segunda-feira, 25 de julho de 2011

O sertão se faz em versos

Dideus Sales: poeta ligado à tradição popular lança novo livro, no qual transforma em versos o cotidiano
FOTO: CID BARBOSA
Pequenas flores que se abrem em sorrisos azuis-arroxeados, muitas vezes, em tons violetas, esverdeados ou vermelhos-púrpuras, conforme os ângulos de incidência de luz, as Jitiranas são plantas que afloram sob as primeiras carícias das chuvas no sertão. A simplicidade e a beleza delicada desta planta viram metáfora para o poeta Dideus Sales expressar, ao longo de 27 poemas sua admiração pelo interior cearense.

Com o curioso nome de "Jitiranas de Luz", Sales batiza seu 12º livro. A nova coleção de poemas será lançada amanhã, às 19h30, no Centro Cultural Oboé. A obra, cujos poemas haviam sidos publicados primeiramente na revista "Gente de Ação", editada por ele mesmo, fala de gestos, situações, sentimentos, prazeres e dissabores do cotidiano.

Cada poema, é acompanhado por uma ilustração produzidas pelo artista plástico cearense Audifax Rios. Ele e o poeta são amigos há mais de 20 anos e a parceria já rendeu aos dois diversos projetos.

Poesia
Dideus Sales começou cedo à carreira no mundo da métrica, ainda, na rádio Educadora de Crateús, sua cidade natal. O poeta apresentava um programa de fim de tarde, no qual recitava poemas, apresentava cantorias e realizava contação de causos. Ali permaneceu por dez anos, partindo em seguida para as rádios Príncipe Imperial, de Crateús; Difusora dos Inhamuns; em Tauá, Itataia; em Santa Quitéria e Canoa FM, em Aracati. Nesta cidade, ele vive há 15 anos, ao lado da esposa, Bel, e dos filhos, Matheus e Vitória.

Além do trabalho como radialista, o despertar para a poesia veio da convivência com importantes nomes da cultura nordestina, como o repentista Geraldo Amâncio e o poeta Patativa do Assaré. Sales revela que a amizade com Patativa foi fundamental para o amadurecimento poético e o gosto pelo gênero popular. "Em 1980, fui á casa de Patativa, mostrei meus versos e ele gostou. Ficamos amigos. Lembro que o acompanhei em algumas viagens por cidades do interior do Ceará. Patativa era uma pessoa muito generosa e simples", diz.

"Jitiranas de Luz" dá sequência ao trabalho realizado por Dideus Sales, a partir de versos laborados por alguém que guarda dentro de si o lirismo e a sabedoria do povo sertanejo. O poeta discursa a própria vida, despontando-se como o intérprete das muitas linguagens e facetas que assomam o sertão, onde personagens saltam em meio aos seus sonhares, anseios e esperanças. O livro apresenta ao leitor poemas de caráter social a exemplo de "O mugido do boi", sobre o sofrimento do sertanejo diante dos rigores da estiagem; e o introspectivo "Cada minuto que morre". Nas palavras do pesquisador Gilmar de Carvalho: "Dideus continua a cantar seu canto, a encantar seus leitores com suas rimas, com sua viola imaginária, cruzando o arco da rabeca, falando dos temas eternos, como o amor, a morte e a terra castigada pelo sol".

O poeta cearense Dideus Sales lança na terça-feira, no Centro Cultural Oboé, seu 12º livro. "Jitiranas de Luz" reúne uma série de poemas inspirados nas belezas e encantos do sertão nordestino

Poema  
Jitiranas de Luz  
Dideus Sales

EXPRESSÃO GRÁFICA
2011
128 PÁGINAS
R$ 20

Lançamento amanhã, às 19h30, no Centro Cultural Oboé (Rua Maria Tomásia, 531 - Aldeota). Contatos: (85) 3264.7038

ANA CECÍLIA SOARES
REPÓRTER

Barra do Ceará faz 407 anos

O primeiro bairro de Fortaleza conserva uma beleza única e também muita história, embora nem tudo seja perfeito

Na Praça de Santiago da Barra do Ceará, a programação comemorativa será iniciada às 6 horas de hoje
FOTO: MIGUEL PORTELA

Barra do Ceará. Mais do que um bairro, o lugar é berço histórico, não só de Fortaleza, mas também do Ceará. Hoje a Barra do Ceará, primeiro bairro de Fortaleza completa 407 anos, e, apesar dos anos, conserva belezas naturais que atraem não só os fortalezenses, mas turistas. A história conta que no ano de 1606, o capitão-mor português Pero Coelho de Souza e sua expedição fundaram a Povoação de Nova Lisboa. Para defendê-la dos invasores holandeses e espanhóis, construiu o Fortim São Tiago. Passados 407 anos, no local onde foi erguido o forte, existe hoje o Polo de Lazer da Barra do Ceará e uma praça que herdou, inclusive, o mesmo nome do forte. Ali durante todo o dia, crianças aproveitam para soltar pipa, andar de bicicleta e os mais adultos aproveitam para fazer caminhada.

O morador e autônomo Rogério Gomes de Rocha, 42 anos, conta que, com a construção do calçadão, viabilizado pelo Projeto Vila do Mar, as opções de lazer cresceram consideravelmente. "O calçadão foi uma ideia louvável da atual gestão. Não podemos deixar de falar isso. Agora as pessoas têm um local para praticar esportes e passear com a família, situação que era impossível de acontecer uns anos atrás", lembra.

O Movimento Marco Zero de Fortaleza da Barra do Ceará, que resgata a memória histórica da Capital, realiza anualmente as comemorações da data, na Praça de Santiago da Barra do Ceará, a partir das 6 horas. Hoje, pela manhã, após alvorada de fogos, haverá uma recepção para os coopistas e aos visitantes em geral. Já no período da tarde, às 15h30min acontecerá um ato ecumênico, onde a imagem de São Santiago percorrerá as principais ruas da Barra do Ceará. Às 16horas ocorrerá a Caminhada Marco Zero 2011 pela Avenida Radialista Lima Verde. Também haverá a procissão Marítima Duc in Altum, passagem das aeronaves do 1º do 5º Esquadrão Rumba da Base Aérea de Fortaleza e passeios ecológicos de barcos.

domingo, 24 de julho de 2011

Aposentado incentiva o hábito da leitura

Há cinco anos, Eliomar Alves transformou uma sala de casa em uma espécie de sebo ou livraria informal

Além de livros de literatura e didáticos, na casa de Eliomar Alves, existem algumas peças de artesanato e diversos quebra-cabeças à venda. Vem atraindo leitores cada vez mais
FOTO: HONÓRIO BARBOSA

Iguatu. Uma iniciativa inédita procura contribuir para a divulgação da leitura de obras novas e usadas entre os moradores desta cidade, localizada na região Centro-Sul. Há cinco anos, o aposentado do serviço público estadual, Eliomar Alves, transformou uma sala da casa dele, que dá acesso direto à Rua 15 de Novembro, no Centro, em uma espécie de sebo ou livraria informal. A novidade é o aluguel das obras literárias. Essa modalidade tem despertado e atraído a atenção dos leitores.

O gosto pela leitura de obras clássicas da literatura nacional e estrangeira, em particular por biografias, cultivado ao longo da vida, contribuiu para que na terceira idade, Eliomar Alves, encontrasse uma forma de ocupar o tempo, com atividade laboral e de lazer.

O projeto começou pequeno com reduzido número de volumes, mas hoje se expandiu e já ocupa meia dúzia de prateleiras, na sala que lembra mais um corredor comprido.

Volumes

Não há uma organização com critério bibliotecário, mas o aposentado sabe onde encontrar cada volume, dispostos nas prateleiras, e guardados em sacos plásticos para evitar a poeira. O preço do aluguel de qualquer obra é de R$ 0,20 por dia. Esse mesmo valor é mantido desde o início do projeto. "Não é um empreendimento para dar lucro, mas uma forma de lazer ocupacional e cultural", explica Eliomar Alves. "O meu objetivo é contribuir com a leitura e a minha preocupação é que os jovens deveriam ler mais".

Gosto pela leitura

Na estatística particular do livreiro, os que mais compram e alugam livros são pessoas acima de 40 anos. "Parece que os jovens não gostam mais de ler livros", observa. "Existem muitos poemas bons, histórias interessantes que são desconhecidas pela juventude". Em poucos minutos de conversa, o idealizador do projeto relaciona vários autores e livros que aponta como fundamentais para a formação do conhecimento cultural.

O preço de venda dos livros é variável e o livreiro não se limita a ficar sentado, esperando a visita de um possível comprador. Diariamente, coloca algumas publicações em uma sacola e percorre ruas do Centro da cidade, oferecendo as obras para compra ou aluguel. "Ainda hoje existem aqueles que se surpreendem quando falo em alugar livro, pagando um valor diário", comenta ele. "A maioria prefere comprar".

