Locais do acervo do Sítio Caldeirão, como a capela construída pelo beato José Lourenço, estão deteriorados
Crato A calçada da capela construída pelo beato José Lourenço, no Sítio Caldeirão, foi parcialmente destruída pelas chuvas. O pátio em frente à capela e a biblioteca foram cobertos pelo mato. O estado de conservação da estrada que dá acesso ao sítio é precário. Foi difícil chegar ao local com um ônibus transportando estudantes da Escola de Ensino Fundamental Liceu do Crato, que desenvolvem projeto voltado para a valorização da educação ambiental e para o respeito aos aspectos regionais.
O programa, coordenado pelos professores Marcelo Alencar, Eldinho Pereira e Erlânio Costa, tem o intuito de realizar uma série de aulas de campo em lugares de interesse sociocultural. A aula ocorreu entre escombros e edificações que compõem o Sítio Caldeirão, local onde, segundo o professor Eldinho Pereira, o astuto beato José Lourenço e seus seguidores viveram uma experiência coletiva, religiosa e igualitária.
A secretária de Cultura do Crato, Daniella Esmeraldo, tem conhecimento dos estragos causados pelas chuvas. Ela disse que esteve lá com o secretário da Infraestrutura, José Muniz, que prometeu recuperar os danos. A primeira providência, de acordo com Daniela, foi contratar uma pessoa para cuidar do patrimônio.
Além da restauração da capela e da casa do morador, deixados pelo beato, foram construídos, em parceria com o Governo do Estado, um museu com auditório e biblioteca, dois banheiros e aberto espaço para acolher os turistas e os romeiros que visitam a localidade.
Atrativos culturais
O objetivo do projeto, segundo a secretária, é fornecer uma estrutura com atrativos culturais, turísticos e históricos, com aproveitamento racional do potencial do espaço, trazendo como elemento a memória histórica da experiência vivenciada. É o resgate não só material, mas imaterial também.
Dentro das metas estruturais do projeto, nos moldes arquitetônicos das construções da região, consta a reconstrução da casa do beato José Lourenço, resgatando o modelo original, restauração completa da capela de Santo Inácio, com altares, santos e mobiliários, restauração completa do cruzeiro, das fundações e identificação dos cemitérios e dos túmulos dos jesuítas. Além dos acessos aos caldeirões, construção de Memorial da Religiosidade dos povos do Nordeste, incluindo o próprio Caldeirão, Canudos, Pedra Bonita, Pau de Colher, entre outros locais.
Instalando-se no Sítio Caldeirão, propriedade de Padre Cícero, os camponeses formaram uma pequena sociedade coletiva e igualitária, prosperando tanto que chegaram a vender os excedentes nas cidades vizinhas pela região.
Difamação
O Sítio Caldeirão causou preocupação para as elites da época, desagradando fortemente à Igreja e os latifundiários que perdiam a mão-de-obra barata da região. As difamações culminaram com a acusação de que o beato Zé Lourenço era "agente bolchevique".
Quando Padre Cícero morreu, em 1934, as terras foram herdadas pelos padres salesianos e os camponeses do Caldeirão ficaram desamparados.
No mês de maio de 1936, a comunidade era dispersa e o sítio foi incendiado. Zé Lourenço e seus seguidores rumaram para nova comunidade. Alguns dos moradores resolveram se vingar e realizaram emboscada, matando alguns policiais, o que foi respondido com verdadeiro massacre de camponeses pelos policiais (estima-se entre 300 e mil mortos).
Antônio Vicelmo
Repórter
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Cultura do Crato, Centro Cultural do Araripe
Centro - Região do Cariri
Telefone: (88) 3523.2365
Calçadas DA CAPELA do Sítio Caldeirão foram danificadas pela chuva. O local foi construído pelo beato José Lourenço. A estrada de acesso também está precária FOTO: ANTÔNIO VICELMO |
O programa, coordenado pelos professores Marcelo Alencar, Eldinho Pereira e Erlânio Costa, tem o intuito de realizar uma série de aulas de campo em lugares de interesse sociocultural. A aula ocorreu entre escombros e edificações que compõem o Sítio Caldeirão, local onde, segundo o professor Eldinho Pereira, o astuto beato José Lourenço e seus seguidores viveram uma experiência coletiva, religiosa e igualitária.
A secretária de Cultura do Crato, Daniella Esmeraldo, tem conhecimento dos estragos causados pelas chuvas. Ela disse que esteve lá com o secretário da Infraestrutura, José Muniz, que prometeu recuperar os danos. A primeira providência, de acordo com Daniela, foi contratar uma pessoa para cuidar do patrimônio.
Além da restauração da capela e da casa do morador, deixados pelo beato, foram construídos, em parceria com o Governo do Estado, um museu com auditório e biblioteca, dois banheiros e aberto espaço para acolher os turistas e os romeiros que visitam a localidade.
Atrativos culturais
O objetivo do projeto, segundo a secretária, é fornecer uma estrutura com atrativos culturais, turísticos e históricos, com aproveitamento racional do potencial do espaço, trazendo como elemento a memória histórica da experiência vivenciada. É o resgate não só material, mas imaterial também.
Dentro das metas estruturais do projeto, nos moldes arquitetônicos das construções da região, consta a reconstrução da casa do beato José Lourenço, resgatando o modelo original, restauração completa da capela de Santo Inácio, com altares, santos e mobiliários, restauração completa do cruzeiro, das fundações e identificação dos cemitérios e dos túmulos dos jesuítas. Além dos acessos aos caldeirões, construção de Memorial da Religiosidade dos povos do Nordeste, incluindo o próprio Caldeirão, Canudos, Pedra Bonita, Pau de Colher, entre outros locais.
Instalando-se no Sítio Caldeirão, propriedade de Padre Cícero, os camponeses formaram uma pequena sociedade coletiva e igualitária, prosperando tanto que chegaram a vender os excedentes nas cidades vizinhas pela região.
Difamação
O Sítio Caldeirão causou preocupação para as elites da época, desagradando fortemente à Igreja e os latifundiários que perdiam a mão-de-obra barata da região. As difamações culminaram com a acusação de que o beato Zé Lourenço era "agente bolchevique".
Quando Padre Cícero morreu, em 1934, as terras foram herdadas pelos padres salesianos e os camponeses do Caldeirão ficaram desamparados.
No mês de maio de 1936, a comunidade era dispersa e o sítio foi incendiado. Zé Lourenço e seus seguidores rumaram para nova comunidade. Alguns dos moradores resolveram se vingar e realizaram emboscada, matando alguns policiais, o que foi respondido com verdadeiro massacre de camponeses pelos policiais (estima-se entre 300 e mil mortos).
Antônio Vicelmo
Repórter
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Secretaria de Cultura do Crato, Centro Cultural do Araripe
Centro - Região do Cariri
Telefone: (88) 3523.2365
Fonte: Diário do Nordeste
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