A terceira edição da revista "Reticências... Crítica de Arte" será lançada hoje, às 19 horas, no Dança no Andar de Cima. Críticos e artistas discutem o papel do corpo na arte contemporânea
O lugar do corpo na arte é uma questão que intriga realizadores de diversas linguagens e correntes da arte contemporânea, que seguem experimentando. Limites são testados e fronteiras, rompidas. O corpo deixa a condição primária de morada da alma, para assumir seu protagonismo como motor da criação.
Atuando como um canal de fomento ao debate da arte do tempo presente, a revista "Reticências... Crítica de Arte" convida pesquisadores, artistas e críticos à refletir, a partir de suas respectivas áreas, sobre estas questões, em uma publicação performática que toma para si os paradigmas da arte contemporânea e atualiza a discussão do tema e da produção artística.
O lançamento da terceira edição da revista acontece hoje, a partir das 19 horas, no espaço Dança no Andar de Cima. Um segundo encontro está marcado para o dia 15, às 19 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço.
A revista dá continuidade ao trabalho desenvolvido desde 2007 no campo da arte visual contemporânea (e que deu origem ao site www.reticenciascritica.com), um canal de discussão teórica do que é produzido no Ceará e fora dele.
O projeto foi contemplado no Prêmio de Artes Visuais 2010, da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), e prevê a impressão desta e da próxima edição da revista, com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2012.
Artigos
Contribuíram para esta edição Kátia Caton, curadora e professora de artes, PhD em Artes Interdisciplinares pela Universidade de Nova York; a professora do Instituo de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC) Beatriz Furtado; a coreógrafa Andréa Bardawil; o escritor e pesquisador Eduardo Jorge; os artistas visuais Solon Ribeiro, Daniela Mattos, Aslan Cabral e Marcus Vinícius, além dos editores da publicação: a jornalista e repórter do Caderno 3 Ana Cecília Soares e o artista visual Júnior Pimenta.
A edição inclui ainda uma entrevista com a pesquisadora Viviane Matesco, doutora em artes visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Inspirados pelo tema da edição, "De que corpo?", cada um levanta um desdobramento de questões ligadas ao corpo, pensamentos complementares que fazem da publicação muito mais do que uma corriqueira revista sobre o tema. O primeiro artigo, assinado por Caton, problematiza as utilizações do corpo por artistas contemporâneos, o seu papel concomitante como sujeito e objeto e sua indissociabilidade do eu. "Essa é de fato uma das grandes percepções que permeiam a obra dos artistas contemporâneos, atentos às tensões que se situam em um corpo cada vez mais idealizado pela indústria do consumo", define.
Solon Ribeiro, mais adiante, parte para uma reflexão do corpo convertido em material de trabalho de artistas, especialmente a partir dos anos 1960. "(É quando alguns) se despem, outros se lambuzam de tinta, comem vidro, se cortam, bebem sangue e até levam tiros no museu", ilustra.
O teste dos limites do corpo capitaneou performances com inclinações ao grotesco em países da Europa e nos EUA, no intuito de chocar o espectador. No Brasil, Solon cita, como expoentes desse experimentalismo, Hélio Oiticica e Lygia Clark, embora com problematizações bastante diferentes dos contemporâneos europeus. Incluindo a dança no debate, Andréa Bardawil fala sobre como o uso do corpo na arte contemporânea é determinante na reformulação do conceito de coreografia, incorporando à dança a imobilidade e os gestos cotidianos. "Eis que surge a pergunta que até hoje não se cala: isso é dança?", precisa a pesquisadora.
Outro que amplia o pensamento sobre as percepções e usos do corpo é Marcus Vinicius, refletindo sobre os pontos de contatos entre a performance e a arquitetura.
Marcus coloca o corpo como parte da paisagem urbana, em desdobramentos de sua intervenção "Ocupação urbana experimental". "Desde o início, a gente teve a preocupação de construir um espaço onde pudesse refletir a respeito da escrita sobre arte contemporânea e, ao mesmo tempo, abrir o debate a pessoas da área, como artistas, escritores e críticos", comenta Ana Cecília, sobre o trabalho ao lado de Júnior Pimenta, de idealização e edição da revista.
A editora defende que a vocação da arte contemporânea pela ruptura deve estar presente também na escrita sobre esta produção. "É uma arte que confunde. O artista não precisa usar apenas o pincel, nem o grafite, não se centra apenas na questão da técnica. A partir do momento que essa arte muda, a escrita da arte também muda", define.
Apropriando-se analogamente destas questões, a revista traz algumas experimentações conceituais, discutindo o lugar da crítica e o uso de seu espaço para o debate entre os próprios realizadores; inovações textuais, como a "experiência textual-performativa" no artigo de Daniela Mattos; e a própria concepção gráfica da publicação. "O projeto gráfico, até a tipografia, tudo é corpo. Aquilo que parece que está mal feito, que não foi impresso direito: é tudo pensado, proposital. Tudo foi pensado para pensar o corpo mesmo", reforça a crítica de arte e jornalista.
REVISTA
"Reticências... Crítica de Arte - 3"R$ 10
80 PÁGINAS
2011
RETICÊNCIAS
LANÇAMENTOS - Hoje, às 19h, no Espaço Dança no Andar de Cima (Rua Desembargador Leite Albuquerque, n° 1523 A); e 10 de dezembro, às 10 h, no Sobrado Dr. José Loureço (Rua Major Facundo, 154, Centro). Nos dois eventos, haverá um debate com os editores e distribuição gratuita de exemplares. Contato: http://www.reticenciascritica.com
FÁBIO MARQUES
REPÓRTER
Registro da performance Delírio, de Rubiane Maia, em apresentação no Centro Cultural Banco do Nordeste
VERÔNICA MELONI
VERÔNICA MELONI
O lugar do corpo na arte é uma questão que intriga realizadores de diversas linguagens e correntes da arte contemporânea, que seguem experimentando. Limites são testados e fronteiras, rompidas. O corpo deixa a condição primária de morada da alma, para assumir seu protagonismo como motor da criação.