Satisfação

Apesar das dificuldades e do limitado número de leitores, Eliomar Alves disse estar satisfeito com o trabalho que faz e quer se manter na atividade por mais tempo. Não pensa em parar e sempre está adquirindo publicações novas ou usadas. O sebo é o primeiro da região e surge numa época em que as livrarias não resistiram nas pequenas cidades e o acesso ao computador e à Internet avança a cada mês.

Fazer pesquisas, consultar biografias e estudar disciplinas escolares está mais fácil e rápido, a um simples clique na página para que milhares de opções surjam na tela do computador e um mundo diversificado de informações chegue ao pesquisador, mesmo que os estudantes não leiam e se limitem a copiar, colar e imprimir o trabalho.

"Ler bons livros é um hábito que deve ser cultivado e multiplicado", frisa o livreiro, que quer manter a tradição. "A leitura nos faz viajar por sonhos, situações e lugares diversos e distantes". Além de livros de literatura e didáticos, há algumas peças de artesanato e diversos quebra-cabeças à venda, com desafio. Quem conseguir montar em cinco minutos ganha o objeto.

MAIS INFORMAÇÕES

Sebo de Eliomar Alves
Rua 15 de Novembro, 173
Centro da cidade de Iguatu
Região do Centro-Sul

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

sábado, 23 de julho de 2011

Preservar a memória

A cultura brasileira saiu engrandecida com a realização da última semana nacional de museus, cuja atenção maior foi voltada para o tema "Museu e Memória". Engajaram-se no evento 994 instituições culturais do País, distribuídas por 502 municípios, sendo 356 estreantes, numa demonstração inequívoca do crescimento da iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto Brasileiro de Museus.

Esse esforço para tornar os museus instituições culturais atuantes se completou com as atenções dedicadas à memória nacional, relegada a plano inferior pela ausência de uma compreensão maior sobre o seu papel na preservação da cultura e da história dos povos. Nesse campo, o Brasil avançou quando, em 1937, o governo criou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), embora, nas gestões seguintes, tenha se verificado estagnação no setor.

O projeto concebido pelo então ministro da Educação, Gustavo Capanema, assessorado por uma equipe de vanguarda, deslanchou com o peso de grandes intelectuais no período, mas refluiu na conturbada política do pós-guerra. Entretanto, a semente bem plantada vingou preservando, embora parcialmente, um patrimônio vasto, fruto da diversidade da cultura nacional, livrando o País do risco de perder sua memória.

Mesmo tolhido pela burocracia, o Iphan mantém os vestígios materiais dos diversos ciclos evolutivos do País, resguardando seus valores e fomentando escolas encarregadas de repensar sua missão ao longo do tempo. Agora, o Ministério da Cultura tenta abrir, em versões pioneiras como a do Iphan, novos caminhos para os museus disseminados pelas diversas regiões brasileiras e difundir a consciência cívica para a preservação da memória nacional.

O Ceará tem sido palco, nos últimos dias, de fatos significativos nesse campo. Embora seus sítios históricos tombados reflitam a civilização do Couro, sem o fausto encontrado nas civilizações do Açúcar e do Ouro, nem por isso, seus monumentos deixam de merecer a ingente tarefa da preservação. É o que acaba de ocorrer em Icó, onde o Iphan, esgotados todos os recursos persuasivos para interromper a descaracterização de algumas edificações do centro da cidade, se viu obrigado a recorrer à Justiça e ganhou a causa.

Os proprietários dos imóveis descaracterizados se viram obrigados a desfazer as reformas "modernosas" e a restabelecer o padrão habitacional dos bens tombados. A decisão judicial alertou os demais proprietários de habitações tombadas como patrimônio histórico e artístico nacional, particularidade nem sempre levada em consideração por eles. Para a cidade, ficou também a lição do dever coletivo dos habitantes em relação às marcas históricas do Ceará de outrora.

Outro fato relevante ocorreu em Várzea Alegre, onde a Secretaria de Cultura do Estado e a Prefeitura local estão garantindo a preservação do acervo do padre Antônio Vieira, abrigando-o num centro cultural, com museu e biblioteca. Já foram iniciados os trabalhos de catalogação da obra desse intelectual, falecido em 2003, um exemplo a ser seguido por outros municípios antes que seus filhos ilustres caiam no esquecimento.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Do patamar da Matriz

A procissão a cada ano encurta o itinerário, hoje não passa de um amontoado irregular de devotos duvidosos

Mais uma vez venho encher a paciência do leitor para dizer de minha cidadezinha. É que ela está toda prosa, promove o novenário em honra a Senhora Santana, está assim de conterrâneo saudoso, saem pelo ladrão companheiros de infância, comportados cruzadinhos, sonhadores ginasianos; um mundo de relembranças acendidas, as primeiras traquinagens, as inaugurais aventuras proibidas.

A Banda de Música ainda desfila garbosa pelas ruas de calçamento azul acompanhando o andor da padroeira, anima alvoradas no patamar da Matriz, participa de leilões e procissões. Os mesmos dobrados de outrora: Quarto centenário de São Paulo, Saudades da minha terra e o decantado hino Louvores a Sant’Anna que ganhou nova roupagem na partitura do músico da terra, Paulo de Tarso Pardal.

Porém você não verá mais os pirulitos açucarados da Dona Maria Capote, nem os “bulins” da Dona Isa Gomes, nem o bombocado do Sibirá. Muito menos as tapiocas da Dona Antonia, mãe dos músicos Xavier e Bastião Mucuim, grudes e bolos de milho da S’a Graça Correia, que vendia suas iguarias na porta da loja do Augusto Gaioso. Há muito partiram as barbas de gato, peixinhos de madeira em lago de areia, coelhos amestrados entrando e saindo em portinholas de casinhas numeradas.

O enferrujado carrossel do Cauby Machado aposentou-se em meados do século passado, seu fantasma marrom ainda range correntes no largo do São João onde se instalava, todos os anos, o Parque Brasil do Arnaldo de Tal que faliu por obsoletismo (não é absolutismo) enquanto espingardas viciadas não mais atiram em alvos circulares concêntricos, a mosca hoje é um tablete de chocolate desbotado pelo tempo.

Leilões perderam seus arautos impertigados que levantavam embandeiradas prendas enfeitadas com papel crepom a preço de banana, enquanto cabritos e garrotes dormitavam ao pé da mesa farta aguardando a hora da transação. Coronéis abriam a bolsa polpuda e adubavam as burras do vigário para a pintura da Matriz secular, o conserto do órgão, o azeite do Santíssimo na candeia votiva.

A procissão a cada ano encurta o itinerário, hoje não passa de um amontoado irregular de devotos duvidosos que não portam mais estandartes das irmandades ou uniformes das confrarias. Matracas tagarelam uma fé rouca e o sino ecoa distante o chamado de Deus num funesto sinal. Ana irrompe entre panos esvoaçantes e, matriarca dominadora, chama os filhos de volta para o seio da família esfacelada.

Muitos ficam pelas esquinas ouvindo forrós em adoidados decibéis e consideram todo este nefasto ritual um troço careta. O cortejo passa indiferente, com suas latomias substituídas por cânticos à imitação evangélica e mais indiferente está a moçada, nem aí para a ira dos céus, perdoai-lhes Pai, eles não sabem o que cantam e ouvem.

Em outras freguesias, consta, ocorre fato semelhante, ninguém respeita mais essa liturgia decadente, o vivo retrato e a fiel pintura da Matrona Adorada encontram-se desbotados, já não sois mais mulher forte, sagrada heroína. O rio Acaraú a tudo presencia e passa alheio em procura de paz nas profundezas do maroceano. Aqui na terra a boa vontade já saiu do dicionário dos homens.

O rebanho civil, igualmente, segue desgovernado, as palavras de ordem são os jargãos judiciais, todo mundo entende de leis, há um entra e sai de cadeiras no legislativo e no executivo o trono está ainda quente. Se há vazios nas repartições, na cadeias os vãos são ocupados por cidadãos que estão privados de ver a procissão passar e oram, na moita, pela luz do sal e do sol da liberdade. Para eles, estes momentos não passam de uma última novena. Sem cheiro de incenso e com um amargo gosto da saudade.


do Blog: Audifax Rios retrata muito bem cmo era a Festa da Padroeira de Santana do Acaraú.
Em Acaraú tinhamos belas festas religiosas: São Sebastão 20 de Janeiro e a Festa de Nossa Senhora da Conceição 8 de dezembro que foram sendo desprezadas pelas pessoas que já não valorizam e  nem frequentam-nas.

Casa da Prosa - Almir Mota

Almir Mota-Diretor da Editora Casa da Prosa, Júlia Barros-Autora do Projeto Lamparina de Histórias e Totó Rios-Projeto Acaraú pra recordar

Almir Mota-É Diretor da Editora Casa da Prosa, Diretor Financeiro do Conta Brasil – Fortaleza/CE  e Escritor de literatura infantil com diversos títulos publicados. Primeiro colocado no II Concurso Literatura para todos do MEC (2008) categoria jovens e neoleitores. 

