Cabo Verde tem mantido as velhas parcerias comerciais (Estados, Unidos, Portugal, França, Holanda etc.), no entanto mostram-se pertinentes as relações que foram engendradas com o Brasil, que ganharam maior expressão no governo Lula. Na verdade a História nos reserva alguns indícios frisando que "antes do Brasil conhecer Cabo Verde, Cabo Verde já tinha conhecido o Brasil".
Pedro Álvares Cabral passou primeiro pelas águas de Cabo Verde, mais precisamente em São Nicolau "para se refrescar e fazer aguada". Este era um dos atrativos que a localização geográfica das ilhas oferecia, constituindo-se em um entreposto comercial e um lugar para repousar antes de dar continuidade à navegação.
Nesta empreitada, alguns produtos de Cabo Verde, tanto de reino vegetal como de animal, acabaram por chegar pela primeira vez ao Brasil. Aí começa a troca comercial entre as duas regiões no século XVI. O Brasil recebeu, via Cabo Verde, a palmeira da Índia, cana de açúcar vindo da capitania de ilhéus, a semente do arroz e inhame. Da mesma forma chegaram ao Brasil as primeiras vacas, cavalos, ovelhas e cabras vindos de Cabo Verde.
O Nordeste brasileiro também recebeu escravos ladinizados de Cabo Verde, uma vez que o controle do comércio escravocrata português era controlado a partir da ilha de Santiago (Ribeira Grande - Cidade Velha), na qual era obrigatório o despacho dos escravos após o pagamento dos impostos à coroa portuguesa. Ainda em Santiago os escravos passavam pelo processo de catequização e batismo, só assim seguiam para as ilhas caribenhas e Antilhas, Honduras, Colômbia e Brasil. Em contrapartida Cabo Verde recebeu do Brasil o milho grosso, feijões e, em menor escala, a cultura de mandioca, que foi levada também para outras partes do continente africano.
No século XIX, o Porto Grande da ilha de São Vicente retoma a ligação comercial entre os dois países, marcada pela freqüência expressiva dos barcos brasileiros que faziam escalas nestes portos com destino à Europa. A conseqüência desse relacionamento foi o legado cultural e uma troca de experiências entre os povos.
Desta forma, começara a germinação do carnaval brasileiro na cidade do Mindelo (São Vicente). Também neste sentido verificou-se uma influência na musicalidade e na literatura, tendo o país recebido do Brasil a influência literária dos escritores nordestinos, tais como Josué de Castro, Manuel Bandeira, Jorge Amado, entre outros.
Esta influência serviu de suporte para alavancar o movimento literário cabo-verdiano "Claridade". O intercâmbio cultural foi aumentando ao ponto de se referir a Cabo Verde como um pedaço do Brasil, embora a história nos mostre que o Brasil foi antes um "pedação" de Cabo Verde.
Já no século XX, mais concretamente na década de 1960, Cabo Verde figurava na política externa brasileira como um ator irrelevante e nunca tenha despertado a atenção da política externa brasileira pelo menos nestes períodos e de certa forma nem a África em si.
No imediato Pós-Segunda Guerra Mundial começa a ser quebrado o silêncio e a ausência da África na política externa brasileira, iniciado pelo governo de Juscelino Kubitscheck (1956-1961). Neste ponto Cabo Verde não interessava muito ao governo brasileiro. A África vivia neste momento sob domínio colonial português, tornava-se então difícil para o governo de JK criticar e tomar uma posição coesa em relação aos problemas que alastravam no continente escravizado, por conta das relações que o Brasil possuía com Portugal.
Entretanto o governo Quadros (1961-64) abordou a África com outro perfil, percebendo a importância da sua localização geográfica, principalmente de Cabo Verde, e a potencialidade do mercado africano, embora não tenha registrado grandes avanços na participação dos problemas africanos e nem no que tange às relações comerciais.
Pedro Andrade Matos é cabo-verdiano e mestrando em Ciência Política pela UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais.
Pedro Álvares Cabral passou primeiro pelas águas de Cabo Verde, mais precisamente em São Nicolau "para se refrescar e fazer aguada". Este era um dos atrativos que a localização geográfica das ilhas oferecia, constituindo-se em um entreposto comercial e um lugar para repousar antes de dar continuidade à navegação.
Nesta empreitada, alguns produtos de Cabo Verde, tanto de reino vegetal como de animal, acabaram por chegar pela primeira vez ao Brasil. Aí começa a troca comercial entre as duas regiões no século XVI. O Brasil recebeu, via Cabo Verde, a palmeira da Índia, cana de açúcar vindo da capitania de ilhéus, a semente do arroz e inhame. Da mesma forma chegaram ao Brasil as primeiras vacas, cavalos, ovelhas e cabras vindos de Cabo Verde.
O Nordeste brasileiro também recebeu escravos ladinizados de Cabo Verde, uma vez que o controle do comércio escravocrata português era controlado a partir da ilha de Santiago (Ribeira Grande - Cidade Velha), na qual era obrigatório o despacho dos escravos após o pagamento dos impostos à coroa portuguesa. Ainda em Santiago os escravos passavam pelo processo de catequização e batismo, só assim seguiam para as ilhas caribenhas e Antilhas, Honduras, Colômbia e Brasil. Em contrapartida Cabo Verde recebeu do Brasil o milho grosso, feijões e, em menor escala, a cultura de mandioca, que foi levada também para outras partes do continente africano.
No século XIX, o Porto Grande da ilha de São Vicente retoma a ligação comercial entre os dois países, marcada pela freqüência expressiva dos barcos brasileiros que faziam escalas nestes portos com destino à Europa. A conseqüência desse relacionamento foi o legado cultural e uma troca de experiências entre os povos.
Desta forma, começara a germinação do carnaval brasileiro na cidade do Mindelo (São Vicente). Também neste sentido verificou-se uma influência na musicalidade e na literatura, tendo o país recebido do Brasil a influência literária dos escritores nordestinos, tais como Josué de Castro, Manuel Bandeira, Jorge Amado, entre outros.
Esta influência serviu de suporte para alavancar o movimento literário cabo-verdiano "Claridade". O intercâmbio cultural foi aumentando ao ponto de se referir a Cabo Verde como um pedaço do Brasil, embora a história nos mostre que o Brasil foi antes um "pedação" de Cabo Verde.
Já no século XX, mais concretamente na década de 1960, Cabo Verde figurava na política externa brasileira como um ator irrelevante e nunca tenha despertado a atenção da política externa brasileira pelo menos nestes períodos e de certa forma nem a África em si.
No imediato Pós-Segunda Guerra Mundial começa a ser quebrado o silêncio e a ausência da África na política externa brasileira, iniciado pelo governo de Juscelino Kubitscheck (1956-1961). Neste ponto Cabo Verde não interessava muito ao governo brasileiro. A África vivia neste momento sob domínio colonial português, tornava-se então difícil para o governo de JK criticar e tomar uma posição coesa em relação aos problemas que alastravam no continente escravizado, por conta das relações que o Brasil possuía com Portugal.
Entretanto o governo Quadros (1961-64) abordou a África com outro perfil, percebendo a importância da sua localização geográfica, principalmente de Cabo Verde, e a potencialidade do mercado africano, embora não tenha registrado grandes avanços na participação dos problemas africanos e nem no que tange às relações comerciais.
Pedro Andrade Matos é cabo-verdiano e mestrando em Ciência Política pela UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais.
Fonte: africa21digital.com
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