Projeto Lamparina de Histórias em Itarema-18.05.2011 |
O "Lamparina de História" nasceu a partir de uma experiência da autora. Em uma ida ao sertão, Júlia Barros conta que viu várias lamparinas indo na mesma direção, durante uma noite. Aquela imagem ficou na sua mente martelando e fazendo-a lembrar das noites de debulha, de lua cheia, em que famílias inteiras compartilhavam do momento com muitas histórias, principalmente, as de assombração. Após manter contato com um grupo de idosos, despertou para a necessidade que estes têm em contar o que viveram, partilharam ou inventaram. A partir daí, criou o projeto. "Nasceu justamente da necessidade de conhecer os contadores de histórias tradicionais em cidades cearenses", conta.
Fortaleza. Os contadores de histórias sempre estiveram presentes nas culturas e na história da humanidade. São aquelas pessoas que repassam, por meio da narrativa oral, conhecimentos, mitos, cultura, valores e a própria história do seu povo. A pessoa idosa é, na maioria das vezes, a grande narradora das histórias de seu lugar e tem papel importante na perpetuação desta cultura.
Em volta do fogo, após a colheita, nas noites de lua cheia ou mesmo na beirada da cama, essas pessoas têm contribuído com a construção do imaginário e da memória de sua cultura. Aqui no Ceará, a partir de hoje, diversos contadores tradicionais estarão reunidos no evento cultural Lamparina de Histórias, para compartilhar seus causos.
O Lamparina de Histórias reúne narradores tradicionais e amantes da velha arte de contar histórias para a celebração da palavra através dos causos, lendas, adivinhas, crendices e canções pertencentes à cultura popular. A sua primeira parada acontece hoje no Sertão dos Inhamuns, no Município de Saboeiro. A Praça do Fórum será palco deste evento, a partir das 17h30. Será realizado, ainda, em sete cidades cearenses: Aquiraz, Assaré, Canindé, Caucaia, Fortaleza, Itarema e São Gonçalo do Amarante.
O horário foi pensando estrategicamente. A chegada da noite é festejada com muitas histórias, dessas de trancoso, que arrepiam a alma, num medo tão bom, que tem sempre muita gente, só pra ouvir mais uma vez, aquela história que corre de boca em boca, compondo a literatura oral do nosso povo.
"Além das histórias, os saboeirenses se divertirão, também, com as apresentações do pastoril, dança de São Gonçalo, repentistas, cordelistas, sanfoneiro e o grupo Era uma vez, de Fortaleza", diz a organizadora e também contadora de histórias, Júlia Barros, que já está na cidade de Saboeiro visitando alguns moradores narradores.
Noite no sertão
A organizadora conta que o evento "nasceu justamente da necessidade de conhecer os contadores de história tradicionais das cidades cearenses. Quem são os contadores, o que fazem, onde estão". Segundo ela, sua infância foi sempre recheada de histórias, mesmo sendo criada na cidade grande. No entanto, tinha a curiosidade de saber como era no sertão. "Sempre ouvi muita história, mas eu não conhecia o interior a fundo. Uma vez fui a Saboeiro e vi um céu diferente, no sítio. Vi umas pessoas andando, a noite, com lamparinas, indo na mesma direção. Era noite de lua cheia e aquilo me encantou. Não conhecia o sertão. Eu guardei aquela imagem na minha cabeça", conta sobre a sua primeira experiência sertaneja.
Um outro momento marcante para Júlia Barros e que influenciou na criação do projeto Lamparinas de Histórias foi o contato com os idosos. "Fui para oficina no Centro de idosos. Eles começaram a contar histórias e não pararam mais", disse. A partir daí, a pesquisadora pensou em elaborar um projeto para identificar esses contadores em outras cidades cearenses.
O projeto piloto do Lamparina contou com três edições na Região Metropolitana de Fortaleza. "Em parceria com a Casa do Conto, realizamos três edições, nos bairros Dias Macedo e João XXIII, em Fortaleza, e no Boqueirão dos Cunhas, Caucaia. Aconteceu de uma forma muito amadora. Era só o desejo de conhecer e reconhecer os contadores do lugar", disse. Nessa primeira experiência, "descobrimos contadores fantásticos, como o Seu Manoel Silvestre. Ele é contador nato. Recebe você na casa dele, como se fosse amiga a muito tempo".
Mas, para o projeto ficar completo, "faltava um visual bonito, a mobilização no rádio", explica Júlia. Hoje, o projeto conta com patrocínio da Endesa Fortaleza, Ministério da Cultura e Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, através de edital. Com o financiamento, o Lamparina de Histórias vai chegar a mais Municípios e mais pessoas, mapeando "àquelas que não vivem tradicionalmente da arte, mas que guardam a história oral do lugar, do seu povo e que deve ser reconhecido".
Agenda
Na próxima sexta-feira, o projeto visita a terra do poeta Patativa. No mesmo horário, contadores e artistas se reunirão na Fundação Memorial Patativa do Assaré. Em cena, o Mestre Chico Paes, com sua sanfona pé-de-bode, o sobrinho do grande poeta popular Patativa do Assaré, Geraldo Gonçalves, compondo o grupo de contadores de histórias, entre outros. Além da parte festiva, todas as cidades receberão um Baú de Leitura, composto por cerca de 300 livros, entre cordéis e livros.