Convidado para eventos internacionais de contadores de histórias no Brasil e no exterior: México e Colômbia. Coordenou a programação infantil do pavilhão F da 5ª e 6a. edição da Bienal Internacional do Livro do Ceará em Fortaleza (2004 e 2006).

Atua como contador de histórias em Centros Culturais em vários estados do Brasil. Editor da Casa da Prosa, Presidente da Casa do Conto. Coordenador Geral  da Feira do livro infantil de Fortaleza de 2010.

Contatos: (85)32523343
 
Informações: Blog Casa da Prosa

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Rio Acaraú - Atividade portuária na pesca - Participação Totó Rios

Portos de Cacimbas e da Outra Banda hoje são voltados para pesca empresarial e os viveiros de camarão em Acaraú



Hoje voltado para a atividade pesqueira, o Porto de Cacimbas já foi um importante ponto de entrada e saída de mercadorias na Zona Norte do Ceará, antes da consolidação do Porto de Camocim. Carros de boi traziam os produtos até as embarcações FOTO: WILSON

Sobral Falar do Porto das Cacimbas, na pequena cidade litorânea de Acaraú, é falar de um tempo de muita nostalgia, pois se sabe perfeitamente que este antigo porto, quando em plena atividade, foi responsável pelo desenvolvimento da região do Baixo Acaraú.

Era algo em torno de 900 carros de boi que trafegavam continuamente nos meses de verão. Nas estradas poeirentas, transportavam-se algodão, couros, peles de animais e outros produtos que em Cacimbas eram embarcados para Pernambuco, Bahia e outros mercados.

O historiador Raimundo Girão, em sua obra "História Econômica do Ceará", confirma isto, quando informa que "pelo Acaraú transitavam os artigos e mercadorias que saíam ou demandavam os sertões do Norte da Capitania. As primeiras fábricas foram levantadas no modesto Porto das Cacimbas".

Porto de Cacimbas
Por meio do Porto das Cacimbas surgiu um outro para atender às embarcações fluviais. Era o Porto da Outra Banda, hoje denominado de Porto Pesqueiro, afastado cerca de cinco quilômetros da barra do rio, que deu origem ao povoado que adensou com o nome de Oficinas, para mais tarde se transformar na cidade de Acaraú.

Hoje os tempos são outros: o Porto Outra Banda se transformou num bairro que se situa às margens do Rio Acaraú, mais precisamente na desembocadura desse rio. O porto hoje está a serviço de empresas ligadas à pesca empresarial e viveiros de camarão. Naquele bairro já está em fase de instalação outro viveiro, que ocupa uma das áreas de mangue, responsável pela valorização dessas áreas.

Porto de Outra Banda
Atualmente, os quintais das casas são disputados por empreendedores do ramo, que ali instalam seus viveiros. Alguns moradores reclamam do mau cheiro que exala do Rio Acaraú, proveniente de restos despejados pelos viveiros que estão funcionando. A comunidade se sente incomodada, mas não sabe como nem para quem reclamar, caracterizando a falta de informação quanto aos direitos e deveres do uso dos lugares públicos. Encontrar alguém que queira reclamar da situação é difícil. Todos temem sofrer represarias por empresários ou por pessoas ligadas a eles.

Porto de Cacimbas
"O Porto de Cacimbas foi a porta de entrada dos meus antepassados. Foi por aqui que chegou, vinda de Pernambuco, mais precisamente de Porto de Galinhas a minha avó materna Alzira Pereira dos Santos", comentou o pesquisador e professor Lucivan Rios Silveira, mais conhecido por "Totó", que está editando um livro que tenta resgatar o período áureo do Porto de Cacimbas. Ele lembra que o porto teve também um grande valor histórico. "As histórias de algumas famílias acarauenses têm origem no Porto de Cacimbas. Minha avó casou-se com Inácio Eduardo Rios de onde descende nossa família".

Um dos fatos memoráveis na vida da população desta cidade data o dia 20 de janeiro de 1981, quando o inglês Stuart Mallert Rogerson chegou na companhia de esposa, uma dinamarquesa, e três filhos. A família viajava num pequeno barco, o "Thália". Naquela ocasião estavam dando uma volta ao mundo e, no Brasil, escolheram a Ilha Fernando de Noronha e a cidade de Acaraú para visitar. Passaram três meses arrumando o barco e no dia 13 de setembro daquele ano deram sequência à aventura.

O pesquisador lembra que o Bairro Outra Banda foi realmente o início de tudo, em Acaraú. "Ali aportavam as embarcações menores, que vinham de Cacimbas, pelo rio, nas mares de enchentes", recorda Totó.

O Porto de Outra Banda (Pesqueiro) tem hoje praticamente a mesma atividade de outrora. Usado para embarque e desembarque do pescado dos barcos que com a pesca da lagosta aumentou o número de barcos. Quatro trapiches são destinados a esse tipo de embarcações que ali ancoram diariamente.

Wilson Gomes
Colaborador

Poucas pessoas que moram no entorno sabem que ali houve um porto importante. No período colonial, a carne produzida nas charqueadas era exportada pelo Porto do Aracati FOTO: MELQUÍADES JÚNIOR

ARACATI
Local sofre com assoreamento de rio

Aracati Um campo de futebol, muito mato, embarcações de pesca encalhadas e uma bandeira do Brasil num falso mastro podem ser observados na região onde funcionou o antigo Porto de Aracati, em torno do qual se formou a cidade e toda a opulência econômica que um dia representou. No período colonial, Aracati era o principal ponto de intercâmbio comercial, quando o Ceará se tornou independente da capitania de Pernambuco. Atualmente, o porto aracatiense está desativado, não existe nem na memória de muitos que moram nas redondezas.

Na primeira metade do século XVIII, esta então vila litorânea era conhecida como São José do Porto dos Barcos. Pelo porto vinham as grandes embarcações, colonos e os produtos comercializados. Daqui ia a carne seca, principal produto do comércio entre capitanias.

"Aracati, como porto de mar acessível, relativamente próximo do Recife e de Salvador, tornou-se, mesmo antes de ser elevado à vila, o pulmão da economia colonial da capitania, cuja riqueza era, em maior parte, por ela transitada", esclareceu o historiador Raimundo Girão, que descreveu o local como "empório comercial de primeira grandeza".

A época era de esplendor para os habitantes da vila, principalmente os barões, que construíram suas casas na Rua Grande, hoje Rua Coronel Alexanzito. A influência do porto na realidade da vila era tanta que Aracati ganhava mais importância - pela dinâmica econômica - do que Fortaleza, até que esta cidade criasse seu próprio porto e concentrasse as principais transações econômicas.

Nos dias atuais, o porto perdeu status, o movimento parou, o núcleo populacional que se formou no passado se desenvolveu como cidade, ingressando em outras atividades. A ligação com outros locais se faz por estradas de rodagem, e do mar só desembarca peixe, camarão e lagosta. Alguns barcos ficam atracados na região do antigo porto, na conexão entre o mar e o Rio Jaguaribe, por onde passavam alguns barcos chegados.

O rio, hoje assoreado, encalha as pequenas embarcações nos períodos do ano em que a maré baixa arrasta boa parte da água para o mar. O assoreamento do rio provocou distanciamento dos pontos de desembarque no porto, até tornar impraticável esta atividade. "Do antigo Porto do Aracati nada mais existe", afirma o memorialista Antero Pereira. O local teria ficado totalmente desfigurado depois da construção do dique de proteção às cheias na cidade. "Existem relatos de viajantes que aqui estiveram em 1864 afirmando que os vapores nessa época ainda fundeavam em frente à cidade de Aracati. No entanto, já em 1872 esses vapores chegavam somente até o Fortinho, onde ficavam atracados no antigo Trapiche. Ainda existe alguma coisa do velho Trapiche", explica Antero.

Jogando bola em um "campinho" na região do antigo porto de Aracati, Francisco Tiago e Deurismar da Silva, ambos de 12 anos, não sabiam que existia ali um local onde os navios chegavam, vindos de vários lugares. Hoje é "apenas" um campinho de futebol e depósito de barcos. Depois do bate bola, enquanto o sol não se punha, os meninos pegam a bicicleta e contemplam o inexistente, até uma inocente pergunta (justificável pelo ensejo da Copa do Mundo): "vinha navio da África?". "Sim", responde a reportagem.

Vinha com vários mercadorias, entre as quais escravos para serem explorados na região. Até que um jovem jangadeiro bateu o pé que não desembarcaria mais homens para trabalharem por força. Da Vila de Canoa Quebrada (nome batizado por um navegante português que lá aportou no século XVII), com sua atitude o jangadeiro Francisco Nascimento tornou-se o Dragão do Mar.

Melquíades júnior
Colaborador

Mais informações
Prefeitura de Aracati
(88) 3446.2433
Museu Jaguaribano de Aracati
(88) 3421.3396

Rio Acaraú - Programa Expedições TV Diário

O Rio Acaraú é uma das mais importantes e belas riquezas naturais do Ceará.












