quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Vamos ler Ronaldo Correia de Brito

Textos do escritor cearense estão reunidos no último lançamento da coleção Crônicas Para Ler na Escola, da editora Objetiva
Ronaldo Correia de Brito escreve quinzenalmente aos domingos no Vida & Arte Cultura, no O POVO (DIVULGAÇÃO)


Em meio a escritores como João Ubaldo Ribeiro, Ignácio Loyola Brandão, Ruy Castro e Carlos Heitor Cony, o cearense radicado em Recife Ronaldo Correia de Brito, 60, é o mais novo autor da coleção Crônicas para Ler na Escola, da editora Objetiva. Cronista desde a fundação da revista recifense Continente Multicultural (hoje apenas Continente), na qual assinou por sete anos uma longa crônica mensal, Ronaldo reúne no volume textos dessa primeira produção e crônicas mais recentes publicadas na revista online Terra Magazine e aos domingos no Vida & Arte Cultura, no qual publica quinzenalmente.


“Eu tô escrevendo seis crônicas por mês. Não é muito se você pensar que o Luís Fernando Veríssimo escreveu por boa parte da vida uma por dia. Mas pra mim, que sou um escritor mais lento, isso representa muito”, contabiliza ele ao telefone, falando do Crato, onde visita os pais estes dias. 
Residente no Recife desde os 17 anos, o também médico Ronaldo Correia de Brito faz das lembranças de sua infância na região do Cariri – ou antes, em Saboeiro, no Sertão dos Inhamuns, onde nasceu – tema recorrente em sua produção ficcional e, como não poderia deixar de ser, nas crônicas periódicas. No entanto, nestes textos ao rés-do-chão, a predisposição do gênero para a confusão entre narrador e autor acaba por desaguar a apreciada aproximação por Ronaldo entre crônica e conto na narrativa memorialista do escritor.
“A interferência da voz do autor no narrador é muito frequente na crônica. Você vai ver isso nas pessoas que tem mais renome na crônica no Brasil, o próprio Manuel Bandeira, Luís Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, Zuenir Ventura...”, considera o autor.
Ao lado disso, outra temática recorrente na coletânea, ou melhor, preponderante, pela própria proposta da coleção, são os textos que tratam da matéria imediata da literatura. “Quase metade deles falam de livros, falam das minhas experiências com os livros, das minhas experiências com as bibliotecas, com as bibliotecárias, da revolução que acontece na minha vida através dos livros, do meu amor por eles”, enumera Ronaldo.
O escritor conta que, ao saber da receptividade do livro, ligou para seu editor a fim de informar que a partir dali não escreveria nem um conto sequer a mais, muito menos outro romance. Segundo o próprio Ronaldo, os gêneros que lhe notabilizaram em obras como O livro dos homens (2005, Cosac Naif) e Galileia (2009, Alfaguara) estafam o escritor, exigem sobremaneira do labor técnico, bagunçam as emoções, e ao final da tarefa não apresentam satisfatória relação custo benefício. Caso diametralmente oposto ao da crônica, que na sua leveza despretensiosa, por assim dizer, deixa a escrita fluir com maior naturalidade e rapidez, encurtando a distância entre autor e leitor. 
“Os leitores adoram essas crônicas, que não me dão muito trabalho, pelo contrário, só me dão prazer”, brinca. Não obstante, ele adianta que trabalha atualmente na publicação dos dois volumes restantes da Trilogia das Festas Brasileiras, projeto de literatura infantil em parceiro com Assis Brasil que reúne também música e teatro, e diz esperar que seu segundo romance (estreou no gênero com Galileia, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2009) chegue às livrarias próximo ano. “Eu estou morrendo de trabalhar para ver se sai”, confessa. A coletânea Crônicas para Ler na Escola sucede na biblioteca do autor o livro de contos Retratos Imorais (Alfaguara), lançado ano passado.

SERVIÇO

CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA
O que: mais novo item da coleção da Editora Objetiva com foco na obra do cearense Ronaldo Correia de Brito. 172 páginas.
Quanto: R$ 28,90.

Pedro Rocha
pedrorocha@opovo.com.br

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