Pesquisadores se reúnem para debater os desdobramentos da história da arte a partir do Ceará: acontece hoje, na Vila das Artes, o 1º Colóquio Laphista
O laboratório de Pesquisa em História da Arte é uma ação vinculada à Galeria Antônio Bandeira, localizada no Centro de Referência do Professor, um espaço expositivo com quase 50 anos de história FOTO: KID JÚNIOR
Há um ano, pesquisadores de diversos campos se reuniam para instituir um espaço de pesquisa importante para o Estado, cujas bases estão fincadas em uma demanda local: pensar sobre a história da arte a partir do Ceará, estimulando o estudo acerca dos espaços de exposição, da formação do historiador de arte e da memória do fazer artístico. A esse grupo deu-se o nome de Laboratório de Pesquisa em História da Arte - Laphista, organizado pela Galeria Antônio Bandeira, equipamento da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor).
Em comemoração ao primeiro ano de funcionamento do laboratório, participantes organizaram o 1º Colóquio Laphista, uma programação com o objetivo de promover intercâmbios entre estudos dessa área. O evento, que inicia às 9h de hoje e se estende até as 18h, tem como tema o desdobrar.
Intercâmbio
Segundo Carolina Ruoso, coordenadora do Laphista, os debates devem refletir uma proposta central do grupo que é perceber a trajetória da arte a partir de uma perspectiva dinâmica. "Antes, em geral, se pensava o artista enquadrado em uma única escola. Se dizia que ele era influenciado por nomes específicos. Queremos pensar, na verdade, que esses artistas trocam influências e experiências, que isso é muito mais flexível e simultâneo", explica a pesquisadora.
Com debates baseados nessa lógica de circulação de saberes, os pesquisadores deverão desenvolver seus estudos e trocar informações acerca de como se formam as redes de relações entre os artistas. "Quando os artistas se deslocam, por exemplo, eles formam uma importante rede de trocas e de influências. Ocorre aí uma releitura de elementos e até de técnicas que precisam ser pensadas, como cada lugar reinterpreta o seu fazer artístico", elabora Carolina.
Para o laboratório, é importante pensar nos intercâmbios culturais dos sujeitos tanto quanto nas articulações promovidas pelos sistemas de políticas públicas regidos pelos governos. Segundo Carolina, a conjuntura atual é favorável às artes quando se pensa sobre os editais lançados, as políticas de incentivo à construção de museus em pequenas cidades e os fóruns promovidos para fazer com que os museus dialoguem. "O laboratório também surge nesse contexto, pensando no espaço das galerias voltado para a comunidade, com produção de pesquisa e construção do conhecimento", acrescenta a coordenadora.
Debate
Partindo de uma proposta inteligente de pensar não só a escrita de uma história da arte cearense, mas uma história da arte a partir do Ceará (percebendo o estado não como lugar isolado, mas situado em um contexto nacional), o colóquio pretende dar visibilidade aos trabalhos que vem sendo desenvolvidos ao longo desse primeiro ano de existência.
Na ocasião, algumas palestras discutem espaços locais, como o Museu de Artes da Universidade Federal do Ceará, primeiro museu de artes de Fortaleza, inaugurado em 1961; o Museu Firmeza, mantido pelos artistas plásticos Nice e Estrigas desde a década de 70; e o Salão de Abril, uma das ações artísticas mais antigas de Fortaleza, caminhando para sua 63ª edição.
Além disso, a mestranda em Comunicação da UFC, Fernanda Meireles, e a mestre em comunicação Nila Bandeira, coordenadora da pós-graduação em Design Gráfico na Faculdade 7 de Setembro, deverão deitar um olhar crítico sobre o fluxo e a produção da arte em papel. Fernanda elabora sobre um tema há muito por ela explorado: os fanzines; e Nila estuda a arte postal. Ambos os projetos observam a dinâmica dos processos, a arte em rede através da troca de correspondências.
Museus
Dentro da programação, o trabalho de Graciele Siqueira, mestre em Museologia e Patrimônio pela Unirio e museóloga do Mauc, chama a atenção pela urgência do tema. Intitulado "A Formação Profissional do Museólogo no Brasil", o projeto traz à tona uma importante demanda cearense. "Temos no Ceará excelentes profissionais, mas ainda que as faculdades de história contemplem o tema, nos faltam cursos de museologia ou mesmo uma linha de pesquisa de pós-graduação voltada para esse campo", comenta Carolina.
Segundo a coordenadora, o Museu do Ceará e o Sistema Nacional de Museus vem, há muito, discutindo a constituição de uma formação efetiva em museologia no Estado. O 1º Colóquio Laphista é aberto ao público, mas, para além do evento, os interessados em participar do laboratório podem ir aos encontros quinzenais, promovidos às segundas-feiras, das 9h ao meio dia, na Vila das Artes.
