Eles não são levados a sério por ninguém: nem pelos próprios colegas de profissão, nem pelos admiradores da cantoria de viola nordestina. Chegam a “encher o saco” dos banhistas que no final de semana vão pegar um bronze na praia, entornar uma loira suada, ou uma cachacinha com peixe frito nas praias da capital e do litoral de Pernambuco. São chamados - Cantadores de Praia. Aliás, a maioria dos banhistas bronzeados não gosta desse tipo de artista relacionado à cultura do povo, preconceituosamente chamados “ratos de praia” por não estar de braços com a mídia, e nem fazer parte da novela das oito. Mas, não fica só por aí.
Os próprios colegas de profissão não têm simpatia pelos divulgadores de “versos decorados”. Não é bem assim. Apesar deles em certo momento encherem realmente o nosso saco, com o atenuante de venderem falsos produtos, esses cantadores fazem um esforço tremendo para complementar seus parcos salários, exercendo a profissão de cortadores de cana, de modo que, nos finais de semana eles migram para o Recife e se espalham pelas praias, ruas e restaurantes da capital com as violas à tira colo, em busca de um complemento que lhes garantam o sustento da família.
Na verdade, não existem cantadores de viola (no caso de Pernambuco), somente na região do Pajeú, mas nas cidades de: Carpina, Limoeiro, Camutanga, Cumaru, Glória do Goitá, Aliança, todas da Mata Norte. Eles compõem um bloco de cantadores nativos, que promovem Festivais de Viola, na medida deles, para a comunidade deles. Comunidade que já é familiarizada com o improviso dos seus nativos brincantes e mestres de maracatus, com suas – Sambadas. Alguns cantadores são funcionários das prefeituras da região. Estes engrossam o cordão para a realização dos Festivais.
Os cantadores de praia são credenciados no momento em que uma boa parte pertence a - Associação de Poetas Repentistas de Olinda, mas nem por isso deixam de ser discriminados por aqueles que se consideram os donos do improviso. Eles dificilmente são chamados a participar de Congressos de Cantadores, sendo também incomum a participação de mulheres repentistas nestes mesmos congressos, onde os participantes, são legitimados pelos ouvintes, têm um poder aquisitivo bastante considerável, e renda mensal superior a determinados gestores. Isso é verdade.
Tem um grupo seleto de cantadores, principalmente aqueles que rodam as premiações entre si, obtendo a primeira ou a sexta premiação que levam uma vida privilegiada, e com todo o direito. São artistas de primeira, e merecem sim. Mas, nem todo jogador de futebol é Romário. Os demais jogam também, têm famílias pra sustentar, e o espaço dá para todos. Mas, dizer que existe solidariedade entre eles, aí, são outros quinhentos.
A visão política, social e cultural do País, é privilégio de poucos cantadores. Isso é uma coisa, tirar lama do porão é outra. O cantador - José Rosa, mais ou menos 70, funcionário da Prefeitura de Aliança, promoveu vários encontros de cantadores de pequeno porte. Isso significa muito. A comunidade da região já possui uma visão prática de versos de improviso porque conhece os seus conterrâneos que lidam com as Sambadas, com a musicalidade ritmada, e cadenciada através de seus brincantes, mestres de maracatus. É uma região rica, privilegiada.
Não é de graça, que artista do nível de Siba Veloso resolva residir por um bom tempo junto aos brincantes e mestres de maracatus, em Nazaré da Mata, com a responsabilidade de difundi-los para o mundo, como o fez. Não é de graça que um artista, poeta e compositor da magnitude de Jorge Mautner, venha lançar seus discos diretamente com os mestres e parceiros de maracatus, lá em Nazaré da Mata.
