sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

As lembranças do Ceará

Dona Rosa Ribeiro representa todas as rendeiras do Ceará no Centro de Turismo.
FOTOS: MIGUEL PORTELA
A construção secular, que abriga o mais fino artesanato cearense, ganhará vida nova com a inauguração do sonhado restaurante

Na ala central do espaço histórico, o vaivém dos visitantes não tira sua concentração. Mãos firmes e olhos atentos à almofada à sua frente, ela mexe os bilros pra lá e pra cá. Belas peças em renda vão surgindo. A rendeira Rosa Ribeiro, 73 anos, recebe os cumprimentos pelo trabalho realizado, agradece pelo reconhecimento à sua arte e põe mãos à obra.

Como o artista tem que ir aonde o povo está, dona Rosa é presença constante no Centro de Turismo. O lugar é a melhor passarela para a mostra da arte do povo cearense em suas diversas versões. E ela, como rendeira - um dos personagens símbolos do Ceará - não poderia ficar de fora desse desfile de belezas, expressas em artesanato, moda, souvenirs, culinária e muito mais.


Abrigando o comércio da diversidade cultural do Ceará desde 1973, o prédio de linhas neoclássicas datado de 1866 e localizado no Centro de Fortaleza, tornou-se parada obrigatória para quem quer apreciar a variedade de criações dos cearenses. Da cadeia pública que funcionou ali no passado ficaram apenas recordações.

A construção impressiona pela imponência. Primeiro, o visitante aprecia a arquitetura colonial e os imensos portões de ferro trabalhado. Ao cruzar as muralhas, encontra um ambiente tranquilo, arborizado e seguro, ideal para compras. As antigas celas da grandiosa edificação viraram lojas e boxes para os artesãos. Os espaços que serviram para reclusão hoje realçam arte pura.

O Centro de Turismo dispõe de 104 lojas distribuídas em três alas (Norte, Central e Sul) unidas por calçadões e mais a Galeria João Moreira. Quem passeia por lá garante: é a opção mais agradável para se adquirir o rico artesanato cearense. A qualidade e o perfeito acabamento das peças e produtos são diferenciais, se não bastasse a história enraizada no espaço de largos corredores.

Ao percorrer o espaço histórico, o turista encontra trabalhos em labirinto e renda, bordados, peças para cama, mesa e banho, moda praia, redes, artesanato de todos os tamanhos e formas, peças em couro, palha, metal e madeira, doces, bebidas, produtos do caju, quadros, garrafas de areia colorida e uma centena de lembranças do Ceará. Há peças a partir de R$ 1,00. Mas, no bate-papo com os comerciantes é possível obter algum desconto se o cliente desejar grandes quantidades.

Cada peça tem como principal procedência o interior do Ceará. Vêm das praias, do sertão, das serras. Por isso se diz que o Centro de Turismo reúne peças e artigos de todo o Ceará, pois os fornecedores são de todas as regiões, cada uma com sua tipologia. Não dá para arriscar a quantidade real de produtos comercializados ali. O melhor, então, é conferir toda a variedade. Nesse quesito, um dos destaques no Centro de Turismo é o comerciante Raimundo Quixadá, com sua oferta de castanhas de caju de qualidade inigualável.

Quixadá é referência quando o assunto é castanha. Há mais de 30 anos, ele mantém uma loja no Centro de Turismo. E afirma: "Tão certa quanto as rendas entre os desejos do turista em Fortaleza, a castanha ganhou sabores inusitados, como caramelo, cappuccino e gergelim, ervas finas defumadas". Então, foi-se o tempo em que comprava-se a iguaria decidindo apenas se "com ou sem sal".

Ainda no passeio pela Centro de Turismo, o visitante tem a oportunidade de apreciar o Museu de Arte e Cultura Popular, no andar superior da Ala Central. São 1,5 mil peças, com destaque para uma jangada, um tear e um carro de boi originais. O acervo inclui, ainda, uma estátua do Padre Cícero, toalhas bordadas por escravas, artigos religiosos, bonecos, peças em cerâmica, latão, ferro, barro, couro, palha e flandre, armas antigas, instrumentos musicais criados por cearenses, ex-votos, máscaras, figuras de barro extraídas do imaginário popular e esculturas em madeira.

Fim da espera
A infraestrutura para usufruto dos visitantes inclui, também, banheiros, lanchonete, quiosque, caixa eletrônico, estacionamento para 42 veículos e playground. Placas indicam a direção de todos os cenários no Centro de Turismo, que, próximo de completar 38 anos de funcionamento, se prepara para receber seu novo restaurante, após 16 anos de espera.

O Restaurante América do Sol entrará em funcionamento até o final de março próximo, oferecendo café da manhã, self-service de comida regional no horário de almoço e petiscos nos fins de tarde e à noite. O empreendimento operará nos mesmos horários de funcionamento do Centro de Turismo, com espaço para 200 pessoas.

As empresárias Raquel Rodrigues e Cíntia Carvalho estão entusiasmadas com a operação do "América do Sol" no Centro de Turismo e prometem agregar ao atendimento diferenciado em ambiente agradável, ao lado de árvores centenárias, na área central de Fortaleza, música de qualidade e uma série de eventos voltados para movimentar o espaço, que, inclusive, oferece condições de acessibilidade e banheiros adaptados para pessoas portadoras de necessidades especiais.

MAIS INFORMAÇÕES
O Centro de Turismo funciona de segunda a sexta, das 8 às 18 horas; aos sábados, das 8 às 16 horas; e aos domingos, das 8 às 12 horas. Endereço: Rua Senador Pompeu, 350, Centro de Fortaleza. Telefone: 3101.5507

AREIAS COLORIDAS

Espaço guarda um acervo rico e precioso

As falésias inspiram os artesãos do litoral cearense para seus trabalhos inusitados com areias coloridas. Em pequenos recipientes de vidro, eles mostram as paisagens do Ceará e outras belezas para o mundo inteiro. Cenários, figuras religiosas, pessoas ilustres ou desconhecidas, símbolos, personagens, coqueiros, casas, animais brotam na areia depois de arrumada com a ponta de um arame.

As areias coloridas estão em quase todos os locais de comercialização do artesanato cearense. Mas, um acervo precioso está guardado no Centro de Turismo, mais precisamente na loja do comerciante Raimundo Quixadá. São garrafas de areias coloridas confeccionadas pelo artesão Edgar Andrade de Freitas, talentoso aracatiense que ganhou o mundo com sua arte.

O tesouro em areia colorida inclui garrafas com figuras de São Jorge, Jesus Cristo, cenas de caçadas, cavalos, paisagens tipicamente cearenses ou de cidades brasileiras, a exemplo da capital do País, Brasília. Os trabalhos de Edgar Freitas impressionam pela beleza, colorido e expressividade. Traços finíssimos e grossos se harmonizam. Todas as peças são assinadas e datadas pelo artesão, por sinal, o primeiro a adotar o procedimento numa forma de preservar a autoria.

Apreciador da arte de Edgar Freitas, Raimundo Quixadá quer deixar o trabalho do artesão mais à vista dos visitantes do Centro de Turismo. Para tanto, articula a criação de uma exposição permanente do acervo numa parceria com as secretarias do Turismo e da Cultura do Estado. Quixadá acredita que o espaço nobre valorizaria ainda mais a arte em areias coloridas. Em paralelo, o Centro ganharia mais uma atração para fidelizar visitantes.

Edgar Freitas faz arte com as areias coloridas deste pequeno. Hoje, com mais de 50 anos, se orgulha de ter seu trabalho reconhecido mundo afora, com peças exclusivas preservadas no Memorial da América Latina, em São Paulo-SP; em Brasília-DF, no Vaticano (Papa João Paulo II) e em Paris. Na capital francesa, a peça de sua autoria, um avião Concord em areia colorida, foi produzida a pedido da esposa do ex-presidente francês Valéry Giscard d´Estaing.

Reconhecimento especial
O artesão aracatiense também já mostrou sua arte, pessoalmente, em Portugal, China e Japão. Ele é um dos consagrados artesãos brasileiros que têm seu trabalho destacado na obra "Em Nome do Autor - Artistas Artesãos do Brasil", de autoria de Beth Lima e Valfrido Lima.

Uma página do livro é dedicada a Edgar Freitas. A publicação, patrocinada pelo Ministério da Cultura, visa, mais que mostrar o que existe de arte pelo País afora, aproximar os leitores de todos os artesãos, que vivem nas mais simples casas, nas cidades mais distantes, esculpindo, modelando e dando forma a um imaginário que, indiscutivelmente, faz parte do nosso patrimônio cultural.

