Editora José Olympio, responsável pela edição de sucessos como O Quinze, de Rachel de Queiroz, completa hoje 80 anos e promete comemorar com grandes relançamentos
A escritora cearense Rachel de Queiroz teve grande parte de sua obra editada pela José Olympio (CLÁUDIO LIMA, EM 5/11/2000)
Hoje, 29, a José Olympio completa 80 anos, com a alcunha de ser a casa dos clássicos da literatura brasileira, publicando autores como Guimarães Rosa, Carlos Drummond e José Lins do Rego, numa época (nas décadas de 1930, 40 e 50) em que as concorrentes se interessavam mais pelos escritos europeus. Sob o comando da Editora Record desde 2001 e sem o icônico editor José Olympio, falecido aos 87 anos, em 1990, a editora fará reedições e novos recortes de grandes escritores.
São esperados para 2012: um livro de crônicas com facetas menos conhecidas de José Lins do Rego (textos sobre a cidade e o cinema) e Rachel de Queiroz (crônicas políticas); a obra completa reeditada, com novas orelhas, apresentações e cronologia de Ferreira Gullar; o novo romance de Ariano Suassuna, O Jumento Sedutor; Vanguarda européia e o modernismo brasileiro, de Gilberto Mendonça Teles; e Movimentos modernistas no Brasil, de Raul Bopp; o compositor Tom Jobim terá suas letras de música vistas como poesia; além de títulos estrangeiros.
Conhecida pela edição e livros nacionais, nos últimos anos a editora tem diversificado, com títulos estrangeiros, além de oras infantis -exemplo disso é O menino do dedo verde, que já passou da centésima edição e vendeu dois milhões de exemplares.
A ousadia de J.O
O editor paulista começou a vida profissional aos 15 anos como funcionário de livraria (da qual se tornou sócio) e abriu em 1934, com 29 anos, a Livraria José Olympio, a “Casa”, que ficava na rua do Ouvidor, 110, no Rio de Janeiro e foi palco para grandes encontros culturais, narrados pela jornalista Lucila Soares, neta do editor, sob o título Rua do Ouvidor, 110.
Ousado, José Olympio buscava escritores que até então não eram editados, lhes pagava direitos autorais adiantados, quando ninguém mais o fazia. O editor lançava obras com tiragens de milhares de exemplares para autores que se tornaram clássicos, mas que a época ainda eram talentosos desconhecidos.
Outra marca do editor e de seus livros era o apuro gráfico, sendo pioneiro na preocupação com a estética do livro, atraindo grandes artistas como Santa Rosa, Portinari, Cícero Dias, Goeldi, Luís Jardim e Poty.
O amor e o respeito pela literatura fez com que se formasse em torno de José Olympio um círculo de autores-amigos. O que fica claro quando Rachel, em sua crônica quando da morte de J.O., revela o transcender da relação que se tornou de convívio íntimo. “Nós, os que pomos no papel nossos pensamentos, sonhos e imaginações, dependemos do Editor, espécie de mágico, que tem o poder de transformar em livro aquilo que era apenas palavras, palavras. E quando temos o Bom Editor que nos solicita escritos, que põe em nós sua confiança e seu dinheiro, ele vira a própria figura paterna. J.O. editor, preencheu, melhor que nenhum outro, essa função. Os seus editados viravam seus amigos tão íntimos como só irmãos o seriam”, conta.
Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br
Fonte: O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário