quarta-feira, 2 de março de 2011

Mostra conta a História do Brasil na Unifor

FOTO: KIKO SILVA
Raridades chamam a atenção do visitante, como a letra original de "Garota de Ipanema", de Vinícius de Moraes
Recuperação de uma parte da História do Brasil por meio de peças originárias. Essas foram as palavras usadas pelo curador Pedro Corrêa do Lago para definir a exposição "Brasiliana Itaú" aberta, ontem, no Espaço Cultural Unifor. Com cerca de 300 itens e 12 mil peças, a mostra traz pinturas, aquarelas, desenhos, gravuras, mapas e livros que fazem parte do acervo Itaú Cultural.

São materiais criados a partir do século XVI e até livros editados no século XX. Para o curador, "Brasiliana Itaú" retrata uma parte simbólica da cultura artística, literária e histórica brasileira. "São peças significativas que dizem muito do nosso País", descreve.

Conforme a museóloga do acervo de obra de arte do Grupo Itaú, Regina Rocha, trata-se de uma mostra muito ampla dedicada ao Brasil. Algumas raridades chamam a atenção do visitante, como a letra original de "Garota de Ipanema", escrita pelo próprio punho por Vinícius de Moraes, e documentos de ex-governadores brasileiros.

Pedro Corrêa destaca a vista do Ceará desenhada por Frans Post presente no livro do historiador Caspar Barlaeus como uma das peças importantes para a história local. Além disso, cerca de 20 livros contam muito do Ceará, através dos escritores José de Alencar e Rachel de Queiroz.

Obras

São as primeiras edições de obras como "O Guarany" e "Iracema", de José de Alencar; e "O Quinze", de Rachel de Queiroz. No livro "Quatro Romances", a escritora faz uma dedicatória a João Cabral de Mello Neto. A exposição também traz a dedicatória feita por Machado de Assis para José de Alencar no livro "Phalenas".

"A exposição tem tudo a ver com o Ceará porque trata da colonização holandesa presente no Estado," lembra a reitora da Universidade de Fortaleza, Fátima Maria Fernandes Veras. Ela acrescenta que é uma maneira de ver a história de forma lúdica e serve a todas as faixas etárias. "É a história contada por meio de ilustrações, fugindo da forma enfadonha que os livros costumam utilizar".

Para a professora de Belas Artes da Unifor, Júlia Sarmento, o material exposto é importante porque revela o olhar que essas pessoas tinham do Brasil naquela época. "A mostra nos diz muito de um olhar geopolítico da época que hoje mudou muito, mas que ainda tem ligação com a gente".

Para o diretor cultural da Pinacothèque de l´État de São Paulo, Max Perlingeiro, todos os personagens importantes da história estão contemplados na mostra. O diretor destaca a parte iconográfica como uma das mais ricas.

Fortaleza é a quarta cidade a receber a exposição, organizada em 2000 por iniciativa do banqueiro e político Olavo Setúbal, proprietário do Banco Itaú. Ela deve seguir para Brasília e Curitiba e, por fim, tornar-se permanente no Itaú Cultural. "Brasiliana Itaú" fica na Capital cearense até o dia 1º de maio.

O que eles pensam
Recuperação de parte do nosso passado

A exposição recupera uma parte da História do Brasil por meio de peças originais criadas a partir do século XVI até livros editados no século XX. "Brasiliana Itaú" retrata uma parte simbólica da cultura artística, literária e histórica brasileira. São itens significativos que dizem muito do nosso País. Sobre o Ceará, considero como destaque a vista do Estado desenhada por Frans Post presente no livro do historiador Caspar Barlaeus.

Pedro Corrêa
Curador da mostra

É possível ver na exposição tudo o que aprendemos nos livros de história. São peças extraordinárias que só encontramos nos grandes museus do mundo. Trata-se de uma mostra completa porque abrange quatro séculos de História do Brasil. O fato de ter sido trazida para Fortaleza é de uma generosidade incrível porque vai propiciar o acesso às pessoas daqui. Todos os personagens importantes da história estão contemplados.

Max Perlingeiro
Diretor cultural da pinacothèque de SP


EXPOSIÇÃO


Noites de Paris nas lentes de Brassaï

"Essa é, sem dúvida, a mais importante e organizada exposição fotográfica internacional que o Ceará já viu". Assim definiu o artista plástico e diretor do Museu de Arte Contemporânea, o cearense José Guedes, por ocasião da abertura, ontem, no Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza (Unifor) Anexo, da exposição de Brassaï (Gyula Halász, seu nome de batismo).

O trabalho do artista húngaro Brassaï reúne um acervo de 98 fotografias, em preto e branco, que retratam a vida noturna e boêmia de Paris do início do século passado. A mostra, que acontece graças à parceria entre a Unifor e a Delegação Geral das Alianças Francesas no Brasil e a Aliança Francesa em Fortaleza, fica em cartaz até o dia 1º de maio, logo após, segue para exposição em outras capitais.

Fascinada

A advogada Aline Cristina Bezerra Leite Carvalho Lima, 24, graduada na Unifor, disse ter sido atraída para o evento, pelo fato de o mesmo retratar a vida em Paris. "Mesmo se tratando de uma época passada, fiquei fascinada pela técnica fotográfica de Brassaï. Ele foi incrível em clicar a vida noturna de Paris", disse. Para o delegado geral da Aliança Francesa no Brasil e diretor geral da Aliança Francesa no Rio de Janeiro, Yann Lorvo, a história da fotografia mundial obrigatoriamente tem que passar pelo trabalho de Brassaï.

"Paris era vista como o centro das artes e o fotógrafo sentia isso. Aproveitando sua técnica apurada fotografou Paris à noite, aproveitando luzes dos faróis dos carros e dos postes, mostrou seu gosto pela cidade, clicando em todos seus locais, com ou sem personagens".

De acordo com o diretor da Aliança Francesa em Fortaleza, Alain Didier, Brassaï captou com sensibilidade e romantismo a Paris dos anos 30 e desbravou a noite e seus segredos. Sobre a exposição começar por Fortaleza, ele enfatiza a característica dinâmica da cidade. "Existem laços comuns entre Ceará e França", finalizou.

Nenhum comentário: