consciência à metaliteratura, à reflexão na e sobre a vida, à ironia e ao humor, com uma invejável habilidade no manejo da nossa bela e maltratada língua, explorando com maestria suas inúmeras possibilidades sintáticas e seu luxuoso voc abulário. Mas basta de orelha e passemos logo ao corpo inteiro deste livro que faz tão bem o que toda literatura deveria fazer: ajudar-nos, impiedosamente, a compreender melhor o que somos nós." (Maria Valéria Rezende)

Alexandre de Lima Sousa lançou obra Depois do Sempre


Recados dados e recebidos. Recados que chegam depois do que sempre esteve ali. Esse é o mote do livro “Depois do sempre”, do poeta e filósofo cearense Alexandre de Lima Sousa. A terceira publicação do escritor dá continuidade às ideias lançadas nas obras anteriores. Agora, entretanto, essas ideias mostram-se mais livres, despreocupadas com a rima e a forma e mais atentas ao que realmente dizem as palavras. O lançamento foi na quinta-feira (22), na Livraria Lua Nova.

“O livro traz os recados que recebo das coisas e das situações diversas. As poesias são o resultado escrito do que ouço e sinto”, define. Em outras palavras, é a escrita o elemento que dá unidade ao todo de “Depois do sempre”. A chamada metalinguagem está presente em “dilema solucionado”, quando ele diz que “não diametralmente um mentiroso/ tão somente poeta”. Ou mesmo em “personagens”: “ao ler meu escuro decifro / as folhas em branco do livro / … me deparo com personagens que jamais teria sido”.

Com 90 poemas e dividido em cinco capítulos – novidade, esboço para um tratado, silêncios, egoísmo e depois do sempre – o livro aborda ainda o cotidiano, as memórias, os desejos e os sentimentos sobre si e sobre o mundo. “É uma reflexão sobre o que fiz e o que faço”, complementa Alexandre, falando do “egoísmo” do poeta presente na obra. Sobre egoísmo, ele entende a prevalência do desejo do poeta sobre a palavra.

Para o autor, esta é uma obra mais madura que marca a transição entre o trabalho que foi iniciado em Cadernos (2005) e continuado em Estado de sítio (2007) e o que deve vir em breve. A liberdade a que ele se refere na terceira obra deve estar ainda mais presente no próximo trabalho, previsto para o ano que vem. Com essa ideia futura, Alexandre já deixa no ar a dúvida do que virá depois do sempre.

O livro foi vencedor do Prêmio Caetano Ximenes Aragão, categoria de poesia do edital da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), de 2010. A capa é assinada pelo designer Rafael Limaverde.

O autor é também filósofo, ensaísta, cronista e professor. Graduado em Filosofia, ele é professor de Literatura, História e Filosofia. Em 2004 e 2006, foi premiado nos Concursos Literários do Ideal Clube de Fortaleza. Também em 2006, foi contemplado com o prêmio Rachel de Queiroz, concedido pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult). Seu segundo livro, Estado de sítio, foi selecionado no I Edital das Artes da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza (Funcet).

Projeto Agentes de Leitura para gestores de educação e cultura


A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará em parceria com a Secretaria da Educação apresentam nesta terça-feira (27), das 14 horas às 17 horas, no Auditório Central do Condomínio Espiritual Uirapuru, o Projeto Agentes de leitura a prefeitos e gestores de cultura e educação dos 41 municípios contemplados no Edital Projeto Agentes de Leitura.

Os municípios contemplados serão Potiretama, Jaguaretama, Beberibe, Dep. Irapuan Pinheiro, Mombaça, Boa Viagem, São G. Do Amarante, Miraíma, Uruoca, Granja, Barroquinha, Chaval, Caucaia, Quiterianópolis, Parambu, Novo Oriente, Ararendá, Ipaporanga, Poranga, Ipueiras, Monsenhor Tabosa, Tamboril, Graça, Coreaú, Moraújo, Senador Sá, Croatá, Salitre, Tarrafas , Araripe, Saboeiro, Potengi, Antonina do Norte, Santana do Cariri, Mauriti, Granjeiro, Altaneira, Porteiras, Assaré, Nova Olinda e Quixelô.

Projeto Agentes de Leitura
O Projeto Agentes de Leitura do Ceará é uma ação do Governo do Estado por meio da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) junto ao Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop), que, desde 2006, vem promovendo a democratização da leitura por meio de atividades ancoradas em acervos bibliográficos que, mais tarde, simultaneamente com os agentes, serão integrados às bibliotecas públicas municipais e/ou comunitárias.