Fonte: Diário do Nordeste

Por novos caminhos

FOTO: ADRIANA PIMENTEL

Em sua estreia como autor publicado, o músico e poeta Carlinhos Perdigão lança hoje o livro "Fragmentos: poemas e ensaios", junto a vários artistas

Um lançamento de livro diferente, com a participação não apenas do autor, mas de um coletivo de artistas cuja participação promete dar outra vida à obra. É assim que chega ao público de Fortaleza "Fragmentos: poemas e ensaios", primeira publicação do músico e poeta Carlinhos Perdigão. O evento acontece hoje, às 19h30, dentro do projeto Zona Poética Liberada, do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Mais conhecido pelo seu trabalho como baterista, Perdigão traz para primeiro plano o outro lado de sua produção criativa. "Fragmentos" reúne poemas, letras de música, ensaios literários e artigos de divulgação científica. "Esse livro tem característica realmente histórica, porque reúne textos que venho produzindo há 30 anos. Ele surge em um momento de maturidade pessoal e profissional", ressalta o autor.

Segundo o artista, o desejo de publicar um livro surgiu há cerca de um ano. "Mexo com arte há pelo menos 25 anos. Sou baterista, poeta, professor de língua portuguesa. Em torno dessa produção que mistura linguagens, surgiu o livro. Não no sentido exato de algo fragmentado, mas de percursos diferentes, possibilidades de interferências distintas", explica.

Perdigão destaca ainda a importância do projeto para marcar sua posição de pesquisador. "Fundamentalmente, é esse meu objetivo, demarcar minha posição como questionador da cultura, da leitura e da educação no Ceará. Nesse sentido, o livro é também uma contribuição, ao permitir reflexões sobre a situação da arte no Estado e suas conexões", explicita.

Coletivo
Tendo em vista a natureza plural do trabalho de Perdigão, nada mais apropriado do que fazer um lançamento "coletivo", a partir de várias intervenções. Para tanto, foram convidados oito artistas de um coletivo local, que irão declamar, ler, cantar e teatralizar poemas e textos de "Fragmentos". Entre eles, estão Carlos Dantas, Joanice Sampaio e Júlio Maciel.

Para o autor, a performance tem muito a ver com o livro e a maneira como ele foi produzido. "´Fragmentos´ remete tanto à minha trajetória poética e literária quanto à minha história como baterista. Tem fotos minhas tocando em diversos espetáculos, o próprio formato do livro lembra um LP. O projeto de imagens é da artista plástica Renata Holanda. Já o Carlos Dantas escreveu o prefácio. Assim, a obra surge como resultado dessas diferentes interferências. É a minha cara, estou muito contente", comemora Perdigão.

Além do lançamento de hoje, outros estão agendados para as próximas semanas. No dia 12 de março, "Fragmentos" será apresentado no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), dentro do projeto Literatura em Revista; em 18 de março, no Centro Cultural Bom Jardim. Em 10 de abril, acontece o lançamento na Livraria Cultura, seguido de bate-papo (a partir daí, o livro poderá ser encontrado na loja). Por fim, em 13 de abril, ocorre novo lançamento no CCBNB, dessa vez, mais "musical", quando Perdigão executará composições próprias e versões musicadas de seus poemas.

MAIS INFORMAÇÕES
Lançamento do livro "Fragmentos: poemas e ensaios". Hoje, às 19h30, no Auditório do Centro Dragão do Mar. Acesso livre. Preço do livro: tratar diretamente com o autor. Contato: (85) 3488.8600

Lançamento do ´Silêncio Crisol´

Tendo Tauá como cenário, filme fala de uma família e suas relações em dias sombrios e pessoas silenciadas
Tauá. Amanhã e domingo acontecerá, neste Município, o lançamento do curta-metragem "Silêncio Crisol", de Samuel Lima, gravado neste Município nos meses de novembro e dezembro do ano passado. A exibição será no espaço do Cine Teatro do Parque da Cidade, a partir das 19 horas.

A primeira exibição acontecerá para um público convidado, funcionando como uma espécie de termômetro de apreciação do filme. Já no segundo dia, a exibição será aberta ao público em geral e inteiramente gratuita. Trata-se de uma iniciativa comprometida com a formação de público.

"Depois do pré-lançamento e lançamento, começará a exibição do filme nos bairros da cidade, com a intenção de mostrar à comunidade em questão que o cinema tem bastante poder de alcance social", ressalta o ator, produtor cultural e técnico da Secretaria de Cultura de Tauá, Gilmar Costa.

O filme é o primeiro que integra as ações do Projeto Curta Sertão, proposto por Samuel Lima e contemplado pela ação Microprojetos Mais Cultura, uma parceria entre o Ministério da Cultura (Minc), por meio da Secretaria de Articulação Institucional (SAI) e da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Banco do Nordeste (BNB), Instituto Nordeste Cidadania (Inec) e Secretaria da Cultura (Secult). Nos dois dias, além do lançamento do curta, acontecerá a exibição de um longa-metragem da Programadora Brasil.

No espaço do Cine Teatro funciona um cineclube gerido pela Companhia Artística Tauaense (Ciart), também contemplada com projeto submetido ao Programa Cine Mais Cultura, do MinC. As locações do curta foram todas na sede de Tauá, como a conhecida residência de Júlio Gonçalves Sobrinho, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, o Cine Teatro, a Rodoviária, dentre outros.

Fonte: Diário do Nordeste 

Lançamento do livro "De quem é a Cena?" de Gyl Giffony


A Constituição Federal de 1988 declara livre a manifestação artística. Não são necessários licença nem registro prévio se o seu desejo é ser artista no Brasil. Por outro lado, quase que diariamente, atores em todo o país são fiscalizados pelo seu sindicato, que, com base na Lei n° 6.533/78, cobra registro profissional para que se realizem apresentações. O embate é tema do livro De Quem é a Cena? - A regulamentação do exercício amador e profissional de atores e atrizes, de Gyl Giffony.

Ator e integrante do Grupo 3x4 de Teatro e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais da Universidade de Fortaleza (Unifor), Gyl é graduado em Artes Cênicas pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Estado do Ceará (atual IF-CE). No dia a dia do teatro, o autor sentiu a necessidade de discutir as relações entre expressão artística e profissionalização. Graduado também em Direito, pela Unifor, o ator pesquisou a questão sob a orientação do Prof. Dr. Humberto Cunha, transformando o resultado em livro.

Já no título, o autor desconstrói a divisão entre as atuações amadora e profissional. “O uso do termo 'profissional', por vezes, marca uma especialidade, sugere uma distinção que acaba por distanciar algumas atividades de suas funções sociais e públicas. É o caso da arte”, diz. Referenciando o teatrólogo Augusto Boal, Gyl Giffony afirma que som, palavra e imagem são imprescindíveis à nossa condição humana. “Cabe ao Estado assegurar e promover esse jogo diverso, no sentido de uma democracia cultural, sem forte cisão entre amadores e profissionais, mas em que se possibilita o exercício e se afastam precariedades e abusos”, defende.

Com a pesquisa em mãos, Giffony a apresentou em eventos como o Encontro de Artistas Pesquisadores, do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, e o Encontro Nacional de Estudos em Cultura, na Universidade Federal da Bahia. Onde chegava, o autor sentia a necessidade de compartilhar essa fala. Inscreveu, então, o material no Edital das Artes 2010 da Secretaria de Cultura do Ceará e foi contemplado. De Quem é a Cena?... é um trabalho nesse sentido, de fazer a discussão reverberar, contribuindo para o amadurecimento do debate.

Apesar da temática densa, este é um livro de linguagem e estrutura simples, que transita pela história do teatro e pelo direito. O projeto gráfico da obra, bem como sua publicação, levam a assinatura da La Barca Editora. Com formato agradável (11,5 x 18,5 cm), o livro foi projetado para proporcionar uma experiência confortável de leitura, inclusive nas citações de trechos de legislações. Na capa, uma elegante cortina vermelha tem um foco de luz apontado para seu centro, como se a qualquer momento ela pudesse se abrir e responder à questão do título, De Quem é a Cena?.

Voltado diretamente para os trabalhadores da cultura, pesquisadores e militantes dos direitos culturais, De Quem é a Cena? - A regulamentação do exercício amador e profissional de atores e atrizes tem lançamento na próxima quinta-feira, 24, às19 horas, na Unifor.

