sábado, 26 de março de 2011

Revivendo o Cais Bar


A casa noturna Tantos Versos inaugura, hoje, a partir das 15h, seu projeto mensal "Uma noite há 20 anos" celebrando bares culturais que marcaram a cena artística de Fortaleza, a partir da década de 80 e deixaram saudades. A primeira homenagem é para o cultuado Cais Bar

O Tantos Versos, bar situado na Avenida Engenheiro Luís Vieira, 755, no bairro Vicente Pinzón, mesmo endereço onde funcionava o antigo Estilo dos Pampas, tenta resgatar um pouco da boemia de Fortaleza. O espaço artístico estreia seu projeto "Uma noite há 20 anos", que visa homenagear um bar do passado e que já não existe mais, tentando ambientar nos dias de hoje, as tradições que passaram. O primeiro escolhido foi o tradicional Cais Bar, que teve sua fase áurea na Praia de Iracema durante os anos 80 e que é uma referência cultural para todas as gerações dos notívagos que viveram nesse tempo.

Marcos

Segundo Tabosa Júnior e Hugo de Freitas, proprietários do Tantos Versos e antigos donos de outros estabelecimentos que marcaram a noite em Fortaleza, como o The Wall e o Bagdá Café, respectivamente, o projeto de trazer o clima dos antigos bares, surgiu na perspectiva de mostrar também para as novas gerações, um pouco da história cultural e artística do passado.

Tabosa Júnior afirma que, a ideia de criar o projeto "Uma noite há 20 anos" surgiu da perspectiva de homenagear os bares que marcaram época em Fortaleza e dos quais todos estão saudosos. "Começaremos com o Cais Bar pois foi o espaço temático mais influente de sua época e foi uma ícone da cidade de Fortaleza na tradicional Praia de Iracema", disse Tabosa.

Na homenagem de hoje, que começará a partir das 16 horas com a tradicional roda de choro que, no Cais Bar, se chamava "Esperando a feijoada" e que também trará um regional tocando clássicos de Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Chiquinha Gonzaga, entre outros compositores, também será servida a mesma iguaria.

Ainda no campo gastronômico, os clientes também terão à disposição, o suculento "Pedacinho do Céu", dedicado ao choro homônimo de Waldir Azevedo, feito com peito de frango recheado com queijo e presunto, enrolado e à milanesa. Para abrilhantar mais ainda o encontro, também estarão presentes, figuras conhecidas como os garçons Sá Filho e Baleia, o DJ Barry White e proprietário do antigo Cais Bar, o compositor e engenheiro Joaquim Ernesto.

Expectativas

Na opinião de Tabosa Júnior, as expectativas de um bom público são as melhores possíveis: "pretendemos reunir uma geração de vários amigos que frequentaram o Cais Bar e estão órfãos desse tipo de ambiente cultural, com foco direcionado para a música e a boemia. Além da música e a questão do tira-gosto, como a feijoada e o tradicional Pedacinho do Céu, que inclusive foi copiado por outros bares, também nos preocupamos com a questão da memória visual e sonora. A partir das 20 horas, depois que terminar a apresentação do chorinho, ligaremos um telão com 200 polegadas e exibiremos uma série de imagens de shows, lançamentos de livros e tomadas livres com os clientes, tudo no antigo Cais Bar".

Como a ideia é reviver toda a atmosfera reinante no concorrido ambiente da Praia de Iracema do passado, foram também convidados instrumentistas e intérpretes que possuem uma ligação direta com o passado do Cais Bar. Já confirmaram presenças, entre outros, o bandolinista Carlinhos Patriolino; o compositor Dunga Odakam e os cantores Lúcio Ricardo e Paulo Façanha.

Tabosa Júnior avisa que não haverá uma apresentação específica e todos que comparecerem terão seu espaço para mostrar sua arte: "Não teremos um show pois a ideia é de confraternização entre os músicos e cantores. Teremos um violão disponível e os outros instrumentistas que quiserem se somar no palco, são bem-vindos. Vai ser também uma festa para os amigos músicos".

Lúcio Ricardo

Já confirmado para exibir seu talento na noite de hoje no Tantos Versos, o irrequieto cantor Lúcio Ricardo tem uma ligação direta com o Cais Bar, pois além de se apresentar por várias vezes na casa noturna, também gravou canções de Joaquim Ernesto nos discos que celebraram efemérides do espaço cultural. "Acho ótima essa homenagem ao Cais. Tudo que for feito no sentido de lembrar esse espaço que foi um grande encontro de artistas e intelectuais e grande incentivador e divulgador de nossa música, é muito bem-vindo, pois revela a sua importância também, para os jovens de hoje", afirmou Ricardo.

O veterano tem boas lembranças da casa noturna. "Depois que voltei ao Ceará no ano 2000, o Cais Bar estava bombando na Praia de Iracema. Comecei a cantar lá e tenho uma amizade sincera com o Joaquim Ernesto, pelo qual fui convidado para cantar nos discos comemorativos. Foi no Cais que conheci todos os artistas da música dessa geração atual do pessoal do Ceará. Fiquei tão íntimo de lá que, uma vez estávamos ensaiando com outros músicos e como não havia ninguém para preparar uma comida, acabei cozinhando para todos os presentes", relembrou o artista.

Sobre sua participação na homenagem de hoje, Lúcio Ricardo afirma que a noitada vai ser de muita camaradagem entre os músicos e cantores participantes: "creio que a tendência deve ser de um encontro com muita espontaneidade. Vou dar uma canja com os instrumentistas e nem sei o repertório que irei cantar. Possivelmente, criações de Roberto Carlos, Caetano Veloso, algumas da Jovem Guarda, as quais lembram o Cais Bar e principalmente, ´Escolas nos varais´, de Joaquim Ernesto e Paulo de Tarso, o ´Pardal´, música que é um blues e com a qual eu conquistei o prêmio de Melhor Intérprete do Festival de Inverno, em Garanhuns, no Estado de Pernambuco".

Para os que quiserem assistir as futuras apresentações de Lúcio Ricardo no Ceará, o cantor antecipa os seus futuros shows: "Numa homenagem ao teatro que vai acontecer em Sobral, na quinta-feira 31 de março faço por lá o show "Do Iê, Iê, Iê, do rock and roll e do blues compassado". Já no aniversário de Fortaleza, no aterro da Praia de Iracema, no dia 13 de abril, na minha participação vou cantar ´Cidade´ de Joaquim Ernesto; ´Coração condenado" de Stélio Valle, Graco e Fausto Nilo e ´Gosto mais do suingue" de Lauro Maia", antecipa o intérprete.

Retorno

O proprietário do antigo Cais Bar, Joaquim Ernesto, que promete voltar com o espaço cultural em novo formato, em 2012 novamente na Praia de Iracema, vê com bons olhos a homenagem de hoje no Tantos Versos.

"Como pretendemos voltar com o bar futuramente, acho muito interessante essa ideia e do jeito que está sendo produzida. O Tabosinha tem uma vasta experiência no ramo pois já comandou o The Wall. É legal também por que estamos com uma campanha no Facebook na tentativa de revitalizar a Praia de Iracema, onde pretendemos realizar algumas atividades artísticas para sensibilizar a Prefeitura, da importância", declarou.

No que se refere especificamente a questão do retorno do Cais Bar, Joaquim Ernesto foi mais categórico: "Estamos aguardando o andamento do processo na Prefeitura. Há uma possibilidade de voltarmos com o bar no mesmo local. Estabelecemos a data para 2012, mas, se a revitalização for aprovado antes, também voltaremos antes. Enquanto isso, planejamos shows musicais com os artistas que se apresentaram no Cais, para lembrar o bar, em outros locais como o Kukukaya, o Arre Égua e o Pirata, e, também em outros lugares públicos".

MAIS INFORMAÇÕES

Uma noite há 20 anos - A partir das 15h, no Tantos Versos Bar (Av. Engenheiro Luís Vieira, 755, Dunas). Contato: (85) 3472.4243

NELSON AUGUSTO
REPÓRTER


Fonte: Diário do Nordeste

A mostra A Quatro Graus do Equador reúne trabalhos de artistas cearenses em São Paulo

Com variadas obras de artes visuais, a mostra A Quatro Graus do Equador reúne trabalhos de artistas cearenses em São Paulo
A fotografia de Patrícia Araújo e Clarice Lima integra a mostra coletiva (DIVULGAÇÃO)
A originalidade e a criatividade do artista cearense ganham cada vez mais importância e se espalham Brasil a fora. Hoje, os paulistas terão a oportunidade de apreciar o que a arte cearense tem para mostrar. A exposição coletiva intitulada A Quatro Graus do Equador (em referência à localização geográfica do Ceará), leva para São Paulo os trabalhos em artes visuais de artistas cearenses ou radicados no Ceará. É o mundo visto sob a ótica cearense imortalizado nas obras dos artistas do Estado.

A mostra reúne instalações, vídeos, fotografias e performances de 15 artistas. O evento faz parte do projeto Arte em Fluxo: Nordeste Brasil, do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) e tem como objetivo constituir uma rede de diálogo sobre artes visuais. A materialização disso se dá através de várias exposições com artistas contemporâneos que participaram de mostras nas sedes dos CCBNBs nos últimos 12 anos, bem como de artistas emergentes no cenário brasileiro. Em etapas anteriores, o projeto promoveu a interação do Ceará com o Pará e ainda de artistas da Região do Cariri com integrantes do Clube de Gravura do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

A coordenadora de artes visuais do CCBNB, Jacqueline Medeiros, diz que a exposição vai além da divulgação da arte cearense, contribuindo para a interação da linguagem artística entre os estados. “Queremos mostrar que o Ceará tem uma produção de arte no mesmo nível do outros centros”, afirma. Ela defende que um projeto como esse contribui também para ampliar a visão que os outros estados têm sobre a arte cearense, fortemente identificada com o artesanato. Segundo a coordenadora, algo que impede um crescimento ainda mais acelerado e diversificado da arte no Estado é a ausência de um curso de artes nas universidades públicas cearenses, fato que “poderia alavancar as artes visuais no que se refere a criação, renovação, crescimento e diversificação”.

