sábado, 9 de julho de 2011

Revista Corsário-Navegar é preciso

O poeta Augusto de Campos, expoente da vanguarda concreta no Brasil, comparece na revista Corsário, em entrevista inédita e na tradução estática de um vídeo-poema
EDUARDO SIMÕES/PERSPECTIVA
Selo independente Corsário lança revista literária e projeto Rota das Especiarias, para a comercialização de obras de escritores cearenses

Há muito as editoras converteram-se em empresas, adotando um modelo econômico em que a qualidade literária e a ousadia de revelar novos autores não é valorizada. O catalão Enrique Vila-Matas escreveu, na forma de um romance-ensaio, um longo lamento pela extinção deste tipo engajado e apaixonado de editor.

Sem querer ressuscitar os motos, um selo editorial local tem reinventado esta postura. Com poucos anos de atividade, a Corsário partiu das águas da internet (onde surgiu, como site e revista virtual) para ganhar a forma de livros. Já foram lançados 10 - em projetos gráficos particulares e nada preguiçosos, que evocam o conteúdo das obras (em prosa e poesia).

À frente da Corsário está o casal de escritores Mardônio França e Katiusha de Moraes, dupla inquieta que se divide entre a criação literária, a reflexões sobre suas novas formas e os canais a serem abertos e o incentivo a autores cearenses ainda não consagrados.

As duas novas ações deste empreendimento, carregado de uma ideologia pró-literatura de invenção, são o lançamento de uma revista literária, em que cabem ficções, poemas, fotografias e ensaios, e a criação de um projeto de circulação e comercialização das obras de autores independentes.

Campo aberto

O primeiro número de Corsário (76 páginas, R$ 10), a revista, será lançado hoje, às 18 horas, no projeto Navegações Transversais, do Centro Cultural Banco do Nordeste. O tema que dá coesão ao material publicado é "Literatura e seus extensões". No lançamento, Katiusha de Moraes palestra sobre o diálogo entre a literatura contemporânea e os diversos suportes midiáticos. Fala, sem dúvida, próxima de seu artigo presente na revista - "Jingle bells, jingle bells... acabou o papel", em que autora reflete sobre o tão alardeado fim do livro convencional, como objeto de papel.

Com três números programados, a revista estreia com colaborações de Augusto de Campos, expoente da Poesia Concreta, que comparece em uma entrevista inédita; do editor baiano Edson Cruz, do referencial portal literário Cronópios (www.cronopios.com.br); do pesquisador de cinema Henrique Dídimo (escrevendo sobre vídeo-poesia); dos escritores Pedro Salgueiro, Léo Mackellene Poeta de Meia-Tigela, dentro outros. A revista foi contemplado na categoria Edigar Alencar (revista literária/cultural), do editral do Prêmio Literário para Autores Cearenses, da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult). Os textos de Corsário também podem ser lidos gratuitamente na internet, no site da editora (www.corsario.art.br).

Enquanto faz os acertos finais nas próximas duas edições da Corsário, Mardônio e Katiusha preparam o projeto Rota das Especiarias - Temperos Literários. Inspirado nas antigas feiras medievais, eles pretendem transformar escritores em mercadores de sua própria arte. O projeto prevê oficinas e a organização de três feiras, em Messejana, no Benfica e na Cidade 2000. Informações e inscrições pelo site www.rotadasespeciarias.art.br

MAIS INFORMAÇÕES:
Lançamento da revista literária Corsário. Às 18 horas, no
Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Floriano Peixoto, 941 - Centro). Contato: (85) 3464.3108

Academia Sobralense de Letras-Homenagem a Sobral e Personalidades de destaque

Os homenageados com o Presidente e a Vice-Presidente da Academia.
Da esquerda para a direita: Mestra Anísia Rocha, Prof. Colaço Martins, Mons. Sadoc de Araújo,
Profª. Maria José Santos Ferreira Gomes, Prof. José Luís Lira, Profª. Tereza Ramos e o
Dr. José Clodoveu de Arruda Coelho Neto.
  
José Lira,Tereza Ramos e Totó Rios
Confira Matéria no Blog do Totó Rios: aqui

Academia Sobralense de Letras-Homenagem a Sobral e Personalidades de destaque

Vereador João Alberto Adeodato Júnior, Mons. Gonçalo Pinho, Prof. Antonio Colaço Martins, Mons. Sadoc de Araújo, Profª. Maria José Santos Ferreira Gomes, Prof. José Luís Lira, Profª. Tereza Ramos, Dr. Clodoveu Arruda, Profª. Izolda Cela e Prof. Raimundo Aragão.

Foi das mais significativas a sessão solene em homenagem ao Município de Sobral com entrega de títulos honoríficos. Com a presença de personalidades representativas da sociedade sobralense e da própria Academia, a solenidade foi presidida pelo Acadêmico José Luís Lira que logo na abertura de sessão explicou a importância do evento para Sobral, sua História e o reconhecimento das personalidades que seriam homenageadas na noite.

A mesa dirigente dos trabalhos, montada no palco principal do Theatro São João contou com a presença do Acadêmico José Luís Araújo Lira – Presidente; da Acadêmica Tereza Ramos – Vice-Presidente; do Dr. José Clodoveu de Arruda Coelho Neto – Prefeito Municipal de Sobral; da Dra. Izolda Cela – Secretária de Estado da Educação do Ceará; do Dr. João Alberto Adeodato Júnior – Presidente da Câmara Municipal de Sobral; do Dr. Antonio Colaço Martins – Reitor da Universidade Estadual Vale do Acaraú; da Profª. Maria José Santos Ferreira Gomes – homenageada; do Mons. Gonçalo de Pinho – Vigário Geral da Diocese de Sobral, representando o Sr. Bispo Diocesano; do Mons. Francisco Sadoc de Araújo e do Subsecretário de Cultura do Município, Dr. Raimundo Aragão. A Mestra Anísia Rocha foi considerada compondo a mesa, embora estando no auditório.

Abertos os trabalhos o Presidente passou a palavra ao Mons. Francisco Sadoc que, de improviso, fez uma bela homenagem ao Município de Sobral. Na sequência, o Presidente proclamou: “Chegou a hora de homenagear personalidades que, com suas atuações, contribuíram para o progresso da nossa Sobral. Os títulos honoríficos são aqueles concedidos pelos feitos, pela honra do homenageado e convidou a Acadêmica Tereza Ramos para fazer saudação aos novos sócio-honorários e à homenageada com o diploma de mérito cultural”.

A Acadêmica Tereza Ramos fez belíssima saudação aos homenageados, iniciando com texto de sua mãe, Dinorah Ramos, referindo-se ao aniversário de Sobral. Dirigindo-se aos homenageados, Tereza Ramos lembrou que ao redor do bolo de aniversário de Sobral estavam quatro professores: Luciano Arruda, Maria José Santos Ferreira Gomes, Antônio Colaço Martins e Mestra Anísia Rocha. Prosseguindo, foram entregues os diplomas de Sócio-Honorário ao Dr. Luciano de Arruda Coelho, representado pelo seu filho, Dr. José Clodoveu de Arruda Coelho, diploma entregue pelo Acadêmico Valdeci Vasconcelos; o Diploma da Professora Maria José Santos Ferreira Gomes foi entregue por sua ex-aluna Acadêmica Tereza Ramos. A Acadêmica Glória Giovana Saboya Mont’Alverne Girão, fez entrega do Diploma de Sócio-Honorário ao Professor Antonio Colaço Martins. O Diploma de Mérito Cultural à Mestra Anísia Rocha foi-lhe entregue onde ela estava pelo ex-Presidente, Acadêmico Evaristo Linhares Lima. Mestra Anísia, fez comovente agradecimento.

De moto-próprio da Presidência da Academia foram outorgados diplomas de reconhecimento ao Município de Sobral, recebido das mãos do Mons. Gonçalo de Pinho pelo Prefeito Municipal Clodoveu Arruda, e ao Mons. Francisco Sadoc de Araújo, que recebeu seu diploma das mãos do Presidente José Luís Lira. Usando, oficialmente, a palavra o Presidente demonstrou seu contentamento em promover a solene sessão comemorativa dos 238 anos de Sobral e de reconhecimento aos homenageados.

Finalmente, o Prefeito Municipal Clodoveu Arruda fez seus agradecimentos, demonstrando sua emoção de aquela sessão se realizar no tão tradicional Theatro São João que parecia unir passado e futuro no presente que se vivia naquele instante. Além dos Acadêmicos citados, compareceram Rebeca Viana, Gabriel de Assis, Arnaud Cavalcante, Hebert Rocha, Aloísio Ponte e João Edison de Andrade. Giovana Saboya representou o Presidente de Honra, Acadêmico José Teodoro Soares,Totó Rios de Acaraú.Após a sessão foi servido coquetel aos presentes.

Fonte: Academia Sobralense de Letras 


Mesa Diretora dos Trabalhos

Mons. Sadoc de Araújo, orador oficial

Tereza Ramos fazendo saudação aos homenageados

Clodoveu Arruda e Valdeci Vasconcelos

Tereza Ramos e Maria José Santos Ferreira Gomes

Antonio Colaço Martins e Giovana Saboya

Evaristo Linhares, Mestra Anísia e Aloísio Ponte

Mons. Gonçalo e Clodoveu Arruda

José Luís Lira e Mons. Sadoc de Araújo

Mestra Anísia agradecendo

José Luís Lira fazendo pronunciamento

Clodoveu Arruda fazendo pronunciamento

Acadêmicos e convidados.

Os homenageados com o Presidente e a Vice-Presidente da Academia.
Da esquerda para a direita: Mestra Anísia Rocha, Prof. Colaço Martins, Mons. Sadoc de Araújo,
Profª. Maria José Santos Ferreira Gomes, Prof. José Luís Lira, Profª. Tereza Ramos e o
Dr. José Clodoveu de Arruda Coelho Neto.

José Lira,Tereza Ramos e Totó Rios

Colaço Martins, Mons. Sadoc e José Lira

Dra. Imaculada Adeodato, Mestra Anísia e Aloísio Ponte

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A poesia entra em cena

O veterano ator cearense Ary Sherlock cruza canto, poesia e (claro) teatro, em espetáculo que fica em cartaz por todo o mês de junho, no palco do Teatro do Via Sul

Ary Sherlock é um dos maiores nomes da dramaturgia cearense
FOTO: MARÍLIA CAMELO

Oitenta anos de vida, 60 de cena. O sobralense Ary Sherlock é um dos mais experientes e respeitados atores do teatro cearense. E o tempo dedicado à arte da interpretação não parece ter cansado o artista, mais um exemplo daqueles que não separam vida e obra e para quem o palco é sagrado.