Maiores informações:
Norma Santana -(85) 3101-6794  normasantana@secult.ce.gov.br
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará
Fabiana Skeff ou Isabel Sofia.
Secretaria da Educação
(85) 3101-3944

Serviço
Data: 27 de setembro
Horário: Das 14 horas às 17 horas
Local:  Condomínio Espiritual Uirapuru, avenida Alberto Craveiro, 2222.

Cearenses participam da Feira Internacional de Artesanato em Porto Velho


A Secretaria Estadual de Cultura e a Associação do Bem Estar dos Artesãos Cearenses (ABEC) realizam de 30 de setembro a 9 de outubro a Feira Internacional de Artesanato e Cultura, que será montada no Bingool Clube, no centro de Porto Velho, sob a coordenação do PAB em Rondônia.

A exposição contará com a participação de 15 países e 10 estados brasileiros, apresentando mais de 5 mil trabalhos diferentes, comida típica,  danças folclóricas, desfile de modas, móveis e decorações.

O evento, criado pela ABEC, tem o objetivo de valorizar a cultura, mostrando a diversidade, a criatividade e originalidade dos artesãos, e também de  abrir novas possibilidades de negócios para o setor no mercado interno e externo.

De acordo com a coordenadora do PAB, Wélida Sodré, os artesãos que participam da Feira do Sol em Porto Velho vão representar Rondônia na feira e os artesãos do interior também poderão expor seus trabalhos durante o evento. Ela lamenta que a Secel não disponha de recursos para pagar as despesas de estadia dos mesmos na Capital.

Aprenda a fazer receita de capote na lata criada pelos vaqueiros



A galinha d'Angola também é conhecida no Ceará como capote. Receita era feita pelos vaqueiros para conservar o alimento nas viagens.

Fonte: NE Rural G1-Ce

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ceará - Pense num lugar pai d'égua!


Pense num lugar pai d'égua!  
O ano todo com um calor de rachar o quengo.
 
Toda noite tem comédia e o povo é bonequeiro que só! Tá pra nascer quem é cearense que não é amancebado com esse lugar.
 
Tem é zé prum cabra conhecer aqui e depois querer capar o gato.
Pode ser liso, estribado, vir de perto ou lá da baixa-da-égua.
 
Qualquer um fica arriado quando vê as praias daqui.
Fica logo todo breado de areia, depois se imbioca no mar e num quer mais sair nem a pau.
 
Depois de conhecer a negrada então, vixe!
Se o estado é bom assim, avalie o povo!
 
Tem gente de todo jeito: do fresco ao invocado, do batoré ao galalau,dos gato réi às espilicute, do cabra-macho ao fulerage e muitas outras marmotas.
 
Bom que nem presta. É por isso que nas férias dá uma ruma de turista, tudo doido por uma estripulia, pq sabem q isso aqui ñ é de rebolar no mato.
 
Só precisa dar um grau ou uma guaribada aqui ou ali, mas mesmo assim, tá de parabéns. Arre égua, ô coisa linda, macho, o Ceará.

Sou do Ceará - Ricardo Gondim


Ser do Ceará é mais do que nascer no Ceará, é conseguir reconhecer, à distância, uma cabecinha redonda, um sotaque cantado, uma orelha de abano, um jeito maroto de encarar a vida.

Ser do Ceará é saber a estação certa de colher um sapoti, conhecer os vários tipos de manga e nunca comprar ata verde demais; é dar sabor a um baião de dois com queijo coalho.

Ser do Ceará é gostar de cocada, de suco de tamarindo, de siriguela vermelha, de água de côco docinha.

Ser do Ceará é engolir o final dos diminutivos - cafezinho vira cafezim; Antônio viraToim; bonzinho vira bonzim. Lá se fala aperreio na hora do sufoco; o apressado é avexado; o triste fica de lundu; quem cria problemas, bota boneco.

Ser do Ceará é morar onde os muros são baixos; lá todo mundo sabe da vida alheia. A melhor conversa entre cearense é fofocar. Aparecer em coluna social sempre foi o máximo. Pense nos que pertencem a família com pedigree?  Eles fazem parte dos eleitos: Studart, Frota, Távora, Jeiressati, esses, sim, são considerados o supra-sumo.

No Ceará não se compra casa do lado do sol; ninguém valoriza casa com a frente voltada para o poente. O sol não perdoa; é inclemente, ardido, feroz, cansativo. No Ceará, quem não souber lidar com o astro rei, dura bem poquim. Entre dez da manhã e cinco da tarde, esse bichim brilhante deixa todo mundo melado; não existem peles secas no Ceará, todas são oleosas.

