Os fortalezenses parecem alheios aos fatos e personalidades que fazem parte da história da cidade
A Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) lançou ontem o projeto Roteiros Turísticos para as Comunidades - Caminhos de Iracema. Através de visitações a pontos ligados à vida e à obra do escritor cearense José de Alencar, a Prefeitura pretende incrementar o conhecimento histórico dos fortalezenses e atrair investimentos privados para o turismo cultural. Este, por sua vez, quase inexiste em uma capital que possui memória e identidade esmagadas por elementos cosmopolitas.
Imortalizada na Literatura e em esculturas, a índia Iracema, protagonista do romance homônimo de José de Alencar, permanece como um dos símbolos de Fortaleza, ainda que um número elevado de fortalezenses desconheça o simbolismo vinculado a sua imagem. Muitos não sabem, sequer, que há cinco estátuas da "virgem dos lábios de mel" espalhadas na cidade.
Além de ser prejudicial à preservação da memória de Fortaleza, a indiferença a fatos e a personalidades relevantes do passado é um entrave ao desenvolvimento do turismo. "Precisamos evitar que Fortaleza seja apenas um portão de entrada para outros municípios cearenses ou apenas um ´dormitório´", ressalta o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no Ceará (ABIH/CE), Régis Medeiros.
Segundo Régis, a valorização da memória pode ser um instrumento impulsionador do turismo em Fortaleza, capaz de competir com as belezas naturais de cidades litorâneas do Estado. Contudo, salienta, é necessário que os equipamentos que receberão os turistas ofereçam condições adequadas de visitação, no que se refere, por exemplo, à segurança e limpeza.
Turismo da imagem
"Fortaleza tem o turismo mais da imagem, do lazer, dos eventos", reconhece a titular da Setfor, Patrícia Aguiar. Conforme e a secretária, o projeto servirá como pontapé inicial para outras medidas voltadas o turismo cultural. O projeto oferece, até o fim do mês, 19 passeios gratuitos. Os participantes visitarão as cinco estátuas de Iracema; a Casa José de Alencar, em Messejana; a Praça e o teatro que recebem o nome do autor, no Centro; e os fortes São Sebastião e Nossa Senhora da Assunção.
Após o término das visitas, que devem atender cerca de mil pessoas, a expectativa da Prefeitura é de que a ideia seja adotada pela iniciativa privada.
Para o professor de Literatura da Universidade de Fortaleza (Unifor) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE) Batista de Lima, Fortaleza, em comparação com outras capitais, é uma cidade sem identidade, "que se abre para o que vem de fora e que se fecha para o que vem de dentro". A fala do professor faz referência ao pouco valor atribuído a artistas locais que apresentam trabalhos de qualidade, em contraste com a atenção dada a personalidades de outros estados que trazem atrações menos interessantes.
Segundo o pesquisador, a imagem dos cearenses, em Fortaleza, é principalmente retratada através do sertanejo que migra para a Capital e passa a ocupar a periferia. "O miolo da cidade não tem identidade, é cosmopolita. Por exemplo, é uma cidade que possui mais cursos de inglês do que de português. E os artistas dos principais eventos vêm de fora", ilustra.
A participação nos passeios pode ser agendada através do Disque Turismo da Setfor, no telefone (85) 3257-1000.
Sem tradição
"Fortaleza possui mais cursos de inglês do que de português. Seu miolo é cosmopolita"
Batista de Lima
Professor de Literatura da Unifor e da Uece
Fonte: Diário do Nordeste
Bonecos representando José de Alencar e Iracema e guias turísticos estiveram no lançamento do projeto FOTO: VIVIANE PINHEIRO |
A Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) lançou ontem o projeto Roteiros Turísticos para as Comunidades - Caminhos de Iracema. Através de visitações a pontos ligados à vida e à obra do escritor cearense José de Alencar, a Prefeitura pretende incrementar o conhecimento histórico dos fortalezenses e atrair investimentos privados para o turismo cultural. Este, por sua vez, quase inexiste em uma capital que possui memória e identidade esmagadas por elementos cosmopolitas.
Imortalizada na Literatura e em esculturas, a índia Iracema, protagonista do romance homônimo de José de Alencar, permanece como um dos símbolos de Fortaleza, ainda que um número elevado de fortalezenses desconheça o simbolismo vinculado a sua imagem. Muitos não sabem, sequer, que há cinco estátuas da "virgem dos lábios de mel" espalhadas na cidade.
Além de ser prejudicial à preservação da memória de Fortaleza, a indiferença a fatos e a personalidades relevantes do passado é um entrave ao desenvolvimento do turismo. "Precisamos evitar que Fortaleza seja apenas um portão de entrada para outros municípios cearenses ou apenas um ´dormitório´", ressalta o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no Ceará (ABIH/CE), Régis Medeiros.
Segundo Régis, a valorização da memória pode ser um instrumento impulsionador do turismo em Fortaleza, capaz de competir com as belezas naturais de cidades litorâneas do Estado. Contudo, salienta, é necessário que os equipamentos que receberão os turistas ofereçam condições adequadas de visitação, no que se refere, por exemplo, à segurança e limpeza.
Turismo da imagem
"Fortaleza tem o turismo mais da imagem, do lazer, dos eventos", reconhece a titular da Setfor, Patrícia Aguiar. Conforme e a secretária, o projeto servirá como pontapé inicial para outras medidas voltadas o turismo cultural. O projeto oferece, até o fim do mês, 19 passeios gratuitos. Os participantes visitarão as cinco estátuas de Iracema; a Casa José de Alencar, em Messejana; a Praça e o teatro que recebem o nome do autor, no Centro; e os fortes São Sebastião e Nossa Senhora da Assunção.
Após o término das visitas, que devem atender cerca de mil pessoas, a expectativa da Prefeitura é de que a ideia seja adotada pela iniciativa privada.
Para o professor de Literatura da Universidade de Fortaleza (Unifor) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE) Batista de Lima, Fortaleza, em comparação com outras capitais, é uma cidade sem identidade, "que se abre para o que vem de fora e que se fecha para o que vem de dentro". A fala do professor faz referência ao pouco valor atribuído a artistas locais que apresentam trabalhos de qualidade, em contraste com a atenção dada a personalidades de outros estados que trazem atrações menos interessantes.
Segundo o pesquisador, a imagem dos cearenses, em Fortaleza, é principalmente retratada através do sertanejo que migra para a Capital e passa a ocupar a periferia. "O miolo da cidade não tem identidade, é cosmopolita. Por exemplo, é uma cidade que possui mais cursos de inglês do que de português. E os artistas dos principais eventos vêm de fora", ilustra.
A participação nos passeios pode ser agendada através do Disque Turismo da Setfor, no telefone (85) 3257-1000.
Sem tradição
"Fortaleza possui mais cursos de inglês do que de português. Seu miolo é cosmopolita"
Batista de Lima
Professor de Literatura da Unifor e da Uece
Fonte: Diário do Nordeste
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