sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ironias e outras coisas de um gozador

Sobre Coisa Nenhuma e Outras Coisas, quinto livro do dramaturgo Fernando Lira, é lançado hoje, 16, no Auditório do Dragão do Mar

Lira diz ter a escrita influenciada pelo gaúcho Luís Fernando Veríssimo e pelo cineasta norte-americano Woody Allen (DIVULGAÇÃO)

Como se colocasse óculos com lentes que lhe dotasse de superpoderes, o escritor vê a realidade com grandes doses de ironia. Seja com seus tipos cômicos ou em situações risíveis, o dramaturgo Fernando Lira transporta para o papel sua leitura do cotidiano de forma inusitada e reúne seus escritos em Sobre Coisa Nenhuma e Outras Coisas, livro que será lançado hoje, 16, no Auditório do Dragão do Mar.

A obra recebe o apoio do Instituto Federal do Ceará, (IFCE) em que Lira é professor do curso de Licenciatura em Teatro. O livro é resultado de uma compilação de 51 textos escritos pelo dramaturgo entre 2000 e 2001. Fernando escrevia semanalmente para uma página na Internet chamada “Delira na Rede”.

Já naquela época, mesmo sem a invenção das redes sociais, Fernando recebia o retorno de leitores e sentia que seus textos eram bem recebidos. Surgiu, então, a vontade de reuni-los em livro, projeto que foi adiado pelo mestrado e o doutorado do escritor. “Agora, surgiu a oportunidade de editá-los assim. Os textos que eram mais de 70 passaram por uma triagem, fiz enquetes com pessoas próximas para escolher os textos. É uma oportunidade de resgatar esses textos, que estava restritos a pessoas que acompanhavam a página naquela época, e levá-los a outros públicos”, comenta Fernando.

Os textos, que o escritor não ousa definir como crônicas ou contos, são escritos em prosa, mas dotados de cargas cênicas. Tanto que, para o lançamento, dois grupos de teatro ajuntaram alguns dos textos e apresentam duas montagens teatrais: Constatação Aterradora e Uma Lógica Particular. “Quando os escrevi, mesmo já sendo dramaturgo, os textos eram exercícios de prosa. Depois passei a levá-los para sala de aula e o potencial cênico foi trabalhado”, explica.

Sobre Coisa Nenhuma... é o quinto livro de Fernando que diz ter sua escrita influenciada pelo gaúcho Luís Fernando Veríssimo, “na criação de tipo, e na ironia com que trabalha os nomes dos personagens”, e o estadunidense Woody Allen, “na peculiaridade com que observa o mundo”.

Apesar de ficcionais, os textos de Fernando têm “vários pés na realidade”. De Sobre coisa nenhuma... desprendem-se tipos como Maria Joana, uma repórter policial que leva oficio tão a sério que pratica crimes para entendê-los – “uma crítica ao jornalismo policial e ao sensacionalismo de como alguns programas televisivos tratam os crimes”; a Diva Gação, que sabe tudo nada, e o professor Funnddus, doutor em Nada, que sabe nada sobre tudo – uma observação sobre como o meio acadêmico às vezes pode ser vazio.

Tamanha é a profundidade do conhecimento que o professor Funnddus detém que foi a ele dada a missão de prefaciar a obra. Ao final de seu prefácio sobre o livro ou (ou sobre nada), Funnddus (des)convida: “Embora as minhas profundas palavras não reflitam nem de leve a dimensão desta obra – que não tive o saco de ler até o final – aconselho que todos passem pelo sacrifício que, de certo modo, a mim foi imposto”.

SERVIÇO

Lançamento do livro Sobre Coisa Nenhuma e outras coisas
260 páginas
Quanto: R$ 20
Quando: hoje, 16, às 18h30min
Onde: Auditório do Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81)
Acesso livre
Outras info.: (85) 9622 5092.

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

Fonte: O Povo

História do Rádio no Ceará -Arquivo Nirez


Documentário sobre a História do Rádio no Ceará apresentando num Seminário de História da Comunicação do curso de Jornalismo da FAC (Faculdade Cearense).

FICHA TÉCNICA:

Imagens/edição: Victor Hudson
Legendas: Thiago César
Fotografia: Edna Nogueira, Halisson Ferreira.
Roteiro: Victor Hudson
Produção: Clailson Melo, Mariana Valéria, Acylandio Alves, Stephenson Muratori.
Direção Geral: Victor Hudson

Agradecimentos: A todos os envolvidos na produção e, especialmente, a Miguel Angelo Azevedo, mas conhecido com Nirez, pela prestabilidade e receptividade em sua casa e seu Acervo.

Fonte: Victor Hudson

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mostra de Arte e Cultura do Sertão do Ceará começa nesta quinta-feira

Programação inclui apresentações artísticas nas ruas de Quixeramobim.
Confira a programação completa da mostra gratuita que vai até domingo.

Programação da Quiarte inclui cortejos e apresentações artísticas nas ruas onde ficam prédios históricos de Quixeramobim (Foto: Quiarte/ Divulgação)

A terceira edição da Mostra de Arte e Cultura do Sertão do Central do Ceará (Quiarte) começa nesta quinta-feira (15) em Quixeramobim, a 206km de Fortaleza. A programação do evento inclui apresentações de circo, dança, teatro, cinema, artes plásticas e folguedos tradicionais nas ruas do município.

Neste edição, a Quiarte também promove oficinas em escolas públicas da região a fim de divulgar manifestações artísticas do Estado. Outra atração da mostra é o Salão de Artes Plásticas, onde serão expostas obras de 11 artistas da região e se apresentarão grupos musicais como as bandas Tribo de já, Dona Zefinha e a dupla Ítalo e Renno, além da exibição de filmes e encenações de peças teatrais.