Prova desta vitalidade é o espetáculo "Coisas - Palavras e Canções", que Ary Sherlock encena, todas as sextas-feiras de julho, no Teatro do Via Sul Shopping. Nele, vida e obra não se distinguem. Vão além: confundem-se e entrelaçam-se. Ao contrário de seguir um texto dramático convencional, o ator articula poemas, músicas e histórias por ele vividas.

Por isso, a cena é um tanto solitária. O centro das atenções é o ator - que, ao contrário que se possa imaginar, entra em cena acompanhado, ladeado por um time tão discreto quanto competente de músicos: Flávio Sherlock (voz e sax); Flávio Soares (violão); Rodrigo dos Santos (percussão) e assistência de Lucas de Souza.

O corpo e a voz
Conhecido por seus dotes de declamador, Ary Sherlock faz questão de esclarecer que o espetáculo não pode ser confundido com um recital de poesia. "Minha ideia neste espetáculo não é a de apenas recitar os poemas. Como é teatro, o ator interpreta estes versos, vivendo e recriando personagens que estão presentes neles", explica Ary Sherlock.

Em 1h10 de peça, o ator revisita algumas de suas memórias, escolhidas dentre muitas de sua longa trajetória. Em canto e em verso, são evocados episódios do sertão (que cerca sua Sobral natal), de Fortaleza, repassa lembranças da capital francesa, Paris, dos amores, dos personagens que encarnou e das viagens que fez.

MAIS INFORMAÇÕES
Coisas - Palavras e Canções - Todas as sextas-feiras de julho, às 21 horas, no Teatro do Via Sul Shopping (Av. Washington Soares, 4335, Sapiranga). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), na bilheteria ou pelo site http://www.ingresso.com.

Contato: (85) 3404.4027

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Estação Cordel da FLIT traz para o Tocantins os maiores repentistas do Brasil


Uma das novidades da FLIT – Feira Literária Internacional do Tocantins nesta sua primeira edição será a Estação Cordel, que trará para os amantes da arte popular recitais e apresentações de repentistas renomados como Moacir Laurentino, Severino Feitosa, Sebastião da Silva e Geraldo Amâncio, considerados ícones da cultura popular brasileira. A FLIT será realizada em Palmas, na Praça dos Girassóis, de 25 de julho a 3 de agosto.

A peleja de versos entre dois cantadores começará no dia 26 de julho, às 20h30, com a apresentação dos poetas populares Moacir Laurentino e Geraldo Amâncio. Laurentino é paulista, reside atualmente em Campina Grande, Paraíba, tem 45 anos de carreira e um legado composto por 16 CDs e 3 DVDs gravados. Ele já foi vencedor de mais de 200 festivais, desafios e competições do repente.

Já Geraldo Amâncio nasceu no Ceará, venceu mais de 150 festivais, é autor de duas antologias de cantadores e participou de encontro dos países de língua portuguesa a convite do Museu Nacional de Etimologia, em Lisboa, e da X Mostra Internacional de Improvisadores de Maiorca, na Espanha. Ministrou cursos sobre cordel e cantoria na Universidade de Coimbra, em Portugal.


“Cantador canta ligeiro, evolui no pensamento, tocando o seu instrumento, sem mudar o seu roteiro”, dessa forma Geraldo Amâncio expressa a arte do repente e a sua vida.

Outra dupla de sucesso que estará na FLIT é Severino Feitosa e Sebastião da Silva, para apresentação no dia 2 de agosto, às 21 horas. Severino Feitosa é natural de Pernambuco, reside atualmente em João Pessoa, é músico, repentista e radialista.

Sebastião da Silva começou a cantar aos 15 anos e, com o passar do tempo, tornou-se um dos mais conhecidos repentistas do país. Em 1995, ele publicou o livro “Estrofes da minha vida”, onde há o registro de sua trajetória contando as 32 vezes que ficou em primeiro lugar nas competições de repente.

Também estará na FLIT a dupla José João dos Santos, o Mestre Azulão, e Miguel Bezerra. Mestre Azulão é paraibano, reside no Rio de Janeiro e é um dos fundadores da Feira de São Cristóvão. Tem uma banquinha de Literatura de Cordel no pavilhão da feira e é ponto de venda dos folhetos Tupynanquim Editora.

Mestre Azulão é autor de mais de 300 títulos de cordel e entre os seus títulos está o folheto “O homem do arroz e o poder da fortuna”. Ele é considerado um poeta com excelente domínio das técnicas de versificação. Miguel Bezerra, por sua vez, é cantador, repentista e compositor, foi destaque na Rede Globo com o improviso de versos sobre a novela “Cordel Encantado” e o Jornal Nacional.

Manoel Monteiro
Outro poeta popular que estará na FLIT é Manoel Monteiro, um pernambucano que reside em Campina Grande e que é o principal mentor do movimento conhecido como Novo Cordel, que vem inserindo o cordel nas escolas brasileiras como um instrumento de aprendizagem. Manoel é autor de uma coleção chamada “Paraíba, sim senhor”, patrocinada pelo Banco do Nordeste, e de um livro sobre Augusto dos Anjos que foi transformado em documentário pela TV Cultura.

