No livro, o poeta revela contrastes temáticos entre o passado e o presente, o sombrio e o alegre (MAURI MELO)
O escritor cearense Luciano Maia lança o livro de poesias inéditas Claroscuro, abordando a passagem do tempo e a preocupação com o planeta
O escritor cearense Luciano Maia lança o livro de poesias inéditas Claroscuro, abordando a passagem do tempo e a preocupação com o planeta
Em troca de correspondências com o jornalista e poeta baiano Ildásio Tavares, falecido no ano passado, o poeta Luciano Maia descobriu algo no seu estilo poético, que até então não tinha percebido. Suas principais poesias revelavam contrastes temáticos entre a distância e o encontro, o passado e o presente, o sombrio e o alegre. “São opostos bem próximos ao neobarroco. Era algo que estava ali na minha poesia, mas que ainda não tinha racionalizado”, confessa. A constatação das dicotomias conduziu ao título do último livro de Luciano Maia.
Claroscuro é uma referência direta ao “chiaroscuro”, técnica inovadora da pintura do renascentista Leonardo da Vinci, que foi aperfeiçoada pelos pintores barrocos, com o propósito de definir o contraste entre luz e sombra na representação de um objeto. Nas 68 poesias que compõem o livro, há um desdobramento de tudo aquilo que Luciano Maia já colocava em prática em obras anteriores. “Trato a poesia com lirismo, com temas que também demonstram preocupação com o planeta”, afirma Luciano.
No prefácio, uma carta do professor Raúl Lavalle, da Universidade Católica da Argentina, dimensiona a predileção de Maia por poesias que abordam a passagem do tempo, o mar real ou figurado, a cultura latino-americana. “Sou amigo de Lavalle, desde 98. Ele leu os originais e pediu que escrevesse a apresentação do livro em forma epistolar”, contextualiza Maia.
Uma das características da poesia de Luciano é a musicalidade. Seu livro Jaguaribe – Memória das Águas (1982) foi relançado no ano passado e musicado por Rodger Rogério. “A poesia tem ritmo interno, assim como a música tem seu ritmo interior que exteriorizado em som”, pontua. Maia confirma que é adepto do decassílabo e que sua poesia tem uma preocupação formal. “Posso me considerar um fanático pelo soneto. Meu verso é medido e sem firulas”.
Além de poeta, ensaísta e tradutor, Luciano Maia é professor do curso de Direito da Universidade de Fortaleza (Unifor). É titular da cadeira 23 da Academia Cearense de Letras e membro da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo. Seus principais livros são Seara (1986), Nau Capitânia (1987), Os Quatro Naipes (1989), Vitral com Pássaros (2002), Pátria dos Cataventos (2007) e Mar e Vento (2009).
Camila Vieira
camilavieira@opovo.com.br
Fonte: Jornal O Povo