A concentração das atividades do Quiarte será nas ruas que abrigam os prédios históricos de Quixeramobim, como a Casa de Antônio Conselheiro e o Memorial Antonio Conselheiro. A programação é totalmente gratuita e vai até domingo (18):

15 de dezembro (quinta-feira)
16h30 - Cortejo de grupos tradicionais e artistas pelas ruas do centro da cidade
18h - Encerramento do cortejo – Tenda na Praça da Matriz
20h - Abertura oficial com autoridades - Praça da Estação
21h - Shows da banda Pegada do Forró e Luiz Paulo do Acordeom - Praça da Estação
22h30 - Show da dupla Ítalo e Renno - Praça da Estação

16 de dezembro (sexta-feira)
8h - Exibição de filmes - Calango Lengo (curta) e O Pequeno Nicolau (longa) - Salão Paroquial
9h - Abertura do III Salão de Artes Plásticas - Casa de Antônio Conselheiro
10h - Roda de Capoeira - Terreiro da Casa de Antônio Conselheiro
14h30 - Exibição de filmes - Grilo Feliz (longa) e Profetas da chuva e da esperança (curta) - Salão Paroquial
18h - Teatro de Rua do Grupo Lamberage - Antônio, o conselheiro - na Praça da Matriz
20h - Hora do Palhaço, com Palhaço Pimenta - Tenda na Praça da Matriz
20h30 - Peça teatral da Cia. Sísifo de Teatro - O Conto dos 3 Conselhos -  Praça da Matriz
21h30 - Espetáculo Circense Hoje tem espetáculo? Tem sim, Senhor! - Tenda na Praça da Matriz
22h - Show da banda Cacimba de Aluá - Praça da Estação
23h30 - Show da banda Tribo de Jah - Praça da Estação

17 de dezembro (sábado)
9h - Exibição de filmes - As aventuras de Azur e Asmar (longa) e A Feira da Fantasia (curta) - Salão Paroquial
9h - III Salão de Artes Plásticas - Casa de Antônio Conselheiro
15h - Teatro de Bonecos com o Grupo Formosura - O Boi Estrela - Salão Paroquial
17h - Teatro infantil com a Cia Arrumação - A Princesa e o Piolho - Teatro do Memorial Antônio Conselheiro
18h - Teatro de Bonecos com o Grupo Formosura - A Bruxa Catifunda - na Tenda na Praça da Matriz
18h30 - Hora do palhaço, com Palhaço Baratinha - Tenda na Praça da Matriz
19h30 - Cerimônia de entrega do Troféu Benjamin - Auditório do Hotel Veredas do Sertão
20h30 - Teatro com a Cia. Mais Caras de Teatro - Pratativando -Teatro do Memorial Antônio Conselheiro
21h30 - Grupo de Dança do Pólo Antônio Holanda Cavalcante - Tenda na Praça da Matriz
22h - Show musical de John Robson e Banda - Praça da Estação
23h30 - Show musical de Chico Pessoa - Praça da Estação

18 de dezembro (domingo)
8h - Exibição de filmes - O Reino dos gatos (longa) e A galinha Dorotéia e a semente dourada (curta) - Salão Paroquial
9h - III Salão de Artes Plásticas - Casa de Antônio Conselheiro
15h - Espetáculo Infantil com a Residência Artística de Sapateado - Confia em mim - Teatro do Memorial Antônio Conselheiro
16 h - Teatro de Bonecos com o Grupo Formosura - A Bruxa Catifunda - Tenda Praça da Matriz
17h - Hora do Palhaço, com Palhaço Colorau - Tenda na Praça da Matriz
18h - Espetáculo circense com a Trupe Cangaias - O Santo e a Porca - Tenda na Praça da Matriz
20h - Encerramento oficial - Praça da Estação
21h - Show de Azanias e banda - Praça da Estação
22h - Show da banda Fulô da Aurora - Praça da Estação
00h - Show da banda Dona Zefinha - Praça da Estação

Fortaleza recebe FUI

Festival União da Ibiapaba realiza, hoje e amanhã, edição em Fortaleza. O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura recebe shows e palestras. A programação é gratuita

Reisado de Mestre Antônio: grupos são algumas das atrações da edição do FUI em Fortaleza

Cultura de casa vai ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. É esta a proposta da sexta edição do Festival União da Ibiapaba (FUI). O evento acontece nos dias 15 e 16 de dezembro, em Fortaleza. Com programação de shows e seminários gratuitos, o projeto é uma iniciativa da Federação das Artes do Ceará (Fearte).

O FUI é uma amostra dos movimentos culturais realizados no interior do Estado, em especial na Serra da Ibiapaba, apresentando a potencialidade das manifestações, mapeando os festivais realizados na região e beneficiando o corredor cultural do Ceará.

"Queremos fazer aqui em Fortaleza um balanço das edições realizadas na Ibiapaba e provocando essa mão dupla de regionalização e integração das ações culturais. E como já acontece com o Festival Jazz & Blues, aqui há uma maior visibilidade e permite que as pessoas conheçam a riqueza cultural do interior", explica o presidente da Fearte, Rogério Soares, da dupla Regis & Rogério, uma das atrações do festival.

Nas edições anteriores, ocorridas em São Benedito, Ibiapina, Ubajara, Viçosa do Ceará e Tianguá, o FUI deu visibilidade a mais de 1 mil artistas, alcançando um público estimado de 260 mil pessoas. Também gerou cerca de 1,8 mil empregos diretos e indiretos.

Itinerância
Segundo os organizadores do FUI, o festival busca promover a itinerância regional da cultura e a educação através de oficinas. Os temas versam sobre capacitação e aprendizagem, turismo cultural, gastronomia, meio ambiente, responsabilidade social, saberes populares, entre outros.

Segundo o presidente da Feart, a programação do Festival União da Ibiapaba norteia-se em cinco eixos de mobilizações: desenvolvimento do corredor cultural da Ibiapaba com atividades culturais, exposição de produtos culturais da Ibiapaba e da região Norte para estimular a cadeia cultural produtiva, capacitação de jovens e idosos através da arte e da educação socioambiental, seminários temáticos e ações de responsabilidade social.

Na Capital, hoje, o Seminário Integração Cultural do Ceará acontece de 14 horas às 18 horas. "Convidamos 20 gestores de outros festivais para pensar formas de trocar experiências e promover essa itinerância cultural, porque expande as possibilidades de quem se apresenta", ressalta. Nomes como os do gestor cultural Geraldo Victor (que falará sobre o protagonismo e as políticas públicas de cultura), do compositor Manoel Correa Bignel (sobre o aspecto político da União) e do diretor de cinema Chico Terrah (a importância do audiovisual na consolidação e respeito de uma ação cultural) estarão presentes para discutir formas de protagonismo conjunto na promoção de diversos festivais culturais.