INTERCÂMBIO CULTURAL
HOJE
9h- Abertura com: Maíra Ortins, Coordenadora de Artes Visuais da Secultfor; Mariana Ratts, Diretora da Galeria Antônio Bandeira e Carolina Ruoso, Coordenadora do Laphista.
9h30- “Um currículo fora das grades: limites, desafios e possibilidades para a formação do historiador da arte na era da web 2.0”, com Natália Barros, doutoranda em História.
10h30 -“O discurso e o objeto na arte contemporânea brasileira”, com Jacqueline Medeiros: Gerente de Artes do Centro Cultural BNB Fortaleza.
11h - “Reconfigurações do alegórico no contemporâneo - por uma leitura anacrônica da obra de arte”, com Milena Travassos, doutoranda em Comunicação na UFRJ.
11h30- “O Cubo Branco em Fortaleza: análise do planejamento nos espaços expográficos”, com Francisco Galber Rocha Santiago, Técnico em Design Ambiental pelo IFCE.
14h - “Zines: Cartas de Trajetórias Urbanas”, com Fernanda Meireles, mestranda em Comunicação da UFC
14h30 - “Arte Postal, uma arte em rede”, com Fernanda Meireles e Nila Bandeira, coordenadora da pós-graduação em Design Gráfico na Fa7.
16h - “Crise da Contemporaneidade e o Problema da Função Social da Arte: O Museu Firmeza com o espaço de resistência”, com Milton Ferreira, historiador pela UECE e aluno de especialização em Psicopedagogia Clínica.
16h30 - “O salão de Abril e sua trajetória como lugar legitimador da arte cearense (1953 – 1964)” com Anderson de Sousa, bolsista da FUNCAP, atuando no Núcleo de Conservação e Documentação do Acervo do Memorial da Cultura Cearense.
17h - “Antropofagias museais: dos projetos imaginados para o MAUC” com Carolina Ruoso, coordenadora do Laphista.
17h30 -“A formação profissional do museólogo no Brasil”, com Graciele Siqueira, mestre em Museologia e Patrimônio (UNIRIO-MAST)
MAIS INFORMAÇÕES
1º Colóquio Laphista ("Desdobrar histórias da arte: redes, narrativas e monumentos"), hoje, das 9h às 18h, na Vila das Artes (R. 24 de Maio, 1221). Contato: (85) 3252.1444
MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER
O laboratório de Pesquisa em História da Arte é uma ação vinculada à Galeria Antônio Bandeira, localizada no Centro de Referência do Professor, um espaço expositivo com quase 50 anos de história FOTO: KID JÚNIOR
Há um ano, pesquisadores de diversos campos se reuniam para instituir um espaço de pesquisa importante para o Estado, cujas bases estão fincadas em uma demanda local: pensar sobre a história da arte a partir do Ceará, estimulando o estudo acerca dos espaços de exposição, da formação do historiador de arte e da memória do fazer artístico. A esse grupo deu-se o nome de Laboratório de Pesquisa em História da Arte - Laphista, organizado pela Galeria Antônio Bandeira, equipamento da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor).
Em comemoração ao primeiro ano de funcionamento do laboratório, participantes organizaram o 1º Colóquio Laphista, uma programação com o objetivo de promover intercâmbios entre estudos dessa área. O evento, que inicia às 9h de hoje e se estende até as 18h, tem como tema o desdobrar.
Intercâmbio
Segundo Carolina Ruoso, coordenadora do Laphista, os debates devem refletir uma proposta central do grupo que é perceber a trajetória da arte a partir de uma perspectiva dinâmica. "Antes, em geral, se pensava o artista enquadrado em uma única escola. Se dizia que ele era influenciado por nomes específicos. Queremos pensar, na verdade, que esses artistas trocam influências e experiências, que isso é muito mais flexível e simultâneo", explica a pesquisadora.
Com debates baseados nessa lógica de circulação de saberes, os pesquisadores deverão desenvolver seus estudos e trocar informações acerca de como se formam as redes de relações entre os artistas. "Quando os artistas se deslocam, por exemplo, eles formam uma importante rede de trocas e de influências. Ocorre aí uma releitura de elementos e até de técnicas que precisam ser pensadas, como cada lugar reinterpreta o seu fazer artístico", elabora Carolina.
Para o laboratório, é importante pensar nos intercâmbios culturais dos sujeitos tanto quanto nas articulações promovidas pelos sistemas de políticas públicas regidos pelos governos. Segundo Carolina, a conjuntura atual é favorável às artes quando se pensa sobre os editais lançados, as políticas de incentivo à construção de museus em pequenas cidades e os fóruns promovidos para fazer com que os museus dialoguem. "O laboratório também surge nesse contexto, pensando no espaço das galerias voltado para a comunidade, com produção de pesquisa e construção do conhecimento", acrescenta a coordenadora.