Para a coordenadora do ateliê que vai receber a exposição em São Paulo, Thaís Rivitti, a visão da arte nordestina como essencialmente artesanal é algo ultrapassado do ponto de vista do público que acompanha arte no Sudeste. “Isso é um grande clichê que já foi superado”, opina. Segundo ela, muitos artistas paulistas têm a intenção e a consciência de compensar a falta de políticas públicas para a arte. Para isso tentam “fazer a arte circular, trazer mostras de artistas de outras cidades para conhecermos melhor essa produção”.

Entre os trabalhos da exposição estarão os de Yuri Firmeza, que apresentará duas fotografias que compõem A Fortaleza. Com muito bom humor, o artista primeiro se apropria e amplia uma foto, de quando criança, fazendo pose de super-herói e, ao lado, coloca uma foto atual replicando a mesma pose. Ele conta que o trabalho é também uma forma de crítica à “arquitetura desenfreada” que tomou a cidade nos últimos anos, fato evidenciado na diferença da paisagem ao fundo das duas fotografias. “Em pouco tempo a paisagem do lugar onde eu morava foi tomada por edifícios e ficou mais difícil até pra ver o céu”.

Yuri deixa claro também que, para ele, é fundamental que a exposição não seja vista “com ar de bairrismo, como se fosse apenas uma defesa do Ceará, com um discurso de carência, pois não somos devedores em relação à arte de outros lugares”. Por isso ele diz acreditar que a exposição é mais importante “pela singularidade de cada trabalho, independente do lugar de origem”. Na percepção do artista, o Ceará cresceu muito em termos de produção artística, sobretudo na última década, quando apareceram mais movimentos e centros culturais, proporcionando mais oportunidades para jovens artistas.

A festa de abertura da exposição também terá um tom bem cearense, com participação dos DJs Jackson Araujo, AD Ferrera e Tiago Guiness, além da apresentação dos músicos Fernando Catatau (da banda Cidadão Instigado) e Jonnata Doll (do grupo Jonnata Doll e Garotos Solventes) , que tocarão juntos. Todas as peças expostas estarão à venda.

Integram a mostra: Simone Barreto, Waléria Américo, Mariana Smith, Enrico Rocha, Vitor Cesar, Clarice Lima, Danilo Carvalho, Ivo Lopes, Solon Ribeiro, Alexandre Veras, Milena Travassos, Yuri Firmeza, Patrícia Araújo, Márcio Távora e Coletivo Transição Listrada.

SERVIÇO

A QUATRO GRAUS DO EQUADOR
Quando: hoje, 26, às 20h (visitação de 29 de março a 27 de maio de 2011)
Onde: Ateliê 397 (Rua Wisard, 397, Vila Madalena – São Paulo)
Informações: 3464.3184 (CCBNB)

Marcos Robério

Fonte: O Povo

sexta-feira, 25 de março de 2011

José Luis de Araujo Lira-Biografia

José Luiz Lira-Pres.Academia Sobralense de Letras, Tereza Ramos e Totó Rios

Às nove horas da manhã, sob uma chuva forte de granizo no Sitio Correios, parte do cinturão verde da cidade serrana de Guaraciaba do Norte, nasce o terceiro de cinco filhos, José Luis de Araujo Lira. Filho de agricultores sendo o pai Isidio Ribeiro Lira e a mãe Luiza de Araujo Lira. O futuro escritor conhece as primeiras letras em uma sala de aula improvisada na cozinha de sua tia Prazeres, em uma lousa de cimento improvisada que seu tio Assis construiu.
Filho de uma família simples com vida dedicada ao cultivo da terra, ele aprende com seus pais, valores importantes para o intelecto de qualquer ser humano, valores esses esquecidos por grande parte dos que se dizem amantes da vida. Luis e seus irmãos aprendem a ser honestos, trabalhadores e a sempre respeitarem o próximo, valores estes que o autor carrega consigo e o divide com seus leitores, quer em páginas de seus livros, quer em uma conversa informal.
Da sala de aula improvisada segue para o Colégio Municipal Dom Pedro l, mas por uma acusação injusta, José Luis sai do Colégio Dom Pedro l, e então foi estudar no Instituto Benjamim Soares, dirigido por freiras. Pretendia ser sacerdote, mas com o tempo passou a sonhar com o curso de Direito. Presta vestibular para o curso de Direito da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, onde passa em 5° lugar, cursa um semestre no Rio de Janeiro, volta para o Ceará onde prossegue os estudos e conclui o curso na Universidade de Fortaleza – UNIFOR. Atualmente, José Luis Lira é professor efetivo do Curso de Direito da UVA e Chefe de Gabinete do Reitor.
Quem nunca teve o sonho de conhecer o seu ídolo? José Luis Lira tinha vontade de conhecer a escritora Rachel de Queiroz, autora de um de seus livros preferidos: “O quinze”, e no afã de estabelecer contatos com a festejada escritora, enviou-lhe, timidamente, uma carta, dizendo da sua admiração por ela. A autora gentilmente telefona para o até então desconhecido jovem. O pai do jovem foi quem atendeu a ligação e passou o telefone ao filho que quase incrédulo, emocionou-se ao ouvir a voz de Rachel. O diálogo ganhou vozes poéticas no poema “Rachel de Queiroz”:
“- Alô! É José Luis Lira?
- Sim. Sou eu.
- Aqui é Rachel de Queiroz. Gostei da sua carta. (…)”
As mãos do jovem então suaram, e ele quase não acreditou que aquela era mesmo a voz da autora, parecia um sonho. Surgiu à amizade, e a admiração pela escrita foi aos poucos sendo mais explorado.
Obra
O primeiro livro publicado por ele foi: “Ontem Campo Grande, hoje Guaraciaba do Norte”, vindo a lume em 1999. Trata-se de uma análise histórica sobre a sua cidade natal, Guaraciaba do Norte, até o ano de 1999. No mesmo ano o autor lança outro livro “O levita do Senhor – A vida de Mons. Antonino Soares”.
O autor começa a biografar a autora de “O quinze”, mas senti receio em mostrá-la, pois segundo ele “ela não gosta de biografias”, então decidiu que a primeira a ler a biografia seria Maria Luiza de Queiroz, irmã da autora. Ao receber comentários positivos sobre a obra, Lira tem então coragem  e mostra o texto a Rachel para que esta pudesse fazer sua análise. Em 2003 na Academia Brasileira de Letras e em Fortaleza, o autor traz ao publico a biografia de Rachel de Queiroz: “No alpendre com Rachel – Ensaio Biográfico sobre Rachel de Queiroz”. O livro é bem recebido pela crítica e atualmente está sendo prepara uma segunda edição da obra.
O próximo a receber uma biografia documentada pelo autor fora o Príncipe dos Poetas Cearenses: Arthur Eduardo Benevides. “O Poeta do Ceará – Arthur Eduardo Benevides”, lançado em 2003 pela Academia Fortalezense de Letras. No mesmo ano ele lança também o livro “Um Bispo da Igreja: Dom José Bezerra Coutinho”.
Em 2005 funda a Academia Brasileira de Hagiologia, a qual é o primeiro presidente, e pelas edições UVA, lança no mesmo ano um resumo histórico sobre a fundação da citada academia e estudos acerca da santidade no catolicismo, o livro intitula “Academia Brasileira de Hagiologia: Breve Histórico”. E pela mesma Academia lança no ano de 2006 “Candidatos ao altar”, com breves biografias sobre os santos candidatos à beatificação pelo Vaticano, esta obra foi também bem recebida pela crítica especializada.
Outras biografias foram sendo escritas e publicadas, mas por insistência de amigos do autor, Luis Lira lança um livro reunindo poemas seus, batizado “Algum Poema?”. Sobre a obra, o autor escreve “Poderia dizer que não é poema. É prosa em forma de poema e prosa pequena, de aprendiz, composta em vários momentos”. Poderíamos dizer também que o autor simplesmente colocou a sua vida em versos e o compartilhou com o leitor, pois poesia é dentre tantos significados o sentimento descrito em versos, isso é o que notamos na obra “Algum Poema?”
Todo autor compartilha sua visão e percepção de mundo ao escrever, José Luis Lira também recorre a este recurso. Quer seja uma biografia sobre um escritor, a cerca de uma beata, um santo a ser canonizado, ou um relato histórico sobre sua cidade, Jose Luis Lira passa-nos em suas biografias a importância que cada ser humano tem perante a sociedade, e as características aprendidas por seus pais sobre humildade e respeito ao próximo, são bem expostas em sua obra literária, biográfica e poética.
Leonardo Prudencio, ipuense, é aluno da disciplina Literatura Cearense, Letras da UVA

Redenção celebra libertação dos escravos

Os eventos que lembram 128 anos de libertação dos escravos em Redenção estão marcados para hoje à tarde na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Eventos festivos contarão com lançamento de livro das edições Demócrito Rocha (Foto: DEIVYSON TEIXEIRA)
Há 128 anos, os escravos eram libertados em Redenção, no Maciço de Baturité. A localidade se tornava a primeira da então província do Império a abolir a escravidão. A data será lembrada hoje com vários eventos promovidos pela Prefeitura e Universidade da Integração Internacional da Lusofania Afro-Brasileira (Unilab), entre eles, o lançamento do livro didático “Descobrindo e Construindo Redenção História e Geografia”, das Edições Demócrito Rocha.