Já os shows acontecem amanhã, a partir das 20 horas, no anfiteatro do Dragão do Mar. A programação inclui grupos culturais como o Reisado do Mestre Antônio, dramistas e grupo Divino Movimento, além de bandas e cantores como Davi Duarte, Régis e Rogério, Banda Emoção e Batucada Elétrica.

A iniciativa conta com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), Assembleia Legislativa, Prefeitura de Tianguá e Serviço Social do Comércio (Sesc Ceará).

MAIS INFORMAÇÕES
Festival União Ibiapaba. Amanhã, às 20 horas, no anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Rua Dragão do Mar, 81). Gratuito. Contato: (85) 3488. 8600

KAROLINE VIANA
REPÓRTER

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Oficina Plano Museológico: implantação, gestão e organização dos museus.

 Museu Dom José Sobral-Fonte Blog Aracatiaçu em ação

A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, por meio do Sistema Estadual de Museus (SEM/CE) vinculado à Secretaria da Cultura do Estado, da Universidade do Parlamento e do Memorial da Assembléia Legislativa, promove, entre os dias 14, 15 e 16 de Dezembro, no Auditório Murilo Aguiar, a oficina Plano Museológico: implantação, gestão e organização dos museus.

A oficina faz parte do Programa de Capacitação Museologia do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). A novidade desta atividade é que a mesma será transmitida instantaneamente por meio de videoconferência para as cidades de Aracati, Sobral, Tae Juazeiro do Norte. O projeto piloto visa ampliar de maneira significativa o número de profissionais capacitados no Estado.

O curso será realizado pelo professor Valdemar de Assis Lima: Poeta, Museólogo e Arte Educador. Bacharel em Museologia (com habilitação em Museus de Arte e Museus de História) pela Universidade Federal da Bahia – UFBA e pós-graduado em Arte Educação pela Escola de Belas Artes da UFBA. Atualmente é Técnico em assuntos culturais / Museólogo do Departamento de Processos Museais do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM.

Abaixo segue a lista dos locais que receberão a transmissão do curso por meio de videoconferência:
Aracati: Instituto Federal do Ceará - IFCE (Rua Teófilo Pinto S/n Centro, fone: 88 - 34213556) Juazeiro do Norte: FATEC (Rua Amália Xavier derOliveira, s/n Triângulo, fone: 88 – 35664051)
Tauá: Cidade Digital (Rua Abigail Sidrão s/n Bairro Colibris 88 -34373259)
Em Sobral a transmissão do curso por meio de videoconferência será na Câmara Municipal (Praça Dom Jerônimo s/n 88 - 36110870), nos seguintes horários:
• 14/12 (Quarta) - 08hs às 11:30hs.
• 15/12 (Quinta) - 08hs às 11:30hs.
• 16/12 (Sexta) - 08hs às 11:30hs/ 14hs às 17hs.

Ementa do curso Plano Museológico: implantação, gestão e organização dos museus. Conceitos de museu e museologia. Conceitos de projeto, programa e plano museológico. O plano como trabalho coletivo: importância, vantagens e limites. Metodologia para elaboração e implantação do plano museológico. Identificação da missão institucional: finalidades, valores, metas e funções. Identificação de públicos e parceiros. Critérios para avaliação do plano museológico. O diálogo entre o plano museológico e a Política Nacional de Museus. Legislação e documentos institucionais: ata de fundação, decreto de criação, estatuto e regimento interno. Códigos de ética do Conselho Internacional de Museus e do Conselho Federal de Museologia.

Fonte: Secult-Ce

Acarauense Aline Bussons premiada no II Concurso Cepe de Literatura Infantil e Juvenil


A Companhia Editora de Pernambuco – Cepe anunciou o resultado do II Concurso Cepe de Literatura Infantil e Juvenil, promovido em 2011. Na categoria Infantil os vencedores foram a mineira Maria Ângela Haddad Villas (Mariângela Haddad), com o livro O mar de Fiote, primeira colocada; a jornalista pernambucana Adriana Pimentel Victor, segunda colocada com a obra Maria das vontades; e a cearense Aline Maria Freitas Bussons, com O hipopótamo que tinha ideias demais, terceira classificada. Na categoria Juvenil, a obra vencedora foi O dia em que os gatos aprenderam a tocar jazz, de Pedro Henrique Barros Portela da Silva, do Rio de Janeiro; seguindo-se A valente princesa Valéria, de João Paulo Vaz, também do Rio de Janeiro, segundo colocado; e O decifrador de poemas, de Viviane Veiga Távora, de São Paulo, terceira colocada.

Os prêmios são idênticos para cada categoria: oito mil para o primeiro lugar, cinco mil para o segundo colocado e três mil para o terceiro. Não houve menções honrosas. Concorreram 333 obras, sendo apenas 59 na modalidade juvenil, o que demonstra o boom que a literatura infantil vem vivendo nos últimos anos, alavancada por ótimos textos e excelentes ilustrações e projetos gráficos. A comissão julgadora foi composta pelo jornalista e escritor Cícero Belmar; escritor Conrado Falbo; especialista em crítica literária Luiz Reis; a mestra e doutoranda em Linguística, cujo objeto de estudo são os contos de fadas, Simone de Campos Reis; e a assessora pedagógica de bibliotecas comunitárias e agente de formação de leitores, Carmem Lúcia Bizerra Bandeira, colunista do site Interpoética. A comissão julgadora considerou critérios subjetivos como criatividade, originalidade, representação de gênero, prazer da leitura, entre outros.

