Os fotógrafos da família Albano-Aratanha apresentam pela primeira vez seus trabalhos reunidos em uma só exposição. A mostra fica em cartaz até novembro no Espaço Cultural Correios
(RICARDO DE ARATANHA)
Bem antes de se tornar o nome de uma rua no Centro da Cidade, Barão de Aratanha era o título de nobreza do cearense José Francisco da Silva Albano, comerciante rico, coronel da Guarda Nacional e figura importante na Fortaleza do século XIX. Homem de posses e herdeiro de terras da Serra de Aratanha – daí veio o título de um decreto imperial de 1887 –, o barão deu origem a uma linhagem de fotógrafos importantes no Brasil: os bisnetos José e Maurício Albano (que são irmãos) e os tetranetos Ciro Albano (filho de Maurício) e Mario, Ricardo e Fernando de Aratanha (também irmãos, mas primos de José e Maurício). O trabalho dos seis fotógrafos é reunido pela primeira vez na exposição 6xAlbano, que será aberta amanhã (22), no Espaço Cultural dos Correios, com vernissage marcada para sábado (24), às 17 horas.
A complexa genealogia do clã Albano-Aratanha é bem singular. O barão teve dois filhos, João e José. Dos seis filhos de João, um deles – o Joaquim – é pai de José e Maurício Albano. Dos 14 filhos de José, um deles era Pedro que gerou outro Pedro – o Pedro Samuel – que por sua vez é o pai de Mario, Ricardo e Fernando de Aratanha. “É uma família que não só tem fotógrafos, mas também artistas de outras áreas. Foi o que me chamou a atenção”, explica a curadora da exposição, Jeanne Duarte, esposa de Mario há 21 anos.
A necessidade de entender a produção artística do marido levou Jeanne a conhecer a família. “Percebi similaridades nas fotografias dos seis. Mergulhei no acervo de cada um e cheguei a ver cerca de 20 mil fotos”, conta Jeanne. Para que o público perceba as semelhanças, a exposição apresenta três sequências de projeções simultâneas com 400 imagens em alta definição feitas pelos seis fotógrafos, sem diferenciá-los. Outra sala expõe o trabalho individual de cada fotógrafo, também em projeções, devolvendo a imagem ao seu contexto original.
“Eu e o Zé herdamos a paixão pela fotografia do nosso pai, que era médico. De alguma forma, isso também ficou no sangue de meu filho Ciro”, explica Maurício Albano. Ele percebe que o olhar para a natureza e para as cores é um traço em comum entre os seis. “Mas existem diferenças. Eu sou mais dedicado à natureza pura. Apesar de já ter fotografado rostos, desprezei por um tempo a figura humana das minhas imagens. Sou libriano e gosto do belo e da harmonia. Não faço foto para acusar a desgraça humana”, diz.
Já Fernando de Aratanha assumiu o gosto pela fotografia por influência de seus irmãos Mario e Ricardo. “Como me vi cercado de arte, já queria ser fotógrafo desde os 15 anos”, comenta Fernando. Formado em Comunicação no Rio de Janeiro, ele viajou aos Estados Unidos para aprender sobre fotografia e conseguiu montar um estúdio. “Passei a ser fotógrafo comercial para ganhar a vida, fazendo editoriais de arquitetura, fotos para publicidade, mas sempre com uma veia artística”, pontua Fernando, que há cinco anos voltou a morar em São Paulo. Ele acredita que, apesar da exposição seguir um fio condutor, os seis fotógrafos têm trajetórias bem distintas. “Busco a luz como forma, como jogo com as sombras e com a cor”.
Nos anos 1970, o irmão mais velho de Fernando, o Mario, morou com José Albano no Rio de Janeiro e dividiram um laboratório de fotografia. “Temos um lugar comum: a paixão pela luz, pela cor e pela composição. A fotografia para mim é mais uma arte do que um ofício”. Ex-repórter do Jornal do Brasil, Mario é reconhecido por seu trabalho de 32 anos como dono e produtor musical da gravadora Kuarup. Agora tem uma produtora de vídeos, a Cineviola. “Como passei a fazer vídeos digitais, construi um acervo de fotos em movimento. No decorrer da vida, destilamos as expressões que vivemos”, afirma Mario, que convidou os músicos Eugênio Leandro e Nonato Luiz a ceder composições para compor o ambiente sonoro da exposição.
SERVIÇO
6 X ALBANO
O quê: Exposição coletiva de José Albano, Maurício Albano, Ciro Albano, Ricardo de Aratanha, Mario de Aratanha e Fernando de Aratanha.Quando: De 22 de setembro a 05 de novembro (seg a sex 8h às 17h/ sáb 8h às 12h)
Local: Espaço Cultural Correios (Rua Senador Alencar, 38 – Centro)
Entrada: gratuita.
Outras informações: (85) 3255 7275
Saiba mais
A exposição reúne pela primeira vez o trabalho de seis fotógrafos da linhagem de José Francisco da Silva Albano, conhecido como o Barão de Aratanha. Com 40 anos de profissão, José Albano e Maurício Albano dedicam a registrar imagens do Estado. O filho de Maurício, Ciro, é biólogo e um dos mais premiados fotógrafos de pássaros do Brasil. Já Ricardo de Aratanha ganhou três Prêmios Nikon e um Pulitzer na sua carreira, além de ser editor fotográfico do jornal Los Angeles Times, onde trabalha há 22 anos. Mario de Aratanha alia a câmera ao jornalismo e à produção musical. Fernando de Aratanha mantém seu estúdio em São Paulo, depois de 25 anos nos Estados Unidos.
Fonte: O Povo
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