A solenidade de lançamento está marcada para às 14h30min, no Campus da Liberdade da Unilab, que fica na avenida da Abolição, entrada da cidade. Durante os festejos, também será comemorada a conquista do Selo Educação pela Igualdade Racial, concedido pelo Ministério da Educação (MEC) ao município.

Estarão presentes prefeitos da região, autoridades ligadas à Universidade Federal do Ceará e Unilab. Também participará o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny. Ele vai proferir palestra sobre “Educação: Formação para a Liberdade”. Às 17 horas, estão programadas atividades culturais na Praça da Liberdade.

O livro “Descobrindo e Construindo Redenção História e Geografia”, escrito pelo historiador e pesquisador da cultura negra do Ceará, Hilário Ferreira e pelas geógrafas Marisa Ribeiro e Ana Emília Maciel, destina-se aos alunos do Ensino Fundamental I. Será distribuído nas escolas da rede municipal para estudantes do 4º e 5º anos. Conta a história e aborda questões geográficas de Redenção partindo da ideia de que homens, mulheres e crianças são sujeitos da história e das transformações do ambiente em que vivem.

A programação festiva de hoje inclui também a doação à Unilab e à Prefeitura do município da Coleção História Geral da África, pelo Representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, que será entregue ao reitor Paulo Speller, da Unilab.

Onde

ENTENDA A NOTÍCIARedenção, município localizado no Maciço de Baturité, fica a 63 quilômetros
de Fortaleza. Recebeu este nome por ter sido a primeira cidade brasileira a libertar todos os seus escravos em 1883, cinco ano antes da assinatura da Lei Áurea, pela princesa Isabel.

SERVIÇO
Lançamento de “Descobrindo e Construindo Redenção História e Geografia”, às 14h30min, na Unilab. Endereço - Avenida da Abolição, nº 3.

SAIBA MAIS

As datas festejadas por Redenção foram marcantes no processo de libertação dos escravos. Em em 25 de março de 1884, foi abolida a escravidão no Ceará.

Os jangadeiros cearenses também aderiram ao movimento abolicionista. Em janeiro de 1881, eles fecharam o porto de Fortaleza ao embarque de escravos. Os jangadeiros eram liderados por Francisco José do Nascimento,
que era conhecido como “Dragão do Mar”.

No dia 1º de janeiro de 1883, a Vila do Acarape, atualmente município Redenção, emancipou seus escravos há menos de um ano da província do Ceará. O povo redencionista guarda na memória o gesto heroico de ter libertado 116 escravos. Assim, Redenção é conhecida como “Rosal da Liberdade”. 

Rita Célia Faheina
ritacelia@opovo.com.br

Fonte: O Povo

quinta-feira, 24 de março de 2011

São Paulo acolhe exposição coletiva de artistas cearenses

A cidade de São Paulo vai acolher uma exposição coletiva cujo elenco de artistas visuais participantes é exclusivamente cearense ou radicado no Ceará. A exposição, intitulada "A 4 graus do Equador", acontecerá no Ateliê397 (rua Wisard, 397 - Vila Madalena - fone: (11) 3034.2132), com abertura no próximo sábado, 26, às 20 horas, com entrada franca.

No evento, haverá apresentação dos DJs Tiago Guiness, AD Ferrera e Jackson Araújo e performances de Solon Ribeiro, Enrico Rocha e Clarice Lima. Gratuita ao público, a visitação abrange o período de 29 de março a 27 de maio deste ano (terça-feira a sábado, de 14h às 18h).

Os artistas participantes da mostra - que apresentam instalações, vídeos, fotografias e performances - são os seguintes: Simone Barreto, Waléria Américo, Mariana Smith, Enrico Rocha, Vitor Cesar, Clarice Lima, Danilo Carvalho, Ivo Lopes, Solon Ribeiro, Alexandre Veras, Milena Travassos, Yuri Firmeza, Patrícia Araújo, Márcio Távora e Coletivo Transição Listrada.

Arte em Fluxo

A mostra integra o projeto Arte em Fluxo: Nordeste-Brasil, desenvolvido pelo Centro Cultural Banco do Nordeste. O objetivo do Arte em Fluxo é constituir uma rede de diálogo de artes visuais, que se materializa na realização de blocos de exposições com artistas contemporâneos que participaram de mostras nas sedes dos CCBNs dos últimos 12 anos, bem como de artistas emergentes que estão surgindo na cena artística brasileira.

Participam desta rede de diálogos não apenas artistas nordestinos, mas também de outras regiões brasileiras, possibilitando assim uma interculturalidade entre produção artística, instituições e público. Cada exposição elabora um significante percurso do processo criativo desses artistas, ao dialogar poéticas que se estruturam em pesquisas artísticas consistentes.

A primeira etapa do Arte em Fluxo foi o intercâmbio entre jovens artistas da cidade de Belém (PA) com artistas de Fortaleza (CE), realizando exposições nestas duas cidades - na Casa das Onze Janelas, em Belém, e no CCBN-Fortaleza. A etapa seguinte foi concretizada através da realização de miniresidências que promoveram o encontro de gravadores da Região do Cariri cearense com integrantes do Clube de Gravura do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP).

Fonte: 
Luciano Sá / Ascom Centro Cultural Banco do Nordeste - Jornal iTeia

Juazeiro celebra aniversário de Padre Cícero

Hoje, são comemorados os 167 anos de nascimento do Padre Cícero, com uma programação especial

Padre Cícero é reconhecido como o maior benfeitor da centenária Juazeiro do Norte. Além de ter protagonizado o milagre que tornou a cidade conhecida, realizou assistência aos pobres
FOTO: DIVULGAÇÃO

Juazeiro do Norte. Uma história marcada pela devoção, acompanhada hoje por milhões de fiéis do Nordeste e espalhados pelo Brasil. São 167 anos do Padre Cícero Romão Batista neste 24 de março. É dia santo na terra do Padim, feriado municipal. O dia começa com alvorada festiva para lembrar a data de nascimento do maior benfeitor da cidade e uma das personalidades mais polêmicas do Brasil.

O Cearense do Século nasceu no Crato, no ano de 1844. Uma semana de comemorações, desde o último dia 18, foi dedicada ao sacerdote. A data tem a marca especial dos 100 anos de Juazeiro. O tema da semana foi "Juazeiro do Centenário, Terra de Oração e Trabalho".

Uma programação com envolvimento da comunidade foi realizada nos últimos dias na cidade, culminando hoje com a realização da missa de aniversário, a partir das 6 horas, com a presença de milhares de pessoas. A celebração acontece na Praça do Socorro, com comemorações durante o dia, a exemplo da Procissão das Flores realizada às 5 horas, coordenada pela Sociedade Padre Cícero, saindo da Praça da Bandeira, com encerramento na Capela do Socorro. Na programação de hoje também se realiza passeio ciclístico, do Ginásio Poliesportivo até a Capela do Socorro onde, às 19 horas, acontece show com o Padre Zezinho.

Franco Barbosa é o assessor técnico da biblioteca. As doações servirão para equipar 20 livrarias
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Exposição

Eventos paralelos foram realizados como a Exposição Padre Cícero e o Centenário de Juazeiro do Norte, aberta no último dia 17, e este ano realizada na praça de eventos do Cariri Shopping. A Secretaria de Educação também promoveu um concurso de redação com a temática voltada para o centenário e várias apresentações culturais foram realizadas nesse período.

A abertura da semana aconteceu com a presença do Governo Itinerante, em Juazeiro, na última sexta-feira. Shows com encontro de corais, o III Cantores de Deus e do Padre Cícero, a presença da Camerata da Bahia, Elomar e Cantora Lírica, com Galope Estradeiro, aconteceram durante os dias de comemoração. A Feira de Artesanato está sendo realizada na Praça do Memorial Padre Cícero, que este ano não sediou nenhum evento por estar sem condições, ainda aguardando reforma.

Corrida

A Corrida Padre Cícero, que todos os anos conta com a participação de milhares de atletas em vários categorias, teve sua largada da Praça da Sé, na cidade do Crato, no dia 20, com chegada no terminal intermunicipal, no Município de Juazeiro.

O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Romaria de Juazeiro, José Carlos dos Santos, destaca dentro da programação os debates acerca da história da cidade, dentro da temática do centenário. No Colégio Salesianos, aconteceu o IV Fórum Padre Cícero, com a participação de estudantes que debateram as diversas vertentes que envolveram o Município neste primeiro século. No auditório da Universidade Federal do Ceará (UFC-Cariri), ocorreu um debate com os pesquisadores Daniel Walker e a irmã Annette Dumoulin, sobre Padre Cícero e a Emancipação Política de Juazeiro do Norte.

Árvore

O Projeto Árvore do Centenário, o Juazeiro, foi fortalecido, com a distribuição das mudas da planta durante as celebrações, com continuidade durante a missa de hoje.

No último dia 22, houve o reconhecimento, por meio de decreto municipal, assinado pelo prefeito Manoel Santana, instituindo o "juazeiro" como planta símbolo da cidade. O decreto foi assinado durante a programação do Prêmio Ambientalista do Ano, que aconteceu na cidade de Barbalha.