Mariângela Haddad é bastante conhecida como ilustradora, tendo recebido diversas menções "Altamente Recomendável" da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (RJ) e o Prêmio de Incentivo do NOMA, Japão, em 1996. Começou a escrever em 2009, quando ganhou o concurso 5º Prêmio Barco a Vapor, da Fundação SM, São Paulo, com o livro O Sumiço da Pantufa. O livro O mar de Fiote, que venceu o concurso da Cepe na categoria Infantil, fala da descoberta de um mar inusitado e o início de uma amizade improvável, tendo como cenário uma cidade do interior. “Cheguei a imaginar o estranhamento que esse "mar mineiro" causaria num concurso de literatura promovido à beira-mar... Concursos são assim, indispensáveis, importantes, bem-vindos e causadores de frios na barriga”, disse ela.
Foi a primeira vez que Pedro Henrique Barros Portela, vencedor na categoria Juvenil, participou de um concurso literário. O texto foi escrito no final de 2010, “mais pelo exercício da escrita e pelo prazer imediatista dela”. A inspiração veio de sua admiração por gatos e pelo jazz, estilo musical que mais aprecia. A inscrição no concurso teve também o objetivo de ajudar a superar o medo da crítica. Ele confessa que ficou “atônito” com a notícia sobre o prêmio. “Nunca tinha ganho nada dessa forma antes, então não sabia como se reage a uma notícia dessas”.

CONCURSO SE CONSOLIDA – A repercussão do I Concurso Cepe de Literatura Infantil e Juvenil, realizado em 2010, e a qualidade editorial e gráfica dos livros que foram lançados em 2011, deixaram os vencedores do II Concurso com uma grande expectativa. Aline Bussons, professora de língua portuguesa da Universidade Regional do Cariri, no Ceará, que tem dois livros infantis publicados - Uma baleia muito esperta e Raulzito, o jacaré – diz que tenta “trabalhar com as temáticas da liberdade individual, do direito de sonhar e de estar na contramão das imposições da coletividade. Quando escrevi a história do hipopótamo Everardo, procurei trazer essas ideias pro texto. Essa premiação é muito importante, pois dará visibilidade ao meu trabalho. Uma ótima oportunidade de publicação e de divulgação de livros. Além disso, sinto uma grande satisfação em saber que minha obra será divulgada por uma editora de Pernambuco e lida pelas crianças pernambucanas!”

João Paulo Vaz diz que “os concursos literários têm sido fundamentais” na sua carreira de escritor. Ele tem quatro livros publicados, dois deles através de concursos. As brincadeiras de princesas e aventuras das netas Janaína e Beatriz, de oito anos, foram a inspiração para escrever A valente princesa Valéria, que foge da narrativa tradicional ao colocar a princesa como salvadora do príncipe e depois os dois, para ganhar a liberdade, enfrentam juntos uma série de obstáculos.

Maria das vontades é o primeiro livro infantil da pernambucana Adriana Victor. Ex-repórter da Rede Globo Nordeste, ela tem reportagens publicadas em diversos jornais e revistas do país; é coautora de Ariano Suassuna: Um Perfil Biográfico, publicado pela editora Zahar, e autora dos textos de Encourados - Inventário Fotográfico, Investigação Sonora e Registros Escritos sobre o Vaqueiro e a Lida com o Gado. Em outubro de 2011, lançou Bonecos na Ladeira, livro sobre os gigantes do Carnaval de Olinda.

Viviane Veiga, de São Paulo, disse que ter um livro escolhido em um concurso nacional, como o da Cepe, “é uma alegria imensa para qualquer escritor”. Vencedora em dois concursos de poesia, esta é sua estreia em prosa e a primeira experiência voltada para o leitor juvenil. “Eu espero que o leitor se aproprie do texto e da poesia escondida nas páginas do Decifrador de poemas”. Viviane tem publicada a obra Mareliques da praia-louca, com ilustrações de Walther Moreira Santos (Editora Bicho Que Lê, PE), que venceu o Concurso PROAC de Publicação de Livros no Estado de São Paulo, da Secretaria de Estado da Cultura. O MEC vai publicar sua obra Pé de alguma coisa pede outra, que venceu o II Concurso Literatura Para Todos, realizado pelo Ministério da Educação. Em 2012 deverá ser publicado também o Cordel de Teresinha, vencedor do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel – Edição Patativa do Assaré, do Ministério da Cultura.

Fonte: CEPE

Livro de escritora acarauense é lançado pelas Edições Demócrito Rocha


A escritora acarauense Aline Bussons teve sua obra de literatura infantil intitulada “Uma baleia muito esperta” publicada pelas Edições Demócrito Rocha, do Grupo de Comunicação O Povo. O lançamento da obra aconteceu no último sábado (10/12) no auditório da Livraria Cultura, no bairro Aldeota, em Fortaleza.
Aline Bussons na tarde de autógrafos na Livraria Cultura Foto: Júlia Cordeiro

O livro, que custa R$ 18,50, conta a história de uma baleia que, de tão esperta, ensina até as diferenças de mamíferos, como ela, de peixes. Aline Bussons é estreante na literatura e uniu seu amor pelo mar à experiência como professora na elaboração do livro, que apresenta ilustrações de Guabiras. No lançamento, Bussons participou de uma sessão de autógrafos e sua obra foi adaptada a musical produzido por Marcelino Câmara. Além do livro de Bussons, a Demócrito Rocha fez o lançamento de mais quatro obras da literatura infantil.

Júlia Cordeiro e Aline Bussons-Tarde de autógrafos

SERVIÇO
"Uma baleia muito esperta"
Edições Demócrito Rocha
R$ 18,50
Endereço da Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282 - Joaquim Távora - Fortaleza - CE
E-mail: fundacao@fdr.com.br
Mais informações: (85)4008.0800
                             (85)3255.6270


Livro narra a história da crise existencial de uma baleia

"Uma baleia muito esperta" já havia sido lançado em 2010, no Centro Cultural Bom Jardim e no Dragão do Mar, com direito a contação de história

Roberta era uma baleia feliz e tranquila que levava uma vida normal no oceano. Até que um dia, tudo muda a sua volta quando uma outra baleia, Georgina, lhe diz que baleias não são peixes, e sim mamíferos. A confusão está feita e Roberta e mais um outro grupo de cachalotes passam a se questionar se são peixes, mamíferos e até mesmo répteis ou aves.

