FOTO: THIAGO GASPAR |
Continua em cartaz a exposição Brasiliana Itaú. O privilegiado contato com as memórias nacionais vem encantando os cearenses. No último domingo, mais de 300 pessoas visitaram o Espaço Cultural Unifor
Apesar de estar em cartaz há apenas 15 dias e de sua montagem ter coincidido com o período de Carnaval, a exposição Brasiliana Itaú já conseguiu ultrapassar o número de 3 mil visitantes. A mostra reúne peças adquiridas ao longo de uma década pelo político e empresário Dr. Olavo Setubal, proprietário do Banco Itaú, falecido em 2008.
Com curadoria do editor e bibliófilo Pedro Corrêa do Lago, a exposição passeia pela história nacional através de livros raros, mapas históricos, gravuras, quadros, e objetos de diversos períodos, desde o século XVI, correspondente ao pós-descobrimento, até o início do século XX, com as primeiras edições de cânones da literatura nacional.
Segundo dados da mostra, boa parte do público é composta de estudantes universitários, sobretudo das áreas de Direito, História, Jornalismo, Artes e Publicidade. Os fim de semana têm sido os dias preferidos para visitação por trabalhadores e turistas, enquanto os dias da semana são povoados por grupos de estudantes de escolas públicas e particulares.
São geralmente crianças entre oito e dez anos, ainda em processo de descobrimento da história do País. Para elas, a visita funciona como um reforço dos conteúdos aprendidos em sala de aula, uma forma de fixar e de comprovar as histórias narradas pelos professores. Os pequenos perguntam sobre as datas em que os objetos foram produzidos e identificam nas gravuras cenários e figurinos vistos apenas em filmes e telenovelas.
Já os adultos, se interessam pelo modo como os trabalhos foram elaborados. Encantam-se com as grandes ilustrações do conde de Clarac, feitas a mão, e as pinturas de Debret, antes vistas nos livros de história com os quais estudaram no ensino médio. A eles, a sala que mais se destaca é a dedicada à literatura, já que ali se pode identificar as primeiras edições de muitos títulos já lidos pelos visitantes, inclusive os dos cearenses José de Alencar e Rachel de Queiroz.
Uma atração à parte é a seção dos livros de arte, em que o talento da escrita e o da pintura se unem. Um exemplo é a obra de João Cabral de Melo Neto ilustrada por Joan Miró.
Visitantes
Renan Saldanha, de 22 anos, representa o grupo que mais tem visitado a exposição: os universitários. O estudante de Direito na Unifor soube da exposição por meio dos cartazes de divulgação espalhados pela universidade. Apaixonado por história do Brasil, Renan aproveitou o tempo livre para ver a exposição. "Acho importante para o povo cearense ter mais esclarecimento sobre o princípio da nossa história e mais contato com a documentação que fez parte dele", ressalta Renan.
Ele ainda visitava as primeiras salas, mas a seção dedicada à família imperial já lhe chamava a atenção. Curiosamente, o gosto de Renan pela história tem origem na avó, de 83 anos, que por muito tempo lecionou a disciplina. "Acho que ela adoraria ter contato com um acervo desses", comenta o estudante, planejando levar a avó para uma visita ao Espaço Unifor.
Ao longo da série de gravuras de Jean Baptiste Debret, olhos curiosos caçavam as imagens dos negros jogando capoeira. Entretido, o rapaz queria saber como era naquela época o esporte que pratica. O garoto, de 17 anos, morador do bairro Bom Jardim, visitava a exposição por meio do projeto Casa de Meninos. O educador social Emanuel Brasil, responsável por eles, soube da exposição por meio de um amigo, estudante da Unifor, e decidiu levar os garotos para conhecê-la.
A Casa dos Meninos é uma entidade social de Fortaleza responsável pelo trabalho de ressocialização de jovens em situação de risco, afastados da família por ordem judicial ou usuários de drogas. Para um dos rapazes, a oportunidade de manter contato com a sociedade é um dos diferenciais da instituição. "Lá é muito melhor do que o outro lugar em que eu estava, porque eu estava preso. Não podia sair pra lugar nenhum. Na Casa não, a gente sai, faz visitas. É bom", ressalta o garoto.
O mais jovem, de 14 anos, concorda com ele. Natural de Aracati, ele está há dois meses na instituição para afastar-se do vício do crack. Para ele, a chance de passear e conhecer exposições como a Brasiliana é importante para esse processo de reabilitação.
A exposição "Brasiliana Itaú", inaugurada no dia primeiro de março, segue em cartaz até 1º de abril. A entrada é franca e a visita de grupos deve ser agendada com antecedência.