Manoel Monteiro é considerado o cordelista com maior produção no Brasil, que inclui diversas áreas de atividades humanas. Dentre a sua produção estão “O milagre do algodão colorido” e “Um menino de engenho chamado Zé Lins do Rego”. Ele é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

“As minhas asas, para levantar voo do ninho paterno, foram os folhetos de cordel. E tão bem coladas foram estas asas que ainda hoje eu continuo voando...”, versos de Manoel Monteiro.

Expectativas
A servidora pública do Tocantins Marta Helena Araújo, já está curtindo a programação da Estação Cordel. Ela cresceu no interior da Paraíba ouvindo os seus pais, Adiel Barbosa e Inês Araújo, declamando cordéis. Mesmo residindo em Palmas, Marta se comunica com os repentistas de sua terra, participa das atividades na Casa do Cantador, do Clube do Repente e dos Encontros de Violeiros.

“O cordel é a expressão máxima da cultura nordestina. Ao som da viola, o repentista tira o verso no improviso de forma harmoniosa e surpreendente. Agradeço aos organizadores da FLIT pela iniciativa da Estação Cordel, que será uma forma de divulgar os grandes nomes da cultura popular brasileira”, disse.

Origem do cordel
O cordel surgiu na Europa, na Idade Média, época em que os livros eram raros e inacessíveis. Um dia por semana, as pessoas se reuniam na feira e lá existiam os cantadores que recitavam ou cantavam em forma de versos os fatos reais ou históricos, as crendices e os causos. O cordel veio para o Brasil por meio dos colonizadores portugueses. (Informações da Secom

Letra ou música?

No livro Poema e Letra-de-Música, o escritor cearense Pedro Lyra reforça as diferenças entre os gêneros literários e defende, nessa disputa, a superioridade da poesia

Para o escritor cearense Pedro Lyra, letra-de-música não é poesia (KLÉBER A. GONÇALVES)

Chico Buarque é poeta ou letrista? Ou ele é um pouco dos dois? E Caetano Veloso? Sendo nomes reconhecidos pelo que é dito nas canções, podemos dizer que ambos são poetas, assim como Ferreira Gullar e o português Luís de Camões? Se aceitarmos que um letrista é também um poeta, a dúvida persiste e toma outra dimensão. Ou também os funkeiros e pagodeiros são poetas?

Para o cearense Pedro Lyra, a resposta para esta equação é simples: letra-de-música (assim mesmo com hífen para “indicar a inconveniência de se separarem esses dois termos”) não é poesia. Cercado por argumentos que envolvem desde a produção até o consumo, ele, que atualmente é professor de Poética da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (RJ) e autor de nove obras de poesia, aborda o tema no livro Poema e Letra-de-Música: Um confronto entre duas formas de exploração poética da palavra (Ed. CRV), lançado amanhã (7) no Ideal Clube.

A polêmica sobre letra e poesia começou para Pedro em 1995, quando ele lançava Sincretismo – A poesia da Geração-60. Na época, durante entrevista para o Jornal do Brasil, a jornalista Celina Côrtes perguntou por que ele não havia incluído letristas entre os 45 nomes da antologia. Como resposta, ele afirmou categoricamente que não os considera poetas. Cinco dias depois, Abel Silva, compositor de Asa Partida (com Fagner) e Jura secreta (com Sueli Costa), saiu em defesa da sua classe com um artigo publicado no mesmo jornal dizendo: “quase tropecei ao pensar que, pelos argumentos do professor (Pedro), Sarney é poeta, já o Aldyr Blanc (sic), o Ronaldo Bastos e o Fausto Nilo, por exemplo, não”.

“Chico Buarque e Caetano Veloso têm talento poético, mas nunca se assumiram como poetas. O Chico já foi romancista, dramaturgo, novelista, mas poeta, não”, argumenta Pedro Lyra. Para ele, tratar um letrista como poeta é uma forma de elevar o trabalho a um patamar superior, de maior importância. “O poema toca o intelecto, enquanto a música mexe com o corpo. O poeta não faz concessão para ser entendido, por que, se fizer, vai ser desvalorizado pela crítica”, defende acrescentando que a letra se limita ao rigor da melodia, enquanto a poesia é guiada apenas pelo ritmo do seu autor.

Haroldo Lyra, poeta e irmão de Pedro Lyra, concorda com a ideia e lamenta que sejam poucos os que fazem poesia atualmente. “Na letra de música, quando ela é bem feita, você vê uma história bem contada. Mas, não vê poesia ali. As pessoas se pretendem poetas, onde não há poesia”. Ele, que na mesma ocasião lança Doestos – Uma intriga viçosa (Premius), coletânea de odes, trovas e sonetos escritos em épocas variadas, acredita que a discussão está longe de se encerrar, uma vez que sempre aparece alguém para reacende-la, principalmente os novos poetas. “Agora, se buscar consenso entre os mais antigos, aí você encontra”. Para Haroldo, mesmo na obra Vinicius de Moraes, que foi poeta antes de letrista, é possível diferenciar estes dois lados.