Ser do Ceará é aprender a dormir de rede, a gostar do cheiro de lençol limpo, a tomar banho frio, a valorizar a brisa do mar. Lá o perfume de sabonete tem outro valor. No Ceará as mulheres não usam meias finas, os homens não toleram gravatas e as crianças não sabem o que é uma blusa de lã.

Ser do Ceará é ter orgulho de afirmar que pertence à terra de José de Alencar, Patativa do Assaré, Fagner, Eleazar de Carvalho, Clóvis Bevilácqua. Lá amam-se as artes. Não tem coisa mais bonita que assistir a um repente na praça do Ferreira. Como se  cria repente com facilidade. Está no sangue conversar com rima.

Ser do Ceará é lidar com umidade, com camisas empapadas de suor, com mofo, com moscas aos milhões, com muriçocas impertinentes, com baratas avantajadas, com viroses brabas, com desidratações súbitas. Lá os fracos morrem rapidim. O darwinismo, teoria da sobrevivência dos mais fortes, se prova facim. No Ceará, nuvens negras são prenúncio de bom tempo e relâmpago, uma bênção. Em dia chuvoso ninguém quer sair de casa.

Ser do Ceará é rir por tudo. E tudo vira piada. Em um dia lendário, estava nublado, quando o sol resolveu rebentar as nuvens… e levou uma sonora vaia. Não conheço nenhum povo que tenha vaiado a estrela maior.
Os cearenses são antes de tudo uns fortes. Ao mesmo tempo, deliciosamente bons e perversamente maus. 

Sou cearense. E por mais que tenha me afastado, não consegui apagar o meu amor pelo chão que me acolheu no mundo. Lá nasci, casei e tive filhos. No Ceará, despertei para o mundo, como também, infelizmente, sepultei o restim de esperança que nutria pela humanidade. O Ceará foi o meu ninho e é o túmulo dos meus ideais. Em Fortaleza, tive as maiores alegria e as mais duras agonias.

Contudo e apesar de tudo, continuo enamorado do meu berço. Não pretendo desvencilhar-me de ti, loira desposada do sol.

Waldonys - A mais bela

No Ceará É Assim-Fagner


No Ceará É Assim
Fagner

Eu só queria
Que você fosse um dia
Ver as praias bonitas do meu Ceará
Tenho certeza
Que você gostaria
Dos mares bravios
Das praias de lá
Onde o coqueiro
Tem palma bem verde
Balançando ao vento
Pertinho do céu
E lá nasceu a virgem do poema
A linda Iracema dos lábios de mel
Oh! Quanta saudade
Que eu tenho de lá
Oh! Quanta saudade
A jangadinha vai no mar deslizando
O pescador o peixe vai pescando
O verde mar ...
Que não tem fim
No Ceará é assim

Ceará terra da Luz-Ítalo e Renno (Participação de Fagner)



Ceará Terra da Luz
Fagner

Imagina um lugar lindo todo colorido pintado na bela tela pelo criador
Imagina o meu lugar dos sonhos o meu paraíso
As cores da felicidade sorrindo pra você
Imagina meu porto seguro minha alegria
Eu agradeço todo dia eu tenho amor e paz
Daqui o mundo é tão bonito pode ter certeza
Tanta beleza, não troco por nada
Eu sou feliz demais

E o sol iluminando os corações
E o verde do teu mar que me seduz
A tua maravilha encanta, eu posso me orgulhar

Porque eu sou cearense, porque sou brasileiro
Sou apaixonado pelo meu lugar
Eu trago no peito um amor verdadeiro
Eu sou da Terra da Luz, eu sou do Ceará!

Ser cearense é isso aí


Cearense não sobe na árvore… ele se trepa no pé de pau!
Cearense não vai embora… ele pega o beco!
Cearense não bate… ele mete a pêia!
Cearense não bebe um drink… ele toma uma!
Cearense não joga fora… ele rebola no mato!
Cearense não discute… ele bota boneco!
Cearense não é sortudo… ele é cagado!
Cearense não ri… ele se abre!
Cearense não brinca… ele fresca!
Cearense não toma água com açúcar… ele toma garapa!
Cearense não exagera… ele alopra!
Cearense não percebe… ele dá fé!
Cearense não vigia as coisas… ele pastora!
Cearense não sai apressado… ele sai desembestado!
Cearense não dá volta… ele arrudêia!
Cearense não serve almoço… ele bota o dicumê na mesa!
Cearense não é distraído… ele é avoado!
Cearense não faz barulho… ele faz zuada!
Cearense não acompanha casal de namorados… ele segura vela!
Cearense não é rico… ele é estribado!
Ser cearense é ser único!

