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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Inauguração do Museu Monsenhor Waldir


Na Noite de 16 de Dezembro de 2011, foi inaugurado na cidade de Marco-Ce, o Museu em memória à vida de Monsenhor Waldir Lopes de Castro. A festa teve a presença de convidados ilustres, dentre eles o Pe. Valdery da paróquia de São Francisco de Cruz-Ce, que era amigo próximo de Mons. Waldir. A cerimônia de Inauguração foi presidida por nosso pároco Pe. Manuel Rômulo, que é um dos idealizadores deste projeto.

A mostra do museu conta um pouco da História de Monsenhor Waldir com objetos pessoais, títulos que recebeu, alguns cadernos de anotações , além de suas vestes litúrgicas, estolas, túnica, alva...

Confira Fotos do Museu: aqui



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Oficina Plano Museológico: implantação, gestão e organização dos museus.

 Museu Dom José Sobral-Fonte Blog Aracatiaçu em ação

A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, por meio do Sistema Estadual de Museus (SEM/CE) vinculado à Secretaria da Cultura do Estado, da Universidade do Parlamento e do Memorial da Assembléia Legislativa, promove, entre os dias 14, 15 e 16 de Dezembro, no Auditório Murilo Aguiar, a oficina Plano Museológico: implantação, gestão e organização dos museus.

A oficina faz parte do Programa de Capacitação Museologia do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). A novidade desta atividade é que a mesma será transmitida instantaneamente por meio de videoconferência para as cidades de Aracati, Sobral, Tae Juazeiro do Norte. O projeto piloto visa ampliar de maneira significativa o número de profissionais capacitados no Estado.

O curso será realizado pelo professor Valdemar de Assis Lima: Poeta, Museólogo e Arte Educador. Bacharel em Museologia (com habilitação em Museus de Arte e Museus de História) pela Universidade Federal da Bahia – UFBA e pós-graduado em Arte Educação pela Escola de Belas Artes da UFBA. Atualmente é Técnico em assuntos culturais / Museólogo do Departamento de Processos Museais do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM.

Abaixo segue a lista dos locais que receberão a transmissão do curso por meio de videoconferência:
Aracati: Instituto Federal do Ceará - IFCE (Rua Teófilo Pinto S/n Centro, fone: 88 - 34213556) Juazeiro do Norte: FATEC (Rua Amália Xavier derOliveira, s/n Triângulo, fone: 88 – 35664051)
Tauá: Cidade Digital (Rua Abigail Sidrão s/n Bairro Colibris 88 -34373259)
Em Sobral a transmissão do curso por meio de videoconferência será na Câmara Municipal (Praça Dom Jerônimo s/n 88 - 36110870), nos seguintes horários:
• 14/12 (Quarta) - 08hs às 11:30hs.
• 15/12 (Quinta) - 08hs às 11:30hs.
• 16/12 (Sexta) - 08hs às 11:30hs/ 14hs às 17hs.

Ementa do curso Plano Museológico: implantação, gestão e organização dos museus. Conceitos de museu e museologia. Conceitos de projeto, programa e plano museológico. O plano como trabalho coletivo: importância, vantagens e limites. Metodologia para elaboração e implantação do plano museológico. Identificação da missão institucional: finalidades, valores, metas e funções. Identificação de públicos e parceiros. Critérios para avaliação do plano museológico. O diálogo entre o plano museológico e a Política Nacional de Museus. Legislação e documentos institucionais: ata de fundação, decreto de criação, estatuto e regimento interno. Códigos de ética do Conselho Internacional de Museus e do Conselho Federal de Museologia.

Fonte: Secult-Ce

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Livro resgata inventário da arquitetura de Iguatu

Historiadora e fotógrafa Gardevânia Farias revela imagens raras e aborda a falta de preservação de imóveis

O livro traz, entre outras imagens, a fachada do antigo casarão de Otaviano Benevides, em Iguatu. O imóvel foi demolido para construção da Caixa Econômica Federal HONÓRIO BARBOSA

Iguatu Esta cidade, que foi polo da região Centro-Sul ao longo do século passado, registrou uma forte expansão comercial após a chegada da ferrovia. Com o tempo, optou-se por substituir casarões e lojas em estilo eclético por edificações modernas, nem sempre de bom gosto.

O passado ficou nas lembranças dos moradores mais antigos, mas agora foi resgatado em forma de livro sob o título "O conciso inventário do patrimônio histórico e arquitetônico de Iguatu", da historiadora e fotógrafa Gardevânia Farias.

O livro foi lançado no auditório do Centro de Atividades do Sesc de Iguatu e vem obtendo ampla repercussão entre os leitores. Dividido em três partes, a publicação apresenta bom acabamento e traz significativas fotos do patrimônio existente, inexistente e um recorte da antiga e atual Praça da Matriz de Senhora Sant´Ana, que no passado era denominado de Quadro.

O leitor encontrará em cada página imagens da memória do antigo núcleo urbano. Para a geração mais nova, surpresas. Para os que vivenciaram o passado não tão longínquo, até a década de 1970, recordações de um tempo nostálgico. "Eu queria que as pessoas conhecessem os casarões que existiram em nossa cidade", disse a autora. "É preciso reconhecer a nossa história e, com urgência, preservar os imóveis ainda existentes".

O arquiteto Brennand Bandeira explicou que a maioria dos imóveis construídos no final do século XIX e no século XX deve ser classificada como estilo eclético.

"Há alguns exemplares que receberam influência da "art déco", como o prédio dos Correios, do Senac e do Grupo Escolar Carlos de Gouvêa", observa. "A obra contribui para a educação patrimonial e mostra face a face o passado, quando Iguatu buscava a urbanização, e o presente, legado à custa do assassinato da memória".

Bandeira observa que a obra emociona os leitores pelo resgate da imagem fotográfica. "É quase impossível folhearmos suas páginas sem que nos sintamos comovidos pela perda inexorável da beleza. Não é de saudosismo ou romantismo o que falo, mas do sentimento de incompletude quando temos que vivenciar o ´novo´ sem qualquer vestígio do ontem", observou o arquiteto.

Perda de acervos
O professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Romeu Duarte Júnior, destacou a importância da publicação nesses tempos que ele denominou como confuso e de destruição de acervos históricos e culturais. "A obra é relevante por apresentar um registro do que ainda existe e por despertar um sentimento de preservação, em meio à urgência das tentativas de salvaguarda, bem como à incúria e ao desmazelo".

Para Romeu Duarte, ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Ceará (Iphan), no Ceará, "o presente trabalho é um lembrete a todos nós, sujeitos públicos e privados, acerca de nossas responsabilidades para com a proteção do patrimônio cultural".

A coordenadora de Cultura do Sesc, em Iguatu, Patrícia Vênus, observa que "a obra é capaz de causar estranhamento naqueles que jamais apontariam como patrimônio as geralmente velhas e mal conservadas fachadas pelas quais passam cotidianamente e delicadeza naqueles que lamentarão a destruição dos últimos resquícios do passado local".

Das dezenas de casarões tombaram ao longo da história no entorno de praças da cidade, poucos exemplares resistiram ao tempo. Fotos antigas revelam quão diferentes eram as edificações dos antigos casarões e a própria Praça da Matriz, um espaço público modificado várias vezes. Há mostra do antigo altar, de imagens e relato da história da implantação do templo pelos padres carmelitas.

No Bairro Santo Antônio, com a fachada recentemente reformada e preservada, encontra-se o antigo Hospital Santo Antônio dos Pobres, construído no primeiro quartel do século passado, pelo médico e político Manoel Carlos de Gouvêa. Em breve, o imóvel vai abrigar a 18ª Célula Regional de Saúde. Folhear as páginas do livro é viajar na história, conhecer e reconhecer antigos imóveis e deparar com a triste realidade de que quase nada foi preservado.

