Kelson Oliveira lança o livro "Para comover Borboletas"... RAFAEL CRISÓSTOMO |
...enquanto Dércio Braúna apresenta o livro "Metal Sem Húmus". São autores que conquistam seu espaço DIVULGAÇÃO |
Kelson Oliveira e Dércio Braúna, de Limoeiro, estão nas bancas com dois livros recém lançados
Limoeiro do Norte. Quando as palavras querem falar de sutilezas, procuram borboletas. Quando batem as asas, é porque alguém escreve e alguém lê. Todos sentem. A poesia delicada, alta, moderna, pensante, está nas asas de dois jaguaribanos. Jovens poetas maduros lançam aos ventos seus dizeres nas asas de livros. Kelson Oliveira e Dércio Braúna, de Limoeiro do Norte, estão nas bancas e estantes com dois livros recém lançados. "Para Comover Borboletas", do primeiro, e "Metal Sem Húmus", do segundo. À base de editais ou do próprio bolso, publicam seus livros e dentro de um circuito paralelo ao das academias literárias, revelam talento e vão ainda mais longe.
Dizer que Kelson Oliveira já foi agraciado em competições, como o Concurso Nacional de Poesia Prêmio Filogônio Barbosa, no Estado do Espírito Santo, ou menção honrosa no 7º Prêmio Nacional de Poesia de Ipatinga, ajuda o leigo a dizer que ele não só se diz poeta. É reconhecido poeta. Mas no Ceará carente de concursos literários, o melhor prêmio para o poeta daqui é vencer um edital de incentivo. Em outras palavras, ter o patrocínio para custear a publicação de sua obra.
"Para Comover Borboletas", depois de "Quando as Letras Têm a Cor do Sonho" (2008), faz de Kelson um autor de estilo próprio. Não que isso o defina ou delimite. Apenas que diga que tem um jeito seu de fazer poesia - haverá sempre a lembrança de outros poetas, principalmente o principal, o "pantaneiro", o Manoel de Barros, poeta mato-grossense que só não é a sua maior inspiração literária porque tem Jeane Leda, sua namorada. A brincadeira com as palavras, os neologismos em gerúndios para dizer do que está "coisando" em sua mente sonhadora trazem simplicidade.
Também é assim como Manoel, que diz "sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se desejo contar nada, faço poesia". E Kelson, "no meio do dia claro/ por não dispor de nada a fazer/ fiquei a deselaborar planos/ de reinventar sentimentos/ e forjar profissões de vadiagem".
Sentimento
O sentimento vêm antes das palavras. A frase anterior não é tão óbvia quanto parece. Melhor dizer que o poeta cruza os braços de interrogação de menino ocioso, e tudo o que vê, ou sonha, é tão real que as palavras são o que o ligam ao mundo material.
Uns mais, outros menos, cada poema, quando se lê, imagina sonhar. "A cada esboço poético que distingo/ entre os barulhos do mundo/ começo magicamente a sentir/ um suave estarzinho se achegando no meu peito". "Para Comover Borboletas" é humano, cotidiano, traz impressão de um menino que sonha enquanto flutua entre universos, o de casa, da família, da namorada, das coisas.
E dos desejos das coisas: "meu olho esticou, e fiquei míope/Aí andei querendo esticar o mundo/Estiquei um pássaro que passava/ estiquei um haicai para o romance/ e a razão até a loucura/ Não me bastou/ Mês que vem eu deliro e vou esticar a felicidade". A poesia cotidiana, de rio, de rua, risos e rãs é coisa de menino que a mãe dirá "cheio de invenção".
O livro é dividido em duas partes, ou asas, como definiu. Na asa esquerda tem 41 poemas. E outros 40 na direita, como "amizade para nesses tempos de calor": "tenho grandes amigos de forma quase simplesmente/ o sol, por exemplo/ Acreditem-me/ vez aqui e acolá toda companhia/ esquenta meu ombro/ derrama na minha sala um lágrima incandescente". A contista Tércia Montenegro destacou o poema "feito sereia de contos", o considera "um belo livro". "Ela tinha um rosto de metáfora/ e o corpo de clave de sol/ A voz era um musical de sereia de contos/ enfeitada de mar/ Pela beleza que lhe pertencia/ podia perfeitamente se misturar/ com as cores de Van Gogh/ Apesar disso, ela preferiu se misturar comigo".
Admiração
"Para Comover Borboletas" já é admirado desde o próprio título, assim fez e disse o músico compositor Nando Reis ao receber de presente um livro do poeta "lá de Limoeiro do Norte". E quem é Kelson Oliveira? Um rapaz, jovem estudante, recém mestre acadêmico depois que se graduou em História. Namorado de Jeane Leda, filho de Gilson Chaves e Maria do Socorro. Tem irmãos, tem ideias. Não participa de academias de letras que dizem reunir os escritores. É menino do rio e poeta.
