O médico Jesus Irajacy Costa lança, amanhã, seu livro "Contos farpados", no qual aborda temas que vão desde a morte ao amor lírico
Logo na primeira página o leitor é apresentado a um personagem: "Mariano Salgado colecionava preciosa variedade de conchas e búzios. Muitas vezes perdia-se nos cálculos, mesmo conferindo cada peça vagarosamente; dizia ter pouco mais de oito centenas. Talvez esse número fosse até onde soubesse contar. (...) O velho tinha como companhia as sombras dos coqueiros. Não se sabiam notícias de seus parentes e amigos. Falava-se que fora o único a escapar da febre desconhecida, que abateu todos os moradores da região, inclusive os pais e três irmãos, há sete décadas". O trecho, retirado de "O colecionador de búzios", incluído na coletânea "Contos farpados", do médico e escritor Jesus Irajacy Costa, mostra o sofrimento e a rudeza que unem os personagens presentes no livro. A publicação será lançada, amanhã, às 19h30, no Centro Cultural Oboé.
Segundo Jesus, não há um cenário único para as histórias, que se passam tanto em cidades como no campo, no litoral ou na serra. O conto mais longo, "Dunas", destaca o autor, dialoga discretamente com "Crônica de uma Morte Anunciada", livro de Gabriel García Márquez publicado em 1981. "Há muita violência, morte. Há uma semelhança com a obra de Márquez, mas quase não se percebe", diz.
O fato de haver sofrimento ligando quase todos os personagens, explica Jesus, pode ter relação com seu cotidiano de médico. "Os estudantes de Medicina, muito cedo, têm aulas com cadáveres. Logo precisam encarar a morte e o sofrimento dos pacientes. Eu ficava imaginando como seria a vida daquelas pessoas. Acho que a inspiração vem muito daí, dessa vivência", lembra Jesus. "Sangramentos, ferimentos são coisas que estão presentes em quase todas as histórias do livro".
O único que destoa é "Ondas", que trata de amor. "No texto é possível perceber muito lirismo, romantismo, fantasia", resume o escritor.
Alguns contos da obra já haviam sido premiados e publicados em antologias, revistas e suplementos. Outros são inéditos. A apresentação é feita pela escritora Ângela Gutierrez. O prefácio é do também médico e escritor Fernando Siqueira Pinheiro, para quem "os contos de Jesus Irajacy Costa mesclam tradição e modernidade; suas histórias são contadas com ritmo, tensão e concisão adequada". Já o posfácio é assinado pelo poeta Pedro Henrique Saraiva Leão, presidente da Academia Cearense de Letras e membro da Academia Cearense de Medicina. "Realmente, são contos farpados, pois ferem e deixam vergões na mente de quem os lê. De tão bem celebrados são sinceros, e o leitor fica acreditando na sinceridade do autor", escreveu Saraiva Leão.
Para a escritora Tércia Montenegro, "estes contos são farpados mesmo, porque ferem, laceram o comodismo. Falam de vidas espinhosas, com personagens sofridos - e há ainda as arestas, os ângulos impressentidos, as reviravoltas de enredo. Mas, acima de tudo, há o estético de uma linguagem limpa, que vigorosamente desabrocha nas narrativas de Jesus Irajacy". Já para o escritor Pedro Salgueiro, "relatos instigantes e bem contados, de temática e ambientação variadas, vão desfilando pelas páginas deste livro que promete ser apenas o início de uma vitoriosa e longa trajetória literária. Talento, trabalho e acuidade verbal não faltam ao autor".
Por sua vez, o escritor Carlos Vazconcelos afirma que "em ´Contos farpados´ o leitor encontra relatos de mar e terra, urbe e sertão, mas o principal foco das narrativas de Jesus Irajacy é o território ignoto das perplexidades humanas, em que as ondas podem ser avassaladoras e atmosfera sombria. A escrita é clara, o estilo é direto, mas, cá entre nós, os personagens ocultam estranhas intenções".
Médico das letras
Contos farpados
Jesus Irajacy CostaExpressão gráfica, 2011, 159 páginas
R$ 20,00
O autor
O escritor, médico e professor Jesus Irajacy Costa, de 47 anos, nasceu em Fortaleza. É radiologista, formado pela Universidade do Ceará (UFC), de onde é professor do Departamento de Medicina Clínica, é também membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores e da Associação Cearense dos Escritores (ACE).
Autor premiado, conquistou o Prêmio Nacional do Encontro Científico dos Estudantes de Medicina, na categoria poesia, em 1986; o Prêmio Eduardo Campos, da Associação Cearense dos Escritores, na categoria contos, em 2008; o XI Prêmio de Literatura Ideal Clube Fran Martins, com um conto, em 2008; e o I Prêmio de Literatura Iate Clube Gerardo Mello Mourão, em 2009.
