FOTO: VIVIANE PINHEIRO
Fórum apontou, ainda, a necessidade de preservação da identidade dos grupos de cultura popular
Em Fortaleza, há uma tendência a "sapocaização" de grupos da cultura popular, sobretudo durante o Carnaval de Rua na Avenida Domingos Olímpio. A observação foi feita, no fim da tarde de ontem, pelo mestre em Educação, Paulo Henrique Leitão dos Santos, ao participar do I Fórum de Patrimônio e Festas no Ceará.
O evento - que fica encerrado hoje no Auditório Ícaro de Sousa Moreira, no Centro de Ciências da UFC - é uma iniciativa de equipe de pesquisadores do Programa Pró-Cultura, do Ministério da Cultura.
Segundo ele, a "espeta-cularização das culturas carnavalescas" é mais visível na apresentação das fantasias dos maracatus, apesar de ser a representação de uma corte negra. "O peso das fantasias, muitas vezes, dificulta até mesmo o desfile dos participantes das agremiações", lembrou, acrescentando que determinadas características das apresentações são apropriadas ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, mas não aos grupos culturais da Capital cearense.
"Essa tendência põe em risco a evolução dos maracatus na avenida", exemplificou o palestrante, que integra o Cordão do Coroá, grupo criado em 2003 pelo programa de extensão da UFC e que pesquisa as culturas populares de tradição oral. Paulo Henrique Leitão atua, também, como coordenador de Ação Comunitária do Serviço Social do Comércio (Sesc-CE).
O fórum tem o objetivo de debater e a avaliar os desafios operacionais, políticos e territoriais do patrimônio imaterial das festas populares (tradicionais e religiosas), perante os incentivos públicos, o turismo e a mídia no âmbito do Ceará e de Fortaleza em particular.
Relação com a mídia
As dimensões territoriais das festas populares e do turismo, bem como a relação desses grupos com a mídia, "muitas vezes não respeitam os limites do mapa", citou o palestrante. Isso ocorre com os romeiros e os penitentes, que um dia estão no Ceará e no dia seguinte podem estar em outro Estado do País. "As políticas públicas devem observar a movimentação territorial desses grupos", frisou.
Tanto no contato com a mídia como em outros momentos, os grupos culturais devem preservar suas identidades, defendeu Leitão.
Sobre isso, a brincante do Maracatu Axé Oxissi, Francisca Estela Gonçalves, 65 anos, ressaltou a importância do evento "para que a gente discuta melhor o assunto e as pessoas possam se conscientizar a respeito do valor da cultura para nosso Estado". Comentou que tanto o Governo do Estado como a Prefeitura de Fortaleza deveriam "valorizar mais o Carnaval da nossa cidade, oferecendo mais apoio financeiro, pois fazemos uma festa muito bonita".
O fórum está sob a coordenação regional do professor Christian Dennys de Oliveira, do Departamento de Geografia da UFC, que destacou que o evento visa ainda discutir as formas de financiamento e fomento à cultura. Na programação de hoje, o destaque será a mesa-redonda "Tradição, renovação e educação patrimonial", além da apresentação do Cordão de Coroá.
MOZARLY ALMEIDAREPÓRTER
Em Fortaleza, há uma tendência a "sapocaização" de grupos da cultura popular, sobretudo durante o Carnaval de Rua na Avenida Domingos Olímpio. A observação foi feita, no fim da tarde de ontem, pelo mestre em Educação, Paulo Henrique Leitão dos Santos, ao participar do I Fórum de Patrimônio e Festas no Ceará.
O evento - que fica encerrado hoje no Auditório Ícaro de Sousa Moreira, no Centro de Ciências da UFC - é uma iniciativa de equipe de pesquisadores do Programa Pró-Cultura, do Ministério da Cultura.
Segundo ele, a "espeta-cularização das culturas carnavalescas" é mais visível na apresentação das fantasias dos maracatus, apesar de ser a representação de uma corte negra. "O peso das fantasias, muitas vezes, dificulta até mesmo o desfile dos participantes das agremiações", lembrou, acrescentando que determinadas características das apresentações são apropriadas ao desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, mas não aos grupos culturais da Capital cearense.
"Essa tendência põe em risco a evolução dos maracatus na avenida", exemplificou o palestrante, que integra o Cordão do Coroá, grupo criado em 2003 pelo programa de extensão da UFC e que pesquisa as culturas populares de tradição oral. Paulo Henrique Leitão atua, também, como coordenador de Ação Comunitária do Serviço Social do Comércio (Sesc-CE).
O fórum tem o objetivo de debater e a avaliar os desafios operacionais, políticos e territoriais do patrimônio imaterial das festas populares (tradicionais e religiosas), perante os incentivos públicos, o turismo e a mídia no âmbito do Ceará e de Fortaleza em particular.
Relação com a mídia
As dimensões territoriais das festas populares e do turismo, bem como a relação desses grupos com a mídia, "muitas vezes não respeitam os limites do mapa", citou o palestrante. Isso ocorre com os romeiros e os penitentes, que um dia estão no Ceará e no dia seguinte podem estar em outro Estado do País. "As políticas públicas devem observar a movimentação territorial desses grupos", frisou.
Tanto no contato com a mídia como em outros momentos, os grupos culturais devem preservar suas identidades, defendeu Leitão.
Sobre isso, a brincante do Maracatu Axé Oxissi, Francisca Estela Gonçalves, 65 anos, ressaltou a importância do evento "para que a gente discuta melhor o assunto e as pessoas possam se conscientizar a respeito do valor da cultura para nosso Estado". Comentou que tanto o Governo do Estado como a Prefeitura de Fortaleza deveriam "valorizar mais o Carnaval da nossa cidade, oferecendo mais apoio financeiro, pois fazemos uma festa muito bonita".
O fórum está sob a coordenação regional do professor Christian Dennys de Oliveira, do Departamento de Geografia da UFC, que destacou que o evento visa ainda discutir as formas de financiamento e fomento à cultura. Na programação de hoje, o destaque será a mesa-redonda "Tradição, renovação e educação patrimonial", além da apresentação do Cordão de Coroá.
MOZARLY ALMEIDAREPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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