MAIS INFORMAÇÕES

Gardevânia Farias
Telefone: (88) 9618. 2696
Livraria Informativa: Abrigo Metálico, Centro. Telefone: (88) 3581. 3506


Honório Barbosa
Repórter

Preservadores da História

Museólogos estudam museus e interagem culturas. Aos poucos, eles ganham mais espaço no Brasil, mas ainda precisam de reconhecimento

Museólogos são essenciais na organização de exposições para o grande público (FOTO: BANCO DE DADOS)

Museologia é a ciência responsável por estudar museus e as interações entre diversas culturas. Nesses espaços, as sociedades têm acesso às mais variadas peças históricas, que fazem parte do patrimônio material da humanidade. São lugares abertos ao público para possibilitar o contato com outros tempos e culturas conservadas para deleite e aprendizagem.

O responsável pelo trabalho de preservação nesses espaços é o museólogo, que estuda História da Arte, Ciências Humanas, Arqueologia e História Geral. O profissional desenvolve técnicas de conservação e restauração de materiais através de princípios químicos e físicos. Museóloga da Casa José de Alencar, Márcia Oliveira diz que a Museologia “é um campo em crescimento, mas as pessoas ainda não conhecem a profissão”.

Segundo Márcia, que é formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a ausência de formação na área dificulta o crescimento da profissão. No Brasil, existem 15 cursos de formação em Museologia. Apesar do crescimento do número de profissionais, há historiadores que exercem informalmente a profissão de museólogo.

O museólogo pode atuar também no magistério superior e na capacitação de equipes de instituições museológicas, podendo trabalhar em todos os tipos de museus, dos mais tradicionais aos mais contemporâneos.

Salário

Museóloga do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc), Graciele Siqueira diz que são os baixos salários pagos a estes profissionais e a falta de incentivo público para a realização de melhorias dos espaços expositivos e administrativos que contribuem para isso. Segundo Graciele, um museólogo hoje recebe em torno de R$ 2 mil e R$ 2.500, mas o piso do Conselho Federal de Museologia estipula o valor de R$ 5.026,69 para uma jornada de 40 horas semanais. 

Saiba mais

Formação
No Nordeste, as únicas universidades que oferecem cursos de graduação em Museologia são a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Bate-pronto

O POVO - Por que você escolheu essa profissão?
Graciele - Escolhi cursar a Faculdade de Museologia, aos 15 anos, pela possibilidade de trabalhar com os mais diversos tipos de acervos e de instituições museológicas e com pesquisa, montagem de exposições, conservação de acervo, ação educativa e gestão.

O POVO - Quais são as maiores dificuldades?
Graciele - Ainda existe preconceito de algumas áreas do conhecimento contra os museólogos. Este fenômeno ocorre, principalmente, em estados que não possuem a graduação e onde os trabalhos específicos da função de museólogo são exercidos por outros profissionais. Outra dificuldade é a falta de concursos e de contratação de equipes interdisciplinares; e falta de incentivo à população para visitar os museus.

O POVO - Como é o mercado de trabalho?
Graciele - O mercado de trabalho encontra-se com mais oportunidades, uma vez que tem havido número considerável de concursos. É possível atuar como prestador de serviços e como consultor em museus e coleções particulares.

Graciele Siqueira é museóloga e Mestre em Museologia e Patrimônio pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
EM BAIXA

RESPEITO
Salário abaixo do exigido pelo Conselho de Museologia é prova concreta da falta de valorização da profissão de museólogo. Muitos historiadores ainda ocupam irregularmente as vagas nos museus.
EM ALTA

SALÁRIO
A maioria dos museus paga entre R$ 2 mil e R$ 2.500, mas o piso exigido pelo Conselho é de R$ 5.026,69 para 40 horas semanais. Vale exigir o colocado em lei.
Opções
"O museólogo também pode ensinar em faculdades".

Danilo Castro
ESPECIAL PARA O POVOtrabalho@opovo.com.br 

Fonte: O Povo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Farmácia Oswaldo Cruz-Adiada a decisão sobre tombamento

Parecer sobre a farmácia deve sair no próximo dia 3 de janeiro; análise técnica vai avaliar pedido de preservação

Farmácia Oswaldo Cruz - Foto: Lana Bleicher

O futuro da tradicional Farmácia Oswaldo Cruz ainda é incerto. Somente na próxima reunião do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic), no dia 3 de janeiro, que os cearenses irão saber qual parecer será dado sobre o pedido de tombamento feito pelo jornalista e historiador Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez.

Uma análise técnica irá avaliar se o pedido de Nirez tem procedência e o que deverá ser incluído no tombamento, se somente a fachada e a volumetria ou também a parte interna. Apesar do parecer do Comphic não ter sido divulgado ontem, como estava previsto, o debate na reunião se deu em torno dos bens integrados ao prédio e da possibilidade de continuidade da farmácia após o tombamento.

Para Nirez, a importância da Farmácia Oswaldo Cruz para Fortaleza é bem maior do que o prédio que ela ocupa, por isso o pedido de tombamento inclui o prédio juntamente com a parte interna do imóvel.

O historiador afirma que a Capital é uma cidade sem memória. "Fortaleza é uma cidade nova, então, tudo que ainda tem do século XX que possa ser preservado deverá ser", acredita.

Marcelo Mota, advogado das três proprietárias do prédio, garante que não existe intenção de desvirtuar a harmonia arquitetô-nica do imóvel. "Por uma questão comercial, os locatários buscam, através de um pedido de tombamento, se perpetuar no imóvel", acusa Mota.

O advogado avisa que o pedido de impugnação do tombamento será mantido até o fim. "As proprietárias são pessoas que dependem do fruto do aluguel para sobreviver", afirma.

Mário Pragmácio, advogado da farmácia, diz que o que motivou a solicitação de tombamento foi o fato das proprietárias terem entrado com pedido de despejo, solicitando que os funcionários saíssem. Ele defende que o bem deve ser preservado não apenas pelo seu valor material, mas também imaterial.

Clélia Monasterio, coordenadora do Patrimônio Histórico-Cultural da Secultfor, informa que, se o tombamento incluir a parte interna, as proprietárias ficarão limitadas ao uso adequado como uma farmácia, o que considera a decisão ideal.

Clélia Monastério, da Secultfor, fala sobre tombamento da Farmácia Oswaldo Cruz



Fonte: Diário do Nordeste

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Museu vai retratar história da Zona Norte

Professor de História está organizando, na Serra da Meruoca, um espaço voltado para a cultura da região Norte

No distrito de Palestina, as peças (piano, imagens sacras, penteadeiras, cômodas, armários, guarda-roupas, que datam do século XVIII) estão sendo restauradas para exposição FOTO: LAURIBERTO BRAGA

Meruoca Contar a história da Zona Norte por meio de objetos. Essa é a ideia do professor aposentado de História, Paulo Emílio. Ele está montando o Museu Histórico da Zona Norte, no Sítio Monte Olimpo, no Distrito da Palestina, na Meruoca.

Numa altitude superior a 750 metros, o novo espaço reunirá peças (piano, imagens sacras, penteadeiras, cômodas, armários, guarda-roupas, utensílios domésticos, cristais, rádios, máquinas de costura, cadeiras, serras manuais gigantes, pressa de queijo, lampiões, chaleiras e adornos), que datam do século XVIII. Todos estão sendo restaurados para exposição. Paulo Emílio está recebendo acervo que pode ser doado ou até mesmo adquirido pelo professor.

Mais de cinco mil objetos estão sendo catalogados. Elas foram pertencentes às famílias de dom José Tupinambá da Frota, Frota Aguiar, Marinho de Andrade e Visconde de Sabóia. "São peças com mais de 200 anos que contam a história da Zona Norte", destaca Paulo Emílio. Há ainda a projeção de um museu biológico com exposição de serpentes e fotos de animais da região. Com todos atrativos naturais da Meruoca, Paulo Emílio toca um projeto de turismo histórico, que está dentro do Plano de Revitalização do Turismo na cidade, hora em desenvolvimento pela Prefeitura e Sebrae.

