Apesar de alguns estarem abandonados, mausoléus do campo santo fazem parte da memória da cidade
A ideia é antiga, mas somente agora vem ganhando corpo nas escolas por iniciativa dos próprios estudantes. Tratam-se das visitas ao Cemitério São João Batista, que fica no Centro de Fortaleza, e seus mausoléus, que fazem parte da memória da cidade. Através deles, se conta a história do apogeu das classes ricas, sendo que alguns se encontram abandonados.
Boa parte das edificações, construídas para reverenciar os mortos, são datadas de 1860, quando o local foi inaugurado. Na arquitetura dos jazigos, vários estilos se misturam, com destaque para o neo clássico e o barroco. A ideia da administração do equipamento é fazer com que o local passe a ser frequentado pelos visitantes, fazendo com que esteja integrado ao roteiro turístico da Capital.
O administrador Antônio Carvalho informou que já há entendimentos com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), através da Santa Casa de Misericórdia, administradora do local, com vista a se chegar a um termo como o Governo Federal. Assim, seria possível ajudar o São João Batista e inseri-lo como um destino turístico do Centro.
"Por enquanto, estamos aguardando uma vista de técnicos do órgão. O objetivo é no sentido de reabilitar o cemitério para a visitação de turistas", ressaltou o administrador.
No entanto, a expectativa maior é no sentido de que haja repasse de recursos com vistas ao restauro dos mausoléus, que estão, há vários anos, sem que passar por reformas.
Antônio Carvalho explica que é esse o mais sério gargalo, já que o São João Batista não recebe recursos dos governos estadual e municipal e está vinculado à Santa Casa de Misericórdia, entidade filantrópica.
Apesar da indefinição de apoio de verba pública, o cemitério, curiosamente vem sendo visitado por grupos de estudantes, de forma voluntária ou por iniciativa de entidades, como a Terra da Luz.
Guias
A estudante de turismo e funcionária do cemitério Layane Gadelha, diz que os grupos têm aumentado a cada dia. Ontem, por exemplo, grupo de estudantes do Liceu do Ceará estiveram no local e aproveitaram para conhecer a história das personalidades sepultadas e com forte ligação com a história do Ceará.
"Muitas pessoas chegam aqui sem sequer saber que temos um serviço de guia. Somos treinados para prestar informações sobre a história do cemitério das principais personalidades sepultadas", disse Layane.
Para ela, esse serviço é importante para os estudantes, porque são repassadas informações importantes sobre figuras históricas, antes somente conhecidas pelos nomes de ruas e avenidas.
No caso do São João Batista, Layane lembra que há uma arquitetura muito expressiva, onde se mesclam várias tendências, umas com muitas ostentação e outras nem tanto, mas sempre transmitindo o sentimento de pesar pela morte dos entes queridos.
Ela lamenta, no entanto, que muitos mausoléus se encontrem abandonados. O principal deles é onde estão os restos mortais do Barão de Aratanha, homem importante que residia na Parangaba e grande proprietário de imóveis no Centro. No seu mausoléu estão sepultados outros membros da família Albano. "Há vários mausoléus abandonados, por não mais existir descendentes ou por decisão dos herdeiros", ressaltou
Segundo a Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) não existe nenhum projeto de proteção ou restauro do São João Batista, No entanto, qualquer cidadão ou entidade pode solicitar um pedido formal nesse sentido para o Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic). Mais informações 3105.1291.
ARTE
Barroco e o neoclássico predominam no local
Enquanto o Mausoléu do Barão de Aratanha traz lembranças do período barroco, pela religiosidade e pela expressão dos rostos das imagens, há uma predominância do neoclássico, onde há uma repaginação da arquitetura greco-romana.
O memorialista Marciano Lopes destaca esse mausoléu pela imponência. Elaborado em cobre, tem imagens com tamanho real e está desde o final da década de 90 sem receber serviços de manutenção.
Outro ícone de arquitetura e arte é o mausoléu da família Ferreira Fontenele. O mais importante foi construído para Joana Cabral da Mota. Erguido com mármore, há imagens de ninfas. Recentemente, foram instaladas placas de granito. A obra teve assinatura do artista plástico Frederico Skinner.
Exemplo de esquecimento é do estudante João Nogueira. Para a administração do São João Batista é o mausoléu com maior diversidade de detalhes e símbolos. Trata de um jovem de 22 anos que foi morto à queima roupa, no chamado crime movido pela defesa da honra. Ele havia esmurrado um cobrador de seu pai, e depois foi vingado com a execução em frente ao Clube dos Diários, em 1912.
Justiça
O mausoléu traz a expressão latina ´Justus Deus´ (Justiça de Deus), numa alusão, a falta de punição ao autor do assassinato (absolvido em três julgamentos). Há também imagens dos pais chorando sobre o caixão e dois corações com uma flecha transpassando, numa imagem de dor pela perda.
MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
A beleza arquitetônica dos mausoléus chama a atenção dos visitantes. Há visitas guiadas no São João Batista FOTO: BRUNO GOMES |
Boa parte das edificações, construídas para reverenciar os mortos, são datadas de 1860, quando o local foi inaugurado. Na arquitetura dos jazigos, vários estilos se misturam, com destaque para o neo clássico e o barroco. A ideia da administração do equipamento é fazer com que o local passe a ser frequentado pelos visitantes, fazendo com que esteja integrado ao roteiro turístico da Capital.
O administrador Antônio Carvalho informou que já há entendimentos com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), através da Santa Casa de Misericórdia, administradora do local, com vista a se chegar a um termo como o Governo Federal. Assim, seria possível ajudar o São João Batista e inseri-lo como um destino turístico do Centro.
"Por enquanto, estamos aguardando uma vista de técnicos do órgão. O objetivo é no sentido de reabilitar o cemitério para a visitação de turistas", ressaltou o administrador.
No entanto, a expectativa maior é no sentido de que haja repasse de recursos com vistas ao restauro dos mausoléus, que estão, há vários anos, sem que passar por reformas.
Antônio Carvalho explica que é esse o mais sério gargalo, já que o São João Batista não recebe recursos dos governos estadual e municipal e está vinculado à Santa Casa de Misericórdia, entidade filantrópica.
Apesar da indefinição de apoio de verba pública, o cemitério, curiosamente vem sendo visitado por grupos de estudantes, de forma voluntária ou por iniciativa de entidades, como a Terra da Luz.
Guias
A estudante de turismo e funcionária do cemitério Layane Gadelha, diz que os grupos têm aumentado a cada dia. Ontem, por exemplo, grupo de estudantes do Liceu do Ceará estiveram no local e aproveitaram para conhecer a história das personalidades sepultadas e com forte ligação com a história do Ceará.
"Muitas pessoas chegam aqui sem sequer saber que temos um serviço de guia. Somos treinados para prestar informações sobre a história do cemitério das principais personalidades sepultadas", disse Layane.
Para ela, esse serviço é importante para os estudantes, porque são repassadas informações importantes sobre figuras históricas, antes somente conhecidas pelos nomes de ruas e avenidas.
No caso do São João Batista, Layane lembra que há uma arquitetura muito expressiva, onde se mesclam várias tendências, umas com muitas ostentação e outras nem tanto, mas sempre transmitindo o sentimento de pesar pela morte dos entes queridos.
Ela lamenta, no entanto, que muitos mausoléus se encontrem abandonados. O principal deles é onde estão os restos mortais do Barão de Aratanha, homem importante que residia na Parangaba e grande proprietário de imóveis no Centro. No seu mausoléu estão sepultados outros membros da família Albano. "Há vários mausoléus abandonados, por não mais existir descendentes ou por decisão dos herdeiros", ressaltou
Segundo a Coordenação de Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) não existe nenhum projeto de proteção ou restauro do São João Batista, No entanto, qualquer cidadão ou entidade pode solicitar um pedido formal nesse sentido para o Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic). Mais informações 3105.1291.
ARTE
Barroco e o neoclássico predominam no local
Enquanto o Mausoléu do Barão de Aratanha traz lembranças do período barroco, pela religiosidade e pela expressão dos rostos das imagens, há uma predominância do neoclássico, onde há uma repaginação da arquitetura greco-romana.
O memorialista Marciano Lopes destaca esse mausoléu pela imponência. Elaborado em cobre, tem imagens com tamanho real e está desde o final da década de 90 sem receber serviços de manutenção.
Outro ícone de arquitetura e arte é o mausoléu da família Ferreira Fontenele. O mais importante foi construído para Joana Cabral da Mota. Erguido com mármore, há imagens de ninfas. Recentemente, foram instaladas placas de granito. A obra teve assinatura do artista plástico Frederico Skinner.
Exemplo de esquecimento é do estudante João Nogueira. Para a administração do São João Batista é o mausoléu com maior diversidade de detalhes e símbolos. Trata de um jovem de 22 anos que foi morto à queima roupa, no chamado crime movido pela defesa da honra. Ele havia esmurrado um cobrador de seu pai, e depois foi vingado com a execução em frente ao Clube dos Diários, em 1912.
Justiça
O mausoléu traz a expressão latina ´Justus Deus´ (Justiça de Deus), numa alusão, a falta de punição ao autor do assassinato (absolvido em três julgamentos). Há também imagens dos pais chorando sobre o caixão e dois corações com uma flecha transpassando, numa imagem de dor pela perda.
MARCUS PEIXOTO
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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