Foto: Divulgação |
Inscrito na mais tradicional escola de documentarismo que caracteriza de alguma forma a fotografia cearense, Santana é o segundo autor brasileiro (o primeiro foi o Sebastião Salgado) a ser inserido na famosa coleção de livros de fotografia francesa PhotoPoche, criada em 1982 no Centre Nationale de la Photographie, pelo Editor Robert Delpire, e um dos projetos editoriais em fotografia mais difundidos do mundo, com mais de 150 livros, publicados em 3 coleções (História, Notas e Sociedade). Seu livro "Sertão" (Actes Sud, 12,80 euros) acaba de ser lançado em Paris.
O encontro entre autor e editor aconteceu em julho de 2007. "Ele conhecia meus livros Benditos e Chão de Graciliano e me disse que gostava muito da minha forma de fotografar", conta Santana por e-mail. "Para minha surpresa me fez o convite para entrar na Coleção Photo Poche, com meu trabalho sobre o sertão."
Quatro anos depois, com o número 17 da coleção Société, Tiago Santana nos apresenta um belíssimo ensaio sobre o sertão nordestino. A força de suas imagens também chamou a atenção do escritor cubano residente na França Eduardo Manet, que escreve o prefácio do livro: "Cada fotografia de Tiago Santana nos coloca frente a um enigma. Melhor: frente a enigmas fascinantes".
Santana nasceu no Crato, em 1966. Começou a trabalhar como fotojornalista e fotografo documentarista em 1989 e, desde então, publicou obras importantes, como "Benditos" (2000), "Brasil sem Fronteiras" (2003) "O Chão de Graciliano" (2006) e "O Sertão Dentro de Mim" (2010). Em 1994, fundou a editora Tempo de Imagem.
Num mundo cheio de redundâncias, de imagens que se plagiam a si mesmas e que aos poucos vão perdendo sua característica de linguagem e, portanto, de comunicação, a fotografia de Tiago ainda é capaz de surpreender, de nos tocar. "Procuro encontrar uma forma de contar histórias com sutileza, estranheza, mistério. Busco na singularidade daquelas pessoas, em seus lugares, olhares e paisagens que me inquietam e me impulsionam a fotografar, como se quisesse não só desvelar algo, mas também criar". O sertão de Santana não é exótico. É um olhar diferenciado de quem habita a região, mas que ao mesmo tempo também procura entendê-la e recriá-la.
Fonte: Estadão
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