Fique por dentro
Vida do sacerdote

Cícero Romão Batista nasceu no Crato, em 24 de março de 1844 e faleceu em 20 de julho de 1934. Carismático, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social, política e religiosa do Ceará e do Nordeste do Brasil. Em 2001, foi escolhido o Cearense do Século. Um fato importante marcou a sua infância: o voto de castidade, feito aos 12 anos.

MAIS INFORMAÇÕES

Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Romaria; Memorial Padre Cícero, Praça do Cinquentenário, S/N, Juazeiro/ Telefone: (88) 3511.4040

EDUCAÇÃO

Campanha incentiva doação de livros

Juazeiro do Norte. Com a perspectiva de instalar 20 bibliotecas comunitárias no ano do centenário, neste Município, foi iniciada uma campanha de doação, por parte da Biblioteca Pública Municipal e Secretaria de Cultura da cidade. O objetivo é oferecer aos estudantes o acesso aos livros para suas pesquisas. Já foram obtidos cerca de 25 mil livros, e o objetivo agora é chegar a mais 35 mil para complementar os acervos nos bairros da cidade. A campanha é intitulada "Seja amigo das bibliotecas comunitárias de Juazeiro do Norte".

O assessor técnico da biblioteca, Franco Barbosa, já esteve em Brasília onde adquiriu em 2010 cerca de 5 toneladas de livros, em torno de 12 mil títulos, e a campanha continua. As doações estão sendo feitas diretamente na biblioteca, na Rua Santo Agostinho, S/N, vizinho à Cagece, no Centro de Juazeiro. A primeira biblioteca foi aberta no bairro João Cabral, e estão em andamento mais 12 bibliotecas. A campanha, segundo ele, foi alternativa encontrada pela Secretaria para atingir a meta.

E não só os livros fazem parte do processo de doações, mas os equipamentos para compor as salas de leitura e organizar o material, como prateleiras, armários, mesas, birôs, cadeiras, computadores semi-usados, ventiladores e bebedouros. Barbosa afirma que essas doações podem acontecer por meio das instituições públicas ou privadas, escolas, bancos, órgãos municipais, estaduais e federais.

"Hoje, podemos dizer que esse projeto é uma realidade que deverá atingir milhares de pessoas, principalmente de áreas mais carentes da cidade. São espaços que estarão em locais estratégicos e bem preservados", diz ele, ao ressaltar a importância do aparelhamento das bibliotecas. "É também uma forma de poder servir as comunidades, com maior proximidade, já que a biblioteca central, a Possidônio Bem Filho, fica no centro", diz o secretário de Cultura, Fábio Carneirinho.

Conforme Barbosa, o poder público está fazendo a sua parte, com a iniciativa de criar as bibliotecas, mas a grande contribuição parte da própria sociedade. "Ela é responsável pela educação e pela consciência reflexiva da juventude, por um mundo mais justo, harmônico, ético, ecológico. E isso se dá por meio do conhecimento".

Primeira etapa

A primeira etapa de trabalho foi direcionada às doações para as padarias espirituais, pela Fundação Enoch Rodrigues, de Brasília. O assessor irá recorrer novamente à entidade, em Brasília, para arrecadar mais livros para o Cariri. "Espero, mais uma vez, obter boa parcela de livros, para que este ano possamos comemorar com a conclusão de todas as bibliotecas", diz, aguardando o sucesso das doações também em Juazeiro e região.

Serão necessários cerca de 60 mil livros para montar todas as bibliotecas nos próximos meses. No primeiro momento serão inauguradas seis bibliotecas nos seguintes bairros: Frei Damião, João Cabral, Antônio Vieira, Vila Nova, Aeroporto e no São Gonçalo na zona Rural de Juazeiro do Norte.

ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

Nos mares do heroísmo

As metamorfoses do jangadeiro Chico da Matilde, o Dragão do Mar, analisadas em livro da historiadora Patrícia Xavier. Obra será lançada amanhã, no Museu do Ceará

Amanhã completam-se 127 anos da abolição das escravatura no Ceará, estado pioneiro nesta área. Assim, no final do século XIX, o dia 25 de março foi convertido em data cívica para os cearenses, como marco para lembrar e refletir sobre esse momento importante na luta pelos direitos dos negros no Estado e no País.

O árduo processo de abolição da escravidão no Brasil é tema de mesa-redonda no Museu do Ceará
FOTO: ITAÚ CULTURAL
Em comemoração, a Associação de Amigos do Museu do Ceará (Asmusce), por meio da instituição, realiza amanhã a mesa redonda "25 de março: memórias sobre a abolição do Ceará", e o lançamento do livro "Dragão do Mar: a construção do herói jangadeiro", da historiadora Patrícia Xavier.

A obra é fruto da dissertação de mestrado da autora pela PUC-SP. Nela, Xavier analisa a forma como o jangadeiro Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, é lembrado em circunstâncias específicas - sendo uma delas o dia 25 de março. "Foi uma pesquisa que imaginei para o mestrado ainda na graduação.

No início, não pensava em abordar o Dragão do Mar, e sim a identidade do jangadeiro no Ceará. Mas à medida que fazia minhas leituras, percebia que Francisco sempre aparecia, sempre era citado. Então decidi investigar a construção desse herói ao longo do tempo", explica Xavier.

Chico da Matilde, em escultura que o homenageia no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura: postura antiescravocrata do jangadeiro rendeu-lhe a imagem de herói da abolição
FOTO: VIVIANE PINHEIRO
Abolição
No debate de amanhã, a autora divide a mesa com o professor Hilário Ferreira (Faculdade Ateneu), que tem pesquisa sobre a escravidão no Ceará e sobre tráfico interprovincial de escravos. "A discussão vai girar em torno das memórias relacionadas à abolição no Ceará, às visões sobre o dia 25 de março", adianta Ferreira. Segundo o professor, a greve dos jangadeiros liderada por Dragão do Mar (também conhecido por Chico da Matilde), em 1881, foi acontecimento fundamental no processo que levou à libertação dos negros e mestiços cativos no Estado.

"A decisão de não transportar mais negros cativos foi extremamente importante, porque estancou o abastecimento de escravos no Rio de Janeiro. Como o sistema escravista dependia consideravelmente desse escoamento, trata-se de um movimento significativo na luta pela libertação dos escravos e pela abolição, três anos depois", esclarece Ferreira. "Não se pode pensar a abolição no Ceará sem esse momento, e sem a participação dos próprios negros, que deram uma grande contribuição".

Figura múltipla
Não por acaso o dia 25 de março permanece tão atrelado à figura do Dragão do Mar. "Na pesquisa, voltada ao período entre as décadas de 1930 e 1950, constatei que há realmente uma construção de sua imagem, e que ele é lembrado de diferentes maneiras. Por ocasião do cinquentenário da abolição no Ceará, por exemplo, em 1934, a classe trabalhadora lembrou-se dele como um trabalhador pobre que lutou pela libertação dos negros. Já a escola recordou-o como herói, no sentido de utilizar sua figura como exemplo para a juventude. Os jornais também exaltaram a ideia de herói", aponta Xavier. "O cinquentenário é momento no qual a memória do Dragão surge com mais força. Por isso o lançamento do livro em 25 de março".

Ainda segundo Xavier, essa noção muda, por exemplo, no livro "Dragão do Mar - o jangadeiro da abolição", do jornalista Edmar Morel, lançado em 1949. "Ele descreve Dragão do Mar como um herói esquecido, passa o livro inteiro dizendo que era um pobre analfabeto, constrói sua imagem como um trabalhador que foi esquecido. É uma visão diferente. É interessante porque Morel foi o único autor que publicou uma biografia do Dragão do Mar no mesmo período pesquisado por mim na dissertação", ressalta Xavier.

Paralelamente, Ferreira ressalta a também a importância da abolição da escravatura no Ceará para províncias vizinhas. "Em documentação que pesquisei no arquivo público do Estado, há um relatório do chefe de polícia enviado ao presidente da província do Ceará, relatando que os senhores andavam a reclamar sobre os negros não quererem mais trabalhar. Assim, no imaginário de muitos cativos nosso Estado virou a terra da liberdade. No Rio de Janeiro houve várias festas em comemoração à abolição aqui, porque significava que as famílias de muitos negros enviados para lá não poderiam mais ser escravizadas", complementa o pesquisador Hilário Ferreira.

MAIS INFORMAÇÕES
Mesa-redonda "25 de março: memórias sobre a abolição da escravatura no Ceará". Amanhã, às 17 horas, no Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51, Centro). Seguida de lançamento do livro "Dragão do Mar: a construção do herói jangadeiro". Contato: (85) 3101.2610

ADRIANA MARTINS 
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

quarta-feira, 23 de março de 2011

Livro Viagem pitoresca pelo litoral cearense é lançado hoje

Depois de viajar por vários pontos do país e registrar a diversidade da fauna e flora brasileira em oito livros, Otoniel Fernandes Neto parece não se cansar. A paisagem escolhida para o nono trabalho foi o Ceará, que ofereceu dunas, falésias, mangues e coqueirais para a obra Viagem pitoresca pelo litoral cearense, lançada hoje, às 19h, no restaurante Carpe Diem (104 Sul).

Imagem: Otoniel Fernandes Neto

A saga, realizada entre agosto de 2009 e junho de 2010, incluiu trajetos em jangadas, carros tracionados e imprevistos, como a perda de equipamentos, anotações e desenhos. O esforço foi compensado com os belos registros do cotidiano de jangadeiros, rendeiras e catadores de cocos, gravados em 54 pinturas de Fernandes e 50 imagens dos fotógrafos Alex Uchôa e Eduardo Peixoto, que acompanharam o pintor na expedição.