Sobre o autor
Gyl Giffony é ator, integrante do Grupo 3x4 de Teatro, de Fortaleza, e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais da Universidade de Fortaleza (Unifor). Graduado em Artes Cênicas, pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Estado do Ceará (atual IF-CE), e em Direito, pela Unifor. Atualmente, cursa mestrado no Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGMS/Unirio)

Sobre a editora
Criada em 2009, a La Barca Editora nasceu com a publicação de Transatlântico, da jornalista Mariana Marques. O livre, com capa de couro sintético azul-marinho, título em letras douradas e costuras, como um passaporte, acabou por dar forma ao que hoje é a La Barca: uma editora que se diferencia das outras pelo esmero com que publica seus títulos, com o tratamento visual completando a obra, sendo parte de sua personalidade.

Serviço:
De Quem é a Cena? - A regulamentação do exercício amador e profissional de atores e atrizes. De Gyl Giffony. 112 páginas. La Barca Editora. R$ 21,90.

Serviço do lançamento:
De Quem é a Cena? - A regulamentação do exercício amador e profissional de atores e atrizes. De Gyl Giffony. Lançamento hoje, quinta-feira (24), às 19 horas, no Auditório A3 – Bloco A, da Universidade de Fortaleza (Unifor). Na ocasião, o livro será vendido por R$ 15. Outras informações: 3264 8028.

Contatos para entrevista:
Alvaro Beleza (La Barca Editora) – 8768 3964 e 3264 8028
Gyl Giffony (autor) – 8544 0838

Outros contatos da La Barca:

SERVIÇO

DE QUEM É A CENA?
Quando: Hoje, 24
Horário: 19 horas
Onde: Universidade de Fortaleza (Unifor) – Auditório A3 – Bloco A
Preço promocional: R$ 15
Outras informações: 085 -8768 3964

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Entre o direito e a arte do palco

Transitando pelas imediações do Direito e das artes cênicas, o cearense Gyl Giffony apresenta em seu primeiro livro um estudo sobre legislação teatral

Ator e advogado, Gyl Giffony mescla as duas áreas do conhecimento (LEVY MOTA/DIVULGAÇÃO)
Todo cidadão é livre para se manifestar artisticamente. Pelo menos, é essa a ideia presente na atual Constituição brasileira. Porém, em nome da regulamentação, o exercício da atividade de atores e atrizes ainda esbarra em questões polêmicas. Para incentivar o debate, o cearense Gyl Giffony lança hoje à noite o livro De Quem É A Cena? – A regulamentação do exercício amador e profissional de atores e atrizes.

Graduado em Artes Cênicas e em Direito, Gyl Giffony se valeu de seus dois campos de estudo para realizar a pesquisa que resultou no livro. Em linguagem simples e didática, De Quem É A Cena? faz uso de elementos como filosofia e história do teatro para jogar algumas discussões na luzes da ribalta. “O objetivo é justamente fomentar esse debate, mostrando que a atividade dos atores é muito mais uma construção social, indo além dos conceitos da legislação ou da representação de classe”, explica o autor.

Editado pela La Barca Editora, o livro traz na capa os termos amador e profissional entrecortados por um traço, ilustrando o que o leitor encontrará nas 110 páginas seguintes. Para Giffony, “essa divisão entre profissional e amador pode, às vezes, ser um modo de exclusão, que vai contra o próprio direito fundamental à livre expressão”.

No entanto, ele deixa claro que os sindicatos têm uma atuação importante para a categoria, mas diz que “os órgãos tem que se valer do bom senso para não restringir o direito inalienável à manifestação artística”. Defendendo que a arte é maior que as instituições, De Quem É A Cena? parte da lógica de que todo homem é teatral, ou seja, de que o teatro é parte inerente à própria condição humana.


SERVIÇO

DE QUEM É A CENA?
Quando: Hoje, 24
Horário: 19 horas
Onde: Universidade de Fortaleza (Unifor) – Auditório A3 – Bloco A
Preço promocional: R$ 15
Outras informações: 8768 3964

Marcos Robério

Fonte: O Povo 

O mapa da nossa dança

Para além dos limites da Capital, a produção em dança contemporânea no Interior cresce a passos firmes. Conheça alguns nomes que fazem essa dança acontecer. Este fim de semana, três grupos passam por Fortaleza


Longe da Capital, o circuito da dança estabelece outros eixos. Os grupos buscam se fortalecer, criar estratégias de sobrevivência e conquistar o respeito do público, dos espaços e das políticas culturais. Flávio Sampaio e Gerson Moreno são figuras expoentes, com mais de 20 anos de atuação constante no Interior. Enquanto isso, novas gerações surgem e, com elas, a produção segue pulsante. Neste fim de semana, será possível acompanhar parte desta cena na Capital. A Alysson Amâncio e a Dakini Companhia de Dança apresentam-se no Teatro do Sesc Senac Iracema e a tradicional Cia. Balé Baião aporta no Theatro José de Alencar.

Alysson Amâncio é natural de Juazeiro do Norte, mas durante 10 anos dividiu residência entre Fortaleza e Rio de Janeiro, onde integrou a Esther Weitzman Cia. de Dança. Há seis, fundou na cidade natal a companhia que leva seu nome, premiada pela Fundação Nacional de Artes (Funarte) em 2008. Embora tenha precisado migrar, Alysson percebe no Cariri um cenário diferente. “Temos o Centro Cultural, o Sesc, o Teatro Marquise Branca, o Teatro Salviano Arraes, que permitem a circulação de grupos locais e de eventos como a Bienal de Dança no Cariri e a Mostra Sesc de Cultura. Estamos vivendo um momento extremamente promissor na dança contemporânea caririense”.

Amanhã, o grupo apresenta Burra, não é nada disso que você está pensando, o quinto trabalho do repertório. “Mesmo estando no Interior, não estamos procurando copiar nenhum trabalho ou seguir modelos, estamos buscando cotidianamente achar a nossa linguagem”. O próximo espetáculo já vem sendo preparado. Acompanhado pela coreógrafa carioca Ana Vitória e com estreia prevista para abril deste ano, o trabalho é resultado do Prêmio Klauss Vianna/Prêmio Festival de Artes Cênicas e Prêmio Bolsa Residência.
A coreógrafa Elizângela Alencar, 35, tem história semelhante. Conheceu a dança do ventre em Juazeiro, também sua cidade de nascimento, mas precisou partir para São Paulo em busca de capacitação. Hoje, ela pesquisa a dança oriental aliada à eutonia, prática corporal que visa a ampliação da percepção e a consciência corporal. Diretora da Dakini Companhia de Dança, criada há cinco anos, ela acredita que o cenário da dança venha crescendo na região.
“Hoje estamos com um movimento forte, que vem se fortalecendo há quatro anos. Temos um público muito bom, cursos de capacitação e pessoas interessadas em trabalho profissional. Queremos mostrar que dança é uma profissão, com remuneração, capacitação”, defende. Em cartaz na Capital, a Dakini apresenta o espetáculo Amarras, onde investiga modificações da história feminina e suas “amarras que precisam ser desatadas”. Além de Elizângela, atuam no espetáculo as intérpretes-criadoras Ianny Queiroz e Jayane Diniz, integrantes da companhia desde sua formação. Na região do Cariri, outros grupos também se destacam por sua atuação. É o caso da Cia de Dança Carolina Rocha, A2 Cia de Dança e da Cia. de Dança Daniel Telles.
O coreógrafo, diretor e bailarino Gerson Moreno (ex-Colégio de Dança) dirige há 17 anos a Companhia Balé Baião, com sede em Itapipoca, no Vale do Curu. Articulado às companhias Arreios (Trairi) e Paracuru Cia. de Dança (dirigida por Flávio Sampaio), Gerson considera que a produção na região vem sendo reconhecida. “De alguma forma, o que fazemos consegue se destacar, caso contrário não nos apresentaríamos na programação oficial da Bienal de Dança do Ceará, por exemplo”, argumenta o coreógrafo de 36 anos, natural de Itapipoca.

O elenco da companhia segue fortalecido, com bailarinos fixos há mais de 10 anos. “Hoje podemos dizer que temos bailarinos que vivem da dança”, orgulha-se. Resultado de um forte investimento em capacitação, como considera o coreógrafo. O grupo, já trocou experiências com a companhia finlandesa As2wrists, a carioca Lia Rodrigues, Marcelo Evelyn (Núcleo Dirceu – PI) e a educadora paulista Izabel Marques (Instituto Caleidos). Para manter os trabalhos, Gerson afirma que é “impossível viver sem editais”. O grupo foi premiado com quatro, o que garante a montagem e a circulação de seus espetáculos.