A partir dessa premissa simples, a autora Aline Bussons, em seu primeiro livro infantil, apresenta uma discussão lúdica acerca do conhecimento científico. A baleia Roberta passa por um dilema existencial e levanta uma série de questões sobre identidade e relações sociais. "Gosto de literatura infantil por causa da simplicidade", afirma a autora Aline Bussons. "A ideia do livro é criticar a ciência e todas as classificações e rótulos que ela traz", explica. "O livro discute temas filosóficos a partir dos enquadramentos que a sociedade faz". Isso tudo, claro, com uma linguagem infantil e lúdica. "Acho bacana que cada leitor tire suas próprias conclusões", afirma a escritora.

Para tornar o lançamento de "Uma baleia muito esperta" ainda mais interessante para a criançada, em pleno mês de férias, a professora da UFC, Elvira Drummond, especialista em literatura infantil, realiza a contação da história, dando vida aos dilemas existenciais de Roberta e seus amigos. 

Fonte: Diário do Nordeste-Publicado em 9 de janeiro de 2010

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Livro resgata inventário da arquitetura de Iguatu

Historiadora e fotógrafa Gardevânia Farias revela imagens raras e aborda a falta de preservação de imóveis

O livro traz, entre outras imagens, a fachada do antigo casarão de Otaviano Benevides, em Iguatu. O imóvel foi demolido para construção da Caixa Econômica Federal HONÓRIO BARBOSA

Iguatu Esta cidade, que foi polo da região Centro-Sul ao longo do século passado, registrou uma forte expansão comercial após a chegada da ferrovia. Com o tempo, optou-se por substituir casarões e lojas em estilo eclético por edificações modernas, nem sempre de bom gosto.

O passado ficou nas lembranças dos moradores mais antigos, mas agora foi resgatado em forma de livro sob o título "O conciso inventário do patrimônio histórico e arquitetônico de Iguatu", da historiadora e fotógrafa Gardevânia Farias.

O livro foi lançado no auditório do Centro de Atividades do Sesc de Iguatu e vem obtendo ampla repercussão entre os leitores. Dividido em três partes, a publicação apresenta bom acabamento e traz significativas fotos do patrimônio existente, inexistente e um recorte da antiga e atual Praça da Matriz de Senhora Sant´Ana, que no passado era denominado de Quadro.

O leitor encontrará em cada página imagens da memória do antigo núcleo urbano. Para a geração mais nova, surpresas. Para os que vivenciaram o passado não tão longínquo, até a década de 1970, recordações de um tempo nostálgico. "Eu queria que as pessoas conhecessem os casarões que existiram em nossa cidade", disse a autora. "É preciso reconhecer a nossa história e, com urgência, preservar os imóveis ainda existentes".

O arquiteto Brennand Bandeira explicou que a maioria dos imóveis construídos no final do século XIX e no século XX deve ser classificada como estilo eclético.

"Há alguns exemplares que receberam influência da "art déco", como o prédio dos Correios, do Senac e do Grupo Escolar Carlos de Gouvêa", observa. "A obra contribui para a educação patrimonial e mostra face a face o passado, quando Iguatu buscava a urbanização, e o presente, legado à custa do assassinato da memória".

Bandeira observa que a obra emociona os leitores pelo resgate da imagem fotográfica. "É quase impossível folhearmos suas páginas sem que nos sintamos comovidos pela perda inexorável da beleza. Não é de saudosismo ou romantismo o que falo, mas do sentimento de incompletude quando temos que vivenciar o ´novo´ sem qualquer vestígio do ontem", observou o arquiteto.

Perda de acervos
O professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Romeu Duarte Júnior, destacou a importância da publicação nesses tempos que ele denominou como confuso e de destruição de acervos históricos e culturais. "A obra é relevante por apresentar um registro do que ainda existe e por despertar um sentimento de preservação, em meio à urgência das tentativas de salvaguarda, bem como à incúria e ao desmazelo".

Para Romeu Duarte, ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Ceará (Iphan), no Ceará, "o presente trabalho é um lembrete a todos nós, sujeitos públicos e privados, acerca de nossas responsabilidades para com a proteção do patrimônio cultural".

A coordenadora de Cultura do Sesc, em Iguatu, Patrícia Vênus, observa que "a obra é capaz de causar estranhamento naqueles que jamais apontariam como patrimônio as geralmente velhas e mal conservadas fachadas pelas quais passam cotidianamente e delicadeza naqueles que lamentarão a destruição dos últimos resquícios do passado local".

Das dezenas de casarões tombaram ao longo da história no entorno de praças da cidade, poucos exemplares resistiram ao tempo. Fotos antigas revelam quão diferentes eram as edificações dos antigos casarões e a própria Praça da Matriz, um espaço público modificado várias vezes. Há mostra do antigo altar, de imagens e relato da história da implantação do templo pelos padres carmelitas.

No Bairro Santo Antônio, com a fachada recentemente reformada e preservada, encontra-se o antigo Hospital Santo Antônio dos Pobres, construído no primeiro quartel do século passado, pelo médico e político Manoel Carlos de Gouvêa. Em breve, o imóvel vai abrigar a 18ª Célula Regional de Saúde. Folhear as páginas do livro é viajar na história, conhecer e reconhecer antigos imóveis e deparar com a triste realidade de que quase nada foi preservado.

MAIS INFORMAÇÕES

Gardevânia Farias
Telefone: (88) 9618. 2696
Livraria Informativa: Abrigo Metálico, Centro. Telefone: (88) 3581. 3506


Honório Barbosa
Repórter

Por um país de leitores

À frente da Diretoria de Livro, Leitura e Literatura (DLLL) do Ministério da Cultura, o cearense Fabiano dos Santos fala sobre os projetos para 2012 e o desafio de transformar o Brasil em um País de leitores

Fabiano dos Santos: ações têm que ir além do livro
FABIANE DE PAULA

O desafio é árduo: pensar políticas públicas de fomento ao livro e à leitura em um país de poucos leitores (apesar de seus grandes escritores), livros caros, poucas e pobres bibliotecas e intensamente marcado pela desigualdade social, quadro agravado ainda pela má qualidade do ensino público. Eis a tarefa que o cearense Fabiano dos Santos assumiu em 2007 no Ministério da Cultura, à frente da Diretoria de Livro, Leitura e Literatura (DLLL).

