segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Riquezas do sertão

A exposição "Caras do Sertão" traz a Fortaleza esculturas de artesãos do Centro de Cultura Popular Mestre Noza. Ao todo são 20 obras de 11 artistas caririenses

O artesão Hércules aprendeu o ofício da escultura em madeira, aos 12 anos de idade, com dois tios. Na sequência de imagens, trabalhos feitos por ele e pelo escultor popular Diomar

O Ceará é conhecido Brasil afora, não só pela beleza de suas praias e a hospitalidade de seu povo, mas também pela riqueza de seu artesanato. O Estado é celeiro de grandes artesãos. Homens e mulheres que com suas mãos habilidosas criam obras de valor estético cujo resultado perpassa toda uma tradição familiar.

Um recorte dessa produção poderá ser visto pelo público através da exposição "Caras do Sertão", com abertura prevista para hoje, na sede da empresa SJ Administração de Imóveis. A mostra, que segue em cartaz até o dia 30 de setembro, reúne esculturas de artesãos do Centro de Cultura Popular Mestre Noza, em Juazeiro do Norte. O local é uma das principais referências do artesanato nordestino.

Ao todo estarão expostas 20 obras, de 11 artistas, feitas de madeira e estampadas com cores vibrantes.

Artistas
Desde os 12 anos de idade, sob a influência de dois tios escultores, Paulo Sérgio e Severino, Hércules vem se dedicando a arte da escultura. Ele tem como especialidade figuras do reisado, em forma de troncos e personagens soltos. O escultor terá algumas de suas peças expostas na mostra "Caras do Sertão". "São pequenas esculturas que ilustram um pouco do imaginário popular: a banda cabaçal, a quadrilha, os reisados e a festa do Pau da Bandeira", explica.

Outro destaque é o trabalho de Diomar. O artesão apresenta quatro esculturas, sendo três de imagens femininas e uma de lagarto. "Quem me incentivou a fazer esculturas foi o Mestre Nino, mas os meus pais também trabalhavam nessa linha. Eles transformavam latas em bacias. Hoje procuro ensinar minha arte para meus filhos, minha esposa e meus vizinhos. A gente não pode deixar é a cultura popular desaparecer", finaliza.

Além de Hércules e Diomar, a exposição conta com obras de José Cordeiro (1976-2011), Everaldo (Tatinha), Josimara (Mara), Edinaldo Graciano, José Celestino, Francisco Cardoso, Hamurábi Batista, Racar (Raimundo Caetano) e Dona Raimunda. A iniciativa tem o propósito de homenagear o centenário da cidade de Juazeiro do Norte.

Fique por dentro
Mestre Noza
Inocêncio da Costa Nick, o famoso Mestre Noza, nasceu em Pernambuco em 1897, mas estabeleceu-se em Juazeiro do Norte depois de uma romaria de 600 quilômetros seguindo Padre Cícero. Ele se tornou conhecido como escultor, artesão, xilógrafo, santeiro e imaginário. Em 1965, teve seu álbum de gravuras "Via Sacra" publicado em Paris. Desde então, seu trabalho é considerado uma expressão legítima da arte brasileira. Faleceu em São Paulo em 1983. O Centro de Cultura Popular de Juazeiro do Norte, que leva o nome de Mestre Noza, hoje reúne mais de 200 artesãos caririenses, reconhecidos nacional e internacionalmente por suas peças com formas e traços característicos, alusivos à cultura da região.

MAIS INFORMAÇÕES
Exposição "Caras do Sertão", visitas de hoje até 30 de setembro, das 8 horas às 19 horas. Gratuita. Na SJ Administração de Imóveis (Avenida Santos Dumont, 1388, Aldeota). Contato: (85) 3255-8888.

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