MAIS INFORMAÇÕES
Exposição "Brasiliana Itaú". No Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321). De 2 de março a 1 de abril. De terça a sexta das 10h às 20h e sábados e domingos das 10h às 18h. Grátis. Para agendar visitas em grupo: (85) 3477.3319
MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER
Apesar de estar em cartaz há apenas 15 dias e de sua montagem ter coincidido com o período de Carnaval, a exposição Brasiliana Itaú já conseguiu ultrapassar o número de 3 mil visitantes. A mostra reúne peças adquiridas ao longo de uma década pelo político e empresário Dr. Olavo Setubal, proprietário do Banco Itaú, falecido em 2008.
Com curadoria do editor e bibliófilo Pedro Corrêa do Lago, a exposição passeia pela história nacional através de livros raros, mapas históricos, gravuras, quadros, e objetos de diversos períodos, desde o século XVI, correspondente ao pós-descobrimento, até o início do século XX, com as primeiras edições de cânones da literatura nacional.
Segundo dados da mostra, boa parte do público é composta de estudantes universitários, sobretudo das áreas de Direito, História, Jornalismo, Artes e Publicidade. Os fim de semana têm sido os dias preferidos para visitação por trabalhadores e turistas, enquanto os dias da semana são povoados por grupos de estudantes de escolas públicas e particulares.
São geralmente crianças entre oito e dez anos, ainda em processo de descobrimento da história do País. Para elas, a visita funciona como um reforço dos conteúdos aprendidos em sala de aula, uma forma de fixar e de comprovar as histórias narradas pelos professores. Os pequenos perguntam sobre as datas em que os objetos foram produzidos e identificam nas gravuras cenários e figurinos vistos apenas em filmes e telenovelas.
Já os adultos, se interessam pelo modo como os trabalhos foram elaborados. Encantam-se com as grandes ilustrações do conde de Clarac, feitas a mão, e as pinturas de Debret, antes vistas nos livros de história com os quais estudaram no ensino médio. A eles, a sala que mais se destaca é a dedicada à literatura, já que ali se pode identificar as primeiras edições de muitos títulos já lidos pelos visitantes, inclusive os dos cearenses José de Alencar e Rachel de Queiroz.
Uma atração à parte é a seção dos livros de arte, em que o talento da escrita e o da pintura se unem. Um exemplo é a obra de João Cabral de Melo Neto ilustrada por Joan Miró.
Visitantes
Renan Saldanha, de 22 anos, representa o grupo que mais tem visitado a exposição: os universitários. O estudante de Direito na Unifor soube da exposição por meio dos cartazes de divulgação espalhados pela universidade. Apaixonado por história do Brasil, Renan aproveitou o tempo livre para ver a exposição. "Acho importante para o povo cearense ter mais esclarecimento sobre o princípio da nossa história e mais contato com a documentação que fez parte dele", ressalta Renan.
Ele ainda visitava as primeiras salas, mas a seção dedicada à família imperial já lhe chamava a atenção. Curiosamente, o gosto de Renan pela história tem origem na avó, de 83 anos, que por muito tempo lecionou a disciplina. "Acho que ela adoraria ter contato com um acervo desses", comenta o estudante, planejando levar a avó para uma visita ao Espaço Unifor.
Ao longo da série de gravuras de Jean Baptiste Debret, olhos curiosos caçavam as imagens dos negros jogando capoeira. Entretido, o rapaz queria saber como era naquela época o esporte que pratica. O garoto, de 17 anos, morador do bairro Bom Jardim, visitava a exposição por meio do projeto Casa de Meninos. O educador social Emanuel Brasil, responsável por eles, soube da exposição por meio de um amigo, estudante da Unifor, e decidiu levar os garotos para conhecê-la.
A Casa dos Meninos é uma entidade social de Fortaleza responsável pelo trabalho de ressocialização de jovens em situação de risco, afastados da família por ordem judicial ou usuários de drogas. Para um dos rapazes, a oportunidade de manter contato com a sociedade é um dos diferenciais da instituição. "Lá é muito melhor do que o outro lugar em que eu estava, porque eu estava preso. Não podia sair pra lugar nenhum. Na Casa não, a gente sai, faz visitas. É bom", ressalta o garoto.
O mais jovem, de 14 anos, concorda com ele. Natural de Aracati, ele está há dois meses na instituição para afastar-se do vício do crack. Para ele, a chance de passear e conhecer exposições como a Brasiliana é importante para esse processo de reabilitação.
A exposição "Brasiliana Itaú", inaugurada no dia primeiro de março, segue em cartaz até 1º de abril. A entrada é franca e a visita de grupos deve ser agendada com antecedência.
MAIS INFORMAÇÕES
Exposição "Brasiliana Itaú". No Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321). De 2 de março a 1 de abril. De terça a sexta das 10h às 20h e sábados e domingos das 10h às 18h. Grátis. Para agendar visitas em grupo: (85) 3477.3319
MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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