Ele esteve em Fortaleza na última quarta-feira, dia 7, acompanhado da ministra da Cultura, Ana de Hollanda e do diretor da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, para lançar o resultado do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel. O prêmio é uma das ações da DLLL. Para 2012, Fabiano dos Santos anuncia uma série de projetos, o que inclui editais voltados para a criação, produção, difusão e pesquisa, ampliação do projeto Agentes de Leitura e comenta os impactos que o Vale Cultura promete no mercado editorial brasileiro.

"Política pública de livro se faz com política pública que tem que ir para além do livro. Inclui fomento, aquisição de acervo, formação de leitores, ações voltadas para a literatura, para fomentar processos de criação e difusão", inicia a conversa, dimensionando a amplitude do trabalho da DLLL.

Fomento
A avalanche de títulos estrangeiros e outros de qualidade duvidosa, mas com forte apelo comercial, conta Fabiano, é outra preocupação. Ele avalia que a ausência de bons títulos nacionais nas listas de mais vendidos se deve, em parte, a falta de aposta dos editores em nossos escritores e, por consequência, no pouco investimento na divulgação das obras, pouco destaque nas livrarias, etc.

"Em termos de políticas públicas, é preciso criar condições para que literatura brasileira seja exercitada. Isso é uma premissa. Da mesma forma, o mercado editorial tem que criar espaços para que essa literatura seja publicada", argumenta.

Pelo menos quatro editais para o setor serão lançados em 2012. A segunda edição do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel, anunciado por Ana de Hollanda já no encontro da última quarta-feira, voltada para criação, produção, difusão e pesquisa.

O edital Leitura Para Todos irá financiar projetos sociais de incentivo à leitura. Voltado para entidades da sociedade civil, irá contemplar iniciativas de formação e ação de mediadores de leitura, também projetos voltados para leitura em espaços não convencionais e de vulnerabilidade social - hospitais presídios, estações de trem, fábricas - e uma terceira categoria para criação e manutenção de bibliotecas comunitárias.

Fabiano destaca ainda um edital específico de fomento a periódicos literários. "O Brasil tem um número expressivo desses periódicos. A ideia é qualificar a produção, distribuição e comercialização disso, incluindo publicações impressas e digitais", detalha o escritor e gestor cultural.

Outra iniciativa importante será um edital de literatura para bolsas de criação, formação circulação, intercâmbio e residência literária. "A ideia é que (o edital) seja lançado em fevereiro, no máximo em março de 2012", antecipa Fabiano.

Feiras
Para o Ceará, Fabiano anuncia que já está firmado entre o Ministério da Cultura e a Secretaria da Cultura do Estado uma parceria para a realização de uma série de oito feiras de livro em cidade do interior, distribuídas entre as macrorregiões. "Elas fazem parte de um projeto para potencializar feiras existente, mas também apoiar novas. No Ceará, o investimento será de, aproximadamente, R$1 milhão por parte do MinC/FBN (Fundação Biblioteca Nacional) e R$1 milhão, em contrapartida do Governo do Estado do Ceará", explica.

A ação deve seguir um modelo já experimentado em 2010 no Estado, de promover feiras no interior como uma espécie de preparação para a Bienal Internacional do Livro. Na época, o projeto foi suspenso após a realização de sua segunda edição do evento por falta de verba.

Outra ação prevista para 2012, anunciada por Fabiano, é a das Caravanas de Escritores. O projeto financiará a participação de grupos de escritores em eventos dedicados a literatura, bancando o transporte dos autores e o cachê para realização de palestras. "Vamos criar um banco para que escritores se inscrevam e escolas, feiras, bibliotecas, possam solicitá-los", explica.

Mercado
Duas ações importantes de fomento à cadeia produtiva do livro, segundo Fabiano, devem ser postas em prática também em 2012. Primeiro, o Programa do Livro Popular, anunciado pela presidente Dilma Rousseff, em setembro passado, durante a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro 2011. Gerido pela Fundação Biblioteca Nacional, o programa deve fomentar a produção e comercialização de livros com o preço máximo de R$ 10.

Autores e editores poderão inscrever seus títulos, via edital, que também selecionará, em um segundo momento, pontos de venda interessados em disponibilizar os livros mais baratos.

"Essa é uma das ações mais importantes para que mercado possa se preparar para a implantação do Vale Cultura", destaca. Ele espera que o Vale Cultura seja aprovado na Câmara dos Deputados ainda no primeiro semestre de 2012.

O projeto prevê vales mensais no valor de R$ 50 a serem disponibilizados para os trabalhadores, à exemplo do vale-transporte e alimentação.

"Hoje você consegue comprar um CD de qualidade por R$9,90. Você vai em um cinema, em horários especiais, que a sessão não passa de R$10. Consegue ir a espetáculos de dança, teatro. Mas se o cara vai na livraria e vê livro, R$ 40, R$ 50... O mercado editorial brasileiro precisa se preparar para o Vale Cultura", argumenta.

Ele encerra citando uma frase de Monteiro Lobato que, ampliada, resume a proposta das ações da DLLL: "Um País se faz com homens, mulheres, livros, leitura, literatura e bibliotecas. Um pais se faz com leitura".

Engodo burocrático
Convidado ainda na gestão de Juca Ferreira para o MinC, Henilton Menezes fala do desafio de destravar burocraticamente uma pasta chave para todas as outras: a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic)

Henilton Menezes: Quando assumi a secretaria, o Juca Ferreira brincava que ela tinha 90% dos problemas do Ministério

Um dos pontos mais complicados quando se trata de políticas públicas para a cultura, independente da instância ou do gestor, sem sombra de dúvidas, diz respeito ao patrocínio de ações culturais, desenvolvidas por artistas e agentes e entidades, selecionadas ou não por edital. Sempre há alguém insatisfeito.

Cria do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), onde era gerente de gestão da cultura, Henilton Parente de Menezes foi o mago convidado no final de 2009, pelo então ministro Juca Ferreira, para desatar este nó e colocar o Ministério da Cultura nos eixos.