É uma pena que as autoridades no assunto, e do Estado, que têm a chave do poder, não oportunizem uma interligação entre essas culturas de regiões diferentes, embora que dentro do próprio Estado, para que eles se fortaleçam, e exportem esse riquíssimo acervo cultural de tamanha grandeza. Isso na Europa teria com certeza um tratamento bastante diferenciado. O Pajeú é um local muito rico dentro desses princípios, todavia, está longe do poder, da mídia, das decisões. Então, por que não fundir essas duas culturas para o crescimento poético, cultural e turístico do Estado?
O poeta Jaime (não tivemos mais noticias), nessas alturas com mais ou menos 70 anos de vida, resolveu deixar a cidade de Limoeiro, para residir e exercer a profissão de cantador em Recife. A explicação dele é pertinente, e tem procedência, justo que um homem de idade avançada não pode mais ir, e vir com regularidade, seu lombo não mais permite esse esforço. Além do mais, a mixaria por ele captada nas praias, mal dava para pagar uma pensão plano C, porque subtraia o dinheirinho que ganhara com a viola em punho. É ou não sério, um cidadão dessa idade ainda cantando.
Uma característica dos cantadores de praia é sem dúvida, o “balaio” (cantar versos decorados). Inegável na medida em que eles vendem um falso produto, e prejudicam os que de fato improvisam. Então, a impressão que fica no ouvinte a respeito desses cantadores, é que eles na verdade, enchem o saco, com os seus pinicados de viola, no ouvido do cara, que nem pinicado é. Todavia, eles têm todo o direito de batalhar o seu rango. Continuo dizendo. Agora, tem cantador de viola no Estado, fora do Pajeú, os da própria Mata Norte que se garantem na cantoria. Dispomos de vários nomes, não os citamos porque poderia deixar de lado alguém por esquecimento, e não é bom.
Aliás, poderemos citar um que contempla o nosso raciocínio, e também pela particularidade do caso. Trata-se de - José Galdino, acredito ser ele de Carpina. É cantador e ao mesmo tempo “brincante”, mas a viola e o repente hoje, parecem ser sua opção de vida mais imediata. Como é necessário dizer que o cantador de viola tem lá seus balaios, e não importa a região, do famoso ao mais fraco. Principalmente quando lhes vem o cansaço, a falta de inspiração, a cantoria morgada, um mote ruim. Aí, é a hora de se empurrar um balaizinho, que “ninguém é de ferro”.
Os próprios colegas de profissão não têm simpatia pelos divulgadores de “versos decorados”. Não é bem assim. Apesar deles em certo momento encherem realmente o nosso saco, com o atenuante de venderem falsos produtos, esses cantadores fazem um esforço tremendo para complementar seus parcos salários, exercendo a profissão de cortadores de cana, de modo que, nos finais de semana eles migram para o Recife e se espalham pelas praias, ruas e restaurantes da capital com as violas à tira colo, em busca de um complemento que lhes garantam o sustento da família.
Na verdade, não existem cantadores de viola (no caso de Pernambuco), somente na região do Pajeú, mas nas cidades de: Carpina, Limoeiro, Camutanga, Cumaru, Glória do Goitá, Aliança, todas da Mata Norte. Eles compõem um bloco de cantadores nativos, que promovem Festivais de Viola, na medida deles, para a comunidade deles. Comunidade que já é familiarizada com o improviso dos seus nativos brincantes e mestres de maracatus, com suas – Sambadas. Alguns cantadores são funcionários das prefeituras da região. Estes engrossam o cordão para a realização dos Festivais.
Os cantadores de praia são credenciados no momento em que uma boa parte pertence a - Associação de Poetas Repentistas de Olinda, mas nem por isso deixam de ser discriminados por aqueles que se consideram os donos do improviso. Eles dificilmente são chamados a participar de Congressos de Cantadores, sendo também incomum a participação de mulheres repentistas nestes mesmos congressos, onde os participantes, são legitimados pelos ouvintes, têm um poder aquisitivo bastante considerável, e renda mensal superior a determinados gestores. Isso é verdade.