Também atuam na região, Cacheado Braga (Itapipoca, egresso do Balé Baião), a recente Companhia Flex (Trairi, construíram sede com recursos próprios e trabalham com crianças da comunidade técnicas de dança contemporânea, clássica, break, dance, técnicas circenses e artes marciais), Arreios (Trairi), Grupo de Dança de Paraipaba, Balanciart (Itarema, em parceria com a Secretaria de Cultura), Grupo Afro da Comunidade Quilombola de Conceição do Caetanos (Tururu). Na região Jaguaribana, a Cia. de Dança Ciclos (Tabuleiro do Norte) foi criada a partir de um projeto de dança desenvolvido pela Escola de Ensino Médio Francisco Moreira Filho, em 2002, quando montou, sob a direção do coreógrafo Duaram Gomes, o espetáculo Migração.

SERVIÇO

AMARRAS - DAKINI CIA DE DANÇA
Quando: Amanhã (25)
Horários: 20h
Local: Sesc Senac Iracema (Rua Boris, 90 C)
Ingresso: Entrada franca
Outras info.: 3452 1242 / palcocariridanca.blogspot.com

BURRA - ALYSSON AMÂNCIO CIA.
Quando: sábado (26)
Hora: 20h
Local: Sesc Senac Iracema (rua Boris, 90 C)
Ingresso: Entrada franca
Outras info.: 3452 1242

CIRCUITO ITAPIPOCA
Quando: Sábado (26) e domingo (27)
Hora: 18h (no domingo, às 17h)
Local: palco principal (sábado) e teatro Morro do Ouro (domingo), no Theatro José de Alencar
Ingresso: Entrada franca
Outras info.: 3101 2583

Elisa Parente
elisa@opovo.com.br

Fonte: O Povo 

Nilto Maciel-Contos Reunidos Vol II


É estranho começar a ler uma reunião de contos de determinado autor a partir de seu segundo volume, assim como se começasse a ler uma saga da metade da história em diante. Mas não tenho culpa alguma se os livros nunca me aparecem na ordem correta.Nilto Maciel me enviou seus Contos Reunidos: Volume II, e assim tive contato com mais um trabalho partindo da metade. Mas isso deve ser normal para muitos outros leitores. Publicado em 2010 pela editora Bestiário, o livro reúne textos de três outras publicações do autor cearense: As Insolentes Patas do Cão(1991), Babel (1997) e Pescoço de Girafa na Poeira (1999).

Em textos geralmente curtos e lineares, Nilto Maciel aborda histórias corriqueiras e também fantasias simples que fazem parte do imaginário popular das pequenas cidades. O autor vai dos desejos de homens feitos e suas frustrações sexuais à descoberta inocente da sexualidade de jovens adolescentes (às vezes não tão inocentes assim). Narra uma história inteira pelos olhos de um cão ou outro animal. Conta as investidas intelectuais de escritores e professores, cria personagens perdidas no mundo dos sonhos, encerramento de muitos de seus contos. Seus textos oscilam entre a malícia e a inocência, mas sempre com um toque melancólico.

Em alguns textos, Nilto Maciel confunde o leitor quanto ao tempo ou lugar de suas histórias. Um conto passado em São Paulo, cidade grande, nos tempos atuais pode parecer estar ambientado no interior do estado, em uma cidadezinha minúscula ou também em épocas passadas, onde as pessoas se falavam mais e se importavam mais com a vida das outras. As ruas secas e empoeiradas do interior nordestino também são evocadas pelo autor, lembrando personagens cômicas e caricatas que costumamos ver nas adaptações para a TV. Personagens que por vezes se repetem, pois suas histórias não cabem apenas em um conto só – é o caso da beata que, em um segundo conto, tem um filho e emplaca mais um mistério em sua cidade. E há espaço para aqueles que já existiam, protagonistas de momentos históricos ou outros romances – como Dalila, um inusitado encontro entre Ícaro e Santos Dumont, um pesadelo de Pôncio Pilatos e muitos outros casos de personagens conhecidas.
Vários gêneros se misturam nos três livros reunidos neste único volume: policial, ficção científica, fantasia, história, mas todos abordados de maneira a identificar o autor. Então o leitor percebe que a história da criança que se assusta com o cão, do homem que aprende a ser ventríloquo para passar cantadas, do faxineiro que dorme no confessionário, o que cria um tigre para matar a mulher e do professor que nunca terminou de escrever um livro são, apesar de personagens e temas totalmente distintos, frutos da cabeça da mesma pessoa.  Ele criou uma gama tão abrangente de histórias que é impossível numerar todas aqui, ainda mais porque ele resolveu experimentar diversos caminhos para determinado tema, às vezes fantásticos, irreais ou estranhos, outras mais concretos, com o pé no chão.

Contos Reunidos traz um apanhado vasto de histórias para serem lidas, com ou sem ordem. O leitor escolhe a melhor maneira de ler os contos de Nilto Maciel, de uma vez só ou em pequenas doses, tanto faz. Essa coletânea apresenta em cada virada de página uma nova história, um novo universo, e apesar de reconhecer o autor em cada uma delas – algo que acontece depois de certas páginas lidas – pode ser complicado memorizar cada conto lido, lembrar de todos os detalhes. Mas justamente essa fragmentação de histórias faz dos textos de Maciel fáceis de retornar, reler e armazenar a informação.

Contos Reunidos: Volume II
Autor: Nilto Maciel
Editora: Bestiário
Páginas: 352

Autora
Taize (ou Izze) Odelli é estudante de jornalismo, catarinense e mora em São Leopoldo, terra de gaúcho. Passa o dia inteiro praticamente lendo, e pegou o gosto pelas resenhas, algo que a faz não esquecer tão rápido do que leu (memória fraca aos 21 não é fácil). Adora romances policiais com boa dose de tragédia, ficção científica, fantasia e nutre ainda certa ligação com a literatura infantojuvenil.

Fonte: Rizzenhas

Festival de Cinema Digital de Jericoacoara

Começou dia 18/Fev, o período de inscrições do II Festival de Jericoacoara – Cinema Digital.

O evento ocorrerá na cidade de Jericoacoara (Litoral Oeste) na segunda semana de junho próximo e distribuirá troféus e prêmios em dinheiro para produções em forma de documentário e animação experimental.

Todo o regulamento do festival pode ser acessado no site do evento. Quem está à frente é o cineasta Francis Vale.
Fonte: Blog do Eliomar

Academia Cearense de Letras comemora centenário de José Valdevino


O centenário de José Valdevino de Carvalho será comemorado hoje, às 19h30min, em sessão solene na Academia Cearense de Letras

Um homem profundamente lírico e religioso, apegado à sua infância, à sua terra e ao amor de uma mulher. José Valdevino, nascido em Água Verde, distrito de Redenção, formado professor de português, latim e história, escritor e poeta, completaria um século de vida no próximo sábado. Em homenagem à memória do antigo ocupante da cadeira de número 11 da Academia Cearense de Letras, será realizada hoje, às 19h30min, sessão solene na sede da Academia, com o lançamento de edição fac-símile do livro Tardes Sem Sol.

“A escolha foi pessoal”, revela Flávio Leitão sobre a seleção do título a ser relançado. O livro de sonetos é o preferido do terceiro dos nove filhos de José Valdevino, que cresceu acostumado a ver o pai diariamente na lida com os livros em seu gabinete. Entre os temas dos versos, as lembranças da infância no Engenho Livramento - onde foi criado pelo avô, Juvenal de Carvalho -, o cuidado com a natureza e o amor pela mulher de sua vida, Maria Adamir Leitão de Carvalho.

“O papai era um apaixonado pela mamãe. Ele tem muitos sonetos dedicados a ela”, conta Flávio. Depois de uma vida ao lado de Adamir, Juvenal não suportou a morte da amada e definhou aos poucos, até o coração parar por falência cardíaca. Aos 78 anos, Valdevino deixou uma legião de alunos formados nos diversos colégios da cidade em que lecionou, além dos nove filhos, que hoje carregam o nome da mãe pelo amor do pai.

“Nós todos somos conhecidos como Leitão, porque quando o papai nos apresentava, ele era tão apaixonado pela mamãe, que dizia: ‘esse menino é inteligente, bonito... Puxou a mãe”, explica Flávio. O sobrenome, também herdaram os filhos Tarcísio, Adamir, Armanda, Helena, Fernando, Ângela e Gerardo Majela, o caçula.

