sábado, 27 de agosto de 2011

Família Crajubar


As histórias ligadas à figura do Padre Cícero servem como pano de fundo para o livro que a escritora Maria Laudecy Ferreira de Carvalho lança hoje, na sede da ACE
 
As primeiras histórias sobre a atuação de Padre Cícero na região do Cariri a escritora Maria Laudecy Ferreira de Carvalho ouviu ainda criança. Quem contava era a avó, mas a convivência com o Padim vinha desde os bisavós. Para tentar resgatar esta memória e fazer um registro da cultura cearense, tendo como mote a figura do homem tido como santo por milhões de pessoas, ela escreveu o livro "Padre Cícero Romão Batista e a Família Crajubar". A obra será lançada, hoje, a partir das 9h30, na sede da Associação Cearense dos Escritores, no Centro.

A história tem traços de novela e tem protagonistas os membros da família do casal Cícero e Juliêta. "O livro tem como pano de fundo fatos acontecidos entre os anos de 1830 e 2008. Padre Cícero serviu e ainda serve como exemplo para muita gente. Seus ensinamentos e profecias ajudaram a construir a imagem de santo perante seus devotos", afirma Laudecy, que nasceu em Nova Olinda, mas mudou para o Crato com o objetivo de estudar.

Um dos trechos que mais chamam atenção na narrativa é o fato de cada um dos três filhos de Juliêta terem nascido no Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Isso, conforme a autora, tem relação com uma passagem dos escritos deixados por Padre Cícero, de acordo com os quais, um dia, as três cidades se tornariam uma só e seriam chamadas apenas de Crajubar. O nascimento das três crianças, cada uma em uma cidade, para Juliêta, era interpretado com o cumprimento de uma profecia do Padim. Era como se ela tivesse na própria família a essência Crajubar. "A religiosidade sempre foi um traço marcante daquela região e procuro mostrar isso no livro ilustrando com histórias que ouvi sendo contadas pelos mais velhos", explica a autora.

O texto tem elementos autobiográficos, já que muito foi construído a partir da vivência de Laudecy. Ela lembra, por exemplo, que a avó, que a abrigou quando era estudante, não sabia ler até sua chegada. "Achei aquilo um absurdo e decidi ensiná-la. Era uma menina, mas ela já disse que aquele foi o melhor presente que ela já havia recebido", revela. "Tudo isso está no livro. De acordo com os costumes da época, as mulheres eram impedidas de estudar pelos pais, para que não pudessem receber bilhetes de pretendentes apaixonados".

Por isso, defende Laudecy, seu livro também representa o resgate histórico de uma época onde a repressão, o machismo e o preconceito imperavam. "Trata-se de uma ficção, mas ela é baseada em fatos que aconteceram de verdade", resume.

A narração é cortada por poemas da própria escritora, que ajudam a ilustrar algumas situações vividas pelos personagens. Ela destaca dois deles: "Cristo e o Padre Cícero", onde faz uma analogia entre as três tentações de Cristo e as três tentações pelas quais teria passado o religioso cearense, e "Eu e a biblioteca", cujos versos estimulam o hábito da leitura. Ambos, conta Laudecy, já receberam diversas premiações.

Além do evento de evento, estão marcados lançamentos do livro no Crato, no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri (Urca), dia 30, às 19 horas, e no Sesc Juazeiro do Norte, dia 31, no mesmo horário, abrindo o Circuito Sesc de Incentivo à Leitura.

REGISTRO
"Padre Cícero Romão Batista e a Família Crajubar"

Maria Laudecy Ferreira de Carvalho
2011
R$ 14,99
96 páginas
Premius

MAIS INFORMAÇÕES:
Lançamento do livro "Padre Cícero Romão Batista e a Família Crajubar", hoje, 9h30, na
ACE (Rua Princesa Isabel, 17, Centro). Contato: (85) 3214.2539


FILIPE PALÁCIO 
REDATOR

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