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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Itarema no mundo colorido de seu Murilo

Em cartaz no Sobrado Dr. José Lourenço com a mostra Praias do Ceará e Outras Vistas, Murilo Teixeira, ex-integrante da importante Sociedade Cearense de Artes Plásticas, contou de pinceladas, viagens e de hábitos amanhados em 82 anos de vida

image Embora goste das máquinas fotográficas, Seu Murilo Teixeira não larga os pincéis por nada na vida (SARA MAIA)

Seu Murilo Teixeira não costuma fazer caso. Aos 82 anos, completos no final de setembro, perseverou em práticas suas mesmo com as dificuldades a lhe bater à porta: manteve-se firme no apreço a paisagens bucólicas e praieiras e continua atendendo clientes na bodega que mantém dentro de casa. Das pinceladas de barcos e sol, Seu Murilo tem muito gosto, como contou na manhã do último sábado, quando muitas famílias se preparavam para as festas natalinas.

“Durmo bem, almoço bem. Já me disseram que eu não entregasse os 82, pareço muito menos!”, sorriu Seu Murilo, quando contou sobre o dia da abertura da exposição Praias do Ceará e Outras Vistas, em cartaz no Sobrado Dr. José Lourenço. A mostra é mais uma de suas individuais, de tantas perdidas na memória. “Uma das primeiras foi quando Parsifal Barroso era governador. A mulher dele, Olga, veio aqui e pegou 30 quadros. Vendeu tudo”. O “aqui” é a casa em que mora com a mulher e onde criou o casal de filhos (a menina faleceu há cerca de 10 anos).

“Essa casa era da Maria Luisa (Fontenele), que foi prefeita de Fortaleza, você me acredita?”. A prestação de 92 cruzeiros não foi esquecida, mas a estrutura mudou pouco. No quintal, um pé de limão oferece agrados para as visitas, e vez por outra ele serve de cenário. “Às vezes, aparecem umas meninas para bater fotos de biquíni. Chegam aqui e dizem: ‘Seu Murilo, eu comprei um biquíni novo...’”. Isso porque a bodega oferece o serviço de retrato 3x4 e uma impressora que prescinde de computador.

A pintura começou quando Seu Murilo foi trabalhar numa empresa na qual a maioria dos colegas eram integrantes da Sociedade Cearense de Artes Plásticos, a Scap. Ele logo depois integrava o grupo. “A Scap era uma coisa de amizade”. Eles viajavam juntos, muitas vezes, para pintar. O estímulo era como uma flecha de fogo. “Hoje eu ainda viajo. Até ano passado ia de carro, sozinho. Mas é muito diferente”. O sol ajudava o desenho, já as cores eram resguardadas na retina, apenas. “De noite que eu pinto, de noite que eu coloco as cores”.

Pacatuba, Itarema, Barra do Ceará, Itapebuçu, Quixadá foram algumas das cidades da rota da pintura. Em Itapebuçu a estadia era mais demorada, coisa de um mês, por conta de uns amigos. Quando as cidades e as gentes começaram a mudar, foi até sugerida uma mudança de estratégia: “O Aldemir Martins, há muitos anos, falou que eu adotasse o sistema da Europa, que era tirar uma foto da paisagem e só depois pintar”. Não funcionou, que hábito é coisa entranhada na pele.

Da arte feita hoje, seu Murilo não é lá apreciador. “Como as pinturas mudaram... Tem cada coisa! A abstrata é até aceitável. Salão de Abril eu participei até cinco anos atrás, depois apareceu umas...”, lamenta. E não completa a frase em palavras, mas um jeito de corpo que não demonstra satisfação. Do tipo que ele gosta está pendurado em suas paredes, em cores fortes e paisagens sinceras. “Gosto muito de barcos, tem um jeito de pintar diferente”, aponta Seu Murilo.

O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
A Sociedade Cearense de Artes Plásticas foi criada em 1944 e confluía pensamento e prática de artes. A partir dela, o Salão de Abril se consolidou. Dela surgiu, também, o grupo Clã, que reunia escritores e artistas plásticos. Dentre eles, nomes como Estrigas, Sérvulo Esmeraldo e Murilo Teixeira.

SERVIÇO
Praias do Ceará e Outras Vistas

O quê: Mostra de pinturas de Murilo Teixeira
Quando: até 4 de janeiro de 2012
Visitação: terça a sexta-feira de 9 às 19h, sábado de 10 às 19h e domingo de 10 às 14h
Onde: Sobrado Dr. José Lourenço (rua Major Facundo, 154 – Centro)
Outras info.: (85) 3101 8826

Júlia Lopes
julialopes@opovo.com.br

Fonte: O Povo

domingo, 25 de dezembro de 2011

A verdade de Graça Martins

Artista das mais conhecidas da dança cearense, Graça Martins dedicou 2011 à ousadia. Em parceria com Andrea Bardawil, ela deixou seu corpo guiar-se por pensamentos contemporâneos, questionando conceitos e limites

Foto: Divulgação

Poucas pessoas são tão queridas na dança cearense quanto Graça Martins. Graça Martins é, sobretudo, uma artista popular. Ela é tão popular que não chama suas montagens de espetáculo, mas, sim, de show. Graça gosta de gente, gosta de festa, gosta de ritmo, gosta de movimento, gosta de palmas, gosta de brilho e gosta de cor. Nascida em Barbalha, aos 19 anos veio morar em Fortaleza e o amor a levou ao Grupo de Tradições Cearenses. Do folclore tido como nosso, sua cabeça inquieta foi parar na Espanha e, desde 1993, ela comanda o Grupo Tablado, especializado em dança flamenca.

Ali, parece ter encontrado sua felicidade e sua vocação. Nesses últimos 18 anos, embora continue ainda dedicada às tradições populares do Ceará e do Nordeste, Graça Martins se assumiu e se exibiu como uma artista do flamenco. Isso é evidente. É algo dado. Não há como negar. No entanto, é justamente isso que não vê – ou demora demais a ver – a coreógrafa Andrea Bardawil, responsável por Graça/Evidência - Um de Percurso, produção desenvolvida como parte da última edição do projeto Rumos Dança, do Itaú Cultural, e um dos trabalhos mais comentados do ano nos palcos locais.

Na ânsia por querer experimentar o diálogo entre códigos e ideias da dança contemporânea com a dança popular, Andrea Bardawil se apressa e se equivoca no entendimento que demonstra em cena ter das tradições populares. Ela cai na tentação recorrente de procurar distinguir algo que é autêntico, natural, de algo que é aprendido, incorporado. Andrea vê uma naturalidade na dança “popular” de Graça Martins que definitivamente não existe. Graça dança xote, coco e baião, sabe cantigas de roda e outras brincadeiras populares, não porque nasceu numa cidade do interior. Ela domina esses códigos porque se esforçou para isso, tanto quanto ou mais se esforçou para dançar e inventar o seu flamenco.

Absolutamente documental, bem ao estilo do trabalho do coreógrafo francês Jérôme Bel, nome recorrente em boa parte dos principais festivais de dança do País, Graça/Evidência - Um de Percurso explora a história pessoal de Graça Martins, mas não consegue dar conta da complexidade de sua personagem-central. Representando o universo da chamada dança contemporânea, Andrea Bardawil exige de Graça uma série de experiências que, em cena, se tornam arrogantes e pretensiosas. Num trecho, Graça repete um fragmento de uma dança popular e diz que demorou muito tempo para entender que aquilo era uma partitura de movimento. Noutro momento, é cobrada pela coreógrafa a conquistar autonomia criativa.

Entender, codificar e decodificar sua arte, seu movimento, está longe de ser uma preocupação pertinente para uma artista como Graça Martins. O melhor de tudo é que ela, Graça, sabe bem disso. “Eu já completei 25 anos duas vezes, estou com 55, e sei bem o que quero. Foi muito importante me aproximar do pensamento contemporâneo, vejo o corpo hoje com outros limites, mas não quero a dança do conceito. Ela não me diz nada. A dança contemporânea tem a pretensão de saber de tudo e isso coloca a gente no limiar da amargura. Não quero isso para mim, não quero essa prisão”, resumiu assim essa mais recente experiência de montagem.

Longe de ser um espetáculo fraco do ponto de vista estético, Graça/Evidência - Um de Percurso é frágil naquilo que lhe fundamenta. Aplaudi, ao final, com a sensação de que vi mais Andrea Bardawil em cena, que propriamente Graça Martins. Não que isso seja ruim, mas faltou o equilíbrio que imaginei ter fomentado o processo criativo. Felizmente, a montagem se despede do público com uma Graça bem mais à vontade com ela mesma. De castanholas às mãos, de cara pintada e sapateando, com o vigor e o carisma que lhe são tão característicos. Intensa, Graça se despede na corda-bamba, como uma boa equilibrista, mas absolutamente consciente dos seus limites e do que precisa fazer para dominar a iminência da queda.