De seu último livro, lançado em 1984, José Valdevino dedicou as histórias aos seus mais novos descendentes. Historinhas para Meus Netos e Bisnetos foi inspirado nos contos ouvidos ainda menino, contados por sua babá, filha de escravos. A exemplo das fábulas de Esopo, o moralista e católico escritor deixou lições ao fim de cada história.

Na solenidade de logo mais, o escritor deve ser homenageado em discursos dos imortais cearenses Pedro Henrique Saraiva Leão e Dimas Macedo, atual ocupante da antiga cadeira de Valdevino e que também assina a apresentação da edição fac-símile de Tardes Sem Sol. Com uma tiragem de 500 exemplares, o livro será distribuído gratuitamente durante a sessão.

SERVIÇO

CENTENÁRIO DE JOSÉ VALDEVINO DE CARVALHO
Quando: hoje, às 19h30
Onde: na Academia Cearense de Letras, rua do Rosário, n. 1 - Centro (Praça dos Leões).
Mais informações: 3226 0326
Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

José Valdevino de Carvalho nasceu em 1911 e faleceu em 1989. Foi professor e escritor, autor de livros como Coração (1934), Tardes Sem Sol (1978) e Historinhas para Meus Netos e Bisnetos (1984). Ocupou a cadeira de número 11 da ACL.

Pedro Rocha
pedrorocha@opovo.com.br

Fonte: O Povo 

Cine São Luiz - O suplício da espera


Anunciada em agosto do ano passado, a aquisição do tradicional Cine São Luiz pelo Governo do Estado ainda espera a assinatura do governador Cid Gomes. Enquanto o impasse não é resolvido,  o único sobrevivente dos cinemas de
rua da Capital está há quase um ano sem programação e sofre com a falta de uma manutenção adequada

Efeitos do abandono
Enquanto o Governo do Estado não concretiza a compra do Cine São Luiz, o prédio tombado desde 1991 está fechado e exposto à deteriorização

Há pouco mais de uma semana, o prédio histórico do Cine São Luiz, localizado ali na Rua Major Facundo, na Praça do Ferreira, no Centro da Cidade, tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual desde 1991, sofreu um revés preocupante. Vítimas dos transtornos causados pelas fortes chuvas, registrados na Capital, especialmente no Centro, as ricas paredes de mármore Carrara do saguão principal foram banhadas por uma enxurrada.

Aparentemente, apesar de o incidente ter ocorrido no mesmo ambiente onde estão os lustres de cristais importados da Itália, elegantíssimos por sinal, que adornam a sala de espera do cinema fundado em 1958, nada foi danificado. Mas o susto foi grande. Seu Haroldo Silva, responsável pela zeladoria do tradicional cinema, conta o que aconteceu naquela fatídica manhã.

"O problema foi essa calha aí", diz apontando para o painel em branco onde deveriam estar os letreiros de um filme em cartaz. "Encheu de folha, entupiu, acumulou água e desceu tudo por cima da bilheteria. Tiramos água aqui de dentro das nove da manhã às quatro da tarde, de balde!", narra, com inocência, zelo e vontade que tudo volte ao normal em breve.

Fechado há quase um ano, desde quando o Sesc rescindiu o contrato de gerência feito em 2005, com o objetivo, dentre outros, de liberar o patrimônio histórico para a negociação de compra e venda, entre o Governo do Estado do Ceará e Grupo Severiano Ribeiro, o Cine São Luiz está no meio de um imbróglio burocrático.

"Ano passado, na gestão do secretário da Cultura, Auto Filho, o contrato foi definido, rascunhado e chegamos até trocar documentação com Fortaleza. Mas houve a mudança de secretários e isso voltou mais ou menos à estaca zero. Estive aí há uns 20 dias, conversei com Professor Pinheiro (nomeado e afastado como secretário de Cultura), e com o secretário da Casa Civil, Arialdo Pinho. Ele (Arialdo) ficou de me ligar semana passada, para definir a assinatura do contrato. Estou aguardando isso", ressalta Luiz Henrique Severiano Ribeiro Baez, Superintendente de Patrimônio do Grupo Severiano Ribeiro, cuja sede fica no Rio de Janeiro.

De fato. Desde agosto de 2010, quando legítimos descendentes do cearense Luiz Severiano Ribeiro estiveram aqui, apresentando suas propostas financeira, o Diário do Nordeste acompanha, de perto, o desenrolar desse caso.

Na época, a cifra apresentada pelos proprietários variava em torno dos R$ 6 milhões. Em contrapartida, a avaliação apresentada pelo então secretário de Cultura, e baseada na orientação de peritos do Estado, passava pouca coisa dos R$ 2 milhões. Ao final da reunião, realizada em 11 de agosto do ano passado, com cessão de ambas as partes, o valor da venda do prédio do Cine São Luiz ficou acertada em R$ 3 milhões.

Tudo parado

E foi só. Hoje, apesar da dedicação e cuidados de seu Haroldo, o prédio tombado, pelo simples fato de estar fechado, não consegue ficar livre da iminente deterioração causada pelo tempo.

Saindo da brancura limpíssima que ficou o mármore do "salão de estar" do cinema, mais ressaltada pelo recente "banho" com água de chuva, e entrando na sala de exibição, chega a dar uma tristeza. Não somente pelas vassouras e baldes improvisados na vedação das pesadas portas do primeiro andar. Mas, também, pela escuridão plena e absoluta, quebrada apenas pelo improviso do flash do fotógrafo, pela espessa camada de poeira que se espalha como manta pelas históricas e danificadas poltronas vermelhas do São Luiz.

"A negociação chegou a R$ 6 milhões, nós propusemos o valor intermediário de R$ 3 milhões, e o governo do Estado afirma que só pode pagar R$ 2,13 milhões. Quero ressaltar que esses ajustes não foram, nem serão empecilhos para fecharmos o negócio. A família não vai discutir valor porque compreende que o Cine São Luiz pertence ao povo do Ceará. Mas, precisamos, sim, com urgência, transferir o cinema para o Governo do Estado, porque está fechado há muito tempo e a tendência é ficar exposto à deterioração", diz Luiz Henrique Severiano Ribeiro Baez.

O Diário do Nordeste procurou o Governo do Estado para esclarecer os detalhes em aberto para conclusão da compra do Cinema. Em virtude da vacância no cargo de secretário de Cultura do Estado, para o qual o Professor Francisco Pinheiro, ex-vice-governador e eleito deputado estadual no último pleito, foi nomeado e imediatamente afastado do cargo, a questão está na Casa Civil.

A recente transferência das instalações da Secretaria para o reformado Palácio da Abolição, ali, na avenida Barão de Studart, que permanece desde janeiro sem comunicação de telefones fixos e/ou internet, também não está facilitando a busca de informações.

Procurado pela reportagem para esclarecer em que patamar está a negociação, Arialdo Pinho confirmou o valor de R$ 2,13 milhões acertado com os proprietários. O secretário disse que a negociação continua e que, no prazo máximo de 60 dias, tudo estará resolvido.

Tomara! O Centro e a cidade agradecem.

Fique por dentro
Impasse


A indefinição quanto ao futuro do Cine São Luiz tem pelo menos seis anos. Em 2005, o fechamento do local chegou a ser anunciado. O motivo era a queda de público. Na época, foi acertada uma parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc), que passou a ser o responsável pela programação do espaço.

Até um projeto, assinado pelo arquiteto Fausto Nilo, foi elaborado, mas nunca colocado em prática pois o Sesc alegava que não tinha permissão para intervir na estrutura do prédio, apenas lidar com o custeio. A ideia original era de um centro cultural com bar, sala de ensaios, auditório e um memorial. Em abril de 2010, começaram as negociações para compra do prédio pelo Governo do Estado. Em agosto, o ex-titular da Secult, Auto Filho, anunciou que a compra era dada como certa.

NATERCIA ROCHA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Literatura de Cordel – Especial Cultura Nordestina

Matéria da série de matérias sobre a cultura nordestina.

A literatural de cordel ficou conhecida popularmente no brasil pelas músicas ritimadas realizadas em forma de desafio entre dois ou mais músico, onde o primeiro canta versos curtos e rimados em torno de um assunto, após terminar a rima o segundo realiza o mesmo processo, e assim sucessivamente.

É de impressionar a astúcia dos cantores, a agilidade de pensamento para compor espontaneamente tantos versos criando essa poesia popular.



Selecionamos um vídeo bem humorado onde há uma demonstração do Cordel e explicações sobre essa cultura.