“Eu já tinha grande interesse pelo litoral cearense e existia uma cobrança e uma dívida em registrar o local, já que sou de Fortaleza. Esse livro é uma homenagem à minha terra”, conta Fernandes, com mais de 30 anos dedicados às artes plásticas.

Imagem: Otoniel Fernandes Neto

O livro, patrocinado pelo Ministério da Cultura por meio de lei federal de incentivo à cultura e publicado com apoio da Fundação Assis Chateaubriand, ainda inclui versos de poetas cearenses como José de Alencar, Antônio Sales e Padre Antônio Tomás. “Aquela região inspirou vários artistas e, assim como a pintura, a poesia também tem o poder de transportar as pessoas para qualquer lugar. Por isso a união da fotografia, da pintura e da poesia”, explica.
Além das telas

As obras de Fernandes dividem as páginas com os registros de Alex Uchôa e Eduardo Peixoto. Fotógrafo há 24 anos, Peixoto acompanha o pintor desde 2002 e já captou imagens de quatro expedições. A última, apesar de rápida (foram 15 dias seguidos pelo litoral, o restante do trajeto foi percorrido por Uchôa), foi tempo suficiente para revelar praias desertas, personagens incríveis e fazer um making off da aventura pelo nordeste.

Imagem: Otoniel Fernandes Neto

O dia a dia de Barroquinha, Ilha do Amor, Lagoa da Torta, Tatajuba e de outros cartões postais do Ceará ganha vida nas telas, criadas no mesmo dia da visita. “Além do registro documental, a foto serve para adicionar algum detalhe, mas ele faz questão de finalizar todos os trabalhos no local da paisagem”, comenta Peixoto sobre o processo de criação do pintor.

Confira as fotos Otoniel Arte Brasil: aqui

Serviço:
Lançamento do livro de Otoniel Fernandes. Hoje, às 19h, no restaurante Carpe Diem (104 Sul). Edição do autor, 144 páginas, R$ 50 (somente hoje). Após a noite de autógrafos, ele será vendido na livrarias Nobel (Águas Claras Shopping). Preço: R$ 70.

Por Maíra de Deus Brito
 

Teatro e poesia na programação de março do THS de Aracati

Vista dos fundos do Teatro Santo Antônio, em Aracati
O mês da poesia é também o mês do teatro. 14 e 27 de março respectivamente comemoram-se o dia da poesia e o dia internacional do teatro.  Pensando em celebrar estas importantes datas a Associação Artístico-Cultural Lua Cheia em parceria com a Associação Cultural Casarão produziram o espetáculo “Bodega da Zefinha e os Causos de Dideus”; a ser encenado no dia 26 de março no Teatro Hélio Santos. O espetáculo apresenta duas grandes vertentes da arte genuinamente cearense: a poesia do poeta Dideus Sales e o teatro do Grupo Lua Cheia.

Zefinha, assim como Tião, personagens vivenciados pelos atores Silvanise Ponciano e Marciano Ponciano constituem uma experiência dramatúrgica das mais ricas já desenvolvidas pelo Grupo Lua Cheia. Dideus Sales é poeta natural de Crateús, e filho adotivo de Aracati. Dono de um verso profundo que fala sonoramente das coisas do sertão, Dideus é como o vento Aracati que sopra do longe levando amenidades por onde passa.

No espetáculo estes personagens coabitam a Bodega da Zefinha, recanto de conversas ao pé do balcão sobre a vida alheia e a sorte dos outros. A participação especial de Dideus Sales se dá através do verso metrificado em cujas letras habitam os arquétipos de sertanejos em loas sobre a alegria e a molecagem cearense.

Bodega da Zefinha e os Causos de Dideus constitui um duplo espetáculo rico no verso e no gesto. Ou seria uma demonstração única do eterno encontro entre aqueles que são semelhantes?

O projeto será encerrado no dia 27 com o painel “O Teatro no Aracati Antigo”  a ser apresentado pelo escritor e pesquisador Antero Pereira Filho no Teatro Hélio Santos. Em sua pesquisa Antero exibirá o panorama do teatro aracatiense com destaque para o contexto sócio-político-cultural da cidade de Aracati do século XIX. O artigo destaca a atuação dos Francisca Clotilde e Eduardo Alves Dias, entusiastas e fomentadores do teatro aracatiense. Bem como nos apresenta o Teatro Santo Antônio um dos exemplares da arquitetura aracatiense imortalizado nos relatos da crônica do século passado. A pesquisa de Antero Pereira é um importante referencial historiográfico para a cidade de Aracati e memória de seu teatro.

Programe-se




Dia 26/03/11
Bodega da Zefinha e os Causos de Dideus
Grupo Lua Cheia e part. especial de Dideus Sales
Teatro Hélio Santos. Ingressos: R$ 5,00 Início: 21h
Rua Grande, 841. Centro Histórico de Aracati-CE


Dia 27/03/11
O Teatro no Aracati Antigo
Antero Pereira Filho
Teatro Hélio Santos. Entrada Franca Início: 20h
Rua Grande, 841. Centro Histórico de Aracati-CE


Escrito por Luiz Bilal

Fonte: Canoa FM

Fortaleza-Capital não valoriza memória

Os fortalezenses parecem alheios aos fatos e personalidades que fazem parte da história da cidade

Bonecos representando José de Alencar e Iracema e guias turísticos estiveram no lançamento do projeto
FOTO: VIVIANE PINHEIRO

A Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) lançou ontem o projeto Roteiros Turísticos para as Comunidades - Caminhos de Iracema. Através de visitações a pontos ligados à vida e à obra do escritor cearense José de Alencar, a Prefeitura pretende incrementar o conhecimento histórico dos fortalezenses e atrair investimentos privados para o turismo cultural. Este, por sua vez, quase inexiste em uma capital que possui memória e identidade esmagadas por elementos cosmopolitas.

Imortalizada na Literatura e em esculturas, a índia Iracema, protagonista do romance homônimo de José de Alencar, permanece como um dos símbolos de Fortaleza, ainda que um número elevado de fortalezenses desconheça o simbolismo vinculado a sua imagem. Muitos não sabem, sequer, que há cinco estátuas da "virgem dos lábios de mel" espalhadas na cidade.

Além de ser prejudicial à preservação da memória de Fortaleza, a indiferença a fatos e a personalidades relevantes do passado é um entrave ao desenvolvimento do turismo. "Precisamos evitar que Fortaleza seja apenas um portão de entrada para outros municípios cearenses ou apenas um ´dormitório´", ressalta o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no Ceará (ABIH/CE), Régis Medeiros.

Segundo Régis, a valorização da memória pode ser um instrumento impulsionador do turismo em Fortaleza, capaz de competir com as belezas naturais de cidades litorâneas do Estado. Contudo, salienta, é necessário que os equipamentos que receberão os turistas ofereçam condições adequadas de visitação, no que se refere, por exemplo, à segurança e limpeza.

Turismo da imagem
"Fortaleza tem o turismo mais da imagem, do lazer, dos eventos", reconhece a titular da Setfor, Patrícia Aguiar. Conforme e a secretária, o projeto servirá como pontapé inicial para outras medidas voltadas o turismo cultural. O projeto oferece, até o fim do mês, 19 passeios gratuitos. Os participantes visitarão as cinco estátuas de Iracema; a Casa José de Alencar, em Messejana; a Praça e o teatro que recebem o nome do autor, no Centro; e os fortes São Sebastião e Nossa Senhora da Assunção.

Após o término das visitas, que devem atender cerca de mil pessoas, a expectativa da Prefeitura é de que a ideia seja adotada pela iniciativa privada.

Para o professor de Literatura da Universidade de Fortaleza (Unifor) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE) Batista de Lima, Fortaleza, em comparação com outras capitais, é uma cidade sem identidade, "que se abre para o que vem de fora e que se fecha para o que vem de dentro". A fala do professor faz referência ao pouco valor atribuído a artistas locais que apresentam trabalhos de qualidade, em contraste com a atenção dada a personalidades de outros estados que trazem atrações menos interessantes.

Segundo o pesquisador, a imagem dos cearenses, em Fortaleza, é principalmente retratada através do sertanejo que migra para a Capital e passa a ocupar a periferia. "O miolo da cidade não tem identidade, é cosmopolita. Por exemplo, é uma cidade que possui mais cursos de inglês do que de português. E os artistas dos principais eventos vêm de fora", ilustra.

A participação nos passeios pode ser agendada através do Disque Turismo da Setfor, no telefone (85) 3257-1000.

Sem tradição
"Fortaleza possui mais cursos de inglês do que de português. Seu miolo é cosmopolita"

Batista de Lima
Professor de Literatura da Unifor e da Uece

Fonte: Diário do Nordeste

Sobral-Museu Madi não tem data para reabrir acervo

Situado na margem esquerda do Rio Acaraú, a sede do museu está fechada e sem o seu acervo original. Com arquitetura arrojada, o prédio contrasta com o ambiente local
FOTO: WILSON GOMES
Com obras avaliadas em R$ 711 mil, peças do Museu Madi ainda não têm prazo para voltarem à exposição pública

Sobral. Há praticamente dois anos, todo acervo do Museu de Arte Contemporânea de Sobral (Museu Madi) se encontra guardado, sem acesso ao público. O prédio que sediava o museu se encontra fechado desde abril de 2009, após ser inundado pela cheia do Rio Acaraú. A falta de um espaço adequado para abrigar as mais de 100 obras que compõem a coletânea do único museu do gênero no País tornou o acervo inviável à visitação.