O projeto do Monte Olímpio abrange anfiteatro, áreas para camping, estacionamento, restaurante, bar, parque infantil, brinquedos de aventura para adultos, cachoeira, adega, dancing (boate), chalés, trilhas, casa de farinha, engenho, casa de taipa, praças, lunário e um acesso via estrada de calçamento. É exatamente esta estrada que Paulo Emílio está reivindicando no Plano de Revitalização do Turismo. "São pouco mais de dois quilômetros que precisam ser calçamentados para dar um acesso melhor ao Monte Olimpo. É um sonho que quero realizar", diz o professor. Bastante entusiasmado com o projeto, ele vai avançando nas obras. O restaurante panorâmico está praticamente pronto. "Nele vamos ter espaços que retratarão nossa história de dominadores e dominados. Quero chocar mesmo, mostrando as realidades de classes sociais. No restaurante teremos mesas sofisticadas com mesas rústicas, como mesas de giral. Como pesquisador da nossa história, quero passar isso para quem chegar a conhecer o nosso espaço", afirma Paulo Emílio.

Mas este turismo histórico ecológico que o professor quer colocar no Monte Olimpo vai muito mais além. Ele organiza um verdadeiro complexo de recepção. "Aqui teremos um estacionamento para 100 carros; restaurante e bar panorâmicos; adega; área de camping familiar e camping individual; casa de farinha; engenho; casa de fazenda; casa de taipa; anfiteatro; dancing; área vip para convenção com auditório de 150 lugares; e muito verde".

Jovens
O professor tem grande apreço pela área para a juventude. "Aqui eles poderão acampar com suas barracas com condição de colocar um som, computador, chapinha e outros aparelhos, pois cada ilha de camping tem uma torre de energia elétrica", informa.

E a preocupação em atrair jovens para conhecer o potencial natural e histórico da Zona Norte do Ceará fez com que Paulo Emílio construísse um anfiteatro para 1,8 mil pessoas. "Aqui poderemos fazer apresentações culturais. Temos a Associação Luar da Serra, que terá sede aqui. Ela é responsável por belas apresentações de quadrilhas juninas, do bumba meu boi e outras manifestações tradicionais nossas", revela.

Iluminação
Toda iluminação do Sítio Monte Olimpo é feita em luminárias a base de garrafões coloridos de vinho. O bar terá arquitetura rústica com cadeiras em madeira bruta (sabiá, pau branco, jurema e angico). "O nosso bar vai obedecer toda legislação ambiental e sanitária. Tanto que os banheiros têm ventilação natural, são individualizadas para homens, mulheres, crianças (com fraldário e mamário) e portadores de necessidades especiais". Toda esta ideia do professor nasceu de declaração de uma sobrinha em 2007. Ela disse: "Tudo isso aqui é lindo". Com isso, ele começou a planejar o Monte Olimpo, sítio herdado da família, para ser espaço de contação de história, resgate cultural e turismo ecológico.

MAIS INFORMAÇÕES

Museu Histórico Zona Norte
Sítio Monte Olimpo
Palestina - Meruoca
Fones: (88) 9642.0654/ 9462.2080

Lauriberto Braga
Repórter

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A persistência da memória

Em projeto do MIS cearense, série de livros e DVDs registram memórias de protagonistas da cultura do Estado. Primeira leva conta com mais 20 perfis

Christiano Câmara: o memorialista é um dos entrevistados na série de DVDs do MIS
FOTO: KID JUNIOR

Parte da memória do Estado registrada em entrevistas com intelectuais, artistas e outros personalidades relevantes na história da cultura cearense. Com essa proposta, o Museu da Imagem e do Som do Ceará lançou na última semana o "História MIS", projeto cuja primeira etapa reúne depoimentos de mais de 20 personalidades em quatro livros e oito DVDs.

Sob coordenação do memorialista Nirez, diretor do MIS, a iniciativa contribui para preservar e difundir não apenas as trajetórias dessas personalidades, mas, em última análise, as transformações culturais recentes do próprio Estado.

"Isso é possível porque os entrevistados pertencem a diferentes campos de ação. Há musicólogos, escritores, bailarinos, intelectuais, artistas, filósofos etc. Desde que entrei no MIS planejava fazer um projeto assim", conta Nirez.

Ao todo, a lista de convidados da primeira etapa inclui 23 nomes, a exemplo de Angela Gutiérrez, Gilmar de Carvalho, Christiano Câmara, Ricardo Guilherme, Pedro Salgueiro, Sérvulo Esmeraldo, Oswald Barroso, Tom Barros, Dora Andrade, Virgílio Maia, Batista de Lima, Narcélio Limaverde e Ary Sherlock. Cada livro é acompanhado de dois DVDs, com os depoimentos gravados em vídeo e imagens extras relacionadas às vidas dos entrevistados - muitas pinçadas de seus acervos pessoais.

Mergulho
As entrevistas foram realizadas exclusivamente para o projeto, por diferentes colaboradores. Sânzio de Azevedo, por exemplo, conversou com Angela Gutiérrez; o bailarino Ernesto Gadelha falou com a colega Dora Andrade, e assim por diante.

"Essa primeira etapa foi meio demorada, levamos 14 meses para finalizar. Entrevistamos mais de 30 pessoas. As que ficaram de fora estarão nos próximos volumes publicados, juntamente com outras que continuaremos a fazer conforme a disponibilidade de cada um", adianta Nirez. As próximas publicações devem ser lançadas em 2012.

Na cerimônia de lançamento do "História Mis", o Secretário da Cultura do Estado do Ceará, Prof. Francisco Pinheiro, descreveu o projeto como uma iniciativa de "respeito à memória histórica dos artistas cearenses, que são a grande representação simbólica do Ceará".

Já para Ângela Gutierrez, uma das entrevistadas, "a publicação revela-se como ponte entre o passado e o futuro de todo um legado da história. Cada um de nós, entrevistados, fizemos um mergulho em nossas próprias vidas", comenta.

Em outubro deste ano, foi lançada uma outra parte do projeto, chamada "Memórias Centenárias Cearenses", que reúne depoimentos de outros 10 cearenses notáveis, porém mais velhos do que os da nova leva. O material ficará disponível no acervo do Mis para consulta e também será distribuído a entidades e pessoas interessadas. A Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) também fica com uma parte para distribuir entre as bibliotecas estaduais.

MAIS INFORMAÇÕES
Mis - Museu da Imagem e do Som do Ceará (Av. Barão de Studart, 410, Meireles). Funciona de segunda a sexta, de 8 horas às 17 horas. Contato para visitas com grupos e pesquisa ao acervo: (85) 3101.1206

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

III Seminário da REM-CE apresenta o tema "Museus e comunidades: construindo memórias coletivas"


Este ano, o III Seminário da REM-CE apresenta o tema "Museus e comunidades: construindo memórias coletivas" abrindo espaço para uma reflexão sobre os encontros entre museus e comunidades, privilegiando experiências educativas/formativas que promovam os processos identitários e de construção de memórias nas comunidades étnicas, tradicionais, de bairro, de classe, de gênero, profissionais, escolares, entre outras) em suas amplas possibilidades. 

PROGRAMAÇÃO

Dia 30/11- Quarta- feira

14h - Abertura - Coordenação da REMCE e demais convidados das instituições parceiras.