MAIS INFORMAÇÕES
Lançamento do livro "Contos farpados", de Jesus Irajacy Costa, amanhã, 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531, Aldeota). Contato: (85) 3264.70.38
Logo na primeira página o leitor é apresentado a um personagem: "Mariano Salgado colecionava preciosa variedade de conchas e búzios. Muitas vezes perdia-se nos cálculos, mesmo conferindo cada peça vagarosamente; dizia ter pouco mais de oito centenas. Talvez esse número fosse até onde soubesse contar. (...) O velho tinha como companhia as sombras dos coqueiros. Não se sabiam notícias de seus parentes e amigos. Falava-se que fora o único a escapar da febre desconhecida, que abateu todos os moradores da região, inclusive os pais e três irmãos, há sete décadas". O trecho, retirado de "O colecionador de búzios", incluído na coletânea "Contos farpados", do médico e escritor Jesus Irajacy Costa, mostra o sofrimento e a rudeza que unem os personagens presentes no livro. A publicação será lançada, amanhã, às 19h30, no Centro Cultural Oboé.
Segundo Jesus, não há um cenário único para as histórias, que se passam tanto em cidades como no campo, no litoral ou na serra. O conto mais longo, "Dunas", destaca o autor, dialoga discretamente com "Crônica de uma Morte Anunciada", livro de Gabriel García Márquez publicado em 1981. "Há muita violência, morte. Há uma semelhança com a obra de Márquez, mas quase não se percebe", diz.
O fato de haver sofrimento ligando quase todos os personagens, explica Jesus, pode ter relação com seu cotidiano de médico. "Os estudantes de Medicina, muito cedo, têm aulas com cadáveres. Logo precisam encarar a morte e o sofrimento dos pacientes. Eu ficava imaginando como seria a vida daquelas pessoas. Acho que a inspiração vem muito daí, dessa vivência", lembra Jesus. "Sangramentos, ferimentos são coisas que estão presentes em quase todas as histórias do livro".
O único que destoa é "Ondas", que trata de amor. "No texto é possível perceber muito lirismo, romantismo, fantasia", resume o escritor.
Alguns contos da obra já haviam sido premiados e publicados em antologias, revistas e suplementos. Outros são inéditos. A apresentação é feita pela escritora Ângela Gutierrez. O prefácio é do também médico e escritor Fernando Siqueira Pinheiro, para quem "os contos de Jesus Irajacy Costa mesclam tradição e modernidade; suas histórias são contadas com ritmo, tensão e concisão adequada". Já o posfácio é assinado pelo poeta Pedro Henrique Saraiva Leão, presidente da Academia Cearense de Letras e membro da Academia Cearense de Medicina. "Realmente, são contos farpados, pois ferem e deixam vergões na mente de quem os lê. De tão bem celebrados são sinceros, e o leitor fica acreditando na sinceridade do autor", escreveu Saraiva Leão.
Para a escritora Tércia Montenegro, "estes contos são farpados mesmo, porque ferem, laceram o comodismo. Falam de vidas espinhosas, com personagens sofridos - e há ainda as arestas, os ângulos impressentidos, as reviravoltas de enredo. Mas, acima de tudo, há o estético de uma linguagem limpa, que vigorosamente desabrocha nas narrativas de Jesus Irajacy". Já para o escritor Pedro Salgueiro, "relatos instigantes e bem contados, de temática e ambientação variadas, vão desfilando pelas páginas deste livro que promete ser apenas o início de uma vitoriosa e longa trajetória literária. Talento, trabalho e acuidade verbal não faltam ao autor".
Por sua vez, o escritor Carlos Vazconcelos afirma que "em ´Contos farpados´ o leitor encontra relatos de mar e terra, urbe e sertão, mas o principal foco das narrativas de Jesus Irajacy é o território ignoto das perplexidades humanas, em que as ondas podem ser avassaladoras e atmosfera sombria. A escrita é clara, o estilo é direto, mas, cá entre nós, os personagens ocultam estranhas intenções".
Médico das letras
Contos farpados
Jesus Irajacy CostaExpressão gráfica, 2011, 159 páginas
R$ 20,00
O autor
O escritor, médico e professor Jesus Irajacy Costa, de 47 anos, nasceu em Fortaleza. É radiologista, formado pela Universidade do Ceará (UFC), de onde é professor do Departamento de Medicina Clínica, é também membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores e da Associação Cearense dos Escritores (ACE).
Autor premiado, conquistou o Prêmio Nacional do Encontro Científico dos Estudantes de Medicina, na categoria poesia, em 1986; o Prêmio Eduardo Campos, da Associação Cearense dos Escritores, na categoria contos, em 2008; o XI Prêmio de Literatura Ideal Clube Fran Martins, com um conto, em 2008; e o I Prêmio de Literatura Iate Clube Gerardo Mello Mourão, em 2009.
MAIS INFORMAÇÕES
Lançamento do livro "Contos farpados", de Jesus Irajacy Costa, amanhã, 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531, Aldeota). Contato: (85) 3264.70.38
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário