segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A persistência da palavra impressa

Valorizadas pelos escritores, as revistas literárias cearenses enfrentam a histórica dificuldade de distribuição

O inquieto Mardônio França: poeta, agitador cultural e um dos cabeças do movimentado selo editorial Corsário
FOTO: MARÍLIA CAMELO


Longe de representar grandes mudanças no mercado editorial, as "facilidades" na publicação revelam um mercado "independente" (à margem das grandes editoras) ainda bastante informal e áspero. Parte do corpo de editores da revista Pindaíba, André Dias toma a experiência da revista como mostra da dificuldade em atuar de forma mais contundente e profissional no mercado local.

Com raízes na experiência de impressão de fanzines literários, a Pindaíba teve o seu primeiro número lançado em 2003. O segundo número veio seis anos mais tarde e o terceiro está por ser lançado. "Tínhamos a pretensão de fazer semestralmente. Então, lançamos a número 1. A segunda saiu em 2009, com o nº 11 (que seria o correspondente caso a revista estivesse seguindo sua periodicidade). A terceira vai ser a número 21", ilustra, com o humor ácido que caracteriza a revista. Entre os entraves mais latentes à publicação impressa, ele cita a distribuição. Apesar de impresso em 2009, 75 exemplares do número 11 da revista ainda estão no estoque dos editores.

Experiência semelhante tem a revista e selo editorial Corsário. Idealizada por Mardônio França e Katiusha de Moraes, a publicação parte do fanzine para a internet, onde, a partir de 2005, começam a publicar suas revistas eletrônicas.

"Gostamos de trabalhar literatura em outras mídias. Não tem só poemas em forma de texto. Publicamos foto-poemas, vídeo-poemas, áudio. A revista eletrônica já surgiu com essa veia de trabalhar literatura em diálogo", destaca Mardônio sobre as possibilidades da internet. A partir da revista eletrônica, eles deram sequência ao trabalho de editoração lançando o selo para publicação de livros impressos. O papel surge então no caminho da Corsário como uma necessidade.

Papel
Apesar de ter quase todos seus livros publicados on-line, disponibilizados na íntegra pelos autores, é no papel que estes livros se realizam. "Eu acredito na materialização. Papel é um suporte muito importante e que não pode ser esquecido. Esse negocio de botar fogo em papel é uma discussão gratuita", defende Mardônio.

Atualmente, o selo contabiliza 11 livros editados e publicados, um revista impressa, outras duas no prelo e mais de 100 colaboradores de vários Estados e até outros países. "Papel não é como disco de cera que ficou para colecionador", diz Mardônio, que já programa para setembro o lançamento do segundo número da revista Corsário.

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