Ser cearense é ser único. Ô orgulho véi besta...


O Jeito Cearense de Ser Único!

Cearense não briga... ele risca a faca!
Cearense não vai em festa... ele cai na gandaia!
Cearense não vai com sede ao pote... ele vai dicumforça!
Cearense não vai embora... ele vai pegá o beco!
Cearense não conserta... ele dá uma guaribada!
Cearense não bate... ele senta o sarrafo!
Cearense não sai pra confusão... ele sai pro balai de gato!
Cearense não bebe um drink... ele toma uma!
Cearense não joga fora... ele rebola no mato!
Cearense não discute... ele bota boneco!
Cearense não é sortudo... ele é cagado!
Cearense não corre... ele faz carrera!
Cearense não ri... ele se abre!
Cearense não brinca... ele fresca!
Cearense não compra garrafinha de cachaça... ele compra um celular!
Cearense não toma água com açúcar... ele toma garapa!
Cearense não calça as sandália.... ele calça as opercata!
Cearense não morre... ele bate a biela!
Cearense não exagera... ele alopra!
Cearense não percebe... ele dá fé!
Cearense não vigia as coisas... ele pastora!
Cearense não vê destruição... ele vê só o distroço!
Cearense não sai apressado... ele sai desembestado!
Cearense não observa... ele passa os pano!
Cearense não agarra a mulher... ele arroxa!
Cearense não dá volta... ele arrudêia!
Cearense não serve almoço... ele bota o dicumê na mesa!
Cearense não diz que fulano não é de confiança... ele diz que a mercadoria é sem nota!
Cearense não espera um minuto... ele espera um pedaço!
Cearense não é distraído... ele é avoado!
Cearense não fica encabulado... ele fica todo errado!
Cearense não comete gafe... ele dá uma rata!
Cearense não sobe na arvore... ele se trepa no pé de pau!
Cearense não passa a roupa... ele engoma a roupa!
Cearense não ouve barulho... ele ouve zuada!
Cearense não acompanha casal de namorados... ele segura vela!
Cearense não dá cantada... ele quêxa!
Cearense não é esperto... ele é desenrolado!
Cearense não é rico... ele é estribado!
Cearense não é homem... ele é macho ou é cabra danado!

SOS Academia


As entidades culturais, à semelhança daquelas de ajuda aos necessitados, sempre se deparam com enormes dificuldades de ordem financeira. Entre estas as academias de letras e de artes, na grande maioria sobrevivendo por força do idealismo, da persistência e da obstinação dos seus integrantes. A Academia Cearense de Letras (ACL), não é diferente. Passa agora por momento de grande dificuldade financeira, até mesmo para atender a despesas inadiáveis, como o pagamento da folha dos funcionários e telefones, além de carecer de reforma na sede, o antigo Palácio da Luz, incluindo auditório, serviço de som e mobiliário.

O atual presidente, poeta Pedro Henrique Saraiva Leão, também discípulo de Hipócrates, tem se desvelado para conseguir tirar leite de pedra, numa perfeita sintonia e sinonímia não apenas no significado dos nomes Pedro e pedra. Tem contado inclusive com a boa vontade dos consócios, quando estes, atendendo a um apelo da presidência, antecipam o valor das mensalidades e até da anualidade. Mas os valores arrecadados, embora mereçam alvíssaras, não atendem ao rol das necessidades da veneranda arcádia, a mais antiga do País, fundada antes da própria Academia Brasileira de Letras (ABL). É chegada a hora de os órgãos da Cultura - Secretaria e Ministério - e organizações de natureza privada, voltarem as vistas para a Academia Cearense de Letras, propiciando-lhe as condições financeiras indispensáveis à manutenção da Casa onde pontificaram e pontificam tão ilustres representantes da Cultura, de ontem e hoje.

O mecenato está convidado também a dar o seu contributo, favorecendo o aporte de recursos à implementação de projetos capazes de emprestarem nova fisionomia ao tradicional sodalício. Afinal, a Cultura é um bem imaterial, e um povo se mede pelo apreço dedicado às Letras e às Artes. A veterana Academia Cearense de Letras está de portas abertas para receber a dadivosa colaboração, como forma de elevar ainda mais o nome da secular arcádia no concerto da cultura nacional.