Mantido com toda sua equipe intacta na gestão de Ana de Hollanda, Henilton remonta os desafios encontrados quando de sua chegada à pasta e adianta mudanças importantes que estão por vir em 2012.

"Eu assumi a secretaria no último ano da gestão do Juca. Naquela época, ele brincava que a Sefic tinha 90% dos problemas do ministério. Ela é uma secretaria da qual todas as outras dependem", conta.

Entre os principais problemas, lembra, estavam a péssima relação entre proponentes de projetos culturais e o Ministério, a demora no andamento dos processos, prestação de contas ruim, insatisfação dos funcionários da casa e falta de transparência na seleção dos projetos. "Já haviam passado três secretários e não resolviam o problema do Sefic. Eu encarei isso como desafio", diz.

Burocracia
Um dos grandes desafios, conta Henilton, aprimorar a estrutura burocrática da casa, eliminando procedimentos desnecessário e dando agilidade aos processos. "Nós éramos regulados por sete portarias. Quando parei para analisar uma a uma, percebi que em alguns casos uma acabava desdizendo o que a outra dizia. Encontrei um monte de procedimentos em que eu perguntava ´porque se faz isso?´. ´Porque é exigido por lei´, respondiam. Mas não estava escrito em canto nenhum. Isso fazia com que o sistema não andasse", conta.

Na época foi feita ainda uma análise do fluxo seguido pelos processos protocolados na casa para estudar a melhor maneira de condução entre a protoco-lação pelos artistas e o parecer final. "O tempo médio de uma aprovação de um processo na Sefic era de 127 dias. Encurtamos para 37 (em média)", ilustra. Em 2011, a pasta conta com um orçamento aprovado para captação de recursos via renúncia fiscal de R$ 1.354.423. Deste, até o momento, foram captados pouco mais da metade, valor que, segundo a assessoria da Sefic, deve ter um salto significativo neste período de fim de ano, quando as empresas costumam autorizar a liberação de recursos para os projetos.

Além da melhora na eficiência do mecanismo burocrático, Henilton cita mudanças fundamentais como a implantação de um grupo de gestão compartilhada dos recursos do Fundo Nacional de Cultura, como uma forma de dar mais credibilidade ao mecanismo de seleção das propostas e o investimento na melhora da relação entre os técnicos da secretaria e os proponentes de projetos culturais. "Os técnicos eram proibido de falar com os proponentes. Eu dizia: ´Pessoal, a Sefic não existe, ou não existiria, se não houvessem proponentes. Ele é o meu principal cliente, como trato mal esse cara?´", lembra.

Metas
A Sefic deve finalizar, em 2012, um sistema de processos computadorizados. De acordo com Henilton, o novo recurso deve diminuir ainda mais o tempo de fluxo dos projetos, além de oferecer maiores facilidades aos proponentes. Outra meta, segundo o secretário, é diminuir o passivo de prestação de contas da casa. "Esse era um dos principais problemas", diz.

Estão programadas ainda duas grandes discussões que afetam diretamente o funcionamento da Sefic: a implantação da nova Lei Rouanet, que regulamenta o sistema de financiamento de projetos via isenção fiscal, caso essa seja aprovada. "(A transição entre o modelo novo e antigo) é um trabalho bastante complexo. Não posso simplesmente virar a página. Uma lei sai, a outra entra, mas os projetos aprovados na lei antiga têm que ser concluídos. Vou ter, mais ou menos, três anos de convivência entre os dois mecanismos", explica.

A outra novidade é a implantação do Vale Cultura "que também é um projeto de bastante fôlego", diz. Henilton estima que o orçamento anual Vale deve chegar a sete bilhões. "É como se tivesse implantando quatro Leis Rouanet", compara.

FÁBIO MARQUES
REPÓRTER

Preservadores da História

Museólogos estudam museus e interagem culturas. Aos poucos, eles ganham mais espaço no Brasil, mas ainda precisam de reconhecimento

Museólogos são essenciais na organização de exposições para o grande público (FOTO: BANCO DE DADOS)

Museologia é a ciência responsável por estudar museus e as interações entre diversas culturas. Nesses espaços, as sociedades têm acesso às mais variadas peças históricas, que fazem parte do patrimônio material da humanidade. São lugares abertos ao público para possibilitar o contato com outros tempos e culturas conservadas para deleite e aprendizagem.

O responsável pelo trabalho de preservação nesses espaços é o museólogo, que estuda História da Arte, Ciências Humanas, Arqueologia e História Geral. O profissional desenvolve técnicas de conservação e restauração de materiais através de princípios químicos e físicos. Museóloga da Casa José de Alencar, Márcia Oliveira diz que a Museologia “é um campo em crescimento, mas as pessoas ainda não conhecem a profissão”.

Segundo Márcia, que é formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a ausência de formação na área dificulta o crescimento da profissão. No Brasil, existem 15 cursos de formação em Museologia. Apesar do crescimento do número de profissionais, há historiadores que exercem informalmente a profissão de museólogo.

O museólogo pode atuar também no magistério superior e na capacitação de equipes de instituições museológicas, podendo trabalhar em todos os tipos de museus, dos mais tradicionais aos mais contemporâneos.

Salário

Museóloga do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc), Graciele Siqueira diz que são os baixos salários pagos a estes profissionais e a falta de incentivo público para a realização de melhorias dos espaços expositivos e administrativos que contribuem para isso. Segundo Graciele, um museólogo hoje recebe em torno de R$ 2 mil e R$ 2.500, mas o piso do Conselho Federal de Museologia estipula o valor de R$ 5.026,69 para uma jornada de 40 horas semanais. 

Saiba mais

Formação
No Nordeste, as únicas universidades que oferecem cursos de graduação em Museologia são a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Bate-pronto

O POVO - Por que você escolheu essa profissão?
Graciele - Escolhi cursar a Faculdade de Museologia, aos 15 anos, pela possibilidade de trabalhar com os mais diversos tipos de acervos e de instituições museológicas e com pesquisa, montagem de exposições, conservação de acervo, ação educativa e gestão.