Até hoje, a Prefeitura de Sobral ainda não tem uma definição para quando as obras de arte voltarão à exposição. A Prefeitura estuda duas possibilidades para o impasse: manter o museu no mesmo lugar ou construir um novo prédio em outro endereço. "O prefeito Veveu Arruda classifica como prioritária a reabertura do Museu Madi, e já solicitou do secretário de Cultura, Campelo Costa, o projeto de um novo prédio", disse o secretário adjunto da Cultura, Raimundo Aragão.

Em contato com o secretário da Cultura e Turismo, Campelo Costa, ele adiantou apenas que trabalha em um projeto para adequar o atual prédio, onde poderá continuar a sede do Museu Madi. Porém, não deu mais informações. "Este é um assunto que deve ser discutido diretamente com o prefeito Veveu Arruda", disse. A reportagem tentou contato com o prefeito. A sua Assessoria de Imprensa informou que ele estava em Fortaleza, e também não podia fornecer detalhes sobre o andamento do projeto.

O prédio onde estava instalado o Museu Madi foi idealizado pelo uruguaio Carmelo Arden Quin, e está situado na margem esquerda do Rio Acaraú. Devido à sua localização, está vulnerável a alagamentos. Já sofreu dois: em 2004, quando ainda estava em construção, e cinco anos depois, o que deixou o prédio parcialmente destruído.

Todo acervo está guardado em local não revelado pela Prefeitura, como forma de garantir a segurança das peças. Algumas delas são avaliadas em até 300 mil euros (o equivalente a R$ 711 mil). Mesmo com a inundação do prédio, nenhuma delas foi danificada. A exceção fica para as obras monumentais na parte externa do museu.

Catalogação

"O curador do museu, Roberto Galvão, virá à Sobral, para avaliar cada obra. Devido ao tempo em que se encontram armazenadas, as peças podem ter sofrido algum tipo de alteração. Após isto, vamos catalogar cada uma delas, para que sirvam de estudo e tenham um caráter educativo, voltado para a formação de novos talentos", adiantou Campelo Costa.

No ano passado, a Prefeitura sinalizou a possível mudança do museu para a Praça do Patrocínio, no prédio ao lado do Museu do Eclipse, local onde funciona o gabinete da Secretaria de Cultura e Turismo. O assunto chegou a ser discutido entre o secretário Campelo Costa e o ex-prefeito, Leônidas Cristino. Assim, o escritório do secretário seria transferido para o prédio da Escola de Comunicação, Ofícios e Arte (Ecoa). Porém, a ideia não saiu do papel.

O Madi foi inaugurado no dia 5 de julho de 2005, por ocasião do aniversário da cidade. Está situado no espaço do anfiteatro à margem esquerda do Rio Acaraú, integrado à Ecoa. O evento inaugural contou com a presença de vários artistas Madi, que vieram da França, Hungria, Uruguai e Estados Unidos, especialmente para a inauguração.

Com a criação do museu, a cultura sobralense ganhou visibilidade internacional. O espaço é o primeiro do gênero construído no Brasil e também único representante do Movimento Madi no País. Foi possível graças ao sucesso das edições dos salões internacionais de artes plásticas realizados no Município, promovidos pela Prefeitura, por meio da Secretaria da Cultura e do Turismo.

Ruptura

O Movimento Madi, criado pelo artista plástico uruguaio Arden Quin, em meados de 1940, pode ser entendido pelo significado das letras M (Movimento) A (Abstração) D (Dimensão) I (Imaginação). Tem no seu conceito a ruptura dos ângulos tradicionais de um quadro. O movimento, que nasceu na Argentina, contava, no início, com dez participantes. Atualmente, pelo menos 100 artistas integram o movimento, difundido em vários países. França, Itália e Hungria têm fortes organizações do movimento. Também há artistas Madi na Argentina, Japão, Espanha e Estados Unidos.

O Museu de Sobral tem 100 obras doadas por artistas do mundo inteiro. São esculturas, pinturas e desenhos de valor artístico inestimável.

WILSON GOMES
COLABORADOR

Minissérie Sedição de Juazeiro

Seguem em ritmo acelerado as filmagens da minissérie Sedição de Juazeiro na zona rural de Quixadá. A produção é uma realização da JLS Comunicação e Editora LTDA com apoios acadêmico e técnico da APEC – Associação de Estudos e Pesquisas Técnico Científico – e FGF – Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – respectivamente e apoio financeiro do Governo do Estado e COELCE. A Prefeitura de Juazeiro está fornecendo apoio logístico.
 

A minissérie terá 4 capítulos e será exibida na Rede Pública de Televisão Cearense (FGV TV - Canal 14 da Net, TV Assembléia e TV Ceará) com lançamento previsto para julho durante a semana comemorativa do primeiro centenário de nossa cidade. Daniel Oliveira, além de diretor geral é também produtor ao lado de Jeanne Feijão. O roteiro é de Jonasluis da Silva. O professor e historiador Renato Casimiro foi o especialista consultado para contextualização histórica. O produtor associado é Aderbal Nogueira.
 

Interpretará o Padre Cícero o consagrado ator cearense Ary Sherlock. O Dr. Floro Bartolomeu será interpretado por Magno Carvalho.
 

Em abril, de 18 a 23, uma equipe de 20 pessoas da produção estará em Juazeiro para filmagens específicas com fiéis na tradicional celebração do dia 20 na Capela do Socorro e no dia 23, durante subida na sagrada colina do Horto para visitação a estátua do nosso patriarca.
 

Dr. Santana comentou a importância da produção. “Trata-se de uma mega produção com utilização de equipamentos modernos e atores consagrados que contará um momento histórico não apenas do Juazeiro, mas da história de nosso país que foi a sedição. O nosso governo não podia ficar de fora do apoio a essa produção e tenho certeza que toda a nossa gente irá receber bem a equipe de atores e técnicos”, ressaltou.

E mais:

A Sedição de Juazeiro foi um confronto ocorrido em 1914 entre as oligarquias cearenses e o governo federal provocado pela interferência de poder central na política estadual nas primeiras décadas do século XX. Ocorreu no cariri cearense e centralizou-se em torno da liderança do padre Cícero Romão Batista.

O Dr. Floro Bartolomeu, baiano de nascimento e cearense por adoção, amigo do padre Cícero, foi um estrategista de guerra em defesa do Juazeiro e do líder maior, formando um verdadeiro exército com romeiros e jagunços.

Assista ao primeiro teaser trailler da minissérie:





Comissão do Centenário de Juazeiro

Fonte: Prefeitura de Juazeiro-Ce

terça-feira, 22 de março de 2011

Memorial da Cultura Cearense recebe a mostra “Xilogravura Nordestina-Trajetória e evolução”

O Memorial da Cultura Cearense (MCC) recebe no dia 30 de março a exposição Xilogravura Nordestina – Trajetória e evolução. Com curadoria de Bené Fonteles, a mostra apresenta uma síntese de quase um século em que a xilogravura no Nordeste alcançou um notável nível de apuro estético partindo da tradição popular fundada no imaginário do povo por Mestre Noza, de Juazeiro do Norte, no Ceará. A mostra destaca ainda como o artista pernambucano Gilvan Samico vai criar e redimensionar esta escola dentro do espaço da arte contemporânea.
Foto: Divulgação
A xilogravura é marcada pela rica plasticidade do imaginário popular – não menos sofisticado e inteligente que a plástica da cultura erudita –, através da obra de tantos e geniais mestres xilógrafos.

O primeiro artífice da xilogravura a ser conhecido nacional e internacionalmente foi Mestre Noza em Juazeiro do Norte, Ceará. Ele foi pioneiro na popularização da técnica quando trabalhava por encomenda para a Tipografia São Francisco, que desde os anos de 1930 era a mais importante editora e impressora do Cariri. A gráfica foi depois rebatizada pelo poeta Patativa do Assaré com o nome de Lira Nordestina.

Em Juazeiro do Norte surgiram outros geniais artistas da xilogravura, a partir da década de 1940: João Pereira da Silva, Walderêdo Gonçalves, Manoel Lopes da Silva – o “Manoel Santeiro” –, Damásio Paulo, Antonio Batista da Silva, Abraão Batista e Antonio Lino da Silva. Estes mestres gravadores ensinaram a lida ou inspiraram a obra da geração seguinte na região do Cariri, entre eles Stênio Diniz, José Lourenço, João Pedro do Juazeiro, Francorli, Cícero Lourenço, Nilo, Gilberto Pereira, Cícero Vieira, Hamurabi Batista e muitos outros, quase todos vindos da oficina gráfica Lira Nordestina.

Pernambuco também foi palco de grandes mestres xilógrafos como Dila, Costa Leite, Marcelo Soares, Amaro Borges, Jerônimo Soares e J. Borges, que faz uma escola estética seguida por parentes. Há também a contribuição de Ciro Fernandes, ilustrador de refinado senso estético. Já na Paraíba, destaca-se a obra seminal de José Altino.

Outro importante artista da xilogravura nordestina é o pernambucano Gilvan Samico. Ele trabalha com uma linguagem ousada, que teve como ponto de origem o imaginário dos artistas gravadores populares do Nordeste. Samico recria e ‘transcria’ todo o fabulário nordestino e universal, utilizando de matéria poética, nunca meramente narrativa, sempre essencialmente visionária. Renova também a gravura no Brasil por meio de uma complexa forma de gravar, feita com apuro e rigor estético.

Para Ariano Suassuna, Gilvan Samico é uma extraordinária personalidade de artista erudito que, ligando-se espontaneamente às raízes da arte popular nordestina e dando-lhe uma amplitude e uma profundidade maiores, cria aquela obra que, para ele, está acima de todas no campo da gravura brasileira.  Suassuna tem Samico como herdeiro e rei da gravura popular nordestina.