Eduardo Fontes - jornalista

domingo, 25 de setembro de 2011

José Ramos Tinhorão - Historiador - Com ele ninguém pode

Em entrevista ao Caderno 3, o controverso pesquisador José Ramos Tinhorão, cuja voz dissonante não poupa críticas à Bossa Nova e ao Tropicalismo, vem falar da trajetória da música afro no Brasil e no mundo. Tão polêmico quanto gentil, a conversa com o mestre em História Social, pela Universidade de São Paulo (USP), cuja primeira obra publicada, "A Província e o Naturalismo", de 1966, contempla a produção literária do Ceará do fim do século XIX, foi um mergulho na história que não está nos livros

José Ramos Tinhorão: "Quando os compositores de samba queriam gravar uma música feita com tema de terreiro, tinham que pedir permissão ao Babalaô"
JEFFERSON COPPOLA/FOLHAPRESS

Os autos e dramatizações de Coroação dos Reis do Congo até hoje são encenados em festas religiosas, principalmente, de Nossa Senhora do Rosário. Onde começa esse costume?

Essa história de rei do Congo (hoje) é uma malandragem. Mas, veja bem, os povos africanos sempre foram ligados a danças coletivas simbólicas, algumas mágico-religiosas e outras implicavam a organização de suas embaixadas. Quando os portugueses ultrapassam a boca do Zaire, ou do Congo, e têm contato com os negros que estavam abaixo da Linha do Equador, que não sofreram influência árabe, vão conhecer que todos aqueles negros têm suas religiões. E isso é uma coisa importante de se observar. A África não é um país, a África é um continente e com mais de duas mil línguas. Essa coisa de falar "influência afro" é uma coisa tão vaga. Com o enfraquecimento do poder português, no tempo dos Filipes (1580 - 1640), começaram as rivalidades entre nações do Congo, que findaria com o reino em 1655. Havia muitas culturas africanas, por quilômetros de costa eles entravam em contato com comunidades completamente diferentes. Em primeiro lugar, a crença real deles era o culto aos antepassados, logo, os mais velhos eram as pessoas mais importantes, até porque, como não havia a linguagem escrita, a memória deles era a portadora da história. Além disso, as condições de vida eram ditadas pelas forças da natureza, tinha o cantar pelo despertar do dia, as danças que propiciavam boa colheita, o culto às águas, etc. Eles representavam sua realidade através de fatos dramáticos. O "mani geral" do Congo era a figura real, o sumo-sacerdote deles, e era escolhido em demonstrações de danças de guerras. Mas o português não estava interessado em chamar o mani Congo de rei. O que eles queriam era impor a religião e o sistema político europeu. Tanto que, em 1512, o rei português (D. Manuel), sob o disfarce da cristianização, busca moldar as instituições africanas às monarquias europeias. Assim, os reis africanos sagrados e escolhidos entre os descendentes da comunidade, com os portugueses, adotaram outro sistema que possibilitava a sucessão com eleição de um dos descendentes. Mas o Congo era uma confederação monárquica, com votos de nações e províncias, e isso originou a festa de distribuição de títulos hierárquicos, como conde, duque, barão, etc. Dessa forma, com as modificações de coroação dos manis, todos aqueles chefes que prestavam obediência ao rei do Congo, começam a disputar títulos e passam a ser conduzidos pelas crenças católicas. No final do século XIX, as antigas representações definitivamente desmembram-se em festas autônomas e folguedos, como os afoxés, na Bahia, os cambindas, na Paraíba, as taieiras, em Sergipe, os maracatus, no Recife, e os moçambiques, no Centro-Sul. Posso dizer isso com toda segurança, porque estou estudando isso para um livro que estou escrevendo nesse momento. Nunca existiu esse negócio de rei do Congo, de congada. O próprio negro acabou admitindo que os portugueses fizeram suas cabeças e transformaram em uma cultura sua.

E esse panteão de divindades que as religiões africanas trouxeram e cultuam até hoje?