Tem um grupo seleto de cantadores, principalmente aqueles que rodam as premiações entre si, obtendo a primeira ou a sexta premiação que levam uma vida privilegiada, e com todo o direito. São artistas de primeira, e merecem sim. Mas, nem todo jogador de futebol é Romário. Os demais jogam também, têm famílias pra sustentar, e o espaço dá para todos. Mas, dizer que existe solidariedade entre eles, aí, são outros quinhentos.
A visão política, social e cultural do País, é privilégio de poucos cantadores. Isso é uma coisa, tirar lama do porão é outra. O cantador - José Rosa, mais ou menos 70, funcionário da Prefeitura de Aliança, promoveu vários encontros de cantadores de pequeno porte. Isso significa muito. A comunidade da região já possui uma visão prática de versos de improviso porque conhece os seus conterrâneos que lidam com as Sambadas, com a musicalidade ritmada, e cadenciada através de seus brincantes, mestres de maracatus. É uma região rica, privilegiada.
Não é de graça, que artista do nível de Siba Veloso resolva residir por um bom tempo junto aos brincantes e mestres de maracatus, em Nazaré da Mata, com a responsabilidade de difundi-los para o mundo, como o fez. Não é de graça que um artista, poeta e compositor da magnitude de Jorge Mautner, venha lançar seus discos diretamente com os mestres e parceiros de maracatus, lá em Nazaré da Mata.
É uma pena que as autoridades no assunto, e do Estado, que têm a chave do poder, não oportunizem uma interligação entre essas culturas de regiões diferentes, embora que dentro do próprio Estado, para que eles se fortaleçam, e exportem esse riquíssimo acervo cultural de tamanha grandeza. Isso na Europa teria com certeza um tratamento bastante diferenciado. O Pajeú é um local muito rico dentro desses princípios, todavia, está longe do poder, da mídia, das decisões. Então, por que não fundir essas duas culturas para o crescimento poético, cultural e turístico do Estado?
O poeta Jaime (não tivemos mais noticias), nessas alturas com mais ou menos 70 anos de vida, resolveu deixar a cidade de Limoeiro, para residir e exercer a profissão de cantador em Recife. A explicação dele é pertinente, e tem procedência, justo que um homem de idade avançada não pode mais ir, e vir com regularidade, seu lombo não mais permite esse esforço. Além do mais, a mixaria por ele captada nas praias, mal dava para pagar uma pensão plano C, porque subtraia o dinheirinho que ganhara com a viola em punho. É ou não sério, um cidadão dessa idade ainda cantando.
Uma característica dos cantadores de praia é sem dúvida, o “balaio” (cantar versos decorados). Inegável na medida em que eles vendem um falso produto, e prejudicam os que de fato improvisam. Então, a impressão que fica no ouvinte a respeito desses cantadores, é que eles na verdade, enchem o saco, com os seus pinicados de viola, no ouvido do cara, que nem pinicado é. Todavia, eles têm todo o direito de batalhar o seu rango. Continuo dizendo. Agora, tem cantador de viola no Estado, fora do Pajeú, os da própria Mata Norte que se garantem na cantoria. Dispomos de vários nomes, não os citamos porque poderia deixar de lado alguém por esquecimento, e não é bom.
Aliás, poderemos citar um que contempla o nosso raciocínio, e também pela particularidade do caso. Trata-se de - José Galdino, acredito ser ele de Carpina. É cantador e ao mesmo tempo “brincante”, mas a viola e o repente hoje, parecem ser sua opção de vida mais imediata. Como é necessário dizer que o cantador de viola tem lá seus balaios, e não importa a região, do famoso ao mais fraco. Principalmente quando lhes vem o cansaço, a falta de inspiração, a cantoria morgada, um mote ruim. Aí, é a hora de se empurrar um balaizinho, que “ninguém é de ferro”.
Fonte: Jornal da Besta Fubana
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