O POVO - Quais são as maiores dificuldades?
Graciele - Ainda existe preconceito de algumas áreas do conhecimento contra os museólogos. Este fenômeno ocorre, principalmente, em estados que não possuem a graduação e onde os trabalhos específicos da função de museólogo são exercidos por outros profissionais. Outra dificuldade é a falta de concursos e de contratação de equipes interdisciplinares; e falta de incentivo à população para visitar os museus.

O POVO - Como é o mercado de trabalho?
Graciele - O mercado de trabalho encontra-se com mais oportunidades, uma vez que tem havido número considerável de concursos. É possível atuar como prestador de serviços e como consultor em museus e coleções particulares.

Graciele Siqueira é museóloga e Mestre em Museologia e Patrimônio pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
EM BAIXA

RESPEITO
Salário abaixo do exigido pelo Conselho de Museologia é prova concreta da falta de valorização da profissão de museólogo. Muitos historiadores ainda ocupam irregularmente as vagas nos museus.
EM ALTA

SALÁRIO
A maioria dos museus paga entre R$ 2 mil e R$ 2.500, mas o piso exigido pelo Conselho é de R$ 5.026,69 para 40 horas semanais. Vale exigir o colocado em lei.
Opções
"O museólogo também pode ensinar em faculdades".

Danilo Castro
ESPECIAL PARA O POVOtrabalho@opovo.com.br 

Fonte: O Povo

Luiz Gonzaga for all

A DIMENSÃO de Luiz Gonzaga fará de seu centenário uma festa de todo País. No Ceará, as comemorações começam a ser ensaiadas

Nos anos 80, o público lotou o Ginásio Paulo Sarasate para ver Luiz Gonzaga. Na segunda sanfona está Sirano (BANCO DE DADOS )

Primeiro pela proximidade entre Exu e o Cariri, depois pelo serviço militar prestado durante a juventude no 23º Batalhão de Caçadores de Fortaleza e, por último, pela prolífica parceria com o compositor cearense Humberto Teixeira, o Ceará nunca foi estranho ao pernambucano Luiz Gonzaga. A recíproca é verdadeira, ou quase isso. Às portas de 2012, não há ainda uma programação definida das homenagens no estado. Por outro lado, a realização do primeiro Dia Municipal do Forró em Fortaleza na próxima terça-feira (13), dia do aniversário de 99 anos de Gonzagão, deve inspirar ações para o ano.

“Será o primeiro grande momento das comemorações”, avisa Walter Medeiros, 49 anos, presidente da Associação Cearense do Forró (ACF) e proprietário da casa de shows Kukukaya. A data foi aprovada por unanimidade no último mês de março em votação na Câmara Municipal e será comemorada depois de amanhã no Polo de Lazer Luiz Gonzaga, no Conjunto Ceará, com a participação de mais de 20 forrozeiros. Cada um cantará duas músicas, uma de sua autoria e outra do repertório de Gonzagão. Entre os nomes estão Messias Holanda, Neo Pi Neo, Os Januários, Adelson Viana e Cacimba de Aluá. Além disso, ainda participarão a Orquestra Sanfonas do Ceará e o Balé Folclórico Arte Popular. A festa acontece a partir das 18 horas, com entrada franca.

Já para 2012, o presidente da ACF afirma que, apesar de não se ter nada definido, os titulares das secretarias da Cultura do Estado e do Município já sinalizaram positivamente para a realização de outros eventos. Uma das ideias é realizar um grande festival de forró itinerante no estado, culminando na capital ou no Cariri cearense.

O estado, que se transformou nas últimas décadas no maior exportador de forró eletrônico do País – fato que faz muitos dos cearenses admiradores de Luiz Gonzaga abrirem parênteses sempre que falam de forró –, não deixou de lado suas raízes, o que significa dizer, não abandonou o “forró de verdade”, o “forró tradicional”, aquele de pé-de-serra. Walter comprova isto com números.

Há doze anos, quando ele abriu o Kukukaya, casa de shows dedicada aos ritmos nordestinos, apenas o restaurante Maria Bonita também abrigava programação semelhante. Hoje, segundo levantamento recente, são pelo menos 20 locais. Outro dado. Na criação da Associação Cearense do Forró, dois anos atrás, nada menos do que 45 grupos de forró assinaram a ata de fundação. “O mercado está aquecido e a tendência é que ele cresça cada vez mais e Luiz Gonzaga sempre vai ser o nosso grande mestre”, fala Walter.

Forró inoxidável

Os dados tranquilizariam mestre Luiz. Na década de 1980, quando soube por Dominguinhos que um menino cearense de 15 anos tocava sanfona como gente grande, tratou de ir ao encontro do dito cujo. Acabou por apadrinhá-lo. “Naquela época não existia esse modismo de forró que depois veio a tomar conta do Brasil, aliás uma coisa que não tem nada a ver com o forró. Não tinha essa história, então os meninos mais jovens não queriam saber de sanfona e muito menos de forró. Se fossem querer enveredar pela música, iam tocar bateria, guitarra... O pop-rock brasileiro estava despontando. O seu Luiz estava preocupado com a extinção do instrumento”, relembra Waldonys, que do primeiro encontro com Luiz Gonzaga até sua morte, poucos anos depois, em 1989, se apresentou diversas vezes com ele.

Waldonys acalenta para o próximo ano uma homenagem ao padrinho, que deve se juntar aos seus 40 anos e aos 60 da Esquadrilha da Fumaça, outra de suas paixões. O projeto inclui um DVD no qual dividirá o palco com alguns músicos que compartilham com ele a admiração por Luiz, a exemplo do pernambucano Dominguinhos, seu constante parceiro até hoje.

Diretor do Museu da Imagem e do Som, o pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, também pretende contribuir com as movimentações do centenário. Este ano, já realizou um ciclo de palestra sobre os diversos aspectos da obra gonzagueana, que não se reduz apenas ao forró, se estendendo pelos gêneros carnavalescos e o choro. “O que eu quer fazer próximo ano é o mesmo trabalho, só que mais abalizado”, adianta Nirez. (Pedro Rocha)

Fonte: O Povo