O Candomblé, e outras religiões, é uma misturada só, não tem mais nada a ver com nada. Na verdade, os escravos que vieram não apenas para o Brasil, mas para os Estados Unidos, Antilhas, etc, eram negros capturados nas mais diversas regiões da África, gente que nem se entendia, nem falava a mesma língua. Não há cultura africana, há culturas africanas. Daí elas se misturaram todas no Brasil e dão um componente africano-brasileiro a culturas que se misturavam, também, com a cultura europeia e seu catolicismo. A realidade foi essa misturada. Se for ver, a maioria deles era da região de língua banto (grupo de cerca de 300 línguas semelhantes). Os primeiros bantos eram agricultores até conseguirem trabalhar o ferro, os ferreiros eram as pessoas mais importantes, tanto que o primeiro sacerdote da religião foi um ferreiro. Daí hoje você vê Ogum, (orixá) do Candomblé, com uma machadinha na mão. É o ferro, é o ferreiro! Ele representa um ascendente de todas as famílias dos bantos que eram ferreiros, os mais antigos, os que eram reverenciados por sua contribuição. Na verdade, a religião negra é uma religião da natureza. Eles reverenciam a fertilidade da Terra e a Terra não é de ninguém. A Terra é o lugar por onde passaram seus antepassados, as árvores, as águas, as cores, e nada disso pertence a eles.


Em comum, então, o que eles tinham era o batuque?

Veja bem, batuque é um nome moderno, palavra usada genericamente. Muitas vezes, o que se chamava de batuque era uma cerimônia religiosa, noutras, apenas uma folgança, um divertimento, mas tudo eles chamavam batuque. Mas o que caracteriza a música africana é mesmo a percussão, o bater de palmas, dos tambores. Bem que já teve instrumentos de corda, e tem até hoje, mas a ênfase é sobre o ritmo. O que os africanos podem considerar, aí sim, uma contribuição real, é a percussão. Ora, os negros vêm para o Brasil e organizam sua religião com percussão. Então, você tem a parte das brincadeiras com percussão, que acontecem fora dos terreiros, e que vai acabar no samba. Mas, antes disso, teve a polca, o lundu, que eram também formas de brincar negro-brasileiras derivadas dessa coisa genérica chamada batuque.

É fato que o ritmo fado teria surgido aqui no Brasil?

Por antiguidade, as referências mais antigas de danças daqui são: a fofa, o lundu e o fado. Há notícias históricas de danças com esses nomes desde o século 18, estão lá desde o Gregório de Matos. Por exemplo, a Colônia do Sacramento, hoje Uruguai... Os espanhóis estavam entrando em áreas que os antigos acordos diziam que seriam do Brasil. Então, precisava de gente para evitar a penetração espanhola, mas ninguém queria ir para lá. Daquela época, há um documento do governo de São Paulo, que diz: "tratem de mandar do Brasil mulheres do fado". E por que mulheres do fado? Porque estavam fora do âmbito familiar, porque se davam ao prazer de demonstrar o fado no meio de homens, o que era uma coisa totalmente fora dos padrões da sociedade da época, sempre com horror à vadiagem.

E o samba? Até chegar a ele, essa transição está ligada ao sagrado e profano?

O que a gente chama de samba também é muito moderno. Foi aquela coisa que chamavam genericamente de batuque, a parte não religiosa, que passou a se chamar de samba. Samba era uma reunião festiva com percussão, um gênero musical que surgiu do exercício comunitário em rodas. Você já leu "Dona Guidinha do Poço?", livro de seu conterrâneo Manuel de Oliveira Paiva? Todo bom cearense tem que ler esse livro, é maravilhoso, maravilhoso! Ele descreve uma festa rural no Ceará do século XIX que é o samba, mas ainda não como gênero musical, como reunião nessas rodas. Esse livro é perfeito para entender muita coisa. Pois é, mas aí vem o século XX, o aparecimento do rádio gera o surgimento de profissionais que vão ganhar dinheiro com música. Quando o samba vai para o disco, quem compra não é marginalizado, quem compra, pode. Nas décadas de 1920, 1930, quem comprava disco era a classe média, até porque tinha que ter uma vitrola para tocar. Era um aparelho com manivela e tudo. Quando você diz que o primeiro samba gravado, "Pelo Telefone", foi de Donga (1890 - 1974), automaticamente está dizendo que ele é um objeto da era da indústria, não é só mais um ritmo da música negra, não, ele tem dono, é do Donga. Como seria depois na época dos famosos sambas do Estácio, Armando Marçal, que ficam famosos. Primeiro o disco, depois o rádio e a televisão, aí virou gênero de repercussão nacional, embora produzido fundamentalmente no Rio de Janeiro, ele se transmite para todo o País. Porque não é só um batuque de terreiro de Candomblé que você precisava ir ao terreiro para poder ouvir. Não. Ele é gravado, ele se nacionaliza.

Aqueles sambistas gravaram exaltações a divindades como faziam seus antepassados?

Não, não. O samba comercial não tem nada mais que ver com isso aí. Pelo contrário, quando os compositores de samba queriam gravar uma música feita com base num tema de terreiro, tinham que ir ao terreiro pedir permissão ao Babalaô, e era feito, então, uma solenidade religiosa em que ele pedia permissão aos orixás para gravar aquilo num disco. Sabia disso? É... aconteceu muito. Por exemplo, um compositor de samba que compunha muita coisa de terreiro no Rio de Janeiro chamava-se J. B. de Carvalho (1901 - 1979), ele gravou muitas ideologias que chupava de música ritual de terreiros, isso na década de 1930. Antes de gravar, ele ia lá pedir permissão ao santo de cabeça, aí sim, autorizava gravar e tal.

E quando chega a geração de Baden Powell, Vinícius de Moraes, Paulo César Pinheiro?

Aaah, não... Isso aí, minha amiga, quando chega Vinícius e Baden com esse negócio de afro... Era o seguinte, a verdade é essa: eles foram para a Bahia e criaram aquele "quando eu morrer, me enterrem na Lapinha", isso é o afro-samba, coisa de capoeira até de autor conhecido. Isso aí foi o oportunismo do homem da cidade, não tem seriedade nenhuma, é aquilo de "vamos explorar esse filão". Som afro! Que som afro? Que som afro é esse? Clara Nunes, Paulo Pinheiro, aquilo foi coisa para produzir disco e, na onda de som afro, vários compuseram dentro dessa linha, foi uma corrente dentro da produção de música brasileira que convencionou-se chamar de música afro. Daí veio o Caetano Veloso, com sua "Mãe Menininha do Gantois (cantuá)"... A própria música de Candomblé é uma criação de negro transportado para o Brasil que aqui funde numerosas formas da cultura e conhecimento da cultura africana e cria uma coisa nova, mas nada a ver com a África, a não ser pela forma de percussão. O resto é brasileiro. A música cubana tem muita influência dos terreiros, mas é diferente. E por quê? Porque Cuba era de colônia espanhola, mas os negros, que em princípio eram os mesmos trazidos para o Brasil, ganharam feições diferentes, o mesmo aconteceu no Sul dos Estados Unidos e, no entanto, eles vinham do mesmo Continente Africano. Essas feições locais foram oportunisticamente utilizadas. Som afro! Afro de onde? Afro de que região? Afro não é um país, a África é um continente. Mas leia o livro do Tinhorão "Os negros em Portugal - Uma presença silenciosa" (1988) que você vai entender muita coisa.

O senhor citou anteriormente o escritor cearense Manoel de Oliveira Paiva e, significativamente, um de seus primeiros livros, "A Província e o Naturalismo", de 1966, aborda a produção literária do Ceará no século XIX. Como é sua ligação com o Estado?

A rigor, a rigor, tudo isso surgiu pela minha admiração pelo escritor de "Dona Guidinha do Poço", Manuel de Oliveira Paiva, quando eu li aquele livro... Porque ele morreu em 1892 e deixou esse livro inédito em manuscritos, e esses originais vieram para o Rio de Janeiro, ficaram rodando de mão em mão de cearense. Em 1951, dona Lúcia Miguel Pereira, historiadora de literatura, leu quatro capítulos do livro que tinham sido publicados na Revista Brasil. Ela ficou louca, mas, e cadê o final do romance? E começou a procurar pelos jornais quem conhecia aquele cearense e tal, porque a revista tinha acabado. E se ela ficou deslumbrada, mais deslumbrado fiquei eu quando li, e botei uma coisa na cabeça: "pô, mas se o Ceará no século XIX, que só era conhecido no Sul por causa da seca, como é que produziu um escritor desses, em pleno fim de século?". Comecei a ler tudo e fui procurar conhecer a literatura cearense, comecei procurar, procurar...aí... Ah bom, tinham muitos. O Ceará tem uma coisa interessante: Fortaleza foi uma cidade de funcionários públicos, isso queria dizer que, pelo menos, tinham alguma escolaridade. Como o funcionalismo público na época tinha apenas cinco horas de trabalho, havia tempo para ler, escrever e dinheiro para comprar livros. Na verdade, o Ceará cria uma intelectualidade na classe média para baixa e, não tendo outra coisa para fazer, vai fazer política, veja o Jornal Libertador, engrena na luta contra a escravidão, e na literatura, haja vista a Revista Quinzena, onde, inclusive, Manuel de Oliveira Paiva publicou diversos contos, depois reunidos e transformados em livros. Aí nasce uma corrente literária, desde a chamada academia francesa, lá por volta de 1870, até a Padaria Espiritual, na virada do século XIX para o XX. Uma série de movimentos culturais fizeram o Ceará ombrear com o Maranhão, que já era famoso, mas o Maranhão fez fama indo para o Rio de Janeiro. Com o cearense foi interessante porque eles conseguiram formar uma geração literária de gente que não saía do Ceará. A cor local daqui é muito grande. Um ou outro veio para o Rio de Janeiro, mas, no geral, o Ceará teve vida literária própria. "A Província e o Naturalismo" foi uma série de artigos que fiz para o Jornal do Brasil, naquele entusiasmo de colher informações por causa da leitura de Dona Guidinha do Poço.