15h - Mesa -redonda: Experiências e reflexões dos Museus Comunitários no Ceará
Convidados: Aparecida da Rocha Ferreira (Memorial Indígena Tapeba), Nádia Helena Oliveira Almeida (Ecomuseu de Maranguape), Rusty Sá Barreto Museu Natural do Mangue.
Mediação: João Paulo Vieira (Museu do Ceará, Projeto Historiando e RCMC)
LOCAL: Museu do Ceará *

17h às 20h – Oficina “OS OBJETOS ENTRE A ANTROPOLOGIA E O PATRIMÔNIO CULTURAL: PERSPECTIVAS CRÍTICAS PARA A AÇÃO MUSEOLÓGICA”

LOCAL: Vila das Artes


Dia 01/12 – Quinta - feira

09h às 12h-
Minicurso ¬¬“OS MUSEUS E A INCLUSÃO DE PESSOAS COM ACESSIBILIDADE DIFICULTADA: QUAL O PAPEL DO EDUCADOR?”
LOCAL: Espaço Cultural Correios

14h às 16:30 - Apresentação das Comunicações e Relatos de Experiência.
1. O MUSEU E O SEU PAPEL DE INCLUSÃO SOCIAL NA COMUNIDADE: EXPERIÊNCIAS MUSEOLÓGICAS NO MEMORIAL DA CULTURA CEARENSE (MCC) - Adson Rodrigo Silva Pinheiro e Thiago Bruno Nobre
2. PROJETO ACESSO: ACESSIBILIDADE NO MEMORIAL DA CULTURA CEARENSE Adson Rodrigo Silva Pinheiro e Thiago Bruno Nobre
3. MEMÓRIA E CIDADE: A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO INSTITUTO DO MUSEU JAGUARIBANO (1965 – 1985) - Alex da Silva Farias
4. GESTOS DO COTIDIANO – HISTÓRIAS DE MONTE REDONDO - Clarissa Ferreira, Moana Soto, Raquel Mattos e Mário Moutinho (Orientação)
5. O CENTRO DRAGÃO DO MAR DE ARTE E CULTURA: USOS DO ESPAÇO E OPINIÃO PÚBLICA. Raquel dos Anjos e Thiago Matos
6. EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA: MULHERES... HISTÓRIAS... MEMÓRIAS... - Maria Salete Vale Farias
7. O EDUCADOR DE MUSEU E O PÚBLICO COM ACESSIBILIDADE DIFICULTADA: O PROJETO ACESSO E AS AÇÕES EDUCATIVAS NOS MUSEUS DO CDMAC- Sara Vasconcelos Cruz
Mediação: Coordenação REMCE
LOCAL: Museu do Ceará

17h às 20h – Oficina “OS OBJETOS ENTRE A ANTROPOLOGIA E O PATRIMÔNIO CULTURAL: PERSPECTIVAS CRÍTICAS PARA A AÇÃO MUSEOLÓGICA”
LOCAL: Vila das Artes

Dia 02/12 – Sexta – feira

09h às 12h - Minicurso ¬¬“OS MUSEUS E A INCLUSÃO DE PESSOAS COM ACESSIBILIDADE DIFICULTADA: QUAL O PAPEL DO EDUCADOR?”
LOCAL: Espaço Cultural Correios

14h - Visita ao Museu Natural do Mangue em Sabiaguaba ** – saída dos Correios
Encerramento do Seminário.

* PROGRAMAÇÃO SUJEITA A ALTERAÇÕES.

 PROGRAMAÇÃO E EMENTAS DA OFICINA E MINICURSO Acesse: aqui



 Fonte: Blog Rede de Educadores  em Museu do Ceará

domingo, 23 de outubro de 2011

Centro histórico de Sobral será revitalizado


A riqueza arquitetônica do centro histórico da cidade de Sobral, formado por prédios que contam a formação daquele município e região, ficará mais visível. O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Infraestrutura (Seinfra), assinará neste domingo (23), às 18 horas, naquele município, a ordem de serviço para a execução para a internalização subterrânea da rede elétrica. As obras são parceria entre a Seinfra, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e prefeitura de Sobral. O evento contará com a presença do governador Cid Gomes, do secretário adjunto da Seinfra, Otacílio Borges, além de demais autoridades.

A empresa Tecnocon Tecnologia em Construções LTDA, vencedora da licitação, realizará as  obras civis de internalização (dutos e caixas subterrâneas, além dos postes ornamentais) da rede elétrica por  R$ 3.569,767,34, valor R$ 1,3 milhão abaixo do inicialmente previsto no edital de licitação. As obras serão concluídas até o final de agosto do ano que vem.  A Coelce, em parceira com o Governo do Estado, realizará a implantação de todos os cabos elétricos.

O projeto faz parte do Programa Monumenta - Cidades Históricas, desenvolvido pelo Iphan em parceria com o Estado e município. Além da rede elétrica, serão realizadas outras licitações para a internalização das redes telefônica e de dados, com investimentos estimados em R$ 12,5 milhões, sendo mais da metade capitaneados pelo Instituto. As ações para tornar mais belo o sítio histórico de Sobral compreendem o polígino entre as ruas Ce. Monte Alverne, Maestro José, Jornalista Deolindo Barreto, João do Monte, Domingos Olímpio, Ernesto Deocleciano, Carlos Luzimar Coelho, Joaquim Ribeiro, Tabelião Afonso Cavacante, Cel. José Sabóia, Menino Deus, Frederico Ozanan, Carlito Pompeu, SDO 007 e Cordeiro de Andrade.

Serviço: A ordem de serviço para internalização da rede elétrica do sítio histórico de Sobral acontece neste domingo, dia 23 de outubro, a partir das 18 horas, em Sobral.

Saiba mais:
- A área pública beneficiada é de cerca de 27 hectares tombados pelo patrimônio Histórico Nacional onde estão instalados diversos prédios que contam a história da região, como igrejas, casarões, praças, o museu o Dom José e Museu do Eclipse.

- No último dia 21de outubro, cinco empresas apresentaram propostas para internalização das redes telefônica e lógica do sítio histórico de Sobral.

Fonte: Seinfra

sábado, 22 de outubro de 2011

Iphan centraliza atendimento

Licenças e aposentadorias de funcionários do Iphan no interior comprometem serviço nos Municípios

Casarões tombados no sítio histórico de Sobral. Município reivindica escritório do Iphan mais equipado
WELLINGTON MACEDO

Sobral. Os escritórios do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Municípios do Interior do Ceará (Sobral e Icó) e as estruturas virtuais de Viçosa, Aracati e Quixadá estão ameaçados. A notícia foi dada ao prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, e aos lojistas sobralenses, pelo chefe do escritório de Sobral do Iphan, Alexandre Veras.

"Estamos sofrendo um esvaziamento de nossos técnicos e a Procuradoria do Instituto, numa situação jurídica, está determinando que qualquer processo seja dirigido à nossa Superintendência em Fortaleza", revelou Alexandre, num debate com o prefeito e com empresários, na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), anteontem à noite, quando apresentou o Projeto de Financiamento para Recuperação de Imóveis Privados.

Para Alexandre, mesmo com a concentração em Fortaleza, o atraso na liberação não é tão grande "porque se cria um registro de protocolo on line, que dá uma maior brevidade na resposta". A mesma opinião tem a superintendente regional do Iphan, Juçara Peixoto da Silva. "Não há ideia de fechamento de escritório. O que ocorre é que perdemos quatro técnicos este ano por licença e aposentadoria e tivemos que trazer estes processos para Fortaleza até para dar mais celeridade a eles. Não há nenhum prejuízo para os sítios históricos", tenta tranquilizar Juçara Peixoto.

Isso não é aceito pelos lojistas e o pelo prefeito que reagiram de pronto. "Reconheço na Superintendência do Iphan no Ceará toda uma competência institucional e inteligência técnica. É um corpo técnico, que eu sei de sua boa vontade, pois fui superintendente estadual do Instituto. Mas meu desejo é em fortalecer o escritório técnico do Iphan em nosso Município e não esvaziar", afirmou Veveu Arruda.

O prefeito destacou que "a Prefeitura, para isso, pode estabelecer parcerias que viabilize uma melhor estrutura para o Iphan aqui em Sobral. Quero juntar os recursos financeiros do Iphan com recursos humanos de Sobral para que a gente possa ter um escritório com maior estrutura para atender às demandas de nossa cidade".

