Não é de hoje que circula na cidade de Santana do Acaraú o seguinte lamento: "Santana do Acaraú não tem mais nada porque Dom José Tupinambá da Frota levou tudo o que de mais valioso tínhamos para o Museu Diocesano".
Deveras é árdua a tarefa de coletar objetos que contem a história de uma região.Para a fundação do singelo Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Sant'Anna, muitas vezes, durante o recebimento de peças doadas, fomos testemunhas do quanto foi difícil aos doadores realizar tal ato. Para quem doa um objeto que está "impregnado" de sua história, separar-se dele é como vivenciar a morte de um ente querido.
Apliquemos agora o exemplo dado à época em que Dom José realizou seu trabalho de coleção de peças. Grande era o número de analfabetos, muitos dos doadores ou pessoas que venderam peças nunca tinham posto os pés em um museu e muitos padres, apesar da condição de suas formações, desconheciam tal arte. A idéia de um Museu era estranha ás pequenas "vilas" que circundavam a moderna Sobral.
Nas entrelinhas do que falamos acima, muitos alegam que o 1º Bispo de Sobral "confiscou" as peças que confiscou, para fazer um Patrimônio para a Igreja, acusada por muitos de seus filhos de gananciosa.
Tais pessoas desconhecem a formação que Dom José recebeu em sua preparação para ser padre em Roma, onde, sem sombra de dúvidas deve ter conhecido grandes museus.
Tais pessoas desconhecem a formação que Dom José recebeu em sua preparação para ser padre em Roma, onde, sem sombra de dúvidas deve ter conhecido grandes museus.
Quem afirma o que descrevemos acima, tem uma visão superficial e totalmente destoante daquela que tinha Dom José. Para além do valor intrínseco do acervo do Museu (que constitui sem dúvida um Patrimônio), Dom José viu no Museu a possibilidade de preservar anos e anos de história e memória de toda a zona Norte do Estado do Ceará.
O que vislumbrava o Bispo traduz- se no fato de ser o Museu Dom José o 5º EM ARTE SACRA E DECORATIVA SEGUNDO O CONSELHO INTERNACIONAL DE MUSEUS (ICOM).
Quisera que realmente Dom José tivesse levado de Santana do Acaraú todas as nossas valiosas peças de arte Sacra e decorativas para integrá-las ao acervo do Museu Diocesano. Do número que suspeitam os pessimistas da cidade, nem a centésima parte lá existe!
Tais peças, senhores e senhoras, são objeto de um tombamento muito acurado. Estas, em virtude de seu cadastro, são protegidas pela Constituição Federal e, sendo o Museu instituição que faz parte do Sistema Brasileiro de Museus (SBM), tem técnicos especializados na conservação de seu acervo e a garantia de recursos para a manutenção da instituição.
Com "despudorada" audácia, para confirmar se a original imagem de Senhora Sant'Ana lá estava (uma vez que muitos guardiões de nossa memória dizem que a que está na Igreja matriz é uma réplica), visitei o Museu com tal fim.
Sendo muito bem recebido pela Senhora Giovana Mont'Alverne, diretora do mesmo, buscamos averiguar, nas duas únicas imagens da santa lá existentes , as marcas(dois orifícios na base da imagem para a introdução dos pinos do andor) que, segundo pessoas de Santana do Acaraú, confirmariam ser a da cidade.
Inspecionando, palpando e percutindo as bases da imagem, não encontramos os referidos sinais. Além disso, as imagens do Museu nada tinham de semelhante da "réplica" que está na Matriz de Santana do Acaraú.
É mais verdadeira a hipótese de que muitos SANTANENSES (QUE EM SUA GRANDE MAIORIA MORAM FORA DA CIDADE) compraram indevidamente ou levaram de modo escuso os seguintes objetos: a imagem original de Senhora Sant'Ana (comprada pelo Padre Antônio dos Santos da Silveira em 1739, quando da fundação da capela), o cálice de ouro cravejado de esmeraldas (em quantidade corespondente aos anos de sacerdócio do padre)dado ao padre Arakén por ocasião de um aniversário de ordenação sacerdotal, um ostensório de ouro onde o santíssimo foi exposto por ocasião da festa de cem anos da Paróquia em 1948, o lampadário de prata do Sacrário da Igreja Matriz,dentre outros.
A culpa colocada em Dom José foi oportuna a quem "extraviou" peças que hoje poderiam estar constituindo o acervo do Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Sant'Anna e contando a história de nossa cidade.
É fácil colocar toda a culpa do atraso cultural de Santana em Dom José, para livrar -se do peso de consciência de não estar fazendo sua parte.
FIQUEMOS ATENTOS! SANTANA DO ACARAÚ É CADA UM DE NÓS!
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