sábado, 26 de março de 2011

A mostra A Quatro Graus do Equador reúne trabalhos de artistas cearenses em São Paulo

Com variadas obras de artes visuais, a mostra A Quatro Graus do Equador reúne trabalhos de artistas cearenses em São Paulo
A fotografia de Patrícia Araújo e Clarice Lima integra a mostra coletiva (DIVULGAÇÃO)
A originalidade e a criatividade do artista cearense ganham cada vez mais importância e se espalham Brasil a fora. Hoje, os paulistas terão a oportunidade de apreciar o que a arte cearense tem para mostrar. A exposição coletiva intitulada A Quatro Graus do Equador (em referência à localização geográfica do Ceará), leva para São Paulo os trabalhos em artes visuais de artistas cearenses ou radicados no Ceará. É o mundo visto sob a ótica cearense imortalizado nas obras dos artistas do Estado.

A mostra reúne instalações, vídeos, fotografias e performances de 15 artistas. O evento faz parte do projeto Arte em Fluxo: Nordeste Brasil, do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) e tem como objetivo constituir uma rede de diálogo sobre artes visuais. A materialização disso se dá através de várias exposições com artistas contemporâneos que participaram de mostras nas sedes dos CCBNBs nos últimos 12 anos, bem como de artistas emergentes no cenário brasileiro. Em etapas anteriores, o projeto promoveu a interação do Ceará com o Pará e ainda de artistas da Região do Cariri com integrantes do Clube de Gravura do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

A coordenadora de artes visuais do CCBNB, Jacqueline Medeiros, diz que a exposição vai além da divulgação da arte cearense, contribuindo para a interação da linguagem artística entre os estados. “Queremos mostrar que o Ceará tem uma produção de arte no mesmo nível do outros centros”, afirma. Ela defende que um projeto como esse contribui também para ampliar a visão que os outros estados têm sobre a arte cearense, fortemente identificada com o artesanato. Segundo a coordenadora, algo que impede um crescimento ainda mais acelerado e diversificado da arte no Estado é a ausência de um curso de artes nas universidades públicas cearenses, fato que “poderia alavancar as artes visuais no que se refere a criação, renovação, crescimento e diversificação”.

Para a coordenadora do ateliê que vai receber a exposição em São Paulo, Thaís Rivitti, a visão da arte nordestina como essencialmente artesanal é algo ultrapassado do ponto de vista do público que acompanha arte no Sudeste. “Isso é um grande clichê que já foi superado”, opina. Segundo ela, muitos artistas paulistas têm a intenção e a consciência de compensar a falta de políticas públicas para a arte. Para isso tentam “fazer a arte circular, trazer mostras de artistas de outras cidades para conhecermos melhor essa produção”.

Entre os trabalhos da exposição estarão os de Yuri Firmeza, que apresentará duas fotografias que compõem A Fortaleza. Com muito bom humor, o artista primeiro se apropria e amplia uma foto, de quando criança, fazendo pose de super-herói e, ao lado, coloca uma foto atual replicando a mesma pose. Ele conta que o trabalho é também uma forma de crítica à “arquitetura desenfreada” que tomou a cidade nos últimos anos, fato evidenciado na diferença da paisagem ao fundo das duas fotografias. “Em pouco tempo a paisagem do lugar onde eu morava foi tomada por edifícios e ficou mais difícil até pra ver o céu”.

Yuri deixa claro também que, para ele, é fundamental que a exposição não seja vista “com ar de bairrismo, como se fosse apenas uma defesa do Ceará, com um discurso de carência, pois não somos devedores em relação à arte de outros lugares”. Por isso ele diz acreditar que a exposição é mais importante “pela singularidade de cada trabalho, independente do lugar de origem”. Na percepção do artista, o Ceará cresceu muito em termos de produção artística, sobretudo na última década, quando apareceram mais movimentos e centros culturais, proporcionando mais oportunidades para jovens artistas.

A festa de abertura da exposição também terá um tom bem cearense, com participação dos DJs Jackson Araujo, AD Ferrera e Tiago Guiness, além da apresentação dos músicos Fernando Catatau (da banda Cidadão Instigado) e Jonnata Doll (do grupo Jonnata Doll e Garotos Solventes) , que tocarão juntos. Todas as peças expostas estarão à venda.

Integram a mostra: Simone Barreto, Waléria Américo, Mariana Smith, Enrico Rocha, Vitor Cesar, Clarice Lima, Danilo Carvalho, Ivo Lopes, Solon Ribeiro, Alexandre Veras, Milena Travassos, Yuri Firmeza, Patrícia Araújo, Márcio Távora e Coletivo Transição Listrada.

SERVIÇO

A QUATRO GRAUS DO EQUADOR
Quando: hoje, 26, às 20h (visitação de 29 de março a 27 de maio de 2011)
Onde: Ateliê 397 (Rua Wisard, 397, Vila Madalena – São Paulo)
Informações: 3464.3184 (CCBNB)

Marcos Robério

Fonte: O Povo

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