Veveu Arruda até faz uma comparação: "Afinal de contas o patrimônio é tombado como nacional, mas ele está localizado no nosso Município. Eu diria, quase brincando, que antes do patrimônio ser nacional, ele é sobralense. Ele é da nossa cidade". Para o chefe do Poder Executivo de Sobral, "é nesse sentido que a gente tem um zelo muito especial por esse patrimônio e por isso quero contribuir para fortalecer as ações do Iphan aqui em Fortaleza".

Para Veveu Arruda, se o Iphan concretizar o esvaziamento dos escritórios no interior estará indo "na contramão da história. Não é inteligente centralizar em Fortaleza as ações. Conheço o atual superintendente nacional do Iphan, Luís Fernando, e espero que ele volte atrás nessa decisão", apela o prefeito sobralense.

Alexandre Veras revelou para o prefeito e para os lojistas que "é um absurdo, por exemplo, ser responsável hoje pelo patrimônio de Sobral e de Viçosa do Ceará. É grande demais". Juçara Peixoto reconhece que Alexandre está com muito trabalho, pois o técnico que estava trabalhando em Viçosa foi um dos quatro que saiu do Iphan. "Mas isso, espero que seja um problema temporário, pois o presidente Luís Fernando está ciente de nossa carência e já tem no Ministério do Planejamento e no Ministério da Cultura pedido para fazermos concurso público para contratar técnicos para suprir as nossas necessidades, até porque mais técnicos vão se aposentar e isso é fenômeno nacional, não só do Ceará".

O Iphan Ceará trabalha hoje com um corpo técnico especializado de nove pessoas. São dois chefes de escritórios técnicos (Sobral e Icó), dois arquitetos, um engenheiro, dois historiadores, um arqueólogo e um técnico em arqueologia. Tem ainda um corpo administrativo e de estagiários em Fortaleza.

"O que eu quero é fortalecer e não fragilizar o escritório de Sobral, pois sei que o Iphan tem dificuldades dentro do Ministério da Cultura com um dos menores orçamentos", ressaltou Veveu Arruda. Juçara Peixoto disse que se estiver havendo algum atraso em Sobral é só procurar a Superintendência Regional em Fortaleza. "Estamos aqui para resolver. Mesmo mandando os processos por malote, não está havendo atraso, pois aqui em Fortaleza temos uma estrutura física mais dinâmica, mesmo com este problema temporário da perda dos quatro técnicos este ano".

Novos Ares
Veveu Arruda vai oficializar a reivindicação a Juçara Peixoto, amanhã, quando ela estará em Sobral para assinatura da ordem de serviço do início das obras do Projeto Sobral Novos Ares. O projeto vai internalizar toda fiação elétrica, telefônica e lógica (Internet), no Sítio Histórico Sobralense. A solenidade está marcada para 19h, na margem esquerda do Rio Acaraú, com a presença do governador do Ceará, Cid Gomes; do chefe de gabinete do governador, Ivo Gomes; e do ministro extraordinário dos Portos, Leônidas Cristino, encerrando com show do cantor Zeca Baleiro.

O Novos Ares tornará subterrânea toda fiação aérea hoje existente no Centro Histórico de Sobral. É uma área que vai da Praça São João até a Igreja do Patrocínio e do Largo de São Francisco e Santa Clara até o entorno da Rodoviária, passando pela Praça de Cuba. São 12 hectares, sendo o maior sítio histórico tombado no Brasil.

FIQUE POR DENTRO
Atribuições
A criação do Iphan obedece a um princípio normativo, atualmente contemplado na Constituição Brasileira, que define patrimônio cultural como: formas de expressão; seus modos de criar, fazer e viver; das criações científicas, artísticas e tecnológicas; das obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e dos conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

MAIS INFORMAÇÕES
Superintendência do Iphan no Ceará, Rua Liberato Barroso, 525 - Centro, Fortaleza
Telefone: (85) 3221.6263


Lauriberto Braga 
Repórter

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Verba para imóveis tombados

Donos de patrimônios residenciais e comerciais podem contar com linha de crédito federal especial para reformas

Conjunto de casarões no sítio histórico de Icó. Prazo de financiamento para imóveis residenciais é de 15 anos HONÓRIO BARBOSA

Icó. Quatro Municípios do Interior - Aracati, Icó, Sobral e Viçosa do Ceará - e Fortaleza vivem a expectativa de assinatura de convênio com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para adesão ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, do Governo Federal. O programa vai beneficiar donos e inquilinos de imóveis residenciais e comerciais localizados em sítios históricos do Ceará que vão poder financiar obras de restauro, reforma e ampliação, sem taxa de juros, com prazo de até 15 anos.

As cinco prefeituras aguardam para novembro próximo convocação do Iphan para assinatura de convênio com os Municípios e posterior lançamento de editais para a seleção dos que desejam participar do PAC das Cidades Históricas. Na primeira etapa, há previsão de investimento no Ceará de R$ 17 milhões. O crédito será financiado pelo Banco do Nordeste.

Plano de trabalho
Para aderirem ao programa, os Mnicípios devem adotar algumas providências. Primeiramente, concluir um plano de trabalho e incluí-lo no Sistema de Convênio (Siconv) do Governo Federal. A segunda etapa é a assinatura do convênio com o Iphan. Cada cidade deverá ter o Fundo de Preservação do Patrimônio Histórico e um conselho curador que vai gerir e decidir sobre a aplicação futura dos recursos oriundos do pagamento de parcelas do financiamento.

Por último, os Municípios terão de implantar uma unidade de execução e coordenação do programa, composta por engenheiro ou arquiteto, contador e um coordenador para orientação aos moradores acerca da elaboração dos projetos de restauro e ampliação dos imóveis. "As Prefeituras terão de vencer essas etapas, fazer o dever de casa para que o programa chegue aos moradores", observou a secretária de Cultura de Icó, Jequélia Alcântara. Outra exigência é que o Município não esteja inadimplente com o Governo Federal. A expectativa dos secretários municipais de Cultura das cidades a serem beneficiadas pelo programa é que no início de 2012 os recursos cheguem aos moradores e as obras de restauro possam, finalmente, começar.

As pessoas interessadas já podem procurar as secretarias de Cultura para obter informações, reunir e atualizar documentos pessoais e dos imóveis.

Em caso de demanda mais elevada do que a oferta de recursos, o programa prevê prioridade de atendimento para os imóveis em maior situação de risco e por localização. Aqueles que estão na área rígida têm primazia sobre os que estão no entorno, por exemplo. "Haverá uma seleção criteriosa de acordo com as normas do programa", explica o coordenador da unidade de Icó, Altino Afonso de Medeiros. O prazo de financiamento para os imóveis residenciais é de 15 anos e para os comerciais de 10 anos. Os inquilinos poderão aderir ao programa desde que apresentem devida autorização do proprietário. O imóvel passará por análise técnica do Iphan. As obras serão feitas por quem pede o financiamento, sob fiscalização do órgão e da unidade executora para evitar descaracterização e fazer cumprir o projeto.

O Banco do Nordeste ainda não tem detalhe sobre o PAC Cidades Históricas, mas não haverá exigência para renda mínima, respeitando determinado percentual de comprometimento da receita familiar mensal. "Estamos aguardando as instruções", explicou o gerente da agência do BNB em Iguatu, Eugênio Augusto.

Cada Município terá um valor variável do programa, mas poderá fazer aditivos até a mesma quantia liberada na primeira etapa. "As Prefeituras deverão estar adimplentes com o Governo Federal", ressaltou o chefe do Escritório do Iphan, em Icó, Erick Rolim. De acordo com Rolim, Icó e Aracati apresentam algumas pendências de inadimplência, mas Sobral e Viçosa do Ceará estão em situação regular. "Famílias de baixa renda poderão ser beneficiadas no futuro com o reinvestimento dos recursos por parte do Município", diz ele. "Estamos trabalhando com a expectativa de que as obras de restauro comecem em 2012", observou.