Fonte: Programa Expedições TV Diário

Rio Acaraú


O Acaraú é um rio brasileiro que banha o estado do Ceará, “Nasce na Serra das Matas, um dos pontos mais altos da região. Saindo de Monsenhor Tabosa, em pleno sertão, percorre 320 quilômetros. Corta Sobral, uma das cidades mais importantes do Ceará. Banha 18 municípios e chega ao mar, em Acaraú. Nessas regiões, as chuvas são restritas e, por causa do calor, a evaporação é altíssima. Conclusão: evapora muito mais do que chove e a água some dos leitos. A terceira e última nascente fica a mais de mil metros de altitude: São Gonçalo. Está toda pisoteada, sem nenhuma proteção”. (Cf. FREITAS, Vicente. Rio Acaraú. In: Vale do Acaraú Notícias. 2ª Edição, março de 2010. p. 7).[1]

Fica situado na parte norte do estado. A origem do topônimo Acaraú é indígena, sendo resultado da fusão de "Acará" (Garça) e "Hu" (Água), significando, portanto, “Rio das Garças” (Paulinho Nogueira). Teria habitado às margens desse rio o grupo indígena brasileiro Tremembé.

Nesta bacia estão construídos alguns dos mais importantes açudes cearenses: o Edson Queiroz, em Santa Quitéria, o Forquilha, no município do mesmo nome, o Aires de Sousa (ou Jaibaras), em Sobral, além do Paulo Sarasate (ou Araras), que está construído sobre o leito do Rio Acaraú e cuja barragem está localizada no limite dos municípios de Varjota, Pires Ferreira e Santa Quitéria.

Segundo outras fontes, nasce na Serra do Machado, em Itatira. Lança-se no oceano Atlântico por meio de dois braços: Cacimba e Mosqueiro. Banha as cidades de Tamboril, Sobral, Santana do Acaraú, Morrinhos, Marco, Bela Cruz e Cruz, entre outras.

Condições pluviométricas

A maior parte da bacia está situada em região de clima tropical quente semiárido com apenas uma pequena porção (na base da Chapada da Ibiapaba) apresenta clima tropical quente semiárido brando [2]. A pluviometria, portanto, é baixa com volumes de chuva que vão de 500 a 1.000 mm em praticamente toda a sua área.

Afluentes Principais
Rio Jaibaras;
Rio Groairas;
Riacho dos Macacos

terça-feira, 19 de julho de 2011

Um clássico cearense reeditado

Abelardo Montenegro tem a obra Fanáticos e Cangaceiros relançada amanhã à tarde, no Instituto do Ceará. O livro é originalmente de 1971

Pesquisador profícuo, Abelardo Montenegro costumava gabar-se como um dos homens que mais amou o Ceará (IGOR DE MELO)

O homem foi toda a vida das letras, das que lia e das que escrevia. Tanto que não casou para dedicar-se em plenitude à sua maior paixão: os livros. O advogado Abelardo Montenegro foi um dos mais profícuos escritores cearenses, tendo publicado 42 obras, e um ano após seu falecimento, em 2010, aos 98 anos, ainda ter seis títulos inéditos. Fanáticos e Cangaceiros, que será relançado amanhã (20), às 15h30min, no Instituto do Ceará, é originalmente de 1971.

A segunda paixão do escritor não se dissocia da primeira. Ao contrário: a complementa. Abelardo, que gostava de ser chamado de intérprete do Ceará, dedicou boa parte de sua vida a escrever sobre os meandros da cultura e do povo cearense. Exemplo disso é Fanáticos e Cangaceiros, que trata de religiosidade, seca e vida sertaneja.

A nova edição se dá porque a primeira, feita com recursos próprios, foi apenas de 300 exemplares, que foram distribuídos para bibliotecas e estudiosos. Esta edição traz, além dos três capítulos originais, um prefácio assinado por Gildácio Sá que fala um pouco da história do escritor. Apesar de não ter casado, Abelardo, aos 50 anos, adotou como sua uma família cuja mãe, dona Clara, lhe prestava serviços domésticos. Os filhos e netos de Clara são hoje seus herdeiros. Gildácio, casado com uma dessas netas, conviveu com o escritor por 30 anos e dedicou-se a digitalizar toda sua obra, que também estará exposta amanhã.

“Fanáticos e Cangaceiros começou a ser feito por Abelardo ainda no final da década de 1930, o que deu a ele oportunidade de conversar com pessoas que participaram in loco das histórias contadas por ele no livro”, fala Gildácio. Mais de 100 livros e 42 entrevistas compunham a base da obra.

Dividido em três partes, o livro conta a história da vida, do sofrimento e peregrinação do beato Antônio Conselheiro; do fanatismo religioso, das santas missões, das festas religiosas, do misticismo cearense, desde o padre Ibiapina até o padre Cícero - com quem Abelardo conviveu por duas semanas, hospedado em sua casa; e, por fim, da fome, seca e injustiça social que permeava a vida sertaneja e contextualiza o cangaço.

Esta edição, que Gildácio define como “de extrema importância para a história do Ceará” passou por modificações, em relação a primeira, feitas pelo próprio escritor. “Nós atualizamos algumas coisas, revisamos datas e dados, revemos recortes de jornal”, Gildácio explica o trabalho em conjunto feito pouco antes do falecimento do escritor.

Gildácio conta que Aberlado, avesso à entrevistas por sua natureza humilde e modesta, gabava-se apenas de ser o homem que mais amou o Ceará. “Ele dizia: ‘Pode haver alguém que empate esse amor, mas não tem ninguém que passe, não”. E completa: “Fanáticos e Cangaceiros guarda nas entrelinhas a prova do intenso amor de Abelardo ao Ceará”.

Quem

ENTENDA A NOTÍCIA

Nascido em Crateús, Abelardo Fernando Montenegro morreu aos 98 anos, em 26 de abril de 2010, deixando uma obra que transitou por áreas como a Ciência Política, Economia, Sociologia e Psicologia Social, em quase 50 livros, a grande maioria dedicada ao Ceará.

SERVIÇO

FANÁTICOS E CANGACEIROS
O quê: relançamento do livro Fanáticos e Cangaceiros, de Abelardo Montenegro
Quando: amanhã (20), às 15h30min
Onde: Instituto do Ceará (rua Barão do Rio Branco, 1594 - Centro)
Outras info.: 3226 1408

Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O historiador de Brasília

Foi historiando a vida de Brasília e comunidades circunvizinhas que Adirson Vasconcelos construiu sua obra maior

João Adeodato de Vasconcelos, comerciante, juiz de paz, promotor auxiliar, delegado civil, inspetor de ensino e prefeito municipal era um homem de bem, abastado, de ampla visão e formação católica. Conduziu os filhos até Recife, um para tornar-se doutor, outro, religioso. Francisco Ayrton cumpriu o desejo paterno, fez-se médico. José Adirson, nascido a 16 de julho de 1936, abençoado no batismo pelo padre-poeta Antonio Tomás, estudou no colégio dos Irmãos Maristas de Apipucos, porém abandonou claustros e batinas e enveredou pelo jornalismo. E foi nessa condição que o destino o conduziu ao Planalto Central, pedaço do Brasil que escolheu para viver, amor à primeira vista.

Escalado pelo jornal Correio do Povo para cobrir a primeira missa celebrada em Brasília seguiu para o Rio de Janeiro e de lá, em um precário Douglas, voou para Goiânia. Dali em diante, um dia inteiro numa jardineira até a cidade que fervilhava de candangos na maratona da construção monumental. Era o dia do trabalho, 1º de maio de 1957. Desde então o jovem cearense de Santana do Acaraú tornou-se cidadão brasiliense com uma firme promessa no peito: ser seu historiador.

Adirson Vasconcelos acompanhava o presidente Juscelino Kubitscheck passo a passo, como repórter do Correio Brasiliense, órgão dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, sobre o qual escreveu recentemente um roteiro biográfico chamado Chatô e seu tempo. Como assessor da presidência da fundação que leva o nome do famoso jornalista organizou uma série de cinquenta volumes contendo os combativos artigos do velho jagunço: O pensamento de Assis Chateaubriand.

Nas foi historiando a vida de Brasília e comunidades circunvizinhas que Adirson construiu sua obra maior. Escreveu mais de trinta livros em torno do assunto começando por O homem e a cidade. Seguiram-se: Um sonho que se fez realidade, A primeira viagem, Núcleo Bandeirante, Curls e o Planalto Central e mais uma coleção narrando a trajetória de cada uma das cidades satélites e sobre o núcleo, o Distrito Federal. Além de biografar o presidente JK e sua visão futurista.

Este amor por Brasília levou Adirson Vasconcelos a fundar o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, órgão que mantém o Museu da Imagem e do Som, guardião da memória da cidade de Lúcio Costa e Niemeyer. Contudo, Adirson não esquece o berço, escreveu uma memória quando do centenário do pai, João Adeodato e, sempre que pode, retorna a Santana. Conheci-o numa dessas viagens. Viera com a família para inaugurar rua com o nome do genitor ex-prefeito e placa no casarão onde residiu na Avenida São João, fato ocorrido em 1994 na gestão de Ari Fonteles. A rua João Adeodato corta a 3 de Novembro, data da fundação do Município e esbarra na Manoel Joaquim, homenagem ao primeiro presidente da Câmara Municipal. Mais sintomático não poderia ser. E a placa comemorativa ao centenário ainda permanece no casarão que, graças, está bem preservado.