Debate
Partindo de uma proposta inteligente de pensar não só a escrita de uma história da arte cearense, mas uma história da arte a partir do Ceará (percebendo o estado não como lugar isolado, mas situado em um contexto nacional), o colóquio pretende dar visibilidade aos trabalhos que vem sendo desenvolvidos ao longo desse primeiro ano de existência.
Na ocasião, algumas palestras discutem espaços locais, como o Museu de Artes da Universidade Federal do Ceará, primeiro museu de artes de Fortaleza, inaugurado em 1961; o Museu Firmeza, mantido pelos artistas plásticos Nice e Estrigas desde a década de 70; e o Salão de Abril, uma das ações artísticas mais antigas de Fortaleza, caminhando para sua 63ª edição.
Além disso, a mestranda em Comunicação da UFC, Fernanda Meireles, e a mestre em comunicação Nila Bandeira, coordenadora da pós-graduação em Design Gráfico na Faculdade 7 de Setembro, deverão deitar um olhar crítico sobre o fluxo e a produção da arte em papel. Fernanda elabora sobre um tema há muito por ela explorado: os fanzines; e Nila estuda a arte postal. Ambos os projetos observam a dinâmica dos processos, a arte em rede através da troca de correspondências.
Museus
Dentro da programação, o trabalho de Graciele Siqueira, mestre em Museologia e Patrimônio pela Unirio e museóloga do Mauc, chama a atenção pela urgência do tema. Intitulado "A Formação Profissional do Museólogo no Brasil", o projeto traz à tona uma importante demanda cearense. "Temos no Ceará excelentes profissionais, mas ainda que as faculdades de história contemplem o tema, nos faltam cursos de museologia ou mesmo uma linha de pesquisa de pós-graduação voltada para esse campo", comenta Carolina.
Segundo a coordenadora, o Museu do Ceará e o Sistema Nacional de Museus vem, há muito, discutindo a constituição de uma formação efetiva em museologia no Estado. O 1º Colóquio Laphista é aberto ao público, mas, para além do evento, os interessados em participar do laboratório podem ir aos encontros quinzenais, promovidos às segundas-feiras, das 9h ao meio dia, na Vila das Artes.
INTERCÂMBIO CULTURAL
HOJE
9h- Abertura com: Maíra Ortins, Coordenadora de Artes Visuais da Secultfor; Mariana Ratts, Diretora da Galeria Antônio Bandeira e Carolina Ruoso, Coordenadora do Laphista.
9h30- “Um currículo fora das grades: limites, desafios e possibilidades para a formação do historiador da arte na era da web 2.0”, com Natália Barros, doutoranda em História.
10h30 -“O discurso e o objeto na arte contemporânea brasileira”, com Jacqueline Medeiros: Gerente de Artes do Centro Cultural BNB Fortaleza.
11h - “Reconfigurações do alegórico no contemporâneo - por uma leitura anacrônica da obra de arte”, com Milena Travassos, doutoranda em Comunicação na UFRJ.
11h30- “O Cubo Branco em Fortaleza: análise do planejamento nos espaços expográficos”, com Francisco Galber Rocha Santiago, Técnico em Design Ambiental pelo IFCE.
14h - “Zines: Cartas de Trajetórias Urbanas”, com Fernanda Meireles, mestranda em Comunicação da UFC
14h30 - “Arte Postal, uma arte em rede”, com Fernanda Meireles e Nila Bandeira, coordenadora da pós-graduação em Design Gráfico na Fa7.
16h - “Crise da Contemporaneidade e o Problema da Função Social da Arte: O Museu Firmeza com o espaço de resistência”, com Milton Ferreira, historiador pela UECE e aluno de especialização em Psicopedagogia Clínica.
16h30 - “O salão de Abril e sua trajetória como lugar legitimador da arte cearense (1953 – 1964)” com Anderson de Sousa, bolsista da FUNCAP, atuando no Núcleo de Conservação e Documentação do Acervo do Memorial da Cultura Cearense.
17h - “Antropofagias museais: dos projetos imaginados para o MAUC” com Carolina Ruoso, coordenadora do Laphista.
17h30 -“A formação profissional do museólogo no Brasil”, com Graciele Siqueira, mestre em Museologia e Patrimônio (UNIRIO-MAST)
MAIS INFORMAÇÕES
1º Colóquio Laphista ("Desdobrar histórias da arte: redes, narrativas e monumentos"), hoje, das 9h às 18h, na Vila das Artes (R. 24 de Maio, 1221). Contato: (85) 3252.1444
MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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