MAIS INFORMAÇÕES
Escritório do Iphan em Fortaleza, (85) 3221. 6263 e (85) 3221. 2180
E-mail: iphan-ce@iphan.gov.br

Honório BarbosaRepórter
NORMAS DE FINANCIAMENTO
Municípios aguardam liberação do crédito federal

Icó.
Esta cidade é a única do Ceará que já tem experiência em lançamento de edital para financiamento de obras de restauração de imóveis privados localizados em sítio histórico. Em 2006, cerca de 20 moradores foram beneficiados com crédito do Programa Monumenta do Ministério da Cultura, operacionalizado pela Caixa Econômica Federal. "Estamos com expectativa muito grande desse novo programa e aguardando a assinatura de convênio com o Iphan", disse a secretária de Cultura, Jequélia Alcântara. "Já temos uma relação inicial de 150 moradores interessados".

Jequélia Alcântara fez um apelo para que moradores beneficiados com financiamento do Programa Monumenta quitassem débitos em atraso para que o Município saia da situação de inadimplência e possa aderir ao PAC das Cidades Históricas. "Estamos visitando os moradores, explicando a situação e solicitando o empenho de cada um para não prejudicar outros moradores". Icó solicitou R$ 3 milhões e receberá a metade desse valor, na primeira etapa, podendo aditar até o valor solicitado. O município terá contrapartida de 4% da verba liberada.

No centro histórico de Icó, moradores interessados em aderir ao programa vivem a expectativa de início das obras. "Quero mudar o piso, elevar o telhado e fazer serviço de esgoto", disse a dona de casa, Erinalva Rodrigues. "Não tenho dinheiro para essas obras". Há 40 anos, a dona de casa, Maria do Socorro dos Santos, sonha em ampliar a casa, mas a falta de recursos vem adiando o projeto da família. "Esse programa é bom e se Deus quiser vai dar certo", frisou. Casimiro Timóteo Júnior quer transformar o imóvel da antiga padaria do pai, que está desativada, em uma casa. "Estamos torcendo para dar certo porque a gente precisa. Com o salário que a gente ganha não dá fazer a obra", disse Timóteo Júnior.

Contrapartida
A secretária de Cultura de Viçosa do Ceará, Margarida Lopes, disse que o Município deverá ser beneficiado com R$ 960 mil e dará contrapartida de R$ 40 mil. "Estamos aguardando a assinatura do convênio para o próximo mês com o Iphan e vamos criar a unidade executora e o conselho curador do fundo", disse. "Depois faremos o lançamento do edital". A cidade tem 72 casarões tombados no sítio histórico. "Esse programa é uma ideia excelente", avaliou a secretária.

A cidade de Aracati deve receber uma verba inicial de R$ 1,5 milhão do programa para uma demanda estimada em 30 imóveis localizados no sítio histórico. A previsão é que os recursos sejam aplicados em 2012 e 2013. "Vamos criar um fundo específico e instalar uma unidade coordenadora local para gerir o programa", explicou o secretário de Cultura, Tiago Sales. Quanto à inadimplência verificada no Ministério do Turismo, o Município quer resolver essa pendência na próxima semana.

O arquiteto Ramiro Teles, técnico contratado pela secretaria de Cultura do Município, disse que vários moradores já o procuraram para obter informações acerca do financiamento para reforma dos imóveis privados. "Há uma expectativa muito boa, as pessoas querendo participar", disse. Teles esclareceu que ainda falta definir se os projetos serão elaborados por arquitetos e engenheiros contratados pelos proprietários dos imóveis ou se pela unidade técnica gestora. Ao contrário da cidade de Icó, Aracati tem um sítio histórico com vários imóveis fechados, deteriorados, com tendência para esvaziamento. "Os proprietários moram em outros bairros ou em outros Municípios", observou Teles.

Interesse
150 Moradores do Município de Icó, na Região Centro-Sul já demonstram interesse em obter crédito por meio do Programa PAC Cidades Históricas para restaurarem seus imóveis

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Arco do Triunfo está depredado em Sobral

Pichações, fios elétricos soltos, reboco caindo são alguns dos problemas apresentados pelo cartão postal

Parte do Reboco do monumento está caindo. O principal cartão postal da cidade de Sobral precisa de recuperação. Prefeitura promete reformar o local imediatamente
LAURIBERTO BRAGA

Sobral. O Arco de Nossa Senhora de Fátima, principal cartão postal da cidade, está depredação. Foi construído há 58 anos por dom José Tupinambá da Frota, na administração do prefeito Antônio Frota Cavalcante (1951-1954), para marcar a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima a Sobral, em 1º de novembro de 1953. O monumento foi projetado pelo arquiteto Falb Rangel e executado pelo engenheiro Francisco Frutuoso do Vale.

O Arco já passou por duas grandes intervenções na segunda gestão do prefeito Cid Gomes (2001-2004), hoje governador do Estado. Em 31 de maio de 2001, Cid Gomes, com ajuda do então bispo diocesano, dom Aldo di Cillo Pagotto, e do secretário de Desenvolvimento Urbano, o hoje ministro dos Portos, Leônidas Cristino, inaugurou uma moderna iluminação para o Arco e melhorou sua infraestrutura. Já em 21 de dezembro de 2004, na sua despedida da Prefeitura de Sobral, Cid Gomes inaugurou o Boulevard do Arco com um passeio largo, na Avenida Doutor Guarany, em volta do monumento.

A beleza do Arco está sendo desgastada com pichações (inscrições de nomes de casais de namorados e das palavras do Estado São Paulo); fios elétricos soltos; ligação elétrica improvisada; reboco caindo na parte de cima e nas quinas das colunas; luminárias penduradas por fios, sem as amarrações adequadas; e paredes e calçadão muito sujos. Além disso, a pintura do arco está desfigurada e as placas de homenagem (três) estão sem lustre.

Pichações também estão prejudicando o monumento, construído há 58 anos por dom José Tupinambá da Frota

Banheiro
A dispensa do Arco, na parte debaixo de uma das colunas, está com a fechadura do portão quebrada. O que seria um espaço para guardar material de limpeza está entulhado de coisas velhas e servindo de banheiro para algumas pessoas. O local acaba favorecendo a proliferação de ratos e baratas. Até as flores ao redor da imagem de Nossa Senhora de Fátima, na parte superior do Arco do Triunfo, estão secas.

Outro problema é a manutenção do Boulevard. A irrigação do jardim é feita religiosamente à tardinha, mas o sistema hídrico está vazando para os esgotos da Avenida Doutor Guarany, que acabam enchendo, provocando o transbordamento de água nas proximidades do padaria Companhia do Pão.

Terço
Os sobralenses têm muito orgulho do Arco e cobram a manutenção permanente dele. "Têm muitos anos que não dão manutenção no Arco. Faz uns quatro a cinco anos que não estão mexendo nele", reclama o aposentado Raimundo Cavalcante, de 69 anos. Segundo ele, "o Arco agora só serve para negócio de show". Raimundo recorda que "Dom José, quando fez o Arco, foi para todo mundo vir rezar o terço toda noite. Isso nos anos 1950 e 1960. Hoje, ninguém respeita mais isso. É um ambiente completamente poluído", lamenta. Morador de Cariré, na Zona Norte, e visitando Sobral, o operário Francisco Hudson, de 37 anos, não gostou do que viu no Arco. "Acho que deveria recuperar para não cair na cabeça de ninguém. E uma reforma assim não custaria muita coisa", sugere. O prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, disse que vai mandar recuperar imediatamente toda estrutura danificada do Arco. "É nosso principal cartão postal e vamos fazer tudo que for preciso para torná-lo mais bonito", prometeu.