Magela Lima
magela@opovo.com.br

Fonte: O Povo

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

De corpo, letra e arte

A terceira edição da revista "Reticências... Crítica de Arte" será lançada hoje, às 19 horas, no Dança no Andar de Cima. Críticos e artistas discutem o papel do corpo na arte contemporânea

Registro da performance Delírio, de Rubiane Maia, em apresentação no Centro Cultural Banco do Nordeste
VERÔNICA MELONI

O lugar do corpo na arte é uma questão que intriga realizadores de diversas linguagens e correntes da arte contemporânea, que seguem experimentando. Limites são testados e fronteiras, rompidas. O corpo deixa a condição primária de morada da alma, para assumir seu protagonismo como motor da criação.

Atuando como um canal de fomento ao debate da arte do tempo presente, a revista "Reticências... Crítica de Arte" convida pesquisadores, artistas e críticos à refletir, a partir de suas respectivas áreas, sobre estas questões, em uma publicação performática que toma para si os paradigmas da arte contemporânea e atualiza a discussão do tema e da produção artística.

O lançamento da terceira edição da revista acontece hoje, a partir das 19 horas, no espaço Dança no Andar de Cima. Um segundo encontro está marcado para o dia 15, às 19 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço.

A revista dá continuidade ao trabalho desenvolvido desde 2007 no campo da arte visual contemporânea (e que deu origem ao site www.reticenciascritica.com), um canal de discussão teórica do que é produzido no Ceará e fora dele.

O projeto foi contemplado no Prêmio de Artes Visuais 2010, da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), e prevê a impressão desta e da próxima edição da revista, com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2012.

Artigos
Contribuíram para esta edição Kátia Caton, curadora e professora de artes, PhD em Artes Interdisciplinares pela Universidade de Nova York; a professora do Instituo de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC) Beatriz Furtado; a coreógrafa Andréa Bardawil; o escritor e pesquisador Eduardo Jorge; os artistas visuais Solon Ribeiro, Daniela Mattos, Aslan Cabral e Marcus Vinícius, além dos editores da publicação: a jornalista e repórter do Caderno 3 Ana Cecília Soares e o artista visual Júnior Pimenta.

A edição inclui ainda uma entrevista com a pesquisadora Viviane Matesco, doutora em artes visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Inspirados pelo tema da edição, "De que corpo?", cada um levanta um desdobramento de questões ligadas ao corpo, pensamentos complementares que fazem da publicação muito mais do que uma corriqueira revista sobre o tema. O primeiro artigo, assinado por Caton, problematiza as utilizações do corpo por artistas contemporâneos, o seu papel concomitante como sujeito e objeto e sua indissociabilidade do eu. "Essa é de fato uma das grandes percepções que permeiam a obra dos artistas contemporâneos, atentos às tensões que se situam em um corpo cada vez mais idealizado pela indústria do consumo", define.

Solon Ribeiro, mais adiante, parte para uma reflexão do corpo convertido em material de trabalho de artistas, especialmente a partir dos anos 1960. "(É quando alguns) se despem, outros se lambuzam de tinta, comem vidro, se cortam, bebem sangue e até levam tiros no museu", ilustra.

O teste dos limites do corpo capitaneou performances com inclinações ao grotesco em países da Europa e nos EUA, no intuito de chocar o espectador. No Brasil, Solon cita, como expoentes desse experimentalismo, Hélio Oiticica e Lygia Clark, embora com problematizações bastante diferentes dos contemporâneos europeus. Incluindo a dança no debate, Andréa Bardawil fala sobre como o uso do corpo na arte contemporânea é determinante na reformulação do conceito de coreografia, incorporando à dança a imobilidade e os gestos cotidianos. "Eis que surge a pergunta que até hoje não se cala: isso é dança?", precisa a pesquisadora.

Outro que amplia o pensamento sobre as percepções e usos do corpo é Marcus Vinicius, refletindo sobre os pontos de contatos entre a performance e a arquitetura.

Marcus coloca o corpo como parte da paisagem urbana, em desdobramentos de sua intervenção "Ocupação urbana experimental". "Desde o início, a gente teve a preocupação de construir um espaço onde pudesse refletir a respeito da escrita sobre arte contemporânea e, ao mesmo tempo, abrir o debate a pessoas da área, como artistas, escritores e críticos", comenta Ana Cecília, sobre o trabalho ao lado de Júnior Pimenta, de idealização e edição da revista.

A editora defende que a vocação da arte contemporânea pela ruptura deve estar presente também na escrita sobre esta produção. "É uma arte que confunde. O artista não precisa usar apenas o pincel, nem o grafite, não se centra apenas na questão da técnica. A partir do momento que essa arte muda, a escrita da arte também muda", define.

Apropriando-se analogamente destas questões, a revista traz algumas experimentações conceituais, discutindo o lugar da crítica e o uso de seu espaço para o debate entre os próprios realizadores; inovações textuais, como a "experiência textual-performativa" no artigo de Daniela Mattos; e a própria concepção gráfica da publicação. "O projeto gráfico, até a tipografia, tudo é corpo. Aquilo que parece que está mal feito, que não foi impresso direito: é tudo pensado, proposital. Tudo foi pensado para pensar o corpo mesmo", reforça a crítica de arte e jornalista.

REVISTA
"Reticências... Crítica de Arte - 3"R$ 10
80 PÁGINAS
2011
RETICÊNCIAS

LANÇAMENTOS - Hoje, às 19h, no Espaço Dança no Andar de Cima (Rua Desembargador Leite Albuquerque, n° 1523 A); e 10 de dezembro, às 10 h, no Sobrado Dr. José Loureço (Rua Major Facundo, 154, Centro). Nos dois eventos, haverá um debate com os editores e distribuição gratuita de exemplares. Contato: http://www.reticenciascritica.com

FÁBIO MARQUES 
REPÓRTER

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Memória da comunidade Mucuripe em exposição

Imagem: Marina Cavalcante
A exposição Mucuripe no Mar das Memórias foi aberta sexta-feira 4, na sede da ONG Enxame.

Pensada e elaborada por estudantes do Projeto Museu e Cidadania Cultural, promovido pelo Memorial da Cultura Cearense, a exposição traz imagens, objetos pessoais e depoimentos dos moradores da comunidade Mucuripe.

Depoimentos

A coleta do material da exposição foi realizada pelos próprios alunos entre os meses de agosto e setembro deste ano e busca valorizar o patrimônio material e imaterial das comunidades próximas ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Para isso, os estudantes entrevistaram moradores da comunidade Mucuripe e coletaram idéias, percepções e histórias.

Os depoimentos trazem memórias de uma cidade que aos poucos foi sendo esquecida, mas que ainda continua viva nas palavras daqueles que viveram as mudanças do bairro. As fotografias retiradas pelos alunos trazem um olhar mais próximo da realidade da comunidade, apresentando a perspectiva daqueles que querem construir a sua própria história

A mostra permite uma reflexão sobre as vidas desses jovens e os cotidianos de sua comunidade nos aspectos político, econômico, cultural, socioambiental, religioso e estético dissipados em múltiplos espaços eleitos no recorte da pesquisa: alguns morros do bairro, o riacho Maceió e a Av. Beira-Mar.

domingo, 23 de outubro de 2011

Fábula cearense

Uma nova geração tem a chance de conhecer um dos mais queridos e odiados vilões da literatura infantil cearense. Detestinha 2013 o bicho que detesta ler, de Demitri Túlio, volta a assombrar o mundo das fadas amanhã na literatura e no teatro também

Nascida como peça de teatro, a história do curioso Detestinha ganha nova versão cênica com o colorido e a graça do Circo Tupiniquim (EDIMAR SOARES )

E se toda criança seguisse o que a vovozinha sempre dizia e resolvessem “devorar os livros”. Pois num é que das fábulas cearenses que sai um “bichinho fuleiro” que dedica sua vida a devorar livros. Literalmente. Depois de mais uma década preso dentro do arco-da-velha, Detestinha, do jornalista e escritor Demitri Túlio, uma das obras mais marcantes do imaginário infantil cearense está de volta.

Detestinha – o bicho que detesta ler volta a Fortaleza em seus dois formatos: enquanto a segunda edição sai impressa em papel, o circo Tupiniquim reencena um de seus maiores sucessos. As duas versões podem ser conferidas amanhã, às 17 horas, na sede do circo Tupiniquim.

Para Demitri Túlio, Detestinha adora história e adora os livros – só não gosta de ler. “É muito importante que a criança tenha uma iniciação na leitura com alguém que ame ler, ame contar histórias e faça todas as pautas, entonações”, defende. Quem sabe se a Carochinha fosse a vovozinha do bicho-traça, ele seria um ávido leitor, em vez de um glutão literário.

A história toda surgiu em 1989, quando o pretenso estudante de teatro Demitri Túlio resolveu escrever uma linha ou outra para crianças. Assim, nasceu o vilão, mas além da prisão no arco-da-velha, ele vivia preso na gaveta do escritor. Sete anos após a escrita, Demitri tomou coragem e passou o texto para Haroldo Serra e sua Comédia Cearense – responsáveis pela primeira montagem. Em 1998, foi a vez do Circo Tupiniquim se aventurar na batalha contra o “comedor de livros”, numa encenação completamente diferente e recheada da cearensidade encontrada tanto no livro, quanto nos atores e manipuladores de bonecos da trupe. Para quem não acompanha todo o linguajar cearense, o livro conta com um glossário ao fim, explicando termos como “caritó” e “bico-de-papagaio”.

O livro se apresenta como um próprio roteiro teatral, dividindo as cenas, os diálogos e ambientando todas as mudanças. Afinal, na adolescência e sem dinheiro, Demitri e um grupo de amigos tinha por hábito se esconder nos jardins de Burle Marx antes do início de uma peça e, com os portões do Theatro José de Alencar já fechados, corria rumo as escadas para se deleitar com o espetáculo na torrinha. A mistura de teatro com fábula deu vida à Detestinha e à seus colegas de cena, palhaço Peteleco, Chapeuzinho Vermelho e Branca de Neve – que vivem sob a ameaça do apetite desperto do bicho-traça.

“Detestinha conhece todas as estórias e as subverte. Lê para destruir – mas antes tem que ler”, aponta Demitri, explicando o porquê de sua criação fazer parte daquele rol de vilões que, ao mesmo tempo, assustam e fascinam as crianças. Nessa segunda edição, o “comedor de livro” assume o traço e as cores de Saulo Tiago – uma das primeiras crianças a ter se fascinado com Detestinha. É que, bem antes de ser integrante do Coletivo Monstra, Saulo é filho de Demitri e, na infância, convivia com a criação do pai. E as atualizações não param aí, crescendo concomitantes às homenagens ao mundo das fábulas. O palhaço Peteleco conta história no Twitter e, em breve, Detestinha pode perseguir uma nova dieta. “Eu acho que ele ia adorar comer os e-books”, fala Demitri, entre risos.
 
Quem

ENTENDA A NOTÍCIA
Jornalista e escritor, Demitri Túlio é, antes de tudo, um apaixonado pelo teatro. Cearense na fala e na escrita, o repórter especial do O POVO tem em seu currículo diversos prêmios Esso e obras como O circo das coisas incríveis e Das antigas: Crônicas escolhidas, que reúne seus textos semanais para este Vida & Arte.

André Bloc
andrebloc@opovo.com.br

Fonte: O Povo

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Artesãos homenageiam a escritora Rachel de Queiroz em exposição

Obras estão expostas no Salão Municipal de Fortaleza até 4 de novembro.
Artesãos se inspiraram na vida e nas obras da escritora cerense.

Artesãos elaboraram peças inspiradas na vida e nas obras da escritora Rachel de Queiroz
(Foto: TV Verdes Mares/ Reprodução)

A vida e as obras da escritora cearense Rachel de Queiroz inspiraram telas, rendas e bordados produzidos pelos 71 artesãos selecionados para participar da sexta edição do "Salão Municipal de Fortaleza", que teve 89 inscritos na edição deste ano.

O resultado dos trabalhos expostos surpreendeu os organizadores do evento. “É impressionante a força de vontade deles, porque muitos não tem nem sequer instrução, nem estudaram Rachel Queiroz, mas eles leram, foram atrás e pesquisaram na internet pedindo ajuda dos filhos, o que enriqueceu o evento”, diz a gerente da célula de artesanato do Salão municipal de Fortaleza, Vânia Pinheiro.

A artesã Maria das Graças participa pela primeira vez da exposição e fez um bordado em homenagem às "Três Marias", obra da escritora que ela mais gostou de conhecer. Ela também bordou a cortina que conquistou o primeiro lugar em apenas três semanas. “Consegui ler 'O Quinze', mas me apaixonei mesmo foi pela obra 'As Três Marias', e daí surgiu a ideia de fazer a peça inspirada nesse tema.

A artesã Angelice Santos Custódio se inspirou na força dos retirantes que enfrentaram a seca do ano de 1915, uma referencia à história mais conhecida de Rachel de Queiroz. Em uma das telas expostas, está a imagem da Fazenda Não Me Deixes, onde a escritora costumava passar as férias, em Quixadá. Outra tela traz a consagração, quando pela primeira vez uma mulher conquistou a vaga na Academia Brasileira de Letras.

Serviço
Espaço Cultural Viajando nos livros
Shopping Benfica (Av. Carapinima 2200)
10h às 22h
até 4 de novembro
Ingressos: grátis.

Fonte: G1 TV Verdes Mares

Fotografia-Olhar coletivo

A exposição "A carne nossa de todos os dias", dos fotógrafos Carlos Gibaja e Sérgio Carvalho, traz um registro de espaços onde acontece o abate de animais. Os dois circularam por cidades do Nordeste à procura desses locais

A exposição é a primeira etapa do projeto de pesquisa realizado pelos fotógrafos Sérgio Carvalho e Carlos Gibaja
Imersos numa pesquisa densa e, pelo menos até agora, sem data certa para terminar, os fotógrafos Carlos Gibaja e Sérgio Carvalho trabalham juntos há cerca de um ano percorrendo feiras populares e matadouros, localizados em algumas cidades dos estados do Ceará e Piauí.

Os dois buscam captar imagens de ambientes precários onde acontece o abate de animais, em seu sentido mais cru. Segundo os fotógrafos, as condições dos locais são as piores possíveis e, muitas vezes, munidos de higiene necessária para tal. "A carne é cortada no chão em meio a sangue e fezes. O cheiro é forte, repugnante. Provoca náuseas, embrulha o estômago", explicam eles.

Primeira etapa
A exposição "A carne nossa de todos os dias" tem abertura prevista para amanhã, às 10 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço, no Centro. Ela consiste na primeira etapa do projeto idealizado pelos fotógrafos.

Sérgio Carvalho conta que uma das questões exploradas, ao longo da pesquisa, e que norteou a própria temática da exposição era mostrar quem são as pessoas por trás desse trabalho.

"Essa é uma profissão anônima, em exercício há tempos na sociedade, mas por algum motivo fingimos não ver. A nossa pesquisa ainda está em andamento, pretendemos estender a visita a outras cidades do País. Criamos um blog (acarnenossadetodososdias.com/) e uma página no Facebook (http://www.facebook.com/event.php?eid=148849308543776) para a exposição, a fim de ter um diálogo com o espectador, afinal, a fotografia só se realiza quando é vista".

Em seguida completa: "esse é um trabalho em conjunto, independente de quem esteja na câmera, as fotos são de nós dois. É um olhar coletivo. Tanto que não assinamos as imagens que estarão expostas, pois não há um só autor".

Para Carlos Gibaja, a experiência lhe proporcionou uma série de reflexões que circundam em torno da relação do homem com a carne. "A maioria de nós comemos carne, mas não temos o hábito de matar o animal, relegamos essa responsabilidade a outra pessoa. Mas, a gente esqueceu esse processo, afastamos de nossa realidade e daí, quando vemos imagens sobre esses ambientes, nos surpreendemos", diz.

Apesar da dramaticidade da exposição "A carne nossa de todos os dias", ela apresenta um olhar plástico e de uma estética refinada. São 24 fotos de onde sobressaem os mais diversos personagens: carrascos, vítimas e beneficiadores, às vezes famílias completas. E, como numa encenação, os personagens se confundem no mais básico dos instintos: a sobrevivência.

O projeto foi contemplado no Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia do Edital de Incentivo as Artes 2010, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), e no III Edital de Concurso Público Prêmio de Fotografia de Fortaleza 2010, da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor).