Pedro Lyra ainda acrescenta que Dorival Caymmi quem teria explicado ao Poetinha que “letra tem que ser mais simples (que poesia)”. “Quando se põe música no poema, ele se desliteraliza. Perde o que tinha de radicalmente poético, mas ganha em comunicabilidade”, explica alertando que isso não necessariamente diminui o valor uma letra-de-música. A propósito, ele aponta Chico Buarque como o melhor letrista do século XX e confessa que ficou satisfeito quando a cantora e compositora carioca Denise Emmer pediu o seu Soneto do amor nascendo para transformar em música. “O letrista que publica um livro de letras está querendo algo mais elevado. Já um poeta que procura um compositor, quer popularidade”, diz ele sem se excluir desta regra e já adiantando que outros três poemas de sua autoria – A uma ninfa, Mais real e Soneto da fêmea – foram vertidos para música. Um deles, inclusive, a pedido do próprio autor. “Estou sonhando com alguém que faça mais umas seis músicas que é pra eu fechar um disco até o fim do ano”. Alguém se habilita?

SERVIÇO

LANÇAMENTO DOs LIVROS POEMA E LETRA DE-MÚSICA E DOESTOS
Quando: amanhã (7), às 19 horas

Onde: Ideal Clube (Rua Monsenhor Tabosa, 1381 – Meireles)
Quanto: entrada gratuita. Livros vendidos a R$ 20 (Doestos) e R$30 (Poema e Letra-de-música)
Outras info.: 3248 5688

Marcos Sampaio
marcossamapaio@opovo.com.br

Fonte: O Povo

Livro de escritora cearense vira espetáculo

A escritora cearense Socorro Acioli, premiadíssima principalmente no campo da literatura infantil, terá um dos seus livros virando espetáculo. O Grupo Breculê, do Ceará, fez adaptação e o resultado estará no palco do Theatro José de Alencar dia 15 próximo, como informa a escritora neste bate-papo informal com o Blog.



Fonte: Blog do Eliomar

Patativa do Assaré, 9 anos de saudade!


“Use as palavras para melhorar o mundo em que vivemos”.
Como Patativa soube usar!

Dia 8 de julho de 2002 consolidou-se a triste partida não para os viajantes, não para os retirantes, mas desta vez para os amantes da poesia.

Como seguidora de sua obra, presto esta singela homenagem para manter viva sua memória, pois só quem lhe admira entende sua a importância para a poesia brasileira, onde para nós nordestinos, nós cearenses, nós sertanejos, temos maior orgulho em reconhecê-lo como nosso embaixador do sertão.

Busquei encontro com Patativa, à personalidade maior da poesia sertaneja, porque sua poesia esta arte suprema é, sobretudo a alegria das almas simples que tem um sabor todo voltado para a natureza, para seu torrão natal, onde sua poesia brotou do chão esturricado este cenário esquecido por todos, mas por ele tão valorizado.

Quero louvar este poeta, este filho do sertão, que só fez o bem, que só desejou o bem a seus irmãos, especialmente para os menos favorecidos amenizando assim o seu o viver. Feliz de quem usa a poesia para prestar o bem à humanidade e Patativa com sua mente tranquila, serena e repleta de beleza soube declarar seu amor ao sertão.

Patativa, seu universo (o sertão) está protegido pelos seus seguidores, seus admiradores, sua energia jamais morrerá ela encontra-se encantada através de seus versos, nas paginas de seus livros cujo conteúdo tem o cheiro das florestas do sertão em todas as estações, sejam no inverno ou no verão.

“A Festa da natureza - Chegando o tempo do inverno, /Tudo é amoroso e eterno, /Sentindo o Pai Eterno/Sua bondade sem fim. /O nosso sertão amado,/Estrumicado e pelado, /Fica logo transformado /No mais bonito Jardim”.

Eterna saudade Patativa!


Margarida Maria Silva Feitoza
msfeitoza@ig.com.br / Secretária escolar

Personalidades recebem Medalha Centenária

Na programação dos 100 anos de Juazeiro do Norte, amanhã, acontece a entrega de medalha na cidade







A artista plástica Maria Assunção Gonçalves, a primeira professora oficial da cidade, aos 96 anos, será uma das homenageadas com a Medalha Centenária de Juazeiro do Norte
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Juazeiro do Norte A arte que expressa os primeiros momentos de formação do povoado de Juazeiro pode ser contemplada por meio da pintura singela da mais antiga artista plástica do Município. Maria Assunção Gonçalves, a primeira professora oficial da cidade, aos 96 anos, será uma das homenageadas com a Medalha Centenária de Juazeiro do Norte, amanhã, no Memorial Padre Cícero, em solenidade, a partir das 20 horas. O evento faz parte da programação das comemorações dos 100 anos da cidade. No dia 17, será aberta, oficialmente, a semana do Município, com show do padre Reginaldo Manzotti.

A Medalha Centenária também será concedida ao reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jesualdo Pereira Farias, e ao jornalista e escritor, Lira Neto. A homenagem será do Instituto Cultural do Vale Caririense (ICVC) e a Comissão do Centenário da cidade, criado há 34 anos. A Comissão esteve reunida na manhã de ontem, com a Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Romarias da cidade, para fechar os últimos detalhes relacionados à solenidade.

Este ano, as comemorações, além de contemplar os 100 anos de Juazeiro, estarão dentro dos 77 anos de morte do Padre Cícero, que acontece no dia 20, com a missa na Capela do Socorro, às 6 horas. O secretário José Carlos dos Santos afirma que as romarias têm aumentado durante este período e, para este ano, se espera um número maior de pessoas em virtude das comemorações alusivas à festa centenária da cidade.