Você pode ver detalhes técnicos no link abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_cordel

Fonte: Cultura de Qualidade 

Gilberto Freyre Melo

 O grande combatente do Racismo, Gilberto Freire, tinha dificuldades para aprender a escrever quando criança mas se tornou doutor pelas universidades de Paris (Sorbonne, França), Colúmbia (USA), Coimbra (Portugal), Sussex (Inglaterra) e Munster (Alemanha).

Gilberto de Mello Freyre, nasceu em Recife (PE) em 15 de março de 1900. Era filho de Alfredo Freyre, juiz e catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito do Recife e de D. Francisca de Mello Freyre.

Fez seu primeiro contato com a literatura através do livro As viagens de Gulliver. Gilberto Freyre, não consegue aprender a escrever, apesar de seu interesse, fazendo notar mais pelos seus desenhos. Começa a aprender a ler e escrever em inglês com Mr. Williams, que elogia seus desenhos.
Em 1909 falece sua avó materna, que vivia a mima-lo por supor ser o neto deficiente mental, pela dificuldade em aprender a escrever.

Freyre fez carreira acadêmica, de artista plástico, jornalista e cartunista no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Manteve, porém, uma grande ligação com Pernambuco, em especial Olinda e Recife.
No início dos anos 1920, estudou Ciências Sociais e Artes nos Estados Unidos. O professor Joseph Armstrong tentou convence-lo a naturalizar-se. Freyre recusou o convite por preferir o Português. Hei de criar um estilo, escreveu em seu diário.

Retornou ao Recife em 1924, mas partiu para o exílio após a revolução de 1930. Lecionou nos Estados Unidos, na Universidade de Stanford. Em 1931, viajou para Europa. Voltou ao Rio de Janeiro,em 1932, e se dedicou a escrever “Casa-Grande & Senzala ”, publicado em 1933, revolucionou a historiografia. Recusou empregos, viveu em pensões baratas, casas de amigos, até que o sucesso do livro lhe devolveu a carreira de professor.

Casou se em 1941 com Maria Magdalena Guedes Pereira. Em 1942, foi preso no Recife por ter denunciado – nazistas e racistas no Brasil, inclusive um padre alemão. Reagiu a prisão, juntamente com seu pai, o educador e juiz de direito. Por interferência do general Góes Monteiro, ambos foram soltos no dia seguinte.
Em 1946, foi eleito Deputado Federal Constituinte, pela UDN (União Democrática Nacional), sua vida política foi marcada pela ação contra o racismo. No ano de 1954, apresentou propostas para eliminar as tensões raciais na Assembléia Geral das Nações Unidas.

Gilberto Freyre recebeu diversas homenagens. Entre elas , em 1962, o desfile da escola de samba Mangueira, com enredo inspirado em Casa-Grande & Senzala.
Foi doutor pelas universidades de Paris (Sorbonne, França), Colúmbia (USA), Coimbra (Portugal), Sussex (Inglaterra) e Munster (Alemanha).

Em 1971, a rainha Elizabeth da Inglaterra, lhe conferiu o título de Sir ( Cavaleiro do Império Britânico). Passou por diversas cirurgias ( Introdução de marca passo, cirurgia de próstata, hérnia do esôfago). Em 1986, ocupou a cadeira 23 da Academia Pernambucana de Letras.

Em 18 de Abril , sábado Santo, recebe de Dom Basílio Penido O.S.B. os sacramentos da reconciliação, da Eucaristia e dos enfermos. Morre no Hospital Português, às 4 horas da madrugada de 18 de julho de 1987, dia de aniversário de Madalena. È sepultado no Cemitério de Santo Amaro.

Livros de Gilberto Freyre

  • Casa-Grande & Senzala, 1933.
  • Guia Prático, Histórico e Sentimental da cidade do Recife, 1934.
  • Sobrados e Mucambos, 1936.
  • Nordeste: Aspectos da Influência da cana Sobre a Vida e a Paisagem… ,1937.
  • Assucar, 1939.
  • Olinda, 1939.
  • O mundo que o Português criou, 1940.
  • A história de um engenheiro Francês no Brasil, 1941.
  • Problemas Brasileiros de antropologia, 1943.
  • Sociologia, 1945.
  • Interpretação do Brasil, 1947.
  • Ingleses no Brasil, 1948.
  • Ordem e Progresso, 1957.
  • O Recife Sim, Recife não, 1960.
  • Vida Social no Brasil nos meados do século XIX, 1964.
  • Brasis, Brasil e Brasília, 1968.
  • O Brasileiro entre os outros hispanos, 1975.
Fonte: Cultura de Qualidade

Antônio Frederico de Castro Alves

Conheça um pouco sobre a vida do “Poeta dos Escravos”, o abolicionista Castro Alves. Importante integrante do grupo de poetas brasileiro imortais, escritor dos mais belos poemas líricos do Brasil.

Antônio Frederico de Castro Alves, nasceu em 14 de março de 1847, na fazenda Cabaceiras em Curralinho, hoje Castro Alves, no estado da Bahia. Filho do médico Antônio José Alves e de Clélia Brasília da Silva Castro.

Perdeu a mãe quando tinha 12 anos de idade. Seu pai se casou pela segunda vez em 1862, com a viúva Maria Rosário Guimarães.

Aos 17 anos fez as primeiras poesias. Submeteu-se à prova de admissão para ingresso na faculdade de Direito do Recife sendo reprovado.
Era um belo rapaz, de porte esbelto, voz possante, dons e maneiras que impressionavam. Era sempre muito requisitado nas sessões publicas da faculdade, nas sociedades estudantis, na platéia do teatro. Ocorrem então os primeiros romances, os mais belos poemas líricos do Brasil.
A atriz Portuguesa Eugênia Câmara se apresentou no teatro Santa Isabel em 1863, sendo grande sua influencia na vida de Castro Alves.
Neste mesmo ano, a tuberculose se manifestou e ele teve sua primeira hemoptise.
Ele enfim consegue se matricular-se na faculdade de Direito de Recife.
Publicou no primeiro número de a Primavera, seu primeiro poema contra a escravidão: “A canção do Africano”.
Perdeu seu irmão, que sofria de distúrbios mentais desde a morte de sua mãe, vitima de suicídio em 1864, e o seu pai a 23 de Janeiro de1866.
Fundou com Rui Barbosa e outros amigos uma sociedade abolicionista.
Em 1866, iniciou apaixonada ligação amorosa com Eugênia Câmara, a qual duraria até 28 de agosto de 1868.

Em São Paulo ,resolveu realizar uma caçada na várzea do Brás e feriu o pé com um tiro. Disso resultou longa enfermidade, cirurgias, e o martírio de uma amputação. Os cirurgiões e professores da faculdade de medicina do Rio de Janeiro, Andrade Pertence e Mateus de Andrade, amputaram seu membro inferior esquerdo sem qualquer anestesia. Pouco tempo depois voltou a faculdade para concluir o curso jurídico.

No dia 31 de Outubro de 1869, assistiu a uma representação de Eugênia Câmara, no teatro Fênix Dramática, no Rio de Janeiro, onde a viu pela última vez, pois resolveu partir para Salvador. Tendo piorado seu estado de saúde abandonou os estudos. No inicio de 1870 seguiu para Curralinho para melhorar a tuberculose que se agravara.

Sua ultima aparição em público foi em 10 de fevereiro de 1871, numa recita beneficente. Morreu às três e meia da tarde , em 6 de julho de 1871, no Solar da família no Sodré, Salvador, Bahia. Morreu sem acabar o que se propusera o poema “Os Escravos”, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Era conhecido como “Poeta dos Escravos”. É patrono da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras.

Literatura de Castro Alves

  • “Espumas Flutuantes” (1870).
  • “Gonzaga ou a revolução em Minas ”(1875).
  • “Cachoeira de Paulo Afonso (1876)”.
  • “Vozes, D’África” e “Navio Negreiro ”(1880).
  • “Os Escravos” (1883), etc.
Em 1960 publicou-se sua obra completa, enriquecida de peças que não figuram nas obras completas de Castro Alves, editadas em 1921.
Veja também:
Principal fonte de consulta: pt.wikipedia.org/wiki/Castro_Alves

Fonte: Cultura de Qualidade

José de Alencar, maior representante da corrente literária indianista

 Saiba um pouco mais sobre a vida do político e imortal da Academia Brasileira de Letras, que causava admiração pela qualidade e tamanho de sua obra.

Da série Cultura Nordestina. Por Geraldo Gonçalves.