A exposição faz parte da programação do II Encontro Internacional da Imagem Contemporânea promovido pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

FIQUE POR DENTRO
Perfil de dois
Carlos Gibaja é peruano e atua como fotógrafo desde 1995 desenvolvendo ensaios fotográficos no Brasil e no Peru. Professor universitário de diversas instituições educativas nestes dois países, especializado no ensino de fotografia. Viaja ao Brasil no ano de 2000 para estudar e trabalhar com fotografia e audiovisual, cria o primeiro encontro de fotografia universitária em Fortaleza, do qual é curador permanente. Sérgio Carvalho nasceu em Teresina(PI), em 1969. Começou a fotografar em meados da década de 90. Desde o inicio desenvolve a fotografia como expressão artística documental. Realizou diversas exposições, com participação em salões de arte e festivais de fotografia. É membro-fundador do Instituto da Fotografia do Ceará. Ganhou o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia em 2005, com o documentário coletivo "Gente do Delta" e em 2009, com o ensaio "Barbearia do Tempo". Recentemente , o fotógrafo publicou o livro "Barbearia do Tempo".

MAIS INFORMAÇÕES:
Abertura da Exposição "A carne nossa de todos os dias", dos fotógrafos Carlos Gibaja e Sérgio Carvalho. Amanhã, às 10 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço (Rua Major Facundo, 154, Centro). Entrada gratuita. Visitas de terça-feira a sábado, das 9 horas às 19 horas, e, domingo, das 10 horas às 14 horas. Contato: (85) 3101.8826 ou 3101.8827.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

VIDA MARIA filme curta-metragem de Márcio Ramos


“VIDA MARIA” é um filme curta-metragem em animação realizado com recursos do edital “3o. PRÊMIO CEARÁ DE CINEMA E VÍDEO”, realizado pelo Governo do Estado do Ceará, onde recebeu nota máxima na categoria “FICÇÃO-ANIMAÇÃO-FILME”. O curta se consagrou nos festivais de cinema em 2007 e encerrou o ano como o filme mais premiado do Brasil.

Produzido por Márcio Ramos, em computação gráfica 3D e finalizado em 35mm, o curta-metragem mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas no Sertão Cearense, no Nordeste do Brasil, criando uma atmosfera realista e humanizada. Maria José, uma menina de 5 anos de idade, é levada a largar os estudos para trabalhar. Enquanto trabalha, ela cresce, casa, tem filhos, envelhece.





Mais informações:VIACG

"Vida Maria" mostra contradições entre sonho e realidade no Cine PE
"Vida Maria", curta de pouco mais de oito minutos, brilhou na terceira noite do Cine PE. A animação, produzida quase que inteiramente por Márcio Ramos, conta de forma concisa e com toques de humor a contradição entre os desejos pessoais e a realidade que se impõe a qualquer pessoa. 

O tema central partiu da vida pessoal de Ramos, que, imerso em seu trabalho com televisão e vinhetas de publicidade, viu o sonho de realizar um curta sendo adiado pela realidade do dia-a-dia.

"A idéia de realizar um projeto pessoal que fosse mais duradouro surgiu em 2000, mas, sem tempo, tive de adiá-lo por alguns anos", diz Ramos, que, além de dirigir, foi responsável por roteiro, fotografia, arte, som e montagem, contando apenas com a ajuda de Hérlon Ramos na composição da trilha sonora. 

"A idéia central surgiu da minha própria experiência, da contradição entre um sonho [realização do curta] e a realidade [a rotina diária de trabalho] que se impõe todos os dias." Longe de parecer um auto-retrato, Ramos tornou o material ainda mais rico ao apresentar um ciclo na vida de Maria José, que é obrigada a largar os estudos para ajudar nas tarefas diárias da família.

Assim como todas as Marias em sua infância, Maria José gosta mesmo é de "desenhar palavras" em seu caderno. Repreendida pela mãe, Maria vai ao quintal executar as tarefas da casa. De forma brilhante, Ramos mostra a repetição deste ciclo passando ao menos por três gerações.

Assim, com toques de humor, o diretor cearense consegue falar em oito minutos mais sobre a triste situação sócio-econômica vivida por muitas gerações do que qualquer dissertação acadêmica. 

Fernanda Crancianinov 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Artesãs contam em cordel história do trançado na palha

Oficinas da UFC capacitam artesãs da Colina do Horto em design e comunicação comunitária

Mãos fazem o trançado na palha de carnaúba e também aprendem a escrever o cordel com os versos sobre o cotidiano do grupo
ELIZÂNGELA SANTOS

Juazeiro do Norte. A história do artesanato em palha de carnaúba das mulheres da Rua do Horto, neste Município do Cariri, começa a mudar de rumo. É que valores estão sendo agregados e dando um novo rumo ao trabalho das mulheres. O aperfeiçoamento da forma de comunicação do grupo de mulheres e o aspecto visual do produto estão sendo redimensionados, com o projeto de extensão "Mulheres da Palha: Empreendedorismo Social no Grupo de Artesãs da Palha da Carnaúba em Juazeiro do Norte".

E as mulheres começam a aperfeiçoar a comunicação do grupo, contando a própria trajetória em forma de cordel. Intitulado "A História das Artesãs de Palha da Rua do Horto", o trabalho foi feito na parceria das mulheres, integrantes do projeto de extensão, com o cordelista Hamurábi Batista. O trabalho tem um caráter educativo.

Maria Luiza Nunes é uma das artesãs integrantes do grupo que recebe capacitação com os acadêmicos da UFC

Uma festa moveu o grupo para o lançamento do cordel, na última semana. O grande passo foi formar uma sede para o encontro das mulheres, na própria Rua do Horto. Coisa que há muito tempo não acontece, segundo as protagonistas da história, que ganhou fama. Nos últimos anos, a falta de estímulo dos próprios filhos das mulheres artesãs acabou desmotivando algumas delas em continuar as atividades. Antes, eram bem mais mulheres participando.

Atualmente, segundo a professora de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Rosane Nunes, são 23 mulheres reunidas como parte das atividades. O cordel foi resultado de uma oficina e a primeira ação do projeto. Ela afirma que o objetivo das atividades inicialmente é fortalecer o grupo. Isso envolve o resgate da identidade coletiva das mulheres, além de melhorar a comunicação interna da comunidade local. O segundo projeto a ser desenvolvido será um portfólio com os produtos.

Artesã Maria José Gonzaga é uma artista que explora a criatividade
DIVULGAÇÃO

A educação ambiental está sendo focada no trabalho, envolvendo o Geopark Araripe, já que a área faz parte do Geossítio do Horto. A meta é inserir o material como geoproduto. A coordenadora do trabalho de design, professora Janine Geannal, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atua na área de design. O principal nesse momento, conforme ela, é possibilitar uma melhoria no trabalho já existente, com a variedade de produtos, que inclui desde chapéus e leques até bolsas. E o trançado ganha formas mais aperfeiçoadas e um colorido especial. "Temos levado elas a um processo de reflexão, para uma nova concepção do produto", afirma. E tem dado certo. As artesãs têm assimilado a nova forma de encarar o mercado, com mais empolgação.

A professora do curso de Design de Produtos, da UFC, Juliana Loss, diz que um dos aspectos do trabalho tem sido voltado para um acabamento mais preciso e as mulheres têm percebido essa mudança. A artesã Francinete da Silva diz que os artigos em palha têm adquirido uma nova visibilidade. Ela acredita que a qualidade dos seus produtos obteve uma melhora de 50% desde a implantação do projeto. "Agora estou mais cuidadosa, e o grupo mais forte", diz.


Trabalho em grupo
Para Maria Luiza Nunes, que há vários anos trabalha no trançado da palha, essa tem sido a primeira vez que participa de um trabalho em grupo. Antes a artesãs sequer se encontravam. "Esse projeto veio para engrandecer o trabalho da gente, dar um novo acabamento às nossas peças e possibilitar uma produção de qualidade", diz ela.

O cordel feito pelas artesãs traduz o que é compartilhado pelo grupo, abordando a importância cultural, histórica e ambiental do artesanato em palha de carnaúba. O folheto foi feito na oficina de Comunicação Comunitária que os bolsistas de Comunicação Social da UFC ofereceram às artesãs. Os trabalhos se deram no mês de maio, quando os estudantes trabalharam com o grupo princípios de comunicação e imagem.

MAIS INFORMAÇÕES
Campus da UFC - Cariri
Av. Tenente Raimundo Rocha, S/N
Cidade Universitária, Juazeiro do Norte Telefone: (88) 3572.7200


EXPOSIÇÃO
Quadros em bordado destacam o Cariri
As cores da Chapada do Araripe e a cultura do Cariri são destacadas nos quadros em bordados da artista Maria José (Zeza)

Juazeiro. Um bordado diferente. Em telas, a harmonia de cores para resgatar a cultura da região do Cariri e os seus principais personagens. Maria José Gonzaga, conhecida por Zeza, é uma artista que não poupa criatividade e conhecimento da arte do Cariri, quando o assunto é produzir quadros com um colorido especial. Um trabalho minucioso, que passou a fazer parte da exposição "Cariri entre linhas e pontos", aberta na noite de ontem, no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Juazeiro do Norte.