Para o secretário, este é um momento culminante de todas as comemorações alusivas ao centenário, iniciadas há dois anos. Com isso, ele afirma que se resgatou a memória da cidade com enfoque principalmente no Padre Cícero. A restauração da estátua do Padre Cícero deverá estar pronta até o dia 17, o trabalho envolve principalmente mão de obra do Horto.

Recuperação
Segundo o secretário, além da inauguração da estátua totalmente recuperada, com investimentos na ordem de R$ 80 mil, vai ser inserida uma iluminação estética. O monumento será inaugurado às 9 horas do dia 21 de julho. No local, haverá apresentação de coral das crianças do Horto. José Carlos ressalta a importância desse momento, já que é um dos maiores patrimônios históricos da cidade de Juazeiro, que pela primeira vez recebe a recuperação. As personalidades a serem homenageadas dentro da programação foram escolhidas por unanimidade pelo instituto, pela contribuição no desenvolvimento, na história e divulgação do Município. Os agraciados serão apresentados pelos seus respectivos padrinhos. Pedro Ernesto, escritor e poeta juazeirense, irá fazer uma abordagem a respeito do jornalista Lira Neto; dona Assunção, pela ex-deputada, poeta e escritora, Íris Tavares; e Jesualdo Farias, pelo jornalista e escritor, Geraldo Barbosa. O destaque de lançamentos bibliográficos na programação do centenário acontece no dia 19, com o lançamento de livros clássicos e inéditos da Coleção Centenária.

Livros
Serão reeditados livros de autores como Irineu Pinheiro, com "Juazeiro do Padre Cícero e a Revolução de 1914"; de Walter Barbosa, e o Patriarca de Juazeiro, do padre Azarias Sobreira, por meio da UFC.

A meta é que também sejam lançados, mas fora da programação de aniversário que se estende até o dia 22 de julho, dia do Município, uma coleção de 100 cordéis sobre Juazeiro do Norte e a história da cidade, 50 folhetos sendo reeditados.

MAIS INFORMAÇÕES

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Romaria
Memorial Padre Cícero
Telefone: (88) 3511.4040

Elizângela Santos

Repórter

Verba para cidades históricas

Os financiamentos terão prazos de 10 anos para imóveis comerciais e de 15 anos para residenciais

Centro histórico de Barbalha reúne acervo que rememora passado da região. Prédio da UFC foi restaurado
FOTO: ANTÔNIO VICELMO

Crato O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Banco do Nordeste (BNB) firmaram contrato de prestação de serviços para liberação de financiamento destinado à recuperação de imóveis a proprietários privados, tombados como patrimônio cultural, a juros zero. No Ceará, serão beneficiados os Municípios de Barbalha Icó, Aracati, Sobral, Fortaleza e Viçosa do Ceará. Os recursos totalizam R$ 20 milhões.

A Prefeitura Municipal de Barbalha foi que recebeu a comunicação, informando que o programa estará financiando a recuperação de imóveis situados em 53 Municípios de sua área de atuação, que participam do Programa "PAC Cidades Históricas" e estão próximos às unidades operacionais do banco.

Bens protegidos
Esse projeto faz parte das ações previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, lançado no mês de outubro de 2009, e que já atende a 166 cidades entre as 173 com bens protegidos pelo Iphan em todo o País.

O prefeito de Barbalha, José Leite, espera que a iniciativa privada do Município participe do programa com o objetivo de restaurar os prédios históricos da cidade. Barbalha é a única cidade do Cariri que mantém velhos casarões, alguns deles foram restaurados pela Prefeitura. O Palácio 3 de Outubro, por exemplo, que foi construído na época do império, está sendo restaurado. O processo se inicia com as Prefeituras lançando um edital com o indicativo das condições e as áreas a serem objeto de recuperação. Os proprietários, por sua vez, apresentam o projeto técnico, que deve ser avaliado pelo Iphan. Após essa etapa, o BNB realiza avaliação cadastral e, então, o futuro beneficiário do crédito poderá acessar o financiamento, que terá prazos de 10 anos para imóveis comerciais e de 15 anos para residenciais.

O atendimento das propostas está sujeito à disponibilidade dos recursos alocados pelo Iphan e pelo Município, este último a título de contrapartida financeira, para ação do financiamento para recuperação dos imóveis privados no convênio citado no item 6, respeitados os critérios de classificação.

O PAC das Cidades Históricas abrange ações de promoção nacional e internacional para divulgar sítios históricos, monumentos, espaços públicos e símbolos socioculturais brasileiros.

É um programa de incentivo ao crescimento do País, lançado em 22 de janeiro de 2007. Fundamentado em investimentos em infraestrutura aliados a medidas econômicas, também pretende estimular os setores produtivos e levar benefícios sociais para todas as regiões do País, com patrimônio.

Trânsito
Dentro dessa concepção, o diretor do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran), Edmilson Rocha, resolveu fazer o dever de casa, apresentando ao prefeito José Leite um projeto de sinalização para a cidade, a ser executado em parceria com o Governo do Estado, pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que consiste na implantação de sinalização de orientação turística e indicativa nas ruas e avenidas.

