quarta-feira, 6 de abril de 2011

Macho apaixonado

O jornalista e escritor cearense Xico Sá retorna a Fortaleza para lançar seu mais novo livro. Na agenda dele, literatura, mulheres e futebol

O jornalista e escritor Xico Sá, um dos expoentes da crônica no País: abordagem bem-humorada e despojada da relação entre homens e mulheres
Por conta de amigos e familiares, Fortaleza entra no calendário de viagens todo ano. Mas profissionalmente, a última visita foi em 2006, quando lançou aqui o livro "Catecismo de Devoções, Intimidades & Pornografias". Para tirar o atraso, o jornalista e escritor Xico Sá retorna à capital cearense para três eventos seguidos - sendo um deles o lançamento de seu novo livro, "Chabadabadá - aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha", amanhã, na livraria Saraiva.

A maratona inclui ainda o encontro "Orgias Literárias", no Boteco do Arlindo, e um bate-papo sobre futebol no Buoni Amici´s, respectivamente, hoje e quinta-feira. A programação inaugura o projeto Mundo Livro - Literatura ao Alcance de Todos, que pretende expandir e estimular esse tipo de evento, visando oportunizar o acesso do livro a novos leitores e consolidar a leitura como bem cultural entre os que já costumam manter esse hábito.

Nascido no Crato (região do Cariri cearense), Xico Sá iniciou sua trajetória profissional em Recife e, atualmente, mora em São Paulo. Participa dos programas de televisão Cartão Verde (TV Cultura, sobre futebol) e Notícias MTV. Mas é no blog da Folha.com que dá vazão à parte do trabalho pelo qual é mais conhecido: as crônicas sobre o universo das relações amorosas, dos machos "frouxos" e das fêmeas "modernas".

"Comecei a coluna de crônicas em 1995, na Revista da Folha", recorda Xico. A carreira como "consultor sentimental", no entanto, teve início bem antes, ainda no Ceará. "No comecinho dos anos 80 participava de um programa de rádio em Juazeiro, chamado Temas de Amor. Eu colaborava respondendo às cartas de ouvintes aflitas com aconselhamentos em forma de poema", lembra.

A experiência continuou em Recife. "Lá, como estudante, fazia esses serviços de poemas de amor, de declaração por encomenda", revela Xico.

Mais à frente, a partir das crônicas sobre o assunto, nasceu o livro "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea", um dos mais conhecidos de sua bibliografia. Nele o autor reúne textos bem-humorados sobre o comportamento masculino.

Agora, em "Chabadabadá" (referência à trilha sonora do filme "Um Homem, Uma Mulher", do diretor Claude Lelouch), Xico continua a explorar o infindável universo de dramas e histórias das relações amorosas - dessa vez, porém, mais focado no homem "perdido" frente à "modernidade" da fêmea. A obra reúne crônicas inéditas e publicadas em vários veículos para os quais Xico colaborou ao longo da carreira, e tem ilustrações mais que apropriadas de Benício, autor dos principais cartazes da pornochanchada brasileira, nos anos 70 e 80.

"Quando tem amor no meio todo mundo fica um pouco desorientado. Mas os homens estão mais medrosos, com receio de relacionamentos mais longos, de criar vínculos", critica o escritor. "Defendo muito a passionalidade. Vá com tudo, devote-se à mulher".

Querido
Tal raciocínio rendeu um bem-querer considerável do jornalista por parte do público feminino. "Tenho muitas amigas que me procuram quando estão com problemas no casamento, no namoro. Perguntam-me o que acho sobre essa ou aquela atitude do homem. Isso serve de material para as crônicas, tanto que são mais mulheres que compram o livro", observa Xico.

Além dos desabafos das amigas, o repertório do autor vem de um apurado olhar de cronista. "Hoje tiro inspiração da noite, da boemia, de garçons, de barracos de casais que vejo", confessa Xico.

Tanto que todos os textos de "Chabadabadá" são baseados em fatos ou personagens reais. "Ponho algum exagero, claro, para tornar o resultado mais literário. Mas sempre há gente por trás, pessoas de carne e osso que sofrem", ressalta. A abordagem bem-humorada e despojada de Xico encontrou na crônica o formato perfeito. "É um gênero rápido, comunicativo, embora considerada prima pobre da literatura. Quando todos achavam que a crônica estava morta, ela ressurgiu com força nos blogs", destaca o jornalista. Sobre a passagem por Fortaleza, Xico diz-se animado. "Não dá pra ficar esperando a contabilidade das livrarias. Aprecio o contato com o leitor, e isso faz parte da luta para viver de literatura e fazer com que ela tenha mais valor".

Com um bate-papo sobre relacionamentos, outro sobre futebol e a sessão de autógrafos, fica a dúvida: afinal, qual a grande paixão do cronista, o esporte, a literatura ou a mulher? "Ainda prefiro infinitamente o mundo dos relacionamentos. Já me juntei cinco vezes, em histórias que tiveram coisas boas e ruins. Hoje estou solteiro, mas doido pelo ´hexacampeonato´. Sou boêmio, mas prefiro o xodó".

MAIS INFORMAÇÕES
Orgias Literárias, com Xico Sá. Hoje, às 20 horas, no Boteco do Arlindo (R. Carlos Gomes, 83, Bairro de Fátima). Contato: (85) 3021.4982. Lançamento do livro "Chabadabadá" e sessão de autógrafos com o autor. Amanhã, na Saraiva Megastore Shopping Iguatemi. Contato: (85) 3241.1986.
Bate-papo com Xico Sá sobre futebol. Dia 08/04, no Buoni Amici´s (R. Dragão do Mar, 80, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura).
Contato: (85) 3219.5454

ADRIANA MARTINS 
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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