Colocação das quadrilhas no Festival Junino de Acaraú

Como todos sabem, no último final de semana, ocorreu, na Praça do Centenário, no Centro de Acaraú, o Festival de Quadrilhas Juninas do Município, situado na zona Norte do Ceará. O evento, promovido pela Prefeitura Municipal, juntamente com a Federação das Quadrilhas Juninas do Ceará (Fequajuce) contou com a apresentação de quadrilhas juninas de vários municípios cearenses: Camocim, Hidrolândia, Sobral, Acaraú, Fortaleza, Cruz, Tianguá, entre outros. Confira a colocação das quadrilhas:

1º - Grupo Esperança (Camocim) 178,40
2º - Estrela Branca (Hidrolândia) 177,70
3º - Queima Fogueira (Itapiúna) 176,40
4º - Pisa na Fulô (Sobral) 176,40
5º - União Junina (Sobral) 175,20
6º - Coração da Terra (Acaraú) 174,50
7º - Explosão na Roça (Acaraú) 174,40
8º - Explosão na Roça (Fortaleza) 166,70
9º - Paixão do Sertão (Jaibara) 165,40
10º - Emoção Junina (Cruz) 163,00
11º - Arraiá dos Apaixonados (Groaíras) 157,60
12º - Grupo Junino Girassol ( Tianguá) 155,10

Fonte: Blog Vale do Acaraú Noticias

Arraiá do Patativa é bicampeão

O grupo de Assaré volta à Fortaleza para representar o Ceará no Festival Nordestino de Quadrilhas Juninas

A quadrilha tem 60 jovens com idade entre 15 e 30 anos, oriundos de bairros pobres da cidade de Assaré
DIVULGAÇÃO
Crato. A quadrilha "Arraiá do Patativa" conquistou Bicampeonato Estadual do XIII Festejo Ceará Junino, promovido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará em parceria com a Federação das Quadrilhas Juninas do Ceará. O grupo volta à Fortaleza, no dia 31 de julho, para representar o Estado do Ceará no Festival Nordestino de Quadrilhas Juninas, evento que contará com as 10 melhores quadrilhas do Nordeste.

Este ano, o grupo de Assaré levou para a Capital o tema "Um Saboroso Doce do Sertão, Encantando as Noites de São João", que aborda a agroindústria açucareira, com a fabricação do doce mais popular do sertão, a rapadura.

Dentro desse contexto, os representantes de Assaré dramatizaram a quadrilha com diálogo dos figurinos, marchas juninas, casamento matuto, coreografia com o imaginário popular, ao redor dos engenhos de rapadura do Cariri, a literatura de cordel, a dança de coco, com as emboladas elementos que compõem o universo cotidiano das comunidades e povos que vivem dos canaviais.

O grupo apresenta desde o processo de colheita da cana-de-açúcar, passando pela preparação do mel nas caldeiras, a produção do alfenim, até a produção e, ainda, distribuição da rapadura para todo o público que os assistem.

Para o secretário de Cultura de Assaré, Marcos Salmo, a conquista do título foi um grande estímulo para o grupo de jovens que participa da quadrilha. Ele lembra que são 60 jovens com idade entre 15 e 30 anos, oriundos de bairros pobres que enfrentam limitações culturais. Os figurinistas, compositores, diretores, coreógrafos são pessoas formadas no próprio grupo, através de oficinas e cursos.

Linguagens
O grupo, nos seus desdobramentos, utiliza-se de outras linguagens artísticas para promover as tradições juninas, como pesquisa e mapeamentos, publicação de cordéis e produção de filmes. Ações estas que só foram possíveis com as parcerias de várias instituições públicas e privadas, ressalto Marcos Salmo.

O secretário de Cultura lembra também que, ao longo dos anos, os coordenadores da quadrilha se inspiram na obra do filho mais ilustre da cidade, Patativa do Assaré, autor da poesia "Ingém de Ferro", um clássico dos poemas populares.

Dentre os diversos temas apresentados estão: "A mala do folheteiro", "Cariri de Cultura e Tradição", "Contribuição Cultural do Cangaço para o Nordeste", "Luiz Lua Gonzaga", "o Centenário Patativa do Assaré". No ano passado, o tema foi "Os vaqueiros do Sertão".

Alunos visitam locais históricos

O City Tour, realizado pela Secretaria de Educação, faz parte da programação dos 100 anos de Crateús

Padre Helênio relembra fatos históricos de Crateús para os alunos que participam do City Tour Crateús
SILVANIA CLAUDINO

Crateús. Igreja Matriz Senhor do Bonfim, Teatro Rosa Moraes, Coluna Prestes, Arco de Nossa Senhora de Fátima, obra em construção do Abatedouro Público, Instituto Federal de Educação do Ceará Campus Crateús, com parada para lanche na Cozinha Comunitária. Este foi o roteiro do City Tour realizado pela Secretaria de Educação deste Município em três ônibus, contemplando cerca de 480 estudantes de quatro escolas da rede municipal de ensino, nos últimos quatro dias, no período da manhã.

A ação faz parte da programação do Centenário de Crateús, que ocorrerá no dia 15 de novembro. A partir das 7h30, os alunos foram recebidos na escola e daí iniciaram o passeio, retornando às 11 horas. Na primeira parada, a Igreja Matriz Senhor do Bonfim, no Centro da cidade. Eles foram recebidos pelo padre Helênio Oliveira, que foi vigário de Crateús durante cinco anos, de 1974 a 1979, e relembrou fatos históricos deste período, bem como do surgimento da Diocese de Crateús e do bispado de dom Antônio Fragoso, primeiro bispo de Crateús. Parada também no Teatro Rosa Moraes, com apresentação de peça teatral.

Conhecimento
"O objetivo do passeio no período das férias é aliar conhecimento e entretenimento, aproveitamos para enfatizar fatos históricos de nossa cidade e apresentar aos nossos estudantes obras arquitetônicas que compõem Crateús ontem e hoje", ressaltou o secretário municipal de Educação, Mauro Soares.

Para ele, o passeio realizado nesse período se torna um atrativo para os estudantes. "É uma forma criativa de ensinar e solidificar nos estudantes o conhecimento e amor pela cidade", explicou o secretário.

Neste período das férias escolares foram contempladas as Escolas José Freire Filho, cujo passeio ocorreu no dia 12, Anízio da Frota, no dia 13, Maria José dia 14 e, por último, Airam Veras. A ideia é expandir o projeto para as demais comunidades escolares do Município em outro momento de férias escolares.

Além dos alunos, alguns pais participaram do passeio. Educadores acompanharam os estudantes fazendo às vezes de guias, com o papel de destacar a história da cidade.

Diversão
Para os estudantes, o passeio pelos diversos pontos turísticos e históricos da cidade, veio em uma ótima hora e aliou diversão e mais conhecimento sobre o Município de Crateús. Janiele Vieira, de 11 anos, da Escola Maria José, gostou do passeio, especialmente da peça teatral. "Gostei muito do tema da peça e de conhecer mais locais da minha cidade", disse. Juliana Costa, 14 anos, conheceu locais novos para ela. "Adorei porque não conhecia a Igreja Matriz e a Cozinha Comunitária".

Já o adolescente Bruno Rodrigues, estudante do 9º ano da Escola Maria José disse que "é muito bom passear nas férias, conheci locais que não conhecia e vi que a cidade está se desenvolvendo".

MAIS INFORMAÇÕES:
Secretaria Municipal de Educação - Centro Administrativo
Rua Cel. Totó, S/N - Crateús (CE)
Telefone: (88) 3692.3311

Cruz delimitava propriedade do Padim

No ano do Centenário de Juazeiro do Norte, várias descobertas relacionadas ao Padre Cícero foram feitas



Fernando Arrais Maia, proprietário da cruz de bronze que delimitava as terras do Padre Cícero, no Município de Missão Velha. Ele mostra o objeto que mede quase meio metro
ANTÔNIO VICELMO
Missão Velha. O Centenário de Juazeiro do Norte suscitou uma série de pesquisas que resultou na descoberta de alguns objetos e documentos que fizeram parte da vida do Padre Cícero. No Sítio Lameiro, situado no Município de Missão Velha, foi localizada uma cruz de bronze que era utilizada como marco de uma das propriedades rurais dele. Na cruz, que mede quase meio metro e pesa dois quilos, está esculpida a seguinte mensagem: "Glória ao Pai, que nos criou. Glória ao filho, que nos remiu. Glória ao Espírito Santo, que nos santifica. Amém".

No verso, a indicação mística: "Viva Jesus, Maria e José. Marco do Padre Cícero Romão Baptista do sítio Lameiro de Missão Velha, 1909".