Clodoveu Arruda destaca que o Arco já tem uma fiação subterrânea, como determina o Patrimônio Histórico da União. Ele anuncia que, no próximo dia 23, às 19 horas, no anfiteatro da Margem Esquerda do Rio Acaraú, vai assinar convênio com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e com o Governo do Estado do Ceará para fazer subterrânea toda fiação elétrica do Centro Histórico sobralense.

Pioneira
"Vai ser a primeira cidade do Interior do Brasil a ganhar esta fiação. Vamos assinar a ordem de serviço no valor de R$ 12,5 milhões e meio para tornar o Centro mais bonito, seguro e adaptado para pessoas com deficiências. Com isso, toda fiação aérea da parte central será subterrânea", promete, não informando o tempo para conclusão da obra.

Demora
"É uma obra mais demorada, mas que já vai começar dia 23 próximo e tornar Sobral mais bonita ainda. Hoje, pelo que sei, nenhuma cidade do Interior do Brasil tem esta fiação subterrânea. São Luís, do Maranhão, e Olinda, em Pernambuco, são as únicas cidades metropolitanas que têm este ganho cultural no Nordeste", finaliza o prefeito.

Veveu Arruda informou que a solenidade será encerrada com um show do cantor e compositor Zeca Baleiro e contará com a presença do governador Cid Gomes.

MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura Municipal de Sobral, Rua Viriato de Medeiros, 1250
Centro - Sobral
Telefone: (88) 3677.1100


Lauriberto Braga 
Repórter

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Teatro São José, de Fortaleza, será restaurado e reaberto ao público

Secretaria de Cultura de Fortaleza comprou o teatro por R$ 998 mil.
Prédio foi tombado em 1988 e não sofrerá mudanças na estrutura original.



Abandonado por muitos anos, o teatro São José vai passar por reforma e reabrir ao púbico transformado no Teatro Municipal de Fortaleza, segundo a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor). O prédio, que pertencia à Federação dos Trabalhadores Cristãos, foi comprado pela administração municipal por R$ 998 mil reais e passará antes por uma grande obra de restauração.

Tombado em 1988, o teatro São José não poderá ter modificadas nem a fachada nem a área interna na restauração, com início marcado para o primeiro semestre de 2012. De acordo com a Secretaria de Cultura, o projeto arquitetônico de restauração do teatro São José está quase pronto e a licitação para a obra deve ser aberta entre novembro e dezembro deste ano.

"Além de ter esse palco noturno como mais uma casa de espetáculos na cidade, ele também terá uma escola de teatro. Ele firma esse elo entre educação e cultura", afirma a secretária de Cultura de Fortaleza, Fátima Mesquita.

Maltratado pelo tempo
Com quase um século de construção, mesmo maltratado pelo tempo, o teatro São José conserva o charme de uma casa  de espetáculos cheia de história. Refém da falta de manutenção, do lado de fora, o teatro perdeu a pintura da fachada e a beleza do jardim.

Por dentro, restou pouco do capricho marcado nos balcões na tela com a imagem da sagrada família, acima do palco. A antiga casa de cultura sofre com os cupins, estragos no telhado, no sistema elétrico e no palco. Nem mobília e os instrumentos musicais foram conservados, como a velha bilheteria e o piano do teatro.

O professor e historiador Henri Randel Costa diz que o teatro foi construído dentro de um processo de luta pela hegemonia do movimento social operário entre a Igreja Católica, no caso do Ceará, e a Maçonaria. "São José, que não era operário, era artesão, foi 'proletarizado' pela Igreja Católica justamente para servir de referência para essa classe operária, que estava se formando. Ele é uma simbologia", explica.

Fonte: TV Verdes Mares

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cidades históricas terão R$17 milhões para restauros

Quatro cidades do Interior vão receber verbas do PAC das Cidades Históricas. Propriedades particulares são o alvo dos financiamentos. Serão beneficiadas as cidades de Aracati, Icó, Sobral e Viçosa do Ceará

Sobral realiza trabalho para retirar letreiros do centro histórico (RAFAEL CAVALCANTE)

Donos e inquilinos de imóveis residenciais e comerciais de sítios históricos do Ceará vão poder financiar o restauro dos prédios a juros zero. De acordo com a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Ceará, Juçara Peixoto, este mês deve ser assinado convênio com cinco prefeituras para o lançamento público de editais.

As obras fazem parte do programa PAC das Cidades Históricas, do Governo Federal. Serão beneficiadas as cidades de Aracati, Icó, Sobral e Viçosa do Ceará, que têm sítios históricos oficializados pelo Iphan, além de Fortaleza. Segundo a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), na Capital, o PAC das Cidades Históricas vai contemplar imóveis do Centro e entorno.

O financiamento para as obras nas cidades do Interior soma R$17 milhões e será feito pelo Banco do Nordeste. Para prédios residenciais, o pagamento do empréstimo poderá ser feito até 15 anos. Para prédios comerciais, o prazo é de dez anos.

Juçara explica que para receber o financiamento, o imóvel passa primeiro por análise técnica do Iphan. Embora as obras sejam executadas por quem pede o financiamento, o órgão acompanha o andamento dos trabalhos para que não haja descaracterização do imóvel.

Facilidades
A superintendente do Iphan detalha que não há faixa específica de financiamento para as obras nem renda mínima.

“O que não pode é comprometer grande parte da renda com o empréstimo. Quem recebe até três salários mínimos tem algumas facilidades”, acrescenta.

Outra facilidade é que não é preciso ser proprietário do imóvel para pedir o financiamento. “Qualquer pessoa que more, um inquilino com anuência do proprietário, por exemplo, pode pedir. Tem que ser alguém que tenha responsabilidade pelo prédio”, ressalta.

Juçara lembra ainda que imóveis de interesse histórico já descaracterizados ou em processo de arruinamento também podem ser contemplados.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Imóveis particulares de sítios históricos de Aracati, Icó, Sobral e Viçosa do Ceará, reconhecidos pelo Iphan, além de Fortaleza, vão ser contemplados com obras de restauro. Recursos serão repassados por meio de financiamento.

SERVIÇO

Sobre o financiamento
Podem pedir financiamento de restauro donos ou inquilinos de prédios, residenciais e comerciais, com valor arquitetônico reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
Onde: Aracati, Icó, Sobral, Viçosa do Ceará e Fortaleza (no Centro).
Como financiar: procurar a Prefeitura após a publicação dos editais
Quanto: não há faixa de financiamento definida, mas renda do solicitante é levada em conta

Quando: a partir deste mês
Como é feito o pagamento do empréstimo: até 15 anos para residências e até 10 anos para comércios
Outras informações: a sede do Iphan em Fortaleza: (85) 3221-6263, 3221-2180
e-mail: iphan-ce@iphan.gov.brt

Thiago Mendes
thiagomendes@opovo.com.br

Fonte: O Povo

domingo, 9 de outubro de 2011

Iphan analisa pedido de patrimônios imateriais

Os três pedidos de registro de patrimônio imaterial são novidades no Ceará, embora previsto por legislação

Grupos juninos do Estado, como a Quadrilha do Zé Testinha, trazem nas suas encenações ritmos como forró, xote, baião e xaxado no repertório musical
BRUNO GOMES
Iguatu. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Ceará, analisa três pedidos de registro de preservação de bens culturais de natureza imaterial. São eles: o complexo cultural e religioso de Santo Antônio, em Barbalha; as matrizes tradicionais do forró (xote, baião e xaxado); e a dança do maracatu, na Capital. Ainda não há no Estado nenhum patrimônio cultural imaterial registrado, e o primeiro a alcançar essa condição será a festa do padroeiro de Barbalha, cujo processo está mais avançado e foi apresentado no início de 2010.

Os três pedidos de registro de patrimônio imaterial são novidades no Ceará, embora previsto por legislação desde 2001. Entretanto, se compararmos com o processo de tombamento de bens imóveis e de obras de arte que já dura cerca de 70 anos no Brasil, é uma proteção recente, ainda desconhecida por muitos, mas de fundamental importância para a preservação da cultura nacional popular, que se manifesta em várias comunidades interioranas.

A chefe substituta da divisão técnica do Iphan, no Ceará, Ítala Morais da Silva, evidencia que o processo de tombamento do patrimônio material é mais limitado, com ocorrência em poucas cidades, que apresentam imóveis da época colonial e barroca. "Numa nova perspectiva cultural, o registro visa preservar uma quantidade maior de bens, mesmo de práticas culturais de um só grupo", explicou. "O objetivo é a diversidade cultural, fazendo com que maior número de pessoas possa ser representado em suas manifestações artísticas e culturais".

Ítala Silva explicou que os pedidos de registro de bem cultural de natureza imaterial devem ser apresentados por um maior número de pessoas, entidades e instituições públicas e privadas. Devem ser acompanhado de um histórico da atividade, documentos, fotos, recortes de jornais e de outras mídias - áudio e vídeo. O processo dura em média 18 meses e exige a realização de várias audiências públicas na comunidade e de um inventário por técnicos, como metodologia de trabalho. Trata-se do Inventário Nacional e Referências Culturais (INRC).

"A metodologia de trabalho do registro de um bem imaterial resulta em um processo mais complexo em comparação com o tombamento de um imóvel com a participação de vários técnicos", observa Ítala Silva. "É um trabalho interdisciplinar". Outro aspecto diferencial é que deve haver uma efetiva participação e desejo da comunidade para que ocorra o registro. "A sociedade deve ter participação ativa e um desejo de preservação do bem". Apesar da exigência de envolvimento de um maior número de agentes, o registro do bem imaterial não evita a possibilidade de perda da prática cultural, por não sucessão na comunidade para a geração jovem ou por outros motivos. "Não podemos obrigar que a atividade cultural seja mantida ao longo do tempo. A legislação prevê que, a cada dez anos, o Iphan faça nova pesquisa, um inventário e uma análise para a apresentação de um novo parecer e continuidade do registro".

Após o registro, o Iphan promove uma articulação para a implantação de políticas públicas visando à preservação do bem protegido. "É importante existir o registro para a continuidade dos grupos, pois as pessoas de mais idade, os mestres da cultura, transmitem para os jovens essas práticas", disse Ítala. A partir de uma maior participação da comunidade e sensibilização de seus membros fica mais fácil a preservação do bem cultural. Os pedidos de registro do forró e do maracatu como bem imaterial pelo Iphan foram apresentados neste ano, respectivamente, pela Associação Cearense do Forró, e pela Associação Cultural Maracatu Rei do Congo, e ainda carecem de uma melhor avaliação, segundo Ítala. "Só após apresentação do inventário teremos melhor definição da demanda solicitada", ressaltou. "No caso do maracatu é necessário que o pedido envolva outros grupos, uma participação conjunta por ser um bem coletivo".

Primeiros
O registro de bem cultural imaterial começou a ocorrer a partir de 2001, após publicação de decreto pelo Iphan. Os primeiros registros foram em 2004. Estão protegidos e reconhecidos o ofício das baianas do acarajé, na Bahia, e a arte gráfica dos índios Waiãipi, do Amapá. Desde 2007, que os padrões e cores que constituem o patrimônio iconográfico Kusiwa da cultura Waiãpi está registrado oficialmente no dossiê do Iphan. No Iphan, há um Conselho Consultivo, com representações da sociedade civil e de entidades de classe, que apreciam o dossiê de registro do bem imaterial.

Mais informações

Superintendência do Iphan em Fortaleza
Rua Liberato Barroso, 525, Centro
Telefone: (85) 3221. 6360


SANTO ANTÔNIO

Decisão deve sair este ano

A cidade de Barbalha, na região do Cariri, vive a expectativa de aprovação pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do registro da Festa de Santo Antônio de Barbalha. Essa será a denominação oficial, conforme decisão coletiva tomada recentemente em audiência pública realizada no Município. "Esperamos que até o fim do ano o Iphan anuncie o registro e publique o dossiê oficial até a realização da próxima festa em 2012", disse o secretário de Cultura e Turismo do Município, Dorivan Amaro dos Santos.

Os agentes culturais do Município esperam com ansiedade a divulgação do registro. A demanda oficial foi encaminhada ao Iphan no início de 2010, mas Santos observa que o inventário das festividades religiosas e populares, que inclui o carregamento do Pau da Bandeira, a Cachaça do Vigário e o novenário em louvor ao santo padroeiro, começou em 2003. "Já houve muitas reuniões, audiências públicas e aguardamos agora o anúncio do registro porque o processo já está concluído", frisou. "Será muito importante para a divulgação, valorização e reconhecimento de uma festa que terá caráter nacional".

Santos observou que o registro da Festa de Santo Antônio de Barbalha vai aumentar a responsabilidade dos moradores, da administração pública municipal e das pessoas envolvidas com a promoção da cultura. "Haverá um maior cuidado com a preservação". A demanda apresentada pelo Município envolveu ampla participação e articulação da comunidade local.

O professor de História da Universidade Regional do Cariri (Urca) e presidente do Instituto Pró-Memória, uma ONG de Barbalha, Josier Ferreira da Silva, ressaltou que historiadores e memorialistas da região do Cariri vivem a expectativa do registro como bem imaterial da Festa de Santo Antônio de Barbalha. "Essa iniciativa vai fortalecer a identidade cultural do Município. Aumenta, por outro lado, a nossa preocupação em preservar a tradição". Josier observou que apesar do mundo moderno globalizado e tecnológico, a região do Cariri cearense preserva manifestações culturais que têm origem com a colonização do sertão cearense a partir de Pernambuco. "Há de conviver o novo e o tradicional em uma região marcada pela diversidade cultural e de seus diversos ritos religiosos populares".

A partir da segunda metade da década de 1976, houve a implantação de políticas públicas de valorização e reconhecimento da Festa de Santo Antônio de Barbalha, quando o Município investiu em divulgação e organização do evento. Ele defende um aprofundamento do inventário sobre as diversas manifestações culturais da região.

O pedido de registro das matrizes tradicionais do forró - xote, baião e xaxado - ainda vai passar por um processo de análise do Iphan. São ritmos de música e de dança que fazem parte da cultura nordestina. Segundo registro de Câmara Cascudo, o xote é antiga dança de salão, provavelmente de origem húngara e que se assemelha à polca. O xaxado é originário do alto sertão pernambucano e divulgada por cangaceiros. O baião é um gênero musical e sertanejo de canto e de dança.

Surgimento
A historiografia registra que foi a partir do encontro na década de 1940, entre o sanfoneiro Luiz Gonzaga, pernambucano de Exu, e o advogado e compositor cearense da cidade de Iguatu, Humberto Teixeira, que surgiu o ritmo baião. A dupla teria então criado esse novo jeito de tocar e dançar músicas conhecidas popularmente de arrasta-pé. Daí a denominação de "Rei do Baião" e "Doutor do Baião" para a dupla que abriu espaço para toda essa manifestação musical que chegou até os dias atuais, mesmo com transformações e introdução de instrumentos elétricos.

O tradicional forró pé de serra resiste ao tempo e as composições de cinco décadas passadas ainda estão presentes no repertório de shows de artistas consagrados. O chamado forró universitário mantém o ritmo do xote (dois pra lá, dois pra cá).

Registrar e preservar essa cultura musical nordestina é um reconhecimento da importância desse gênero, que passou a ser conhecido por forró, e que já está fixado nas mentes e nos corações de gerações seguidas e que resiste aos modismos de cada época.

Mais informações

Prefeitura de Barbalha

Secretaria de Cultura e Turismo
Rua Princesa Izabel, 187, Centro
Telefone: (88) 3532. 1708


Honório Barbosa
Repórter