Zeza diz que está apenas iniciando um trabalho. É mais de uma década da técnica que aprendeu com a família Dummond, em Ubajara. Na exposição, estarão 25 telas de uma coleção que ela iniciou, com a intenção da falar do Cariri. A artista já expôs na região em locais como o Sesc. Os trabalhos estarão expostos, mas Zeza afirma que também estará recebendo encomendas.

Para os mais trabalhados, com temas que envolvem um número maior de personagens, a exigência da artista é maior. Ela afirma que pode demorar até dois meses para produzir. Em cada um deles, a linha sobre a tela de lona muda de tonalidade, a exemplo do pau-da-bandeira de Santo Antônio, em Barbalha. Para cada personagem são roupas diferentes, cabelos, cor da pele. E as linhas utilizadas são variadas. O tamanho de cada tela também pode variar.

Personagens
Personagens com o Padre Cícero, Patativa do Assaré, a natureza da Chapada do Araripe, sua fauna com o raro Soldadinho-do-Araripe. A flora, como a flor do pequizeiro, que aponta com sua florada na Chapada, além do pau-de-arara com os romeiros do Padre Cícero estão entre os quadros expostos no CCBNB.

Exclusivas
As peças da exposição são todas exclusivas. Pela primeira vez, segundo ela, o seu trabalho ganha mais visibilidade. Desde o ano passado que se inscreveu para realizar a mostra do seu trabalho. "É um espaço que venho tentando conquistar com a divulgação desse trabalho, que é único em nossa região", diz. A técnica, de acordo com Zeza, se une à cultura regional. É o Cariri no tom alegre do bordado.

MIAS INFORMAÇÕES:
Centro Cultural Banco do Nordeste, em Juazeiro
Exposição de bordados "Cariri em linhas e pontos" - (88) 3512.2855

Elizângela Santos 

Repórter

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mercado do Artesanato mostra identidade cultural

O Mercado prossegue até amanhã, no Centro de Convenções de Sobral, promovendo profissionalização

O evento foi aberto pelo prefeito Veveu Arruda e pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Pedro Aragão

Sobral. Em sua terceira edição, o Mercado do Artesanato de Sobral mostra a identidade cultural com profissionalização e perspectiva de mercado. Aberto pelo prefeito Veveu Arruda e pelo secretário de Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Pedro Aurélio Ferreira Aragão, o Mercado prossegue até amanhã, no Centro de Convenções de Sobral.

Apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Mercado do Artesanato integra o Fundo Estadual de Cultura, do Governo do Estado do Ceará (FEC), pela Lei 13.818, de 16 de agosto de 2006, e abrange a formação de 500 artesãos de Sobral e Zona Norte, incluindo atividades teóricas e práticas.

A proposta do evento, coordenado pelo Programa Trabalho Pleno - Projeto Artesão Sobralense, é estimular o desenvolvimento e aprimoramento do artesanato sobralense, como expressão cultural e geração de renda visando, ainda, o fortalecimento da economia local por meio do apoio aos artesãos autônomos e a grupos produtivos.

Identidade
Com uma temática voltada para a identidade cultural, o evento enfatiza a formação da história sobralense, para que os produtos artesanais desenvolvidos no evento, sejam mais representativos da cultura local, agregando valor cultural às peças, como elemento impulsionador da comercialização dos bens produzidos artesanalmente.

O Mercado do Artesanato, diz o analista técnico do Sebrae-Sobral, Tomaz Machado do Carmo, é composto por atividades teóricas - palestras, cortejos, aula-espetáculo, visitas guiadas ao Centro Histórico - e atividades práticas, como oficinas de aproveitamento de tecidos; bordado; artes plásticas em gesso, madeira, cipó, palha de carnaúba; tecelagem, pinturas, reciclados, gastronomia e couro. "A ideia é construir uma marca Sobral para o nosso artesanato". Para isso, consultores Gilmar Martins, Sandra Goldacker, Evely Matthews Jucá, Suyenne Silva Lemos, Epítácio Júnior, Túlio Braga, Cristina Vieira, Cláudia Lóscio, Tomázia Cunha, Fátima Sousa e Armênia Rocha ministram oficinas até hoje.

Na abertura, houve palestras de Izaira Silvino, Ricardo Gomes Lima e Dênis Melo, além das apresentações de Helly Brasil, Tchesco Oliveira e Cia do Tijolo.

Exposição permanente
O encerramento amanhã, acontecerá com um encontro dos mestres da cultura popular: Irmãos Aniceto (Crato); Reisado do Mestre Antônio Ferreira (Lagoa do Mato/Aracatiaçu-Sobral); e grupo de Martônio Holanda. No dia 5 de outubro será inaugurada, na Casa da Cultura de Sobral, uma exposição onde serão expostos os produtos desenvolvidos no Mercado do Artesanato. Na oportunidade, o prefeito da cidade, Veveu Arruda vai anunciar um local para exposição permanente dos artesãos sobralenses.

MAIS INFORMAÇÕES:
Secretaria da Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de Sobral
Rua Visconde de Sabóia, 300 - Junco
Telefones: (88) 3611.4421/3611.6311

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cearenses participam da Feira Internacional de Artesanato em Porto Velho


A Secretaria Estadual de Cultura e a Associação do Bem Estar dos Artesãos Cearenses (ABEC) realizam de 30 de setembro a 9 de outubro a Feira Internacional de Artesanato e Cultura, que será montada no Bingool Clube, no centro de Porto Velho, sob a coordenação do PAB em Rondônia.

A exposição contará com a participação de 15 países e 10 estados brasileiros, apresentando mais de 5 mil trabalhos diferentes, comida típica,  danças folclóricas, desfile de modas, móveis e decorações.

O evento, criado pela ABEC, tem o objetivo de valorizar a cultura, mostrando a diversidade, a criatividade e originalidade dos artesãos, e também de  abrir novas possibilidades de negócios para o setor no mercado interno e externo.

De acordo com a coordenadora do PAB, Wélida Sodré, os artesãos que participam da Feira do Sol em Porto Velho vão representar Rondônia na feira e os artesãos do interior também poderão expor seus trabalhos durante o evento. Ela lamenta que a Secel não disponha de recursos para pagar as despesas de estadia dos mesmos na Capital.

domingo, 25 de setembro de 2011

Garrafas pet viram pássaros

O agrônomo João José Anselmo dos Santos, de Icó, transforma embalagens plásticas em aves da região

NA CIDADE de Icó, Centro-Sul do Estado, artista plástico João Anselmo transforma garrafas pet em pássaros, num trabalho artesanal inédito. Peças são marcadas pela beleza criativa HONÓRIO BARBOSA

Icó. Algumas ideias brilhantes e até grandes descobertas de medicamentos e da ciência surgiram em sonho. A história oficial registra vários desses acontecimentos. Muitos outros, entretanto, não ganharam páginas de livros, mas estão presentes na história cotidiana de pequenas cidades do interior.

Na região Centro-Sul, nesta cidade, o agrônomo João José Anselmo dos Santos primeiro teve a visão de transformar garrafas pet em canteiros de hortaliças. O projeto evoluiu e o plástico adquiriu formas de pássaros que habitam o sertão. Assim, o que era para virar lixo modificou-se em arte, ganhou asas e voou na imaginação do artista.

Quem visita o Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Icó, localizado em um casarão no centro histórico da cidade, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pode conferir algumas peças em exposição. O trabalho, fruto da criatividade do artista Anselmo dos Santos, começou em 1999, quando o agrônomo era técnico do CVT de Acaraú. Há uma variedade de aves na produção artesanal, que inclui tucano, arara, beija-flor, periquito, coruja e, por último, está trabalhando na produção de um jacaré.

"Aproveitei as garrafas para montar os canteiros e jarros em um curso de produção de hortaliças. Em uma das minhas viagens de ônibus entre Fortaleza e Acaraú, tive o sonho de transformar as garrafas pet para instalar a horta, substituindo a alvenaria". O agrônomo-artista fez os primeiros desenhos e colocou a visão em prática, que ganhou forma viável.

Transferido para o CVT de Jaguaribe e depois para a unidade de Icó, João Anselmo trouxe consigo a ideia de continuar confeccionando pássaros a partir de garrafas plásticas. "Esse projeto tem três vertentes", observa. "Geração de emprego e renda, numa etapa de economia criativa, desenvolvimento da consciência ambiental e contribuição para despertar a criatividade entre os jovens".