REVELAÇÃO
Poesia da ´contundente humanidade´
Limoeiro do Norte. Já se dizendo um "escrevente de coisas sentintes", Dércio Braúna é o poeta que não se vê, só se lê. Não dá tempo, trabalha o dia inteiro, radicou-se noutro Município para passar o dia sentado a uma mesa de agência bancária. Mas pela pouca idade se pode dizer que está sempre lançando algum livro - cinco nos últimos seis anos. O mais recente foi "Metal sem Húmus".
Poesia da "contundente humanidade". Que pergunta das coisas: "não seria o caso de reencantar o mundo?". Predomina a morte, o amor, a solidão, essências humanas que faz "versos como quem sangra vidas".
"É o mais certo amor/ o que temos pela rudeza das coisas// O bicho que se milagrou homem (pela caridade de suas mãos e dentes)/ que pariu um deus/ com gravetos e pedras (para apedrejá-lo): esse bicho talha sem descanso/ dentro da coisa milagrada".
No livro, o jovem Dércio Braúna conta também: "Eu faço versos como quem sangra vidas/ para o alimento doutro bicho/ Retalho carne como quem recita Pessoa/ Amolo Minha lâmina como quem ensaia dizimentos e cantos/ Ao som de coros de ambivalentes arcanjos// Açougueiro lavado de hemócito perfume/ Eu me sento neste dia/ Nas escadarias da Casa do Pai/ E O como/ Engulo-O/ Como quem fome tenha/ E ao cabo da blasfêmia antropofágica/ Mais fome tenha".
Dércio publicou "O pensador do jardim dos ossos", que não teve editora ou edital, foi ´bancado´ pelo próprio poeta.
Outras obras
Na lista desse jovem autor ainda existem: "A selvagem língua do coração das coisas", de 2006, via edital de incentivo às artes do Estado do Ceará; depois "Uma nação entre dois mundos", no ano de 2008, sobre a obra do escritor moçambicano Mia Couto; e na sequência de "Metal sem húmus" tem "Como um cão que sonha à noite só", pela Editora 7 Letras - a mesma que publicou "Para Comover Borboletas", de Kelson Oliveira.
Poeta, consitas e ensaísta, Dércio está no projeto Kaya - Revista de Atitudes Literárias - verdadeira roda poética virtual reveladora da talentosa safra vale jaguaribana.
MAIS INFORMAÇÕES
Escritores de Limoeiro do Norte, Vale do Jaguaribe
Kelson Oliveira: (88) 8829.2739
Dércio Braúna: (88) 9291.8500
Melquíades Júnior
Colaborador
Limoeiro do Norte. Quando as palavras querem falar de sutilezas, procuram borboletas. Quando batem as asas, é porque alguém escreve e alguém lê. Todos sentem. A poesia delicada, alta, moderna, pensante, está nas asas de dois jaguaribanos. Jovens poetas maduros lançam aos ventos seus dizeres nas asas de livros. Kelson Oliveira e Dércio Braúna, de Limoeiro do Norte, estão nas bancas e estantes com dois livros recém lançados. "Para Comover Borboletas", do primeiro, e "Metal Sem Húmus", do segundo. À base de editais ou do próprio bolso, publicam seus livros e dentro de um circuito paralelo ao das academias literárias, revelam talento e vão ainda mais longe.
Dizer que Kelson Oliveira já foi agraciado em competições, como o Concurso Nacional de Poesia Prêmio Filogônio Barbosa, no Estado do Espírito Santo, ou menção honrosa no 7º Prêmio Nacional de Poesia de Ipatinga, ajuda o leigo a dizer que ele não só se diz poeta. É reconhecido poeta. Mas no Ceará carente de concursos literários, o melhor prêmio para o poeta daqui é vencer um edital de incentivo. Em outras palavras, ter o patrocínio para custear a publicação de sua obra.
"Para Comover Borboletas", depois de "Quando as Letras Têm a Cor do Sonho" (2008), faz de Kelson um autor de estilo próprio. Não que isso o defina ou delimite. Apenas que diga que tem um jeito seu de fazer poesia - haverá sempre a lembrança de outros poetas, principalmente o principal, o "pantaneiro", o Manoel de Barros, poeta mato-grossense que só não é a sua maior inspiração literária porque tem Jeane Leda, sua namorada. A brincadeira com as palavras, os neologismos em gerúndios para dizer do que está "coisando" em sua mente sonhadora trazem simplicidade.
Também é assim como Manoel, que diz "sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se desejo contar nada, faço poesia". E Kelson, "no meio do dia claro/ por não dispor de nada a fazer/ fiquei a deselaborar planos/ de reinventar sentimentos/ e forjar profissões de vadiagem".
Sentimento
O sentimento vêm antes das palavras. A frase anterior não é tão óbvia quanto parece. Melhor dizer que o poeta cruza os braços de interrogação de menino ocioso, e tudo o que vê, ou sonha, é tão real que as palavras são o que o ligam ao mundo material.
Uns mais, outros menos, cada poema, quando se lê, imagina sonhar. "A cada esboço poético que distingo/ entre os barulhos do mundo/ começo magicamente a sentir/ um suave estarzinho se achegando no meu peito". "Para Comover Borboletas" é humano, cotidiano, traz impressão de um menino que sonha enquanto flutua entre universos, o de casa, da família, da namorada, das coisas.
E dos desejos das coisas: "meu olho esticou, e fiquei míope/Aí andei querendo esticar o mundo/Estiquei um pássaro que passava/ estiquei um haicai para o romance/ e a razão até a loucura/ Não me bastou/ Mês que vem eu deliro e vou esticar a felicidade". A poesia cotidiana, de rio, de rua, risos e rãs é coisa de menino que a mãe dirá "cheio de invenção".
O livro é dividido em duas partes, ou asas, como definiu. Na asa esquerda tem 41 poemas. E outros 40 na direita, como "amizade para nesses tempos de calor": "tenho grandes amigos de forma quase simplesmente/ o sol, por exemplo/ Acreditem-me/ vez aqui e acolá toda companhia/ esquenta meu ombro/ derrama na minha sala um lágrima incandescente". A contista Tércia Montenegro destacou o poema "feito sereia de contos", o considera "um belo livro". "Ela tinha um rosto de metáfora/ e o corpo de clave de sol/ A voz era um musical de sereia de contos/ enfeitada de mar/ Pela beleza que lhe pertencia/ podia perfeitamente se misturar/ com as cores de Van Gogh/ Apesar disso, ela preferiu se misturar comigo".
Admiração
"Para Comover Borboletas" já é admirado desde o próprio título, assim fez e disse o músico compositor Nando Reis ao receber de presente um livro do poeta "lá de Limoeiro do Norte". E quem é Kelson Oliveira? Um rapaz, jovem estudante, recém mestre acadêmico depois que se graduou em História. Namorado de Jeane Leda, filho de Gilson Chaves e Maria do Socorro. Tem irmãos, tem ideias. Não participa de academias de letras que dizem reunir os escritores. É menino do rio e poeta.
REVELAÇÃO
Poesia da ´contundente humanidade´
Limoeiro do Norte. Já se dizendo um "escrevente de coisas sentintes", Dércio Braúna é o poeta que não se vê, só se lê. Não dá tempo, trabalha o dia inteiro, radicou-se noutro Município para passar o dia sentado a uma mesa de agência bancária. Mas pela pouca idade se pode dizer que está sempre lançando algum livro - cinco nos últimos seis anos. O mais recente foi "Metal sem Húmus".
Poesia da "contundente humanidade". Que pergunta das coisas: "não seria o caso de reencantar o mundo?". Predomina a morte, o amor, a solidão, essências humanas que faz "versos como quem sangra vidas".
"É o mais certo amor/ o que temos pela rudeza das coisas// O bicho que se milagrou homem (pela caridade de suas mãos e dentes)/ que pariu um deus/ com gravetos e pedras (para apedrejá-lo): esse bicho talha sem descanso/ dentro da coisa milagrada".
No livro, o jovem Dércio Braúna conta também: "Eu faço versos como quem sangra vidas/ para o alimento doutro bicho/ Retalho carne como quem recita Pessoa/ Amolo Minha lâmina como quem ensaia dizimentos e cantos/ Ao som de coros de ambivalentes arcanjos// Açougueiro lavado de hemócito perfume/ Eu me sento neste dia/ Nas escadarias da Casa do Pai/ E O como/ Engulo-O/ Como quem fome tenha/ E ao cabo da blasfêmia antropofágica/ Mais fome tenha".
Dércio publicou "O pensador do jardim dos ossos", que não teve editora ou edital, foi ´bancado´ pelo próprio poeta.
Outras obras
Na lista desse jovem autor ainda existem: "A selvagem língua do coração das coisas", de 2006, via edital de incentivo às artes do Estado do Ceará; depois "Uma nação entre dois mundos", no ano de 2008, sobre a obra do escritor moçambicano Mia Couto; e na sequência de "Metal sem húmus" tem "Como um cão que sonha à noite só", pela Editora 7 Letras - a mesma que publicou "Para Comover Borboletas", de Kelson Oliveira.
Poeta, consitas e ensaísta, Dércio está no projeto Kaya - Revista de Atitudes Literárias - verdadeira roda poética virtual reveladora da talentosa safra vale jaguaribana.
MAIS INFORMAÇÕES
Escritores de Limoeiro do Norte, Vale do Jaguaribe
Kelson Oliveira: (88) 8829.2739
Dércio Braúna: (88) 9291.8500
Melquíades Júnior
Colaborador
Fonte: Diário do Nordeste
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