Naquela época, o Nelson Werneck Sodré (1911 - 1999) estava pesquisando para aquele livro dele "O Naturalismo no Brasil", começou a ver pelo JB um cara escrevendo sobre os movimentos literários no Ceará e começou a perguntar quem era. Ele que se empolgou para publicar o livro e ele mesmo fez a introdução. Mas tem um detalhe: quando o livro foi sair, em 1966, Nelson era militar, mas era contra o golpe que tinha sido em 1964, e eles ficaram com medo de publicar o livro de um iniciante, que era eu, apresentado por um militar, e deram o texto sem assinatura. Eu sou apresentado com um texto anônimo. Depois fiz um livro sobre Manuel de Oliveira Paiva. Ele foi aluno da Escola Militar do Rio de Janeiro, teve que abandonar devido a tuberculose, engrenei nesse caminho e me tornei especialista em literatura cearense. Fui até ao Ministério de Guerra e consegui a pasta do aluno Manuel de Oliveira Paiva, até com a provinha manuscrita que ele fez em Fortaleza para trazer para o Rio e se credenciar a uma vaga na Escola Militar. Descobri a vida dele toda na Praia Vermelha. O escritor colaborou com um jornalzinho chamado A Cruzada, publicou uma peça de teatro mirabolante, chamada "Tal filha, tal esposa", depois encontrei essa revista de forma milagrosa no Instituto Histórico.

O senhor é conhecido por seus estudos relativos à música e literatura brasileira, mas, também, por ser um das poucas vozes dissonantes no coro de louvor à Bossa Nova. Como essa versão da história é vista hoje?

Eu analisei a Bossa Nova como um fenômeno e concluí que ela foi música americana montada no Brasil, entendeu? No meu livro, "Música Popular: um tema em debate", que está saindo agora a sétima edição, de não sei quantas reimpressões, é meu livro que mais vende. Nesse livro eu mostro, contemporaneamente, a Bossa Nova acontecendo e eu dizendo: "ó, esse negócio aí é a mesma coisa que automóvel brasileiro: não tem nacional não. É apenas montado no Brasil. Bossa Nova é "cool jazz" montado no Brasil. Aí pronto, caíram em cima de mim. Porque aquele pessoal todo era gente da alta classe média do Rio de Janeiro, gente da imprensa, até hoje sou malhado por causa disso. Mas não mexi uma vírgula do livro que sairá falando, mais uma vez, as coisas que falei naquela época. Agora, a perspectiva histórica faz com que, nessa releitura, muita gente que não participou, quando lê agora, pensa de forma diferente daqueles que malhavam naquela época. Mas não havia desafeto, eu achava o Tom Jobim até um bom sujeito, coitado, ele gostava dessas coisas de natureza, mas o que é que eu vou fazer? Eu descubro as coisas! Você tem internet? Pois pegue no You Tube uma música chamada "Mr. Monotony", gravada em 1942, nos Estados Unidos, por Judy Garland. Sabe o que você vai ouvir? O "Samba de uma nota só", do Tom Jobim. É só ver lá.

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Perfil
José Ramos Tinhorão, filho do comerciante Luiz Maria Ramos e Amélia Alves Ramos, nasceu em 7 de fevereiro de 1928, em Santos (SP), mas foi ainda criança para o Rio de Janeiro, onde teve seus primeiros contatos com a cultura popular brasileira. Conhecido também por seu vasto e valioso acervo, que inclui discos, partituras, livros, periódicos e imagens que perfilam a cultura brasileira, Tinhorão doou, no ano de 2000, toda sua coleção para o Instituto Moreira Salles, de São Paulo, onde está disponível para consulta.

NATERCIA ROCHA 
REPÓRTER