Proprietário
O marco pertence ao agropecuarista Fernando Arrais Maia, que recebeu de presente do seu tio, Luiz Maia, proprietário do terreno que pertenceu ao Padre Cícero. Para Fernando, o objeto é mais do que uma lembrança familiar. É uma peça valiosa que faz parte da história de um Padre que foi eleito "Cearense do Século", em razão de sua liderança política e religiosa em todo o Nordeste.

Para o historiador Daniel Walker, o marco não é o único encontrado na região. Existem outros marcos de madeira com os quais o sacerdote delimitava suas propriedades.

A novidade é que este, em forma de cruz, traz duas mensagens. O marco em questão já foi apresentado ao secretário de Cultura e Turismo de Juazeiro do Norte, José Carlos dos Santos, que está tentando adquiri-lo. A aquisição está na dependência de comprovação da autenticidade da peça.

Autêntico
De acordo com informações de José Carlos, existe um forte indício de que o objeto é autêntico. O professor Renato Casemiro já comprovou, com documentos, que o terreno onde foi encontrado o marco pertencia realmente ao Padre Cícero.

O secretário lembra outro marco importante que foi localizado na Estação Ferroviária de Juazeiro do Norte que, além de assinalar a inauguração da chegado do trem no Cariri, tem o nome do Padre Cícero como prefeito de Juazeiro.

Proprietário de terras, gado e dono de diversos imóveis no Estado do Ceará e em outros Estados do Nordeste, o Padre Cícero costumava delimitar e acompanhar a administração de suas propriedades. O livro "Cartas do Padre Cícero", de autoria do padre Antenor de Andrade e Silva, publica várias cartas do patriarca de Juazeiro do Norte falando nos marcos de suas fazendas.

MAIS INFORMAÇÕES
Fernando Arrais Maia
Município de Missão Velha
Região do Cariri
Telefone: (88) 9969.5944


Antônio Vicelmo 
Repórter

Secult anuncia novos Pontos de Cultura

Na manhã de ontem, o secretário de Cultu- ra, Professor Pinheiro, anunciou 100 novos projetos contemplados com o II Edital de Pon- tos de Cultura, que agora passa a alcançar 131 cidades cearenses

O maracatu Nação Fortaleza foi um dos projetos da capital atendidos neste segundo ano do edital
WALESKA SANTIAGO
Instituído como instrumento de apoio para projetos que talvez não tivessem acesso a editais federais, provenientes do Ministério da Cultura, o Programa Pontos de Cultura do Estado do Ceará lançou, em novembro do ano passado, sua segunda edição. Ontem, o secretário de cultura Francisco Pinheiro anunciou os novos projetos que deverão ser atendidos por esta política de financiamento, recebendo individualmente R$ 60 mil anuais durante três anos.

Segundo Isabel Almeida, Assessora Técnica do projeto Pontos de Cultura no Estado, para concorrer ao edital, além da comprovação como ONG, a instituição precisa ter um histórico de pelo menos dois anos de atuação no setor cultural, não necessariamente comprovado pelo tempo de CNPJ. "As instituições poderiam comprovar suas atividades por meio de matérias de jornais, fotografias...", explica.

As ações culturais contempladas passam a obter o reconhecimento e o apoio público, devendo ofertar como contrapartida a elaboração de produtos culturais ou mesmo de formações, oficinas e outras séries de bens intangíveis, que vão sendo assessorados pelos Pontões de Cultura, órgãos responsáveis por fiscalizá-los.

Nesta edição, cerca de 400 entidades se inscreveram. "No primeiro prazo, obtivemos apenas em torno de 100 inscritos para as 100 vagas, mas não quisemos fazer uma seleção sem concorrência. Por isso, investimos em maior divulgação, ampliamos o prazo e finalizamos com uma estatística de quatro projetos para cada vaga, um número interessante para que pudéssemos, de fato, discutir o nível dos projetos apresentados", comentou o secretário. A maior parte dos selecionados trabalham com as chamadas "Artes Integradas", que combinam linguagens artísticas como dança teatro e música; em segundo lugar, constam as Manifestações e Culturas Populares. De acordo com Professor Pinheiro, não houve por parte da Secult nenhum privilégio a determinados projetos.

"A única interferência da seleção acontece em um critério de desempate prescrito por lei, que deve privilegiar grupos quilombolas e indígenas. O que se pode concluir diante do panorama dos selecionados por linguagens é que as ações culturais do Estado tem caminhado sobretudo para esses dois formatos: artes integradas e projetos ligados à tradição", conclui Pinheiro.

Até 2010, apenas 77 cidades cearenses possuíam Pontos de Cultura, financiados por recursos federais ou estaduais. Agora, 131 cidades deverão ser contempladas e a meta do governo é que, até 2014, todos os municípios cearenses sejam contemplados. Analisando a trajetória percorrida pelo Programa, Pinheiro acredita que os primeiros Pontos de Cultura aprovados tem deixado sua contribuição para a cultura local. O maior "gargalo", no entanto, ainda continua sendo a dificuldade dos gestores dos projetos em lidar com as burocracias inerentes ao repasse dos recursos.

"Estamos pensando em fazer formações com os gestores sobre elaboração de projetos, por que ainda temos muita dificuldade com os prazos e prestações de contas. Nem todos os envolvidos com cultura sabem resolver essas questões típicas de administração", ressaltou o secretário. Durante a coletiva, Pinheiro comentou ainda o retorno de sua gestão apesar do conturbado início.

"Estamos trocando o pneu do carro com ele em movimento. Toda gestão tem esse tempo normal de maturação, que leva cerca de seis meses, mas apesar disso, não deixamos de lançar nenhum dos editais da Secult, então creio que estamos com tudo sob controle", justifica.

MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER

Teatro José de Alencar é o berço da arte em Fortaleza


Espaço para convivência, criação artística e divulgação da cultura, o Teatro José de Alencar, em Fortaleza, é um belíssimo exemplo da arquitetura eclética.

No livro Brasil Imperdível, o músico e compositor Raimundo Fagner, morador ilustre da capital cearense, resgata um fato curioso em relação à sua construção: 

Isso mesmo. O Teatro José de Alencar precisou de matéria-prima importada para ser construído.




"Uma exuberante e caprichosa estrutura de metal vinda da Escócia originou o teatro, inaugurado em 1910″.

De lá para cá, o espaço passou por momentos distintos: da glória inicial até um período de esvaziamento, quando cogitou-se transformá-lo em um estacionamento (veja vídeo ao lado).

Porém, o teatro (cujo nome é inspirado no grande escritor cearense) se manteve firme. Após fechar as portas para uma grande reforma, no final da década de 1980, teve sua área ampliada. Atualmente, conta com outros três palcos menores, além do principal, e possui biblioteca, Centro de Artes Cênicas e salas de ensaios.

O Teatro José de Alencar possui, ainda, um espaço para apresentações ao ar livre em seu jardim, projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx.

Fonte: Blog Brasil Imperdível

Fortaleza apresenta-se como ‘Capital dos Eventos’

A prefeita Luizianne Lins foi homenageada pelo trade cearense, com a comenda entregue pelo presidente do Fortaleza Convention e Abav-CE, Colombo Cialdini

Com a ação integrada do poder público e iniciativa privada, mais a participação efetiva do trade turístico, a capital do Ceará segue desenvolvendo um intenso trabalho promocional em sua projeção de destino onde todos os atrativos de lazer  também encaminham para a contínua prospecção de segmentos importantes, como na área de eventos.

Através da sua secretaria de turismo, a prefeitura municipal de Fortaleza em parceria com o Convention Bureau e com o apoio da TAM Linhas Aéreas promoveu nesta quinta (14), a ‘Noite de Fortaleza em São Paulo’, reunindo mais de 500 convidados em uma casa de shows em Pinheiros, zona sul da capital paulista.

Para se mostrar como a quinta capital mais populosa do país, com verão durante a maior parte do ano, hotelaria de destaque, uma ampla e alegre agenda cultural, vida noturna agitada e gastronomia reconhecida, e localidade apta cada vez mais na prospecção de eventos – o setor mais rentável da indústria turística –, o evento de lançamento deste projeto veio direto ao principal emissor de turismo para o Ceará.

‘Fortaleza Capital dos Eventos’ terá uma série sincronizada, um evento a cada mês, por várias capitais – ainda neste ano com o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia e Brasília (em novembro), aí vem a pausa da temporada de verão e reinicia em 2012, Manaus e Belém, Curitiba e Porto Alegre, completando-se em Campinas, com atenção para a região do rico interior paulista. A típica comida regional  do ‘Colher de Pau’ e a música com animação certa da famosa ‘Banda do Pirata’.

Reafirmando que o evento tem direcionamento objetivo para o mercado corporativo, o presidente do Fortaleza Convention Bureau, Colombo Cialdini, destacou que este modelo de evento – coordenado pelo diretor executivo Airton Cabral – tem o perfil com todos os componentes para mostrar o clima de alegria e bem receber que a cidade realça. ‘Apresentando as potencialidades e os novos projetos de modernidade executados pela administração municipal – como a nova  avenida Beira-Mar, a remodelação da praia do Futuro, e do pólo gastronômico do Morro de Santa Terezinha – e no setor estadual, onde os grandes destaques são o centro de eventos da ExpoCeará e o Acquario.