Mesmo enfrentando dificuldades e falta de apoio, o projeto chegou às mãos de alunos por meio de cursos realizados no CVT de Icó e em uma escola da rede municipal. Um grupo de 20 crianças e adolescentes do projeto Agente Jovem foi capacitado e as peças produzidas, cerca de 100 pássaros (papagaio ou louro, que é o símbolo de Icó) foram motivos de decoração de uma das principais festas da região Centro-Sul, o Forricó. "Infelizmente não houve divulgação e valorização do nosso trabalho", lamentou.

Resistindo, como todo bom sertanejo, João Anselmo continua com a expectativa de que seu trabalho ganhe mais espaço e possa chegar ao conhecimento de mais jovens no Ceará. A transformação do material pet em pássaros ocorreu ainda em Icó, quando o artista foi desafiado por uma professora de arte, que lhe encomendou um papagaio. "Fui dormir com aquela ideia fixa e quando acordei no dia seguinte pequei um papel e comecei a desenhar a ave", disse. "Fiz várias tentativas, cortando as garrafas, que aos poucos foram ganhando a forma do louro e mais tarde de outras aves sertanejas".

O desafio foi vencido com criatividade e nos meses seguintes foram surgindo outras aves, tais como tucano, beija-flor, arara, periquitos e até uma simpática coruja. No Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, as peças de João Anselmo ganharam uma exposição temporária, numa ação do Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Ceará (Centec).

No Memorial Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, João Anselmo teve a oportunidade de realizar um curso rápido de técnicas de produção de garrafas pet em brinquedos. Mas foi na Escola de Ensino Fundamental Manoel Antonio Nunes em Icó, que as garrafas plásticas transformaram-se em carros, caminhões, carroça, borboletas e joaninhas, além de aves. Sob a orientação do artesão, estudantes usaram a criatividade e com êxito conseguiram produzir as peças projetadas pelo professor. "Um aluno era hiperativo em sala de aula, e comportou-se com atenção e fez bons trabalhos", relembra João Anselmo. "A arte transforma pessoas e as coisas ao redor do mundo".

Curso
Em dezembro vindouro, João Anselmo deve ministrar curso no Complexo Portuário do Pecém sobre a transformação do plástico em peças artesanais. "Pode ser um motivo para a geração de renda em comunidades". Outra ideia do artista é envolver moradores de áreas ribeirinhas em açudes e lagoas e reduzir o impacto da poluição das garrafas plásticas nesses reservatórios. Anselmo, além de coordenador do CVT de Icó, é professor da Faculdade Vale do Salgado e um dos fundadores do Grupo Ecológico da Natureza de Icó e da Associação dos Apicultores do Município.

MAIS INFORMAÇÕES
Centro Vocacional Tecnológico - CVT de Icó - Centro Histórico
Rua Ilídio Sampaio, 2151/ Telefone: (88) 3561. 4149 ou (85) 9651.6858


Honório Barbosa
Repórter

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fotografia-Parentada reunida

Os fotógrafos da família Albano-Aratanha apresentam pela primeira vez seus trabalhos reunidos em uma só exposição. A mostra fica em cartaz até novembro no Espaço Cultural Correios

(RICARDO DE ARATANHA)

Bem antes de se tornar o nome de uma rua no Centro da Cidade, Barão de Aratanha era o título de nobreza do cearense José Francisco da Silva Albano, comerciante rico, coronel da Guarda Nacional e figura importante na Fortaleza do século XIX. Homem de posses e herdeiro de terras da Serra de Aratanha – daí veio o título de um decreto imperial de 1887 –, o barão deu origem a uma linhagem de fotógrafos importantes no Brasil: os bisnetos José e Maurício Albano (que são irmãos) e os tetranetos Ciro Albano (filho de Maurício) e Mario, Ricardo e Fernando de Aratanha (também irmãos, mas primos de José e Maurício). O trabalho dos seis fotógrafos é reunido pela primeira vez na exposição 6xAlbano, que será aberta amanhã (22), no Espaço Cultural dos Correios, com vernissage marcada para sábado (24), às 17 horas.

A complexa genealogia do clã Albano-Aratanha é bem singular. O barão teve dois filhos, João e José. Dos seis filhos de João, um deles – o Joaquim – é pai de José e Maurício Albano. Dos 14 filhos de José, um deles era Pedro que gerou outro Pedro – o Pedro Samuel – que por sua vez é o pai de Mario, Ricardo e Fernando de Aratanha. “É uma família que não só tem fotógrafos, mas também artistas de outras áreas. Foi o que me chamou a atenção”, explica a curadora da exposição, Jeanne Duarte, esposa de Mario há 21 anos.

A necessidade de entender a produção artística do marido levou Jeanne a conhecer a família. “Percebi similaridades nas fotografias dos seis. Mergulhei no acervo de cada um e cheguei a ver cerca de 20 mil fotos”, conta Jeanne. Para que o público perceba as semelhanças, a exposição apresenta três sequências de projeções simultâneas com 400 imagens em alta definição feitas pelos seis fotógrafos, sem diferenciá-los. Outra sala expõe o trabalho individual de cada fotógrafo, também em projeções, devolvendo a imagem ao seu contexto original.

“Eu e o Zé herdamos a paixão pela fotografia do nosso pai, que era médico. De alguma forma, isso também ficou no sangue de meu filho Ciro”, explica Maurício Albano. Ele percebe que o olhar para a natureza e para as cores é um traço em comum entre os seis. “Mas existem diferenças. Eu sou mais dedicado à natureza pura. Apesar de já ter fotografado rostos, desprezei por um tempo a figura humana das minhas imagens. Sou libriano e gosto do belo e da harmonia. Não faço foto para acusar a desgraça humana”, diz.

Já Fernando de Aratanha assumiu o gosto pela fotografia por influência de seus irmãos Mario e Ricardo. “Como me vi cercado de arte, já queria ser fotógrafo desde os 15 anos”, comenta Fernando. Formado em Comunicação no Rio de Janeiro, ele viajou aos Estados Unidos para aprender sobre fotografia e conseguiu montar um estúdio. “Passei a ser fotógrafo comercial para ganhar a vida, fazendo editoriais de arquitetura, fotos para publicidade, mas sempre com uma veia artística”, pontua Fernando, que há cinco anos voltou a morar em São Paulo. Ele acredita que, apesar da exposição seguir um fio condutor, os seis fotógrafos têm trajetórias bem distintas. “Busco a luz como forma, como jogo com as sombras e com a cor”.

Nos anos 1970, o irmão mais velho de Fernando, o Mario, morou com José Albano no Rio de Janeiro e dividiram um laboratório de fotografia. “Temos um lugar comum: a paixão pela luz, pela cor e pela composição. A fotografia para mim é mais uma arte do que um ofício”. Ex-repórter do Jornal do Brasil, Mario é reconhecido por seu trabalho de 32 anos como dono e produtor musical da gravadora Kuarup. Agora tem uma produtora de vídeos, a Cineviola. “Como passei a fazer vídeos digitais, construi um acervo de fotos em movimento. No decorrer da vida, destilamos as expressões que vivemos”, afirma Mario, que convidou os músicos Eugênio Leandro e Nonato Luiz a ceder composições para compor o ambiente sonoro da exposição.

SERVIÇO

6 X ALBANO
O quê: Exposição coletiva de José Albano, Maurício Albano, Ciro Albano, Ricardo de Aratanha, Mario de Aratanha e Fernando de Aratanha.Quando: De 22 de setembro a 05 de novembro (seg a sex 8h às 17h/ sáb 8h às 12h)
Local: Espaço Cultural Correios (Rua Senador Alencar, 38 – Centro)
Entrada: gratuita.
Outras informações: (85) 3255 7275


Saiba mais

A exposição reúne pela primeira vez o trabalho de seis fotógrafos da linhagem de José Francisco da Silva Albano, conhecido como o Barão de Aratanha. Com 40 anos de profissão, José Albano e Maurício Albano dedicam a registrar imagens do Estado. O filho de Maurício, Ciro, é biólogo e um dos mais premiados fotógrafos de pássaros do Brasil. Já Ricardo de Aratanha ganhou três Prêmios Nikon e um Pulitzer na sua carreira, além de ser editor fotográfico do jornal Los Angeles Times, onde trabalha há 22 anos. Mario de Aratanha alia a câmera ao jornalismo e à produção musical. Fernando de Aratanha mantém seu estúdio em São Paulo, depois de 25 anos nos Estados Unidos.

Fonte: O Povo

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

II Festival ManiFesta abre inscrições para artistas divulgarem seus trabalhos

Este ano, o festival presta uma homenagem aos 70 anos de Zé Tarcísio



Estão abertas as inscrições para artistas apresentarem seus trabalhos durante o II ManiFesta - Festival das Artes. O evento acontece no dia 19 de novembro, no Centro Cultural Dragão do Mar, Sesc Iracema e nos arredores.