A nova sinalização educativa, segundo Rocha, vai oferecer uma visibilidade melhor aos condutores de veículos, motos e aos pedestres, e vai fluir melhor o trânsito nas principais artérias da cidade. As placas levarão às pessoas orientações sobre o centro histórico da cidade e os principais pontos turísticos que merecem visitação.

MAIS INFORMAÇÕES

Prefeitura Municipal de Barbalha, Rua Princesa Izabel, 187
Centro - Região do Cariri
Telefone: (88) 2101.1919

Antônio Vicelmo

Repórter

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Palácio está aberto a visitas

Palácio receberá quatro visitas guiadas por dia (IURY ALEXSANDER/ESPECIAL PARA O POVO)

O ambiente exala poder, história e cultura. Inaugurado em 1970, o Palácio da Abolição não esconde a pompa de ser a sede do Poder Executivo do Estado. A partir de hoje, cearenses e turistas podem realizar visitas guiadas pelo local. Serão quatro passeios diários, dois na manhã - 8h30min e 10h30min - e duas a tarde - 14 e 16 horas. É necessário realizar agendamento.

A visita começa pelo mausoléu do ex-presidente Humberto Castelo Branco. A estrutura tem 38 metros de comprimento, sendo que 30 metros são suspensos. Os visitantes andam por um longo corredor, onde estão expostos quadros com transcrições de cartas do marechal durante viagens, batalhas, no período de namoro e quando estava no governo. O mausoléu foi inaugurado em 1972, cinco anos após a morte do presidente.

Na entrada do Palácio, uma grande porta de peroba, ornamentada pelo artista Hugo Gonzalez, dá as boas vindas. No foyeur, há uma pequena galeria com telas de artistas cearenses. Durante a visita, não é possível ter acesso ao gabinete do governador Cid Gomes. O projeto do palácio foi feito pelo arquiteto modernista Sérgio Bernardes.

Já o jardim e bosque foi planejado pelo paisagista Fernanco Chacel, que trabalhou com Burle Marx. Um rio artificial foi criado, para servir como barreira natural, pois o palácio não tem muros. Cinco esculturas de Zenon Barreto podem ser vistas no bosque.

O fim do percurso inclui visita a galeria Abolição. A exposição “Panorâmica”, primeira a ocupar o espaço sintetiza a produção das artes plásticas visuais do Ceará. São 46 obras, de artistas como Vicente Leite, Xico da Silva, Raimundo Cela e Antônio Bandeira.

O Palácio deixou de ser a sede do Governo em 1986. O retorno aconteceu em março deste ano, após restauração. O agendamento se dá pelo telefone 3466 4981 ou site www.ceara.gov.br.  

(Geimison Maia, especial para O POVO)

Fonte: O Povo

Museu da Imagem e do Som lança exposição sobre Luiz Gonzaga


O Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS) lança nesta quinta-feira (07), às 18h, a exposição “A Versatilidade de Luiz Gonzaga”. A exposição é uma homenagem antecipada ao centenário do mestre da sanfona e um dos maiores ícones da cultura brasileira Luiz Gonzaga.
O evento, que ficará em cartaz durante todo o mês de julho, apresentará várias facetas do artista desconhecidas do grande público. De acordo com o diretor do MIS, Nireiz de Azevedo, o visitante terá a oportunidade de conhecer o Luiz Gonzaga carnavalesco, o Luiz Gonzaga chorão, Gonzagão tocando valsa, e outros.
Durante a programação de abertura haverá uma apresentação do grupo musical Vozes da Cera, o lançamento do cordel Assim Cantou Gonzagão, de Paulo de Tarso, além de uma palestra com o historiador Nireiz de Azevedo sobre o tema da exposição.
Serviço:
Lançamento da exposição “A Versatilidade de Luiz Gonzaga”
Local: Museu de Imagem e do Som do Ceará (MIS)
Data: 07 de julho
Hora 18h

Assessoria de Imprensa da Secult
Sonara Capaverde ( sonara.capaverde@secult.ce.gov.br / 85 3101.6759)

terça-feira, 5 de julho de 2011

A teimosia de Rodolfo Teófilo

Um dos primeiros romances a retratar o flagelo-irmão da seca, "A Fome" (1890), de Rodolfo Teófilo, ganha nova edição

Uma família retirante, no talhe do xilogravador pernambucano J. Borges

A teimosia ilustra bem os feitos de Rodolfo Teófilo (1853 - 1932). Filho de cearenses, nasceu baiano, mas se fez cearense, morando no Estado e nele intervindo. Não se conformou diante da sorte, que não lhe proveu recursos para conquistar seu sonho de tornar-se médico. Fez-se sanitarista, tendo atuação na saúde de sua província bem mais importante que muitos de nossos respeitáveis doutores. Homem de ciência fez-se homem de letras. Escreveu romances que desagradaram a crítica e foram recebidos com frieza. Quase 80 anos após sua morte, estes mesmos livros são recuperados, reavaliados e admirados.

Uma das mostras mais consistentes e felizes desta teimosia de Teófilo é o romance "A Fome". Editado em 1890, antes da participação do escritor na famosa e satírica Padaria Espiritual, o livro acaba de ganhar nova edição, pelo selo paulista Tordesilhas. (Como se estivesse dando o troco num estado tão relapso quanto à sua história literária).