A prefeita Luizianne Lins não escondia sua felicidade pela 'Noite de Fortaleza' e sua repercussão, acrescentando o recebimento da comenda ‘Vela do Mucuripe’, entregue por Colombo Cialdini em nome do Convention e da Abav-CE, bem como dos representados Abih-CE, Skal-CE e Abrasel. A comenda simbolizou o agradecimento do trade  nas parcerias realizadas e executadas pela prefeita em favor do progresso da cidade.

Antonio Euryco

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Uma vida feita à mão

A artista cearense Nice Firmeza chega aos 90 anos e celebra a data com a abertura de uma exposição e com o lançamento de um livro de memórias. O evento acontece, hoje, às 18 horas, no Museu do Ceará


Nice Firmeza é um bom exemplo para desvelar o machismo dissimulado na velha máxima de que, "por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher". Companheira de Estrigas (Nilo Firmeza, artista plástico e crítico de arte), há mais de 50 anos, ela está ao seu lado, compartilhando projetos e ombreando-o em sensibilidade.

No próximo dia 18, ela chega aos seus 90 anos. E comemora da mesma maneira que seu companheiro o fez, há dois anos: com a abertura de uma nova exposição e com o lançamento de um livro de memórias. A comemoração é antecipada, para prolongar a festa. Às 18 horas, no Museu do Ceará, a artista abre a mostra "Bandeiras da Nice" e participa do lançamento de "Conversas com Nice", livro de Alberto Rodrigues Soeiro, escrito a partir de entrevistas feitas com a homenageada.

Bandeira
Ao celebrar seus 90 anos, Nice firmeza comprova sua discrição. O conjunto de pinturas exposto é, ele mesmo, uma homenagem: ao pintor cearense Antonio Bandeira (1922 - 1967).

São 28 trabalhos inéditos, produzidos a partir de 1994. Nessa época, Nice decidiu experimentar uma criação que partisse de uma obra já existente - no caso, um quadro de Bandeira, que consta no acervo do Mini-Museu Firmeza, galeria particular dedicada às artes cearenses, aberta ao público, mantida pela artista e pelo marido, no sítio onde vivem, no Mondubim. Os trabalhos recriam e reinventam as imagens não-figurativas de Bandeira, com a delicadeza do uso de cores que marca o trabalho de Nice Firmeza.

Trajetória
Nice Firmeza nasceu em 1921, em Aracati. O padre a batizou apenas com o nome de Maria (só aceitava nomes de santos), mas o Nice que a mãe tanto queria imperou em casa. Mudou-se ainda jovem para a Capital, onde se interessou pela arte. Em 1950, iniciou seus estudos no curso livre de desenho e pintura da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), quando conheceu seu companheiro de longa data, o então odontólogo Estrigas.

Delicada e inquieta, Nice não se contentou com os gêneros das artes plásticas. Se fez artista, também, a partir dos saberes da tradição popular. Doceira e bordadeira (faz "pinturas" com formas e cores ricas de suas linhas), foi nomeada Tesouro Vivo/Mestre da Cultura, pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult).

Memórias Conversas com Nice Alberto R. Soeiro
LCR Gráfica
2011
76 páginas
R$ 20

Lançamento do livro e abertura da exposição "Bandeiras da Nice". Às 18 horas, no Museu do Ceará (Rua São Paulo, 51, Centro). Contato: (85) 3101.2606

Reforma do teatro sem previsão de término

Há 15 anos fechado, o espaço está em obras desde o início do ano passado. Está prevista construção de praça

Polo cultural: localizado em um prédio ao lado da Emcetur, o equipamento já foi importante espaço de movimentos em Fortaleza nos idos de 1970. A reforma no prédio é lenta
LIANA SAMPAIO
Importante polo cultural que movimentava a Fortaleza da década de 1970, o Teatro Carlos Câmara, do Centro de Turismo do Ceará (antiga Emcetur), está desativado há 15 anos.

Fundado em 1974 e fechado cerca de 20 anos depois por falta de manutenção, o equipamento hoje está em obras desde o início de 2010. Não há previsão para o término dos serviços.

Laete Fernandes, administrador do Centro de Turismo, afirma que os atrasos se devem ao processo de desapropriação de terrenos vizinhos para que seja feita a reforma do espaço. "O terreno ao lado do teatro, que pertencia a Santa Casa de Misericórdia, está sendo desapropriado para que possamos continuar com as reformas, o que tem levado tempo, por isso ainda não sabemos quando tudo será concluído", explica.

Localizado em um prédio ao lado da Emcetur, na Rua Senador Pompeu, o teatro, além de reformado, será também ampliado com a criação de uma praça e um estacionamento no local. O Museu de Arte e Cultura Popular, que funciona na sede do Centro de Turismo, também passará por mudanças. As intervenções no espaço ainda não têm previsão de início.

Preservação
O Centro de Turismo foi reinaugurado em 2010, pela Secretaria de Turismo do Estado (Setur). Todo o entorno do local está passando por intervenções para formar, junto com a Estação João Felipe, Santa Casa de Misericórdia e Passeio Público, um dos mais importantes corredores arquitetônicos e históricos preservados na Capital.

Esta foi a primeira reforma realizada no Centro de Turismo do Ceará desde o início do seu funcionamento, em 1973. As obras de melhoria foram iniciadas em janeiro de 2008 e receberam investimentos de R$ 1.976.640, do Tesouro Estadual e Ministério do Turismo.

A reforma incluiu a reestruturação das 104 lojas que funcionam no Centro, além da instalação de um elevador panorâmico no local. Novas estruturas elétricas, hidráulicas, de refrigeração, banheiros, restaurante, lanchonete e quiosque também foram instalados durante as obras.

Embora julho seja um mês de alta estação, o movimento de turistas no polo cultural, nesta temporada, está abaixo do previsto. É o que observa o conselheiro da Associação dos Comerciários do Centro de Turismo (Acentur), Raimundo Quixadá. "Pelo que venho notando, diria que o movimento está cerca de 60% menor do que o esperado".

Esse é também o sentimento de muitos dos lojistas do local. A comerciante Tarcila Silveira, 52 anos, ainda mantém o otimismo e espera que a segunda quinzena do mês seja melhor. "Por enquanto está igual a outras épocas do ano, de baixa temporada. A gente ainda está na expectativa de uma melhora até o fim das férias", diz.

Segundo a Acentur, uma média de dez ônibus de turistas passam por dia pelo local. Raimundo Quixadá acredita que um maior conhecimento da população sobre o espaço é uma das saídas para fomentar as visitas ao Centro.

"Tem que divulgar primeiro para as pessoas da terra para poder trazer turistas aqui. Frequentam muito o Mercado Central e não vêm aqui, que é do lado e tem a mesma variedade e qualidade de serviços. Somos um polo cultural, histórico e comercial que merece mais destaque", afirma Quixadá.

Com o intuito de promover ainda mais Centro de Turismo e aquecer as vendas e visitas ao local, a Acentur realiza apresentações artísticas e culturais, além de passeios por Fortaleza até o final de julho.

Outros projetos para a promoção de festivais artísticos durante todo o ano também foram encaminhados para a Setur para aprovação. O objetivo das ações é movimentar as atividades do Centro de Turismo, estimulando as visitas e as vendas.

"Queremos que o Centro volte a ser um polo cultural e econômico forte no Estado, como foi no início de seu funcionamento, na década de 1970", finaliza o conselheiro da Acentur, Raimundo Quixadá.

FIQUE POR DENTRO
História do Teatro
O Centro de Turismo do Ceará (Emcetur) foi fundado em 1973, pelo então governador César Cals, no prédio da antiga Cadeia Pública, no Centro da cidade. A criação do teatro veio um ano depois, em 1974. O espaço ocupava uma das alas do Centro e, posteriormente, passou a chamar-se Teatro Carlos Câmara, em homenagem ao dramaturgo. Durante a década de 1970, o equipamento era um dos polos culturais mais ativos de Fortaleza. Há 15 anos desativado, o espaço passa agora por reformas.

REGINA PAZ 
ESPECIAL PARA CIDADE

domingo, 10 de julho de 2011

Livro reúne ícones do Cariri

Obra infantil aborda tradições e histórias que povoaram a região, enfatizada por apresentar-se em áudio

Lançamento do livro ofereceu uma identificação com o público infantil, envolvido com as tradições do lugar
Crato. Lançado, nesta cidade, o livro "O Mistério das 13 Portas no Castelo Encantado da Ponte Fantástica", de autoria do médico José Flávio Vieira, com Ilustrações de Reginaldo Farias. A solenidade de lançamento aconteceu no Cine Teatro Salviano Arraes, antigo Cine Moderno, localizado no calçadão da Rua Bárbara de Alencar.