Este ano, o festival presta uma homenagem aos 70 anos de Zé Tarcísio, grande nome das artes plásticas cearense. A programação inclui ainda apresentações artísticas, oficinas, mini-cursos, mesas redondas e debates entre os dias 12 e 19 de novembro.


O ManiFesta é um evento inspirado na Massafeira Livre, que sacudiu o Teatro José de Alencar, em 1979. A segunda edição da maratona cultural começa às 14h, do dia 19 de novembro, e só termina no dia seguinte. Os trabalhos farão parte do DVD ManiFesta! Ceará.


Inscrições

Os artistas podem inscrever obras relacionadas à música, dança, teatro, perfomance circense, artes plásticas, cinema, fotografia, literatura, culinária, poesia ou artesanato. Os interessados devem acessar o site manifestafestival.art.br e preencher um formulário.

Fonte: O Povo

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Riquezas do sertão

A exposição "Caras do Sertão" traz a Fortaleza esculturas de artesãos do Centro de Cultura Popular Mestre Noza. Ao todo são 20 obras de 11 artistas caririenses

O artesão Hércules aprendeu o ofício da escultura em madeira, aos 12 anos de idade, com dois tios. Na sequência de imagens, trabalhos feitos por ele e pelo escultor popular Diomar

O Ceará é conhecido Brasil afora, não só pela beleza de suas praias e a hospitalidade de seu povo, mas também pela riqueza de seu artesanato. O Estado é celeiro de grandes artesãos. Homens e mulheres que com suas mãos habilidosas criam obras de valor estético cujo resultado perpassa toda uma tradição familiar.

Um recorte dessa produção poderá ser visto pelo público através da exposição "Caras do Sertão", com abertura prevista para hoje, na sede da empresa SJ Administração de Imóveis. A mostra, que segue em cartaz até o dia 30 de setembro, reúne esculturas de artesãos do Centro de Cultura Popular Mestre Noza, em Juazeiro do Norte. O local é uma das principais referências do artesanato nordestino.

Ao todo estarão expostas 20 obras, de 11 artistas, feitas de madeira e estampadas com cores vibrantes.

Artistas
Desde os 12 anos de idade, sob a influência de dois tios escultores, Paulo Sérgio e Severino, Hércules vem se dedicando a arte da escultura. Ele tem como especialidade figuras do reisado, em forma de troncos e personagens soltos. O escultor terá algumas de suas peças expostas na mostra "Caras do Sertão". "São pequenas esculturas que ilustram um pouco do imaginário popular: a banda cabaçal, a quadrilha, os reisados e a festa do Pau da Bandeira", explica.

Outro destaque é o trabalho de Diomar. O artesão apresenta quatro esculturas, sendo três de imagens femininas e uma de lagarto. "Quem me incentivou a fazer esculturas foi o Mestre Nino, mas os meus pais também trabalhavam nessa linha. Eles transformavam latas em bacias. Hoje procuro ensinar minha arte para meus filhos, minha esposa e meus vizinhos. A gente não pode deixar é a cultura popular desaparecer", finaliza.

Além de Hércules e Diomar, a exposição conta com obras de José Cordeiro (1976-2011), Everaldo (Tatinha), Josimara (Mara), Edinaldo Graciano, José Celestino, Francisco Cardoso, Hamurábi Batista, Racar (Raimundo Caetano) e Dona Raimunda. A iniciativa tem o propósito de homenagear o centenário da cidade de Juazeiro do Norte.

Fique por dentro
Mestre Noza
Inocêncio da Costa Nick, o famoso Mestre Noza, nasceu em Pernambuco em 1897, mas estabeleceu-se em Juazeiro do Norte depois de uma romaria de 600 quilômetros seguindo Padre Cícero. Ele se tornou conhecido como escultor, artesão, xilógrafo, santeiro e imaginário. Em 1965, teve seu álbum de gravuras "Via Sacra" publicado em Paris. Desde então, seu trabalho é considerado uma expressão legítima da arte brasileira. Faleceu em São Paulo em 1983. O Centro de Cultura Popular de Juazeiro do Norte, que leva o nome de Mestre Noza, hoje reúne mais de 200 artesãos caririenses, reconhecidos nacional e internacionalmente por suas peças com formas e traços característicos, alusivos à cultura da região.

MAIS INFORMAÇÕES
Exposição "Caras do Sertão", visitas de hoje até 30 de setembro, das 8 horas às 19 horas. Gratuita. Na SJ Administração de Imóveis (Avenida Santos Dumont, 1388, Aldeota). Contato: (85) 3255-8888.

domingo, 11 de setembro de 2011

Projeto Residência na Vila das Artes

Térence Pique é francês e vem a Fortaleza participar do projeto com artistas locais

Uma troca de experiências entre artistas locais e um convidado, gerando discussões e processos de criação coletiva. Esta é a proposta do Projeto de Formação Residência, que a Secretaria de Cultura de Fortaleza e o Salão de Abril promovem pela 2ª vez, em 2011, na Vila das Artes.

Desta vez, o francês Térence Pique participa da residência cuja temática é "A questão do espaço e suas representações simbólicas na cidade". O projeto está marcado para acontecer entre os próximos dias 16 e 30.

Natural do Sul da França, Térence estudou História e Teoria da Arte e da Fotografia Contemporânea em Paris, antes de instalar-se em Madrid, em 2009. Grande parte de suas investigações exploram o universo urbano, considerando contradições e complexidades ambíguas. Leva em conta tanto a questão do espaço quanto sua representação, sua produção e/ou sua relação com o social.

A cada edição do projeto, serão três residências com duração, cada uma, de 15 dias, período em que o convidado realiza uma palestra de apresentação e seleciona portfólios dos artistas locais. Ao todo, 15 participantes pensam numa proposta, junto ao residente, dentro da temática em questão.

Ao final do processo, um cearense será escolhido para fazer exposição no país de origem de Térence, a França. O objetivo é ampliar as barreiras territoriais e estreitar as relações dos artistas locais com o mundo.

Os projetos serão registrados e farão parte de um livro, que será lançado no fim do ano, incluindo todos os participantes e textos de colaboradores e pensadores da área.

MAIS INFORMAÇÕES:
Projeto de formação Residência, com o artista Térence Pique. De 16 a 30 de setembro, na Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221, Centro). Apresentação do artista e leitura dos portfólios dos artistas interessados, no dia 16, às 14h30. Resultado dos selecionados, no mesmo dia, por e-mail. Contato: 3105.1358

Inscrições abertas para IX Edital Ceará de Cinema e Vídeo 2011


A Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) está com as inscrições abertas até o próximo dia 23 de setembro para o  IX Edital Ceará de Cinema e Vídeo 2011.

Nesta edição, o edital destinará R$ 2,4 milhões, do Fundo Estadual de Cultura (FEC), para o segmento de audiovisual e mais  R$ 600 mil exclusivos para a formação de cineastas, totalizando um valor de R$ 3 milhões para o setor.

Os interessados terão até 23 de setembro para enviar seus projetos nas modalidades de desenvolvimento de roteiro, longa e curta metragem, projeto de TV, novas mídias, além de criação e manutenção de cineclubes. Serão aceitas as inscrições de projetos com data de recebimento no protocolo da Secult ou via Sedex.

Fonte: Diário do Nordeste

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O poeta Dal Costa de Acaraú é atração do 7º Festival de Cantoria do Eusébio

Desafios, repentes, competições de melhor dançarino e cantor são atrações do Festival de Cantoria no Eusébio

A arte da viola revela talentos nos Municípios cearenses, uma tradição que passa entre as gerações
ALEX PIMENTEL
Fortaleza. Com uma participação de público estimada em cerca de 800 pessoas, acontece amanhã, a partir das 20 horas, o 7º Festival de Cantoria do Eusébio. O evento contará ainda com o show da banda de forró pé de serra Forró do Povo e da cantora Elisa Lombard.

O coordenador do evento, Francisco Edson das Chagas, disse que a cada edição o festival tanto aumenta no número de público, quanto de atrações.

"Hoje, o evento é uma referência forte para os cantadores e repentistas que buscam divulgar seus trabalhos por meio do Festival", afirmou o coordenador Francisco Edson. O festival acontece na casa do coordenador e há distribuição de prêmios para o melhor cantor, dançarino e distribuição de brindes, oferecidos pelos patrocinadores da iniciativa.

Atrações
Dentre as atrações previstas para o próximo sábado, incluem os repentes de viola com os poetas Luiz Pinto de Quixadá e Dal Costa de Acaraú. Na ocasião, haverá uma homenagem especial para o poeta Daniel Capistrano da Costa (de Águas Belas, Boa Viagem).

