terça-feira, 27 de setembro de 2011

O escritor cearense Raymundo Silveira lança livro de contos Lagartas de Vidro


O escritor cearense Raymundo Silveira acaba de lançar seu livro de contos “Lagartas de Vidro”, Prêmio Literário “Correio das Artes 60 Anos” da Paraíba. O lançamento aconteceu em João Pessoa. É o terceiro livro do escritor que é membro da SOBRAMES (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores). As outras duas publicações são: “Louca Uma Ova” (Prêmio Literário para Autores Cearenses) e “Medicina Crônica” (Prêmio Funarte de Criação Literária). Segundo ele, a comissão julgadora dos trabalhos no Concurso de Contos e Poesia "Correio das Artes 60 anos" foi composta pelos seguintes membros: Maria Valéria Rezende (escritora), Rinaldo de Fernandes (escritor e professor do curso de Letras da UFPB) e Ronaldo Monte (escritor, poeta e psicanalista). Raymundo Silveira anuncia para dezembro deste ano o lançamento conjunto de sua trilogia literária. Transcrevemos abaixo o texto escrito para as orelhas do livro “Lagartas de Vidro”, pela escritora Maria Valéria Rezende.
"Relendo os originais de Lagartas-de-vidro, para  escrever 'a orelha de Ray', vinha-me à memória o premiado 'A orelha de Van Gogh', de Moacyr Scliar, outro médico-escritor, e daí a longa linhagem de seres dessa espécie, talvez em risco de extinção, segundo os que vaticinam o fim da literatura e se estiver certa, como parece, a profecia do próprio Raymundo Silveira no conto Self-service. Meu pai, médico numa família de escritores, dedicava-lhes uma estante especial e  nela, adolescente, pesquei muito do que fez minha formação literária, desde os 'inocentes',  A moreninha, As pupilas do Senhor Reitor, ou os 'inconvenientes' Gargantua et Pantagruel, Memórias de um sargento de milícias, A ceia dos cardeais e muitos outros, até chegar a Grande Sertão: veredas. Cert amente o que faz a literatura que sobrevive ao autor é o embate direto, apanágio dos médicos à antiga, com as queixas, as dores e a imaginação desse intrincado amálgama de corpo e alma que somos, reelaborado pelo talento de escritor.  Aqui o escritor não esconde o médico, não porque nos conte 'causos' de consultório, muito pelo contrário: revela-nos o médico como paciente e compadecido,mas transita por várias sendas da experiência e da linguagem humanas, atravessa num átimo a fronteira entre o mais cru realismo e o fantástico,  engana o leitor fazendo-o crer que lê uma simples crônica antes que irrompa sua pura invencionice, passa dos monólogos de vozes alheias para o relato clinicamente preciso, do fluxo de consciência à metaliteratura, à reflexão na e sobre a vida, à ironia e ao humor, com uma invejável habilidade no manejo da nossa bela e maltratada língua, explorando com maestria suas inúmeras possibilidades sintáticas e seu luxuoso voc abulário. Mas basta de orelha e passemos logo ao corpo inteiro deste livro que faz tão bem o que toda literatura deveria fazer: ajudar-nos, impiedosamente, a compreender melhor o que somos nós." (Maria Valéria Rezende)

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