Atuando como um canal de fomento ao debate da arte do tempo presente, a revista "Reticências... Crítica de Arte" convida pesquisadores, artistas e críticos à refletir, a partir de suas respectivas áreas, sobre estas questões, em uma publicação performática que toma para si os paradigmas da arte contemporânea e atualiza a discussão do tema e da produção artística.
O lançamento da terceira edição da revista acontece hoje, a partir das 19 horas, no espaço Dança no Andar de Cima. Um segundo encontro está marcado para o dia 15, às 19 horas, no Sobrado Dr. José Lourenço.
A revista dá continuidade ao trabalho desenvolvido desde 2007 no campo da arte visual contemporânea (e que deu origem ao site www.reticenciascritica.com), um canal de discussão teórica do que é produzido no Ceará e fora dele.
O projeto foi contemplado no Prêmio de Artes Visuais 2010, da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), e prevê a impressão desta e da próxima edição da revista, com previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2012.
Artigos
Contribuíram para esta edição Kátia Caton, curadora e professora de artes, PhD em Artes Interdisciplinares pela Universidade de Nova York; a professora do Instituo de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC) Beatriz Furtado; a coreógrafa Andréa Bardawil; o escritor e pesquisador Eduardo Jorge; os artistas visuais Solon Ribeiro, Daniela Mattos, Aslan Cabral e Marcus Vinícius, além dos editores da publicação: a jornalista e repórter do Caderno 3 Ana Cecília Soares e o artista visual Júnior Pimenta.
A edição inclui ainda uma entrevista com a pesquisadora Viviane Matesco, doutora em artes visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Inspirados pelo tema da edição, "De que corpo?", cada um levanta um desdobramento de questões ligadas ao corpo, pensamentos complementares que fazem da publicação muito mais do que uma corriqueira revista sobre o tema. O primeiro artigo, assinado por Caton, problematiza as utilizações do corpo por artistas contemporâneos, o seu papel concomitante como sujeito e objeto e sua indissociabilidade do eu. "Essa é de fato uma das grandes percepções que permeiam a obra dos artistas contemporâneos, atentos às tensões que se situam em um corpo cada vez mais idealizado pela indústria do consumo", define.
Solon Ribeiro, mais adiante, parte para uma reflexão do corpo convertido em material de trabalho de artistas, especialmente a partir dos anos 1960. "(É quando alguns) se despem, outros se lambuzam de tinta, comem vidro, se cortam, bebem sangue e até levam tiros no museu", ilustra.
O teste dos limites do corpo capitaneou performances com inclinações ao grotesco em países da Europa e nos EUA, no intuito de chocar o espectador. No Brasil, Solon cita, como expoentes desse experimentalismo, Hélio Oiticica e Lygia Clark, embora com problematizações bastante diferentes dos contemporâneos europeus. Incluindo a dança no debate, Andréa Bardawil fala sobre como o uso do corpo na arte contemporânea é determinante na reformulação do conceito de coreografia, incorporando à dança a imobilidade e os gestos cotidianos. "Eis que surge a pergunta que até hoje não se cala: isso é dança?", precisa a pesquisadora.
Outro que amplia o pensamento sobre as percepções e usos do corpo é Marcus Vinicius, refletindo sobre os pontos de contatos entre a performance e a arquitetura.
Marcus coloca o corpo como parte da paisagem urbana, em desdobramentos de sua intervenção "Ocupação urbana experimental". "Desde o início, a gente teve a preocupação de construir um espaço onde pudesse refletir a respeito da escrita sobre arte contemporânea e, ao mesmo tempo, abrir o debate a pessoas da área, como artistas, escritores e críticos", comenta Ana Cecília, sobre o trabalho ao lado de Júnior Pimenta, de idealização e edição da revista.
A editora defende que a vocação da arte contemporânea pela ruptura deve estar presente também na escrita sobre esta produção. "É uma arte que confunde. O artista não precisa usar apenas o pincel, nem o grafite, não se centra apenas na questão da técnica. A partir do momento que essa arte muda, a escrita da arte também muda", define.
Apropriando-se analogamente destas questões, a revista traz algumas experimentações conceituais, discutindo o lugar da crítica e o uso de seu espaço para o debate entre os próprios realizadores; inovações textuais, como a "experiência textual-performativa" no artigo de Daniela Mattos; e a própria concepção gráfica da publicação. "O projeto gráfico, até a tipografia, tudo é corpo. Aquilo que parece que está mal feito, que não foi impresso direito: é tudo pensado, proposital. Tudo foi pensado para pensar o corpo mesmo", reforça a crítica de arte e jornalista.
REVISTA
"Reticências... Crítica de Arte - 3"R$ 10
80 PÁGINAS
2011
RETICÊNCIAS
LANÇAMENTOS - Hoje, às 19h, no Espaço Dança no Andar de Cima (Rua Desembargador Leite Albuquerque, n° 1523 A); e 10 de dezembro, às 10 h, no Sobrado Dr. José Loureço (Rua Major Facundo, 154, Centro). Nos dois eventos, haverá um debate com os editores e distribuição gratuita de exemplares. Contato: http://www.reticenciascritica.com
FÁBIO MARQUES
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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