O livro, engenhosamente, faz uma tessitura dos mitos caririenses e acompanha um CD com 15 Músicas e um Áudio-Livro com a exposição da história. A narração do livro na voz de Luiz Carlos Salatiel é destinada a deficientes visuais, justifica o autor, destacando que é o primeiro livro cearense com áudio.

O projeto foi vencedor do I Prêmio Rachel de Queiroz da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult). Na oportunidade, foi promovido um show com a presença de vários músicos e compositores cearenses que participaram do projeto, entre os quais Luiz Carlos Salatiel, Lifanco, Ibbertson Nobre, Luiz Fidelis, Pachelly Jamacaru, Amélia Coelho, Ulisses Germano, Zé Nilton Figueiredo, João do Crato, Leninha Linard, Abidoral Jamacaru, Fatinha Gomes, André Saraiva, Elisa Moura, João Neto, Bonifácio Salvador, Rodrigo e o Coral Mensageiros de Cristo.

Alusão

Zé Flávio faz questão de dizer que a produção contou com a participação de mais de 60 pessoas que deram sua colaboração, a partir de sua neta, Thais, de 13 anos de idade, que leu o livro com o objetivo de indicar se o texto estava à altura do público infantil. Com base nesta leitura, o autor teve que fazer algumas correções antes de liberar o trabalho para impressão.

A obra destinada ao público infantil trata de um Reino Encantado com o nome de Aimará, localizado no pé de uma serra, com árvores grandes e frondosas, cercado de fontes perenes que banhavam o vale. Ali, nasciam flores e cresciam muitas fruteiras. Era o paraíso dos pássaros, entre eles uma ave especial que era o guardiã do Reino e se chamava Soldadinho. Aimará era governada pelo Rei Tristão e a Rainha Bárbara. Com tantas fruteiras e caças, os habitantes não precisavam trabalhar muito. O Reino criado pelo autor é uma alusão à região do Cariri.

Ao lado, havia outro Reino com o nome de "Trono do Altar", governado pelo Rei Joaquim que, ao contrário do Rei Tristão, era guerreiro, perverso e invejoso. Terminou invadindo o Reino de Aimará. Com o tempo, o Reino foi destruído em consequência do pipoco da pedra da Batateira que inundou a região. Os sobreviventes se refugiaram na serra do Horto, onde se encontra a estátua do Padre Cícero, fundador de Juazeiro.

Ao longo da história, o autor lembra as lendas que povoam o imaginário popular do Cariri. Entre elas, uma baleia que morava embaixo da Igreja da Sé, o boi misterioso, a cobra da lagoa encantada, a pedra de Nova Olinda e outras crendices que construíram e povoaram o mundo do Cariri encantado. No trajeto místico em busca de decifrar o mistério que envolveu a destruição do Reino, o autor denuncia os crimes ambientais, o progresso avassalador e a ganância do homem. Por fim, depois de uma longa caminhada, um dos personagens encontra as 13 portas do Castelo Encantado, que são representadas por 13 mitos que escreveram com o seu jeito de ser a história do Cariri.

Maldição

Uma história construída por gente simples como Canena, uma mulher que vendia tapioca com fígado no Crato antigo. Tandô, um moreno metido a cangaceiro que carregava na cartucheira, ao invés de balas, fragrâncias dos mais diversos perfumes silvestres do Reino.

O Rei da Serra, um ermitão que fez da floresta do Araripe a sua morada e única propriedade. Capela, um travesti valente que se tornou o defensor dos injustiçados. Vicente Finim, o filho ingrato que, por maldição da mãe, virava lobisomem nas noites de lua cheia. Maria Caboré, uma serviçal que morreu de peste bubônica, enquanto tratava dos pais. O Príncipe Ribamar da Beira Fresca, que inventou uma fábrica de descaroçar fumaça. Noventa, um chapeado, um profeta que foi alfabetizado enquanto trabalhava. Zé Bedeu, um boêmio que fez das praças do Crato o seu lar. Padre Verdeixa, um missionário irreverente que arranjava um pé-de-briga por onde passava. Zé de Matos, um poeta que vagava, fazendo poesias nas feiras do Crato. O Beato Zé Lourenço, um líder espiritual que foi perseguido pelos poderosos e Jeferson da Franca Alencar, o ecologista que conseguiu salvar alguma coisa do Reio Encantado.

Identidade

O autor justifica que a história de uma região nem sempre é escrita por nobres. Estes mitos que alimentam conversas de mesas de bares, nos alpendres das fazendas e nos terreiros das casas sertanejas são os verdadeiros símbolos da identidade da Nação Cariri.

Com estes personagens, mitos e crendices, o médio José Flávio com a ajuda de músicos e intérpretes regionais, consegue transformar um elenco de lendas numa denúncia contra a devastação da natureza, alimentada pela ignorância de muitos, pela ganância especulativa ou pela cegueira política.

MAIS INFORMAÇÕES
Secretária de Cultura, Esporte e Juventude do Crato
Centro Cultural do Araripe
Telefone: (88) 3523.2365


ANTONIO VICELMO 
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

sábado, 9 de julho de 2011

Revista Corsário-Navegar é preciso

O poeta Augusto de Campos, expoente da vanguarda concreta no Brasil, comparece na revista Corsário, em entrevista inédita e na tradução estática de um vídeo-poema
EDUARDO SIMÕES/PERSPECTIVA
Selo independente Corsário lança revista literária e projeto Rota das Especiarias, para a comercialização de obras de escritores cearenses

Há muito as editoras converteram-se em empresas, adotando um modelo econômico em que a qualidade literária e a ousadia de revelar novos autores não é valorizada. O catalão Enrique Vila-Matas escreveu, na forma de um romance-ensaio, um longo lamento pela extinção deste tipo engajado e apaixonado de editor.

Sem querer ressuscitar os motos, um selo editorial local tem reinventado esta postura. Com poucos anos de atividade, a Corsário partiu das águas da internet (onde surgiu, como site e revista virtual) para ganhar a forma de livros. Já foram lançados 10 - em projetos gráficos particulares e nada preguiçosos, que evocam o conteúdo das obras (em prosa e poesia).

À frente da Corsário está o casal de escritores Mardônio França e Katiusha de Moraes, dupla inquieta que se divide entre a criação literária, a reflexões sobre suas novas formas e os canais a serem abertos e o incentivo a autores cearenses ainda não consagrados.

As duas novas ações deste empreendimento, carregado de uma ideologia pró-literatura de invenção, são o lançamento de uma revista literária, em que cabem ficções, poemas, fotografias e ensaios, e a criação de um projeto de circulação e comercialização das obras de autores independentes.

Campo aberto

O primeiro número de Corsário (76 páginas, R$ 10), a revista, será lançado hoje, às 18 horas, no projeto Navegações Transversais, do Centro Cultural Banco do Nordeste. O tema que dá coesão ao material publicado é "Literatura e seus extensões". No lançamento, Katiusha de Moraes palestra sobre o diálogo entre a literatura contemporânea e os diversos suportes midiáticos. Fala, sem dúvida, próxima de seu artigo presente na revista - "Jingle bells, jingle bells... acabou o papel", em que autora reflete sobre o tão alardeado fim do livro convencional, como objeto de papel.

Com três números programados, a revista estreia com colaborações de Augusto de Campos, expoente da Poesia Concreta, que comparece em uma entrevista inédita; do editor baiano Edson Cruz, do referencial portal literário Cronópios (www.cronopios.com.br); do pesquisador de cinema Henrique Dídimo (escrevendo sobre vídeo-poesia); dos escritores Pedro Salgueiro, Léo Mackellene Poeta de Meia-Tigela, dentro outros. A revista foi contemplado na categoria Edigar Alencar (revista literária/cultural), do editral do Prêmio Literário para Autores Cearenses, da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult). Os textos de Corsário também podem ser lidos gratuitamente na internet, no site da editora (www.corsario.art.br).

Enquanto faz os acertos finais nas próximas duas edições da Corsário, Mardônio e Katiusha preparam o projeto Rota das Especiarias - Temperos Literários. Inspirado nas antigas feiras medievais, eles pretendem transformar escritores em mercadores de sua própria arte. O projeto prevê oficinas e a organização de três feiras, em Messejana, no Benfica e na Cidade 2000. Informações e inscrições pelo site www.rotadasespeciarias.art.br

MAIS INFORMAÇÕES:
Lançamento da revista literária Corsário. Às 18 horas, no
Centro Cultural Banco do Nordeste (Rua Floriano Peixoto, 941 - Centro). Contato: (85) 3464.3108

Academia Sobralense de Letras-Homenagem a Sobral e Personalidades de destaque

Os homenageados com o Presidente e a Vice-Presidente da Academia.
Da esquerda para a direita: Mestra Anísia Rocha, Prof. Colaço Martins, Mons. Sadoc de Araújo,
Profª. Maria José Santos Ferreira Gomes, Prof. José Luís Lira, Profª. Tereza Ramos e o
Dr. José Clodoveu de Arruda Coelho Neto.
  
José Lira,Tereza Ramos e Totó Rios
Confira Matéria no Blog do Totó Rios: aqui