Foi justamente a intransigência de Teófilo, em relação às limitações de seu tempo, que valeu os ataques e a indiferença, quase fatais ao destino da obra. Nele, o autor falava de um tema incômodo - o flagelo-irmão da seca. O escritor ousou falar o que as elites não queria encarar: a desumanização dos cearenses pela severa seca que se abateu sobre o Estado, entre 1877 e 1879. Ousadia que o tempo aprendeu a reverenciar.

Romance
 
A Fome  
Rodolfo Teófilo

Tordesilhas
2011
380 páginas
R$ 52

Organizado por Waldemar Rodrigues Pereira Filho, com posfácio de Lira Neto

DELLANO RIOS
EDITOR

Livro-Memórias paternas

Editora do caderno Infantil, do Diário do Nordeste, a jornalista e escritora Eliane Macedo Picanço lança hoje, 19h, na Livraria Cultura, "Pela estrada do sonho e da poesia"

Eliane Macedo Picanço, editora do Diário do Nordeste Infantil lança na livraria Cultura: Pela estrada do sonho e da poesia
O livro "Pela estrada do sonho e da poesia", da jornalista Eliane Macedo Picanço, que já havia lançado "A princesinha Luciana", "A aventura" e "Lívia", voltados ao público infantil, é dedicado ao seu pai Geraldo Macedo Lobo. Para ela, "um exemplo de vida para todos". "É uma experiência nova resgatar a história dele. O desafio foi fazer um livro com um linguajar acessível e simples e com a voz do coração", declarou.

90 anos
O mais recente exemplar que enriquece a literatura cearense celebra nove décadas de vida de Geraldo Macedo Lobo, que nasceu em 3 de dezembro de 1920 no Crato. No entanto, não foi possível, no ano passado, e somente agora vai ser disponibilizado para o público. Eliane Macedo Picanço revela que, para fazer esse livro-reportagem, realizou uma pesquisa que durou dois anos em jornais, livros e revistas que retratavam a vida dele. "Entrevistei, ainda, pessoas que tiveram contato com o meu pai, para poder contextualizar também fatos que não foram escritos como depoimentos e opiniões de pessoas sobre a seca de 32 e o Padre Cícero, que meu pai conheceu".

Tragédia
Um fator preponderante na vida de Geraldo Macedo Lobo, então com 12 anos de idade, foi a tragédia que abalou a sociedade cearense: o falecimento do seu pai, Eloi Lobo. Já no primeiro capítulo do livro "Pela estrada do sonho e da poesia", "A infância interrompida", Eliane Macedo Picanço relata o fato, quando da inauguração da primeira pista de pouso do Aeroporto Santa Teresinha, no Palmeiral, Crato.

"Era 16 fevereiro de 1933. Uma multidão acotovelava-se para ver o avião do Exército chegar. Eloi, tendo chegado atrasado ao evento, não percebeu que os observadores estavam sendo afastados para longe do avião. Eufórico e querendo parabenizar o primo aviador, passou pela multidão e se dirigiu à aeronave que acabara de aterrissar. Continuou andando e, ao virar-se para a direita ao invés da esquerda, não podia imaginar que naquele instante, acabara de dar novo rumo à vida de toda a família. A hélice, que ainda girava velozmente, mesmo após a aterrissagem, pegou em cheio o rosto de Eloi. A morte foi quase instantânea", escreveu ela.

O acontecimento entristeceu a família e, no dia seguinte ao enterro, a matriarca Maria Lobo retirou os filhos do colégio, por contenção de despesas. Ainda no mesmo capítulo, Eliane Macedo Picanço publica: "Dr. Manoel do Nascimento Fernandes Távora, o padrinho de Geraldo, o primogênito de Eloi, foi à casa da viúva e, comovido com a situação em que aquela família se encontrava, prometeu uma bolsa de estudos para o afilhado: um internato em Ouro Fino, Minas Gerais. A lógica da vida, que funciona de forma aleatória, trouxe a tristeza pela perda de Eloi a chance ímpar para seu primogênito se formar".

Geraldo foi o único da família a se graduar e sempre gostou de escrever poemas, brindando os amigos e familiares com seus escritos, os quais, alguns deles estão gravados por ele mesmo num CD encartado no livro tem a professora Elzenir Colares interpretando outros. Até hoje Geraldo ainda recita suas obras.

MAIS INFORMAÇÕES
"Pela estrada do sonho e da poesia", de Eliane Picanço, será lançado hoje 19h na Livraria Cultura (Av. Dom Luiz, 1010). Contato: (85) 4008-0800

NELSON AUGUSTO

REPÓRTER

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sessão Solene em homenagem ao Município de Sobral e titulação de Personalidades


Para marcar os 238 anos de instalação da Vila Distinta e Real de Sobral, ocorrida em 5 de julho de 1773, a Academia Sobralense de Estudos e Letras fará Sessão Solene em homenagem a Sobral.
Brasão de Sobral
O orador oficial para homenagear Sobral será o Acadêmico Mons. Francisco Sadoc de Araújo, um dos maiores estudiosos da história de Sobral e da região Norte. Na mesma sessão serão homenageadas personalidades de diferentes áreas de saber que se destacaram no Município com títulos de Sócio-Honorário e Mérito Cultural.

A Sessão Solene será no Theatro São João, às 19 horas do dia 4 de julho de 2011 e será aberta ao público.
Mons. Sadoc de Araújo
Fonte: Blog Academia Sobralense de Letras