segunda-feira, 30 de maio de 2011

Por uma vida melhor-Livro não será adotado no CE

Para o Ensino Médio, o Estado fez aquisição de livros com recursos próprios para atender os alunos em 2010 e 2011

A publicação defende a escrita sem concordância de expressões orais populares, o que causou polêmica
FOTO: DIVULGAÇÃO
O livro “Por uma Vida Melhor”, que contém erros de concordância, distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos, do Ministério da Educação, não será adotado pelas escolas cearenses municipais e estaduais. Na publicação, são usadas frases como: “nós pega o peixe” e “os menino pega o peixe”. Segundo as secretarias municipal e estadual de Educação do Ceará, o motivo da escolha de outros livros não foi os erros de concordância.

O livro didático distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) a 4.236 escolas brasileiras que defende a escrita sem concordância de expressões orais populares, apoiado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), ressalta que não há só uma forma correta de falar o português brasileiro.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), a escolha dos livros didáticos é feita, no fim do ano letivo, por meio de enquetes entre os professores da rede municipal.

Conforme a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc), entre os livros escolhidos pelos professores da rede estadual, para o 6º ao 9º ano, da Educação de Jovens e Adultos, também não está incluso “Por uma Vida Melhor”. Ainda segundo a assessoria de imprensa da Seduc, no que diz respeito ao Ensino Médio, o Estado fez aquisição de livros com recursos próprios para atender os alunos matriculados em 2010 e 2011.

Para o psicólogo e mestre em educação, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, todo processo de inclusão precisa ser valorizado na educação. E nesse aspecto, devem estar incluídas também as pessoas que têm um berço cultural diferente do padrão “adequado”. Segundo ele, a preocupação do MEC é de grande relevância para que todos se sintam acolhidos na escola.

Exagero
Por outro lado, Marco Aurélio acredita que houve um certo exagero na adoção desse livro paradidático pelo MEC. Ele ressalta que, considerando a forma popular como correta, a escola começa a perder o sentido que é de ensinar o que foi definido como padrão linguístico.

“Uma coisa é você aceitar aquele aluno falando as expressões populares originárias da sua cultura, outra coisa é aceitar que essas expressões sejam usadas como corretas”, diz. Segundo ele, a melhor forma de incluir esses alunos é explicando, em sala de aula, a origem dessas palavras, sem esquecer de usar o padrão linguístico adequado. O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que o governo não vai mandar recolher o livro, caso contrário o Ministério estaria fazendo censura.

Karla Camila
Especial para Cidade


Fonte: Diário do Nordeste

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