O projeto vai passar por Aquiraz, Canindé, Caucaia, Itarema, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza.
Em volta do fogo, após a colheita, nas noites de lua cheia ou mesmo na beirada da cama, essas pessoas têm contribuído com a construção do imaginário e da memória de sua cultura. Aqui no Ceará, a partir de hoje, diversos contadores tradicionais estarão reunidos no evento cultural Lamparina de Histórias, para compartilhar seus causos.
O Lamparina de Histórias reúne narradores tradicionais e amantes da velha arte de contar histórias para a celebração da palavra através dos causos, lendas, adivinhas, crendices e canções pertencentes à cultura popular. A sua primeira parada acontece hoje no Sertão dos Inhamuns, no Município de Saboeiro. A Praça do Fórum será palco deste evento, a partir das 17h30. Será realizado, ainda, em sete cidades cearenses: Aquiraz, Assaré, Canindé, Caucaia, Fortaleza, Itarema e São Gonçalo do Amarante.
O horário foi pensando estrategicamente. A chegada da noite é festejada com muitas histórias, dessas de trancoso, que arrepiam a alma, num medo tão bom, que tem sempre muita gente, só pra ouvir mais uma vez, aquela história que corre de boca em boca, compondo a literatura oral do nosso povo.
"Além das histórias, os saboeirenses se divertirão, também, com as apresentações do pastoril, dança de São Gonçalo, repentistas, cordelistas, sanfoneiro e o grupo Era uma vez, de Fortaleza", diz a organizadora e também contadora de histórias, Júlia Barros, que já está na cidade de Saboeiro visitando alguns moradores narradores.
Noite no sertão
A organizadora conta que o evento "nasceu justamente da necessidade de conhecer os contadores de história tradicionais das cidades cearenses. Quem são os contadores, o que fazem, onde estão". Segundo ela, sua infância foi sempre recheada de histórias, mesmo sendo criada na cidade grande. No entanto, tinha a curiosidade de saber como era no sertão. "Sempre ouvi muita história, mas eu não conhecia o interior a fundo. Uma vez fui a Saboeiro e vi um céu diferente, no sítio. Vi umas pessoas andando, a noite, com lamparinas, indo na mesma direção. Era noite de lua cheia e aquilo me encantou. Não conhecia o sertão. Eu guardei aquela imagem na minha cabeça", conta sobre a sua primeira experiência sertaneja.
Um outro momento marcante para Júlia Barros e que influenciou na criação do projeto Lamparinas de Histórias foi o contato com os idosos. "Fui para oficina no Centro de idosos. Eles começaram a contar histórias e não pararam mais", disse. A partir daí, a pesquisadora pensou em elaborar um projeto para identificar esses contadores em outras cidades cearenses.
O projeto piloto do Lamparina contou com três edições na Região Metropolitana de Fortaleza. "Em parceria com a Casa do Conto, realizamos três edições, nos bairros Dias Macedo e João XXIII, em Fortaleza, e no Boqueirão dos Cunhas, Caucaia. Aconteceu de uma forma muito amadora. Era só o desejo de conhecer e reconhecer os contadores do lugar", disse. Nessa primeira experiência, "descobrimos contadores fantásticos, como o Seu Manoel Silvestre. Ele é contador nato. Recebe você na casa dele, como se fosse amiga a muito tempo".
Mas, para o projeto ficar completo, "faltava um visual bonito, a mobilização no rádio", explica Júlia. Hoje, o projeto conta com patrocínio da Endesa Fortaleza, Ministério da Cultura e Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, através de edital. Com o financiamento, o Lamparina de Histórias vai chegar a mais Municípios e mais pessoas, mapeando "àquelas que não vivem tradicionalmente da arte, mas que guardam a história oral do lugar, do seu povo e que deve ser reconhecido".
Agenda
Na próxima sexta-feira, o projeto visita a terra do poeta Patativa. No mesmo horário, contadores e artistas se reunirão na Fundação Memorial Patativa do Assaré. Em cena, o Mestre Chico Paes, com sua sanfona pé-de-bode, o sobrinho do grande poeta popular Patativa do Assaré, Geraldo Gonçalves, compondo o grupo de contadores de histórias, entre outros. Além da parte festiva, todas as cidades receberão um Baú de Leitura, composto por cerca de 300 livros, entre cordéis e livros.
O projeto vai passar por Aquiraz, Canindé, Caucaia, Itarema, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza.
MAIS INFORMAÇÕES
Júlia Barros - Organizadora do Lamparina de Histórias
(85) 8894.2141 3252.3343
historiasdajulia@hotmail.com
EMANUELLE LOBO
REPÓRTER
Júlia Barros - Organizadora do Lamparina de Histórias
(85) 8894.2141 3252.3343
historiasdajulia@hotmail.com
EMANUELLE LOBO
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste-publicado 01.12.2010
Confira outra matéria já publicado no Blog Totó Rios-20.02.2011: aqui
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