A exposição Xilogravura Nordestina-Trajetória e evolução vai apresentar de Noza à Samico,a xilogravura que percorre do sertão à cidade uma grande e fascinante vereda: transforma o ordinário da madeira na mais extraordinária matriz imagética, criando e recriando mundos nunca gravados à memória de um Brasil Universo.

Saiba mais sobre a Xilogravura

A xilogravura consiste em gravar imagens numa madeira mole (cajá, imburana, cedro ou pinho) com instrumentos cortantes (goiva, faca, canivete, estilete, formão, buril). O desenho é feito no papel, passado para a madeira com carbono, ou desenhado diretamente na madeira. Em seguida, começa a ser talhada para finalização. Depois de gravada, a matriz recebe uma fina camada de tinta espalhada com a ajuda de um rolinho de borracha. Para fazer a impressão, basta posicionar uma folha de papel sobre a prancha entintada e fazer pressão manualmente, esfregando com uma colher ou mecanicamente, com a ajuda de uma prensa.

Presume-se que a origem remota da arte de gravar em madeira é uma contribuição milenar da cultura indiana que a usava para estamparias decorativas e religiosas. Esta técnica se espalha depois pela China e o Japão que a aperfeiçoa em sua mais perfeita e refinada forma de gravar de artistas japoneses como Hokusai e Hiroshige. Estes, vão inspirar pintores impressionistas como Claude Monet, Van Gogh e Paul Gauguin .

A primeira notícia que se tem da chegada dessa técnica no Brasil, é de 1808, com o advento da corte real portuguesa.  Os xilógrafos nordestinos são os primeiros artistas a alimentar o imaginário visual do sertanejo com imagens de sua própria cultura, ou recriadas das raras publicações vindas da Europa que chegavam desde o final do século XIX
Os xilógrafos nordestinos ilustraram no início do século XX os novenários, os almanaques, os cordéis – que passaram por temáticas religiosas, políticas e eróticas – e colaboraram também com a publicidade por meio da execução de rótulos de bebidas, de folhetos comerciais e da criação e reprodução de marcas e logomarcas.

Serviço: Abertura da exposição “Xilogravura Nordestina-Trajetória e evolução”, dia 30 de março, no Memorial da Cultura Cearense no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Acesso livre.

Horário de visitação: Terça a quinta, das 9h às 19h (com acesso até 18h30). Sexta a domingo, das 14h às 21h (com acesso até 20h30).

Fonte: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Poesia em quatro meses

O jovem escritor Pedro Esdras estréia com o livro de poemas Maio Junho Julho Agosto, lançado pelas Edições Demócrito Rocha
Pedro Esdras é o principal compositor da banda de heavy metal Warbiff (DIVULGAÇÃO)
O livro Maio Junho Julho Agosto foi lançado sexta-feira dia 18, na Livraria Cultural, com poemas de Pedro Esdras, 25, escritos em quatro meses nos quais o chamado “impulso lírico” tomou conta do estudante de Arquitetura. Entre farras homéricas e epopeias ressaquiadas, Pedro escreveu grande parte dos textos com uma linguagem despretensiosa, informal, por vezes sensível e sarcástica ao mesmo tempo.

“Foi uma época que eu tinha um espaço para trabalhar”, fala sobre os meses do ano passado que intitulam o livro. “Era uma época que eu tava bebendo um bocado mesmo”. Acostumado a escrever textos pessoais sobre Arquitetura e Ciência Política – curso que não concluiu –, além de ser o principal compositor da banda de heavy metal Warbiff, Pedro se viu às voltas com a poesia depois de perceber que o volume de poemas só aumentava ao passar dos dias.

“Eu comecei a levar a sério quando estava na metade desses poemas”, diz. Longe de ser leitor inveterado de poesia, nem escritor dedicado a escavar os mistérios da linguagem poética, ele seguiu escrevendo até o final de agosto, sem saber muito donde saía os elementos de sua linguagem, aproveitando a ressaca inspiradora, a lembrança passageira, a reflexão filosófica miúda e as paixões repentinas.

De referências, com o livro já publicado, aponta algumas com parcimônia. Na poesia, Ferreira Gullar e o pernambucano Ascenso Ferreira, poeta na alta conta do paulista modernista Mário de Andrade que levou a pecha de regionalista ao longo dos anos por se valer dos temas da tradição popular. Compositor ensaiado no ritmo da escrita, reparou: “O lance da música é mais o tempo da escrita. Essa influência eu vejo do Ascenso Ferreira, porque apesar de não saber qual o tempo da poesia dele, eu sei que tem tempo, um tempo que é importante pra ele”.

Outros nomes estão expressamente citados no capítulo Apropriação & Manipulação, no qual o autor se valeu de textos e composições alheias como as músicas Homem é Homem, do brega-star Falcão, Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho, e Não Existe Pecado ao Sul do Equador, de Chico Buarque, além de parafrasear a antológica narração de Galvão Bueno na conquista do Tetra: “Cabooooou / cabooooo-oooo-oooou / acabooooooooooou / o Brasil / não é hexa-campeão mundial de futebol”.

Segundo o autor, a estreia desta sexta-feira deve ser o início de uma obra que tem os possíveis próximos passos planejados. “Eu continuo escrevendo. Mas eu não sei o que seria. Algo mais direcionado para um tema. Já há um bom tempo eu tenho duas coisas que já comecei, mas preciso aprofundar mais na escrita. É ficção mesmo. Porém, continuo escrevendo poesia, mas de uma forma mais responsável. Não que seja menos livre, mas que seja mais pensado”.



Fonte: O Povo

Na trilha da arte

Projeto une arte e educação para celebrar os 60 anos da empresa Nacional Gás. Alunos de escolas públicas dos 184 municípios cearenses visitarão, gratuitamente, o campus da Unifor e as mostras "Brasiliana Itaú" e "Brassaï", em cartaz no Espaço Cultural Unifor

Alunos da escola Municipal Geisa Firmo Gonçalves, em Fortaleza, primeira turma a participar do projeto "Caminhos da Arte": ao todo, 9,5 mil jovens devem ser beneficiados
FOTOS: JOSÉ LEOMAR

Em comemoração aos seus 60 anos, a Nacional Gás, empresa do Grupo Edson Queiroz, promove uma ação cultural que envolverá todos os 184 municípios do Ceará. O projeto "Caminho da Arte" levará crianças de escolas públicas para visitar as exposições "Brasiliana Itaú" e "Brassaï: Paris la nuit ", que seguem em cartaz até 1º de maio, respectivamente, no Espaço Cultural Unifor e no Espaço Cultural Unifor Anexo, no campus da Universidade de Fortaleza .

O projeto beneficiará aproximadamente 9,5 mil jovens. Cada grupo visitante será formado por 50 estudantes, na faixa etária dos 11 aos 14 anos. Será contemplada pelo menos uma escola pública de cada município cearense. A visitação começou ontem e, nos próximos dias, a exposição será visitada tanto por escolas da Capital como do Interior. A Nacional Gás disponibilizará transporte, alimentação e organização para receber os visitantes.

Cultura

O objetivo é levar cultura e arte para as crianças. Essa é uma oportunidade de conhecerem de perto as exposições de alto nível do Espaço Cultural Unifor. O acervo de raridades históricas da Brasiliana Itaú reforça a importância da iniciativa, que contribuirá para o enriquecimento dos conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Os estudantes poderão ver, de perto, documentos e gravuras que só poderiam ver em livros de história. A proposta do "Caminho da Arte" vai além da visitação às mostras dos espaços expositivos da Unifor. Os pequenos participantes do projeto também farão um tour pelo campus da Universidade, fortalecendo o vínculo entre cultura, arte e educação.

"Queremos proporcionar uma experiência inesquecível a esses estudantes, o acesso a todo um novo universo de informação, expandindo os seus horizontes. Imaginem quantos alunos serão impactados com essa iniciativa, seja como cidadãos, seja como futuros profissionais", salienta o gerente nacional de marketing da Nacional Gás, Leandro Cestari.

Professores

De cada escola, três adultos deverão compor a comitiva. Assim, a visita passa a ser um privilégio não apenas para os estudantes, mas igualmente para os professores. Eles também serão beneficiados, enriquecendo o conteúdo explorado em sala de aula aos elementos vistos durante a exposição. Os alunos poderão interagir com outras iniciativas culturais da Unifor, como o Teatro Celina Queiroz, a Camerata da Unifor e o coral.

Para Cestari, o projeto "Caminho da Arte" reflete os valores das empresas do Grupo Edson Queiroz, de aprendizado contínuo aliado à responsabilidade socioambiental. "A Nacional Gás, a Fundação Edson Queiroz e a Universidade de Fortaleza se sentem honradas em oferecer para essas crianças o acesso a uma fonte de cultura e informação", afirma o gerente de Marketing.

Abertura

Nesta segunda-feira, o projeto foi inaugurado com a visita da primeira instituição, a Escola Municipal Geisa Firmo Gonçalves, do bairro Ipaumirim, em Fortaleza. Vinte e cinco alunos participaram da primeira visitação do "Caminho da Arte". O espaço, que fecha às segundas, foi aberto especialmente para receber os pequenos visitantes. Dada a frequência com que o Espaço Cultural Unifor recebe novas exposições, a Nacional Gás abre a perspectiva de reeditar o projeto no futuro.

A visita foi conduzida por uma monitora, universitária aluna do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor. A primeira exposição visitada foi "Brassaï", que reúne imagens elaboradas pelo fotógrafo Gyula Halász (conhecido por Brassaï), sobre o cotidiano noturno de Paris, no começo do século passado. Passando por todas as fotografias, os alunos ouviram explicações sobre as técnicas utilizadas pelo artista, especialmente em relação à iluminação, composição e aos jogos de sombra, luz e penumbra, elementos basilares no trabalho do "fotógrafo da noite". A monitora comentou ainda aspectos e personagens da vida em Paris àquela época, dentro do universo boêmio e notívago explorado por Brassaï.

Ao longo das explanações, haviam intervenções para instigar a curiosidade e a participação dos alunos. Em seguida, os estudantes seguiram para a exposição "Brasiliana Itaú", que reúne desenhos, ilustrações, pinturas, documentos, objetos, livros, mapas e outras peças originais datadas desde a época do descobrimento do Brasil. O conjunto é bastante rico e traz ao presente um pouco da história do País, em uma verdadeira viagem no tempo.

História

O grupo passou ainda pelos núcleos Brasil Holandês (que inclui uma belíssima peça de tapeçaria); pelo Brasil dos Naturalistas e o Brasil dos Viajantes (com desenhos, gravuras e álbuns de exploradores e pesquisadores europeus); pelo núcleo Rio de Janeiro, que apresenta vasta iconografia da cidade e seus habitantes (então parada obrigatória de qualquer artista viajante no Brasil).

Mas foi o núcleo Memória da Cultura que mais chamou a atenção dos alunos. A seção evoca grandes momentos da história e da cultura brasileiras por meio de cartas, manuscritos, atos oficiais assinados, desenhos e outros documentos, além das primeiras edições de vários livros famosos na literatura brasileira (alguns com dedicatória).

Nesse momento, foi ressaltada a documentação referente ao período de escravidão no Brasil, da qual fazem parte cartas de alforria, recibos de compra e venda e seguro contra morte de escravos, anúncios em jornal em busca de negros fugidos e outras preciosidades.

Para a vice-diretora da escola, Celene Vidal, a visita foi uma oportunidade única para os alunos conhecerem mais da própria e de outras culturas: "É uma experiência nova, diferente. Muitos pais não podem levá-los a uma exposição, então a escola leva, por meio do projeto".

Para Daniherbeson da Silva, um dos alunos, a visita foi importante para ele aprender mais ainda sobre a história do Brasil. A mesma opinião teve a aluna Ana Larissa Severino, que visitava uma galeria de arte pela primeira vez. "Gostei mais dos documentos, porque são muito antigos; é inacreditável como eles guardaram", elogiou.

MAIS INFORMAÇÕES

Brasiliana e Brassaï - Exposições seguem em cartaz até 1º de abril, no Espaço Cultural Unifor e no Espaço Cultural Unifor Anexo.
Contato: (85) 3477.3319

Fonte: Diário do Nordeste

Uma história de amor na guerra

Ary Albuquerque: estreia no romance com história ambientada na guerra
O escritor cearense Ary Albuquerque lança, logo mais, às 17h30, na Livraria Cultura, o seu quarto livro, "O amanhã aconteceu". Sua quarta obra, o romance se passa durante a Segunda Guerra Mundial
A entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, após o ataque da Marinha do Japão à base norte-americana de Pearl Harbor serve como pano de fundo para a história de Igor, um jovem cearense que vive um grande amor durante o confronto. A história é contada no livro "O amanhã aconteceu", do empresário e escritor Ary Albuquerque.

Ele lança a obra, a quarta de sua carreira, hoje, a partir das 17h30, na Livraria Cultura. Trata-se de um romance, já apresentado em São Paulo e no Rio de Janeiro, que envolve os leitores com uma história rica, escrita de forma clara e permeada por textos repletos de lirismo, escritos por quem iniciou na literatura através da poesia. O enredo foi consolidado após cinco anos, tempo investido numa vasta pesquisa para a construção de uma história bem conduzida, marcada por uma narrativa envolvente e com um toque de suspense.

O livro remete ao passado e apresenta a Fortaleza do período entre 1920 a 1946. Num determinado trecho, o autor fala da liberação da verba, pelo Governo Federal, para a construção do Porto do Mucuripe, notícia recebida com entusiasmo pela população ávida por progresso. A realidade política daquele tempo, personagens fictícios e reais, como as famílias tradicionais da época, personalidades das artes, indústria, imprensa e literatura marcam o romance.

Protagonista
Igor é o personagem central da trama. Em um verão do século XX, o jovem conhece uma bela moça chamada Cinthya, pertencente à tradicional família paulistana. Uma profunda paixão toma conta do casal, que logo se separa. O pai de Igor se preocupa com o envolvimento do filho e o convence a fazer uma viagem para estudar no exterior e, de navio, ele parte para os Estados Unidos.

Fora de seu País, Igor se engaja como voluntário e vive fortes momentos durante a Segunda Guerra. Dentro deste enredo, o suspense surge com o mistério de um envelope que contém uma mensagem lacrada do padrinho de Igor, que poderá ser aberto pelo jovem em momento de extrema necessidade.

O que deve cativar os leitores é o ritmo da narrativa, a descrição minuciosa e os cenários marcante. A obra é mais um lançamento da editora e distribuidora Topbooks.

Época de ouro
O Amanhã aconteceu Ary Albuquerque

Topbooks
2011
372 páginas
R$ 39,90

Lançamento do livro, hoje, a partir das 17h30, na Livraria Cultura (Avenida Dom Luis, 1010, Shopping Varanda Mall, Meireles). Contato: (85) 4008-0800

Teatro de Icó é o mais antigo teatro do Ceará

O Teatro de Icó é o mais antigo teatro do Ceará. Inaugurado em 1860 e remanescente da fase áurea da cidade como centro de atividade econômica baseada na criação do gado, no cultivo das vazantes do rio Salgado e no comércio, durante o final do século XVIII até meados do século XIX, o prédio foi tombado em 1983 pelo Estado como patrimônio histórico e artístico.
Foto: Divulgação
O amplo espaço diante e ao lado do qual está implantado o teatro forma um conjunto arquitetônico composto pela antiga Casa da Câmara e Cadeia, o Sobrado do Barão do Crato e a Igreja do Bonfim. A praça situada defronte a essas edificações ficou conhecida como o Largo do Théberge (atual Praça Sete de Setembro), em alusão ao médico francês Pedro Théberge (1811/1864), idealizador do teatro e um dos nossos mais importantes historiadores, autor do livro Esboço Histórico Sobre a Província do Ceará, publicado em 1869 por iniciativa de seu filho, Henrique Théberge, e reeditado em 1973, pela Imprensa Oficial.

Gustavo Barroso, em À Margem da História do Ceará, lembra a rivalidade entre as cidades de Icó e Aracati e cita o anedotário, criado pelos aracatienses, segundo o qual a centenária casa de espetáculos de Icó não teria sido inaugurada solenemente por completa ausência de convidados. O historiador reproduz a versão de que a inauguração oficial não ocorreu porque nenhum representante da elite da cidade quis correr o risco de ser o primeiro a chegar, receoso de que essa pontualidade pudesse ser interpretada como típica de um exibicionismo provinciano. Conforme citação de Gustavo Barroso, as famílias icoenses vestiram suas melhores roupas e permaneceram em alerta em suas casas, mandando escravos espionar o teatro, com ordem de retornar informados sobre a aparição dos primeiros convidados. Nessa espera, a noite teria passado e a festa inaugural não teria acontecido.

O fato é que, além dessas referências maledicentes sobre a pretensa solenidade de abertura do Teatro de Icó, as escassas informações referentes à história do teatro em livros ou mesmo no Guia dos Bens Tomados pelo Estado do Ceará, não fornecem dados esclarecedores quanto à verdade dos fatos ocorridos naquela noite, em 1860.

Somente nos anos trinta, já no século XX, a historiografia do velho teatro ganha contornos mais precisos, quando, então, tem-se notícia de seu precário estado de conservação e de seu posterior processo de recuperação e reforma, empreendimento da gestão do prefeito José Pereira Curado, sob a coordenação do mestre de obras José Pereira Simão. A 17 de abril de 1935, o jornal O Povo noticia que, com recursos municipais e verbas provenientes de festivais artísticos, a Prefeitura inicia os reparos. A construção do piso de cimento em placa de duas cores, a reconstrução das alas esquerda e direita em alvenaria e os retoques na fachada principal são algumas das melhorias apontadas. Inativo em 1934, o teatro é reaberto em maio de 1935, recuperado e parcialmente reformado.

Após 1950, houve um período em que o prédio serviu de forma adaptada a exibições de filmes e na década seguinte, no foyer funcionou uma emissora de rádio. Nos anos setenta, o teto da platéia chegou a ruir e novamente o prédio sofreu interdição.

Em 1978, Francisco Augusto Veloso, chefe da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura do Estado propôs à Secretaria de Planejamento da Presidência da República um projeto de recuperação do Teatro, assinado pelos arquitetos Domingos Cruz Linheiro e Vera Mamede Accioly. Com recursos do Programa de Cidades Históricas da Fundação Pró-Memória, o Governo Virgílio Távora em convênio com a Prefeitura de Icó, na gestão de Quilon Peixoto Farias, inicia em 1979 as obras de restauração e em outubro de 1980 o teatro é mais uma vez reaberto como espaço cênico. Da programação de reabertura, que se estendeu por todos os fins-de-semana de novembro, participam a Academia Hugo Bianchi, a Comédia Cearense e os grupos Independente de Teatro Amador, Pesquisa e Vanguarda.