José Martiniano de Alencar, nascido em Messejana, na época um município vizinho a Fortaleza, no dia 1 de maio de 1829.
José de Alencar tinha o mesmo nome do pai, que tinha sido padre e depois senador, e da prima de seu pai Ana Josefina de Alencar, com quem formara uma união socialmente bem aceita, desligando-se bem cedo de qualquer atividade sacerdotal.
José de Alencar foi um jornalista, político, advogado, orador, romancista e dramaturgo brasileiro.
A família transferiu-se para a capital do império do Brasil, Rio de Janeiro, e José de Alencar, então com onze anos foi matriculado no colégio de Instrução Elementar. Fundou em 1846 a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo questões de estilo.
Em 1850, forma-se em direito. Começa a advogar no Rio e passa a colaborar no Correio Mercantil, convidado por seu colega de faculdade Francisco Otaviano de Almeida Rosa, e a escrever para o Jornal do Commercio os folhetins.
Filiado ao Partido Conservador, foi eleito várias vezes deputado Federal pelo Ceará. De 1868 a 1870, foi Ministro da Justiça. Não conseguiu ser Senador. Desgostoso com a política, passa a dedicar somente a literatura.
Foi o maior representante da corrente literária indianista. Cearense, com parte da adolescência vivida na Bahia, Vaidoso e sentimental, iniciou sua carreira literária em 1857, com a publicação de O Guarani, lançado como folhetim, e que alcançou enorme sucesso, o que lhe rendeu fama.
Foi casado com Ana Cochrane. Foi pai de seis filhos, inclusive Mário de Alencar, que seguiria a carreira de letras do pai.
Escreveu varias obras, entre elas o romance Iracema, o qual em 1866, Machado de Assis, em artigo no Diário do Rio de Janeiro, o elogiou calorosamente. José de Alencar confessou a alegria que lhe proporcionou essa crítica. Por escolha de Machado de Assis, é o patrono da cadeira número 23, da Academia Brasileira de Letras.
Sua imensa obra causa admiração não só pela qualidade, como pela quantidade, se considerarmos o pouco tempo que José de Alencar pôde dedicar-lhe numa vida curta. Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1877, aos 48 anos de idade, de tuberculose.

Veja também:

Principais fontes de pesquisa.
Fonte: Cultura de Qualidade

Sousândrade, Poeta e político importante maranhense


Um dos escritores mais originais do Romantismo Nacional, após diversos reveses na vida, veio a se tornar importante político maranhense, presidindo a comissão que redigiu o primeiro projeto da constituição Republicana do Maranhão.


Joaquim de Souza Andrade,  mais conhecido por Sousândrade , nasceu em 9 de Junho de 1833, na Vila de Guimarães, comarca de Alcântara, no estado do Maranhão. Foi escritor e poeta. Formou-se em letras e em engenharia de minas pela Sorbonne, em Paris.

Seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, foi publicado em 1857. Fixou residência nos Estados Unidos, depois de ter viajado por vários países. Nos Estados Unidos publicou sua  obra poética O Guesa Errante, que só foi valorizada muito depois de sua morte. Em 1877, escreveu; “ Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci – decepção de quem escreve 50 anos antes”. Resgatada no início da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se uma das mais originais de todo o nosso romantismo.

Na sua poesia, Sousândrade faz repetidas referências a uma infância feliz vivida na fazenda Vitória, onde era o único varão e o mais novo dos três filhos. Teve a felicidade interrompida quando a mãe, Maria Bárbara, por quem tinha especial carinho, morreu de tifo. Pouco tempo depois, morria-lhe o pai.

Por confiar em amigos, perdeu grande parte de sua herança. Contrariado pela perda da herança e pela morte dos pais, rebelou e viveu vida boêmia  no Rio de Janeiro. Viajou pelo Amazonas entre 1858 à1860. Casou-se no Maranhão, com Mariana de Almeida e Silva, dois anos mais velha que ele e analfabeta, pois não estudara,  mas que lhe proporcionaria respeitabilidade e bens materiais.

Em 1889, quando foi proclamada a República, Sousândrade foi nomeado Primeiro Intendente, o que equivale hoje a Prefeito, de São Luis. Presidiu também a comissão que redigiu o primeiro projeto da constituição Republicana do Maranhão.

No final da vida, Sousândrade vivia do salário de professor de Grego, no Liceu Maranhense e de aluguéis. Foi encontrado pelos seus alunos, doente em casa. Levaram-no ao Hospital Português, mantido pela Real Sociedade Humanitária, onde viria a falecer em 21 de abril de 1902, às vésperas de completar 70 anos.
Veja também:

Principiais contribuições literárias

  • Poesias
  • Harpas Selvagens – 1857
  • Guesa Errante – 1866
  • Novo Éden – 1893

Principais fontes de pesquisa

 Fonte: Cultura de Qualidade

Rachel de Queiroz, uma das maiores escritoras Brasileiras

Conheça a biografia de Rachel de Queiroz, professora, jornalista, romancista, cronista e teatróloga, primeira mulher a integrar a academia brasileira de letras. Uma mulher que recusou ser Ministra devido a seus ideais.

Da série Cultura Nordestina. Por Geraldo Gonçalves.


Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, Ceará, no dia 17 de novembro de 1910. Era filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz.

Foi Professora, jornalista, romancista, cronista e teatróloga brasileira.
Na Academia Brasileira de Letras, foi a primeira mulher a ser eleita. Assumiu a cadeira de número 5, na sucessão de Cândido Mota Filho.

Foi para o Rio de Janeiro em 1915, juntamente com sua família, para fugir dos horrores da seca. Pouco tempo depois, viajaram para Belém do Pará, onde residiram por dois anos voltando a Fortaleza, face a nomeação de seu pai para o cargo de promotor. Após um ano no cargo, ele pediu demissão e vai lecionar Geografia no Liceu.

Rachel foi matriculada no curso normal, como interna do colégio Imaculada Conceição, formando-se professora em1925, aos 15 anos de idade.

Com o pseudônimo de Rita de Queluz, estreou no jornalismo publicando trabalhos no jornal O Ceará, a qual se tornou redatora efetiva. Seu primeiro trabalho literário foi com o romance “O Quinze”.

Submetida a rígido tratamento de saúde, em 1930, face a uma congestão pulmonar e suspeita de tuberculose, a autora se viu obrigada a fazer repouso e resolveu escrever um livro sobre a seca, que falava sobre os dramas dos flagelados da mesma, vítimas da extrema pobreza e sem ter quem os orientasse sobre o cultivo da terra. O romance lhe trouxe a consagração com o prêmio da Fundação Graça Aranha.

Em 1932 casou-se com o poeta José Auto da Cruz Oliveira. No ano seguinte, nasceu em Fortaleza sua filha Clotilde.
Era integrante do partido comunista o que lhe rendeu ser fichada como agitadora pela policia de Pernambuco.
Após ter seu livro desaprovado pelo PC (Partido Comunista) porque nele um operário mata outro, Rachel abandona o partido.
Em 1939, separou-se de seu marido, e em 1940 passou a viver com o médico Oyama de Macedo.
Durante sua vida publicou varias obras e foi considerada uma das maiores escritoras Brasileiras. Recebeu em 1957, da Academia Brasileira de Letras, o prêmio Machado de Assis.
Convidada pelo então presidente do Brasil, Jânio Quadros, para assumir o cargo de ministra da educação, recusou dizendo; Sou apenas jornalista e gostaria de continuar sendo apenas jornalista.
Seu último grande sucesso literário foi Memorial de Maria Moura em 1992, que se tornou minissérie de televisão.

Morreu vítima de um infarto do miocárdio enquanto dormia, em sua casa no bairro do Leblon, na zona Sul do Rio de Janeiro, 13 dias antes de completar 93 anos. Seu corpo foi velado no prédio da Academia Brasileira de Letras, no Rio, e enterrado no mausoléu de sua família no cemitério São João Batista, em Botafogo.
Veja também:
Fonte de pesquisa
Fonte: Cultura de Qualidade

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Duas décadas a serviço da arte

FOTO: JARBAS OLIVEIRA
Em 20 anos de funcionamento, o Curso Princípios Básicos de Teatro, oferecido pelo Theatro José de Alencar, fez história no Ceará. Espetáculos, formação de plateia e de profissionais renomados fazem parte dessa trajetória

São muitos os causos, espetáculos e talentos que integram a história centenária do Theatro José de Alencar. Parte importante dessa trajetória, no entanto, aconteceu fora do palco principal, mais especificamente no Centro de Artes Cênicas do Ceará (Cena), conhecido como anexo do TJA. É lá que, há 20 anos, acontecem as aulas do Curso Princípios Básicos de Teatro (CPBT), ação formativa mais próspera e perene do Theatro.