Francisco Edson disse que o Festival surgiu quase como um acaso, há sete anos. Lembra que na época queria apenas celebrar o aniversário de 18 anos do filho mais velho, que havia passado no vestibular. Com isso, convidou amigos violeiros. Um desses achou que poderia também levar outros companheiros de cantorias e fazer com que a festa também fosse uma oportunidade para se comercializar comidas e bebidas.

Francisco Edson disse que a ideia vingou de forma surpreendente já na primeira edição, o que suscitou fazer um evento bem maior. Dessa vez, o grande incentivador era o filho mais velho. Por mais uma vez, a festa aconteceu em abril. O fato triste é que dias depois, esse morria de um infarto fulminante.

Incentivo
"Foi o momento mais triste e traumático que passei na vida. No entanto, por incentivo de amigos não desisti e, em homenagem à sua memória, passei a realizar o evento todos os anos, só que agora nos meses de setembro", disse.

Edson disse que o sofrimento inicial foi superado pelo sucesso da festa que se consolidou na região, atraindo artistas regionais de todo o Estado. Além disso, toda a receita da festa é destinada para cobrir os custos e ainda para investir nos festejos natalinos.

MAIS INFORMAÇÕES
7º Festival de Cantoria

Rua Cruzeiro, 808 - Coaçu - Eusébio - Estrada do Fio (1ª lombada à direita) Telefone: (85) 9947.4006

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Vatá é coisa nossa

Para o desenvolvimento das novas montagens, Valéria Pinheiro brincou com todas as referências conquistadas ao longo dos últimos 10 anos (FOTO DIVULGAÇÃO)

Coletivo de cenas e sons comandado por Valéria Pinheiro completa 10 anos de atuação nos nossos palcos. A festa tem programação ampla e conta com a estreia de quatro novas montagens

Valéria Pinheiro nasceu em Juazeiro do Norte, correndo atrás de reisados, e carrega o sertão no DNA. Aos cinco anos, foi com a família para Manaus e de lá passeou pelo mundo. Morou no Rio de Janeiro e Nova York, viajou pela Europa, África e Ásia. Formou-se engenheira civil e com o diploma na mão foi ser artista no Rio de Janeiro. Em 2000, ancorou em Fortaleza e no ano seguinte transformou a Cia. Vatá, que iniciara ainda no Rio, numa companhia de brincantes genuinamente cearense, como ela define. Neste ano, o grupo completa uma década contada a partir de sua gênese em terra natal e Valéria comemora bodas de prata como coreógrafa. Para celebrar, depois de três anos de gestação, quatro espetáculos inéditos serão montados entre setembro e outubro.

Mo ky bu ‘sta? (Como você está?) é o mais experimental de todos, resultado de uma temporada na África que instigou o grupo a pensar sobre instabilidade. São Bento Pequeno reúne os dançarinos-brincantes da companhia e o núcleo de capoeira do Teatro das Marias, a sede da Cia Vatá que virou Ponto de Cultura do Governo Federal. Cartas do Asilo parte da biografia de Camille Claudel, a famosa amante de Rodin internada num manicômio mesmo sã. E, por fim, Anos Loucos, uma experiência diferente para o grupo: um musical sobre os anos 1920. As comemorações incluem ainda um documentário longa-metragem que “edita poeticamente” todos os registros audiovisuais de Valéria e da Cia. Vatá nos últimos 20 anos e um CD com músicas das trilhas sonoras da companhia, sempre originais.

As andanças de Valéria foram fundamentais para o que ela mais gosta de fazer: pesquisar. Encontrar novas leituras e conexões entre a cultura popular cearense, o resto do mundo e a contemporaneidade e mostrar o resultado no palco, usando o corpo, a música e a cenografia. “Sempre fomos uma companhia de pesquisa das manifestações tradicionais achando pontes para o contemporâneo. Depois desse tempo fora, quando cheguei, entendi que as tradições caririenses, os reisados, as bandas cabaçais, me conectavam com o mundo. Consigo achar conexões com o que vejo no Japão, na Índia, na África”, diz Valéria.

A primeira montagem, Brasil de Todos os Ritmos, foi resultado de um mergulho na poesia de Patativa do Assaré e Anselmo Vieira, o cordelista que falava de êxodo e seca com bom humor. No palco, Valéria fundiu o xaxado e o baião ao sapateado clássico. Já de saída, a Cia. Vatá mostrou a que veio. Valéria aprendeu os primeiros passos de sapateado com o xaxado marcado do pai e dominou a técnica com as aulas de tap dance nos Estados Unidos. Os primeiros espetáculos da Cia. Vatá tinham até o sapato de sola metálica. “O sapateado ainda é um elemento forte, mas hoje não assume mais o sapato que amplifica sons. Ele inquieta em outros lugares, no corpo, na música”, explica Valéria.

Depois da estreia, a companhia trabalhou em cima da trilogia Bagaceira: A Dança dos Mestres, A dança dos Orixás e A dança dos Ancestrais. Com os três, viajou pelo Brasil e pelo mundo, ganhou prêmios e se consolidou como um grupo fundamental para o cenário da dança cearense. “Valéria criou um teatro, um projeto e trabalha com o que é da gente, com o regional, mas recria isso numa linguagem original. Veja o sapateado que ela trouxe, é uma coisa bem ‘disseram que voltei americanizada’, mas ela torna isso tão nosso! É uma motivação para que outros trabalhos sejam construídos”, elogia David Linhares, organizador da Bienal de Dança Internacional do Ceará, que vê em Valéria uma “mãe parideira de outras companhias”.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Depois de anos fora do Ceará, fortalecendo uma bagagem expressiva na dança, sobretudo com o sapateado, Valéria Pinheiro voltou ao ninho há 10 anos. Aqui, fundou a Cia. Vatá, se reinventou como artista e criou uma nova cena

SERVIÇO

MO KY BU ‘STA
Quando: estreia neste sábado, às 20 horas, no Sesc Iracema (Rua Boris, 90c - Praia de Iracema). Fica em cartaz nos dias 4, 10 e 11 de setembro, no mesmo horário e local. Ingressos: R$10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Outras info.: 3525 2215.

SÃO BENTO PEQUENO
Quando: estreia neste domingo, no Teatro das Marias (Rua Senador Almino, 233 - Praia de Iracema). Fica em cartaz todos os domingos de setembro, às 20 horas. Ingressos: R$10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Outras info.: 3219 4939.

CARTAS DO ASILO e ANOS LOUCOS
Quando: estreia programada para outubro.

Mariana Toniatti
marianatoniatti@opovo.com.br

Fonte: O Povo

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Instituto de Arte e Cultura do Ceará lança editais de incentivo às artes

Dominiq, espetáculo apresentado no Quinta com Dança de Março/2011. Foto: Marina Cavalcante.

A partir de 01 de setembro, quinta-feira, o Instituto de Arte e Cultura do Ceará – IACC – estará recebendo projetos a serem contemplados em editais culturais e de ocupação. A seleção conta com o suporte e o aval da Secretaria de Cultura do Ceará – Secult.

Para se inscrever, é necessário que os interessados atendam a todos os requisitos dispostos nos editais e preencham os formulários disponíveis no site do Dragão do Mar. Os documentos serão recebidos até o dia 30 de setembro na Diretoria de Ação Cultural – DIRAC, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, de segunda a sexta-feira, de 8h30 às 12h e 13h30 às 18h. 

Editais
Os editais culturais são lançados com o intuito de estimular as artes, através da música, do teatro, da dança e da literatura, em oito diferentes categorias: Teatro da Terça, Contação de Histórias, Passarela das Artes, Nas Ruas do Dragão do Mar, Domingo Musical, Sons do Ceará, Quinta com Dança, Dragão do Mar Literário.

Grupos, companhias e artistas que tiverem suas propostas aprovadas garantem participação na agenda de eventos do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e podem contar com incentivo financeiro para honrar as despesas decorrentes das apresentações, de acordo com os termos previstos no edital.

Os editais de ocupação visam abrir as portas do Teatro do Dragão do Mar para artistas de música, dança e artes cênicas que procuram espaço para divulgar seus trabalhos. Esse contrato é uma espécie de aluguel do teatro, em que será paga a taxa de uso, mas o apurado da bilheteria é destinado aos contratadores, conforme regulamentações e tributações fiscais. 

Serviço: Editais do IACC/Secult – inscrições de 01 a 30 de setembro. Download de editais e formulários aqui. Entrega de documentação: na recepção da Diretoria de Ação Cultural / DIRAC, de segunda a sexta-feira, nos horários de 8h30 às 12h e 13h30 às 18h. Mais informações: (85) 3488-8608.

Fonte: Dragão do Mar