O curso foi fundado e é atualmente coordenado pelos professores, atores e diretores João Andrade Joca e Paulo Ess - este último temporariamente afastado, para doutoramento na Espanha em Teoria e Prática do Teatro. Ao longo dessas duas décadas de funcionamento, nomes importantes do teatro cearense já passaram pelo CPBT, a exemplo do ator Gero Camilo ("Bicho de Sete Cabeças", "Narradores de Javé", "Carandiru", "Abril despedaçado") - que, embora já afastado da cena local, permanece como referência de trabalho competente oriunda do Estado. Em um movimento de retroalimentação, dois dos atuais professores do curso também foram alunos: os atores Silvero Pereira e Juliana Veras.

Além de formar talentos, a importância do CPBT passa também pela formação de público enriquecimento da produção local, por meio dos espetáculos montados ao fim de cada ano. Para comemorar o aniversário, e incentivar reflexões sobre a trajetória e a relevância do CPBT, o Caderno3 revisita a história do curso, por meio de depoimentos de professores, alunos e gestores do TJA, até chegar à mais recente turma do projeto, que deve estrear nova peça neste segundo semestre.

A história do CPBT surge na esteira de uma série de ações formativas promovidas pelo Theatro e profissionais ligados a ele. "O TJA foi escola, por exemplo, quando Lourenço Filho fez conferência sobre a chamada Escola Nova; quando a Sociedade de Cultura Artística realizava também atividades de formação de público; quando Teresa Bittencourt e Hugo Bianchi, para citar dois exemplos da dança, sediaram suas atividades de formação em dança no TJA", recorda Izabel Gurgel, que dirige a casa com Silêda Franklin.

O Curso, por sua vez, origina-se entre 1987 e 1989, com o TJA então sob direção do bonequeiro Augusto Oliveira. "À época, os servidores e professores da Secretaria de Educação foram transferidos para a Secretaria da Cultura, com o objetivo de iniciarem um programa de formação ainda como minicurso, ou seja, oficinas de teatro no Theatro José de Alencar. Após o restauro do TJA, finalizado em 1991, e com o Cena implantado (idealizado por Violeta Arraes, nessa época responsável pela Secult), essas oficinas ministradas por mim e pelo Paulo foram re-qualificadas em seus currículos e carga horária", recorda Joca.

A ocasião também é lembrada pela atual diretora do TJA, Izabel Gurgel. "No período pós-restauro - o TJA foi reinaugurado a 26 de janeiro de 1991 -, sobretudo com a construção do Cena, a vocação do TJA como escola ganha concretude com uma estrutura física destinada para este fim: salas de dança, canto, música e teatro, espaços que podem acolher mais e melhor os mestres e aprendizes da cidade, do Estado, e nossas conexões com outros mundos d´além Ceará", rememora Gurgel.

"O CPBT é a atividade de formação mais regular do TJA. Ele oxigena a vida do Theatro. É a partir dele, sobretudo, que desde 2007 batizamos as atividades de formação no TJA de Escola Livre de Artes Cênicas", observa a diretora.

A intenção do CPBT era garantir ao jovem estudante um espaço para iniciar sua formação em teatro e, ao mesmo tempo, incentivá-lo a dar continuidade aos seus estudos, ingressando no Curso de Arte Dramática - CAD, única referência de formação na área existente à época. O CAD fazia parte do programa de extensão universitária da Universidade Federal do Ceará.

"Atualmente, o CPBT está sistematizado, tem carga horária de 200 horas de aula e é ministrado no período de um ano. Na década de 90, tivemos experiências com turmas noturnas devido à demanda do público interessado. Desde 2008, atendemos nos três turnos, com turmas regulares (manhã, tarde e noite)", complementa Joca.

"Sob o guarda-chuva da Escola Livre, além do CPBT abrigamos oficinas, cursos, aulas abertas, seminários, trocas, intercâmbios com mestres e aprendizes de linguagens distintas, de formações diversas e, como desejamos cada vez mais, de vários lugares do mundo", completa Gurgel.

Ao longo de seus 20 anos, o CPBT recebeu mais de 6 mil alunos, com 642 concludentes e 38 espetáculos montados. Estima-se que essas peças tenham sido assistidas por mais de vinte mil espectadores. "Temos, entre não-concludentes e concludentes, ex-alunos em atividade artística (atuação, direção, produção, figurinista, maquiadores, iluminadores etc) em Fortaleza, no interior do Ceará e em outros lugares do Brasil", comemora João Andrade Joca.

Alguns nomes dessa lista são Sâmia Bittencourt (a palhaça Nada, bailarina do Andanças, professora também na área de circo); Tomaz de Aquino (diretor do grupo Teatro Mimo); Murilo Ramos; Aspásia Mariano, Daniel Pizzamiglio, Felipe Araújo, Henrique Castro (que depois foram para o Curso Técnico em Dança da Secult no Dragão do Mar); Rogério Mesquita, Yuri Yamamoto (Grupo Bagaceira de Teatro); Otacílio Alacran, hoje no Tuca/São Paulo; Graco Alves (premiado no Rumos Itaú Dança com o solo "Maguinopirol"), entre outros.

"Como dizemos no TJA, o CPBT - lembrando a música ´Livro´, do Caetano - lança mundos (gente) no mundo. Há tempos se manifesta um desejo de expandir o CPBT para o interior do Ceará e, inicialmente no TJA, criar novos princípios básicos: de dança, circo, música...", planeja Gurgel.

Metodologia, situação atual e planos para o CPBT

Com duração de um ano e 300 vagas, o CPBT tem como público-alvo jovens de escolas públicas. As inscrições para 2011 estão abertas

Hoje o CPBT dispõe, ao todo, de 300 vagas (100 por turma, para maiores de 15 anos). As inscrições para a turma 2011 da tarde iniciaram-se no dia primeiro deste mês. As aulas devem começar em cinco de abril. Já as inscrições para as turmas da manhã e da noite iniciam-se no próximo dia 2 de agosto, com aulas a partir de 13 de setembro.

"Mas há possibilidades de ampliar as vagas. Para a Turma Tarde 2010, por exemplo, o professor Joca recebeu 50 novos alunos além dos 100 inicialmente previstos. Agora, a Turma Tarde 2011 abriu mais 30 vagas".

Esses números costumam diminuir ao longo do ano letivo, à medida que prosseguem as avaliações de seleção e as eventuais desistências. Vale ressaltar que a maioria dos alunos do curso é oriunda de escolas públicas - um público-alvo que não teria condições de pagar aulas em escolas particulares.

Segundo Joca, o curso é dividido em quatro módulos, na seguinte ordem: "Arte e Cidadania", quando os alunos são estimulados, através de jogos dramáticos e teatrais, a exporem suas ideias e sentimentos em relação à arte, cultura e vida em coletividade; "Introdução à Arte de Representar", com leituras dramáticas, preparação corporal e vocal, composição de personagem e criação de esquete; "Introdução à História do Teatro", teórico; e "Pesquisa e Montagem de Espetáculo".

"Os alunos passam por avaliações teóricas e práticas, sendo convidados a permanecer no CPBT os que demonstram maturidade para apreender o conteúdo", explica Joca.

Apesar da situação de indefinição em que se encontra hoje a Secult, a previsão é de calendário normal para o CPBT. "É compromisso do TJA não só manter como ampliar as possibilidades de vida do CPBT. As turmas Manhã e Noite, por exemplo, estão em aula com os professores Juliana Veras e Silvero Pereira, respectivamente", esclarece Gurgel. Veras dirige ainda o espetáculo "Um Gole Divino", da turma Manhã 2010. Pereira, por sua vez, dirige "Mixórdia", montagem de conclusão da turma Noite 2010. De 24 a 27 de março é a vez de "Olhe para os lados", montagem da turma Tarde 2010, sob direção de Joca.

MAIS INFORMAÇÕES

Espetáculo "Um gole divino". Aos sábados e domingos de fevereiro, na sala de teatro do Cena (anexo TJA), às 19 horas. Ingresso: R$ 6 (12 anos). Espetáculo "Mixórdia". Às quartas de fevereiro, no Teatro do Dragão do Mar, às 20 horas. Ingresso: R$ 2 (14 anos). Espetáculo "Olhe para os lados". De 24 a 27 de março, na sala de teatro do Cena, às 15h30 e 18 horas. Ingresso (R$ 2). Inscrições para turmas do CPBT 2011: No Cena, com Tito ou Ana Marlene. Contato: (85) 3101.2567

ADRIANA MARTINS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste