quarta-feira, 13 de abril de 2011

Homenagem ao 129º aniversário de nascimento de José Albano

Neste 12 de abril, homenageamos o poeta cearense José de Abreu Albano pela passagem do seu o 129º aniversário de nascimento.

Nascido em Fortaleza nesta data, no ano 1882, muito cedo foi estudar na Europa - França, Suíça e Inglaterra – em colégios ligados à doutrina católica. Antes de completar 20 anos retornou ao Brasil e iniciou a publicação de poemas no Jornal A República. Com 22 anos embarcou para a capital da República com a finalidade de estudar Direito, mas poucos anos depois retornou ao Ceará sem completar o curso. De novo em sua terra natal, lecionou latim no Liceu do Ceará.

Extremamente religioso e culto, escrevia admiravelmente em francês, em alemão e em inglês, além de ser mestre de latim. Não obstante dominar estes idiomas, tratava como ninguém a língua portuguesa. Sua formação em moldes eclesiásticos influenciou determinantemente sua poesia. Já casado, trabalhou no consulado do Brasil na capital inglesa e viajou pelo mundo, escrevendo poemas de estrutura clássica.

Sua obra não é vasta, mas possui uma qualidade inquestionável dentro dos padrões do simbolismo, uma das correntes poética de sua época. Manoel Bandeira, a quem, juntamente com Braga Montenegro, se deve muito à divulgação da obra de José Albano, chamou-o de poeta singular, "porque inteiramente fora dos quadros da poesia brasileira".

Alguns exemplos marcantes da obra do poeta:

POETA FUI E DO ÁSPERO DESTINO


Poeta fui e do áspero destino
Senti bem cedo a mão pesada e dura.
Conheci mais tristeza que ventura
E sempre andei errante e peregrino.
Vivi sujeito ao doce desatino
Que tanto engana, mas tão pouco dura;
E ainda choro o rigor da sorte escura,
Se nas dores passadas imagino.
Porém, como me agora vejo isento
Dos sonhos que sonhava noite e dia,
E só com saudades me atormento;
Entendo que não tive outra alegria
Nem nunca outro qualquer contentamento
Senão de ter cantado o que sofria.

(Influência de suas andanças - Rio de Janeiro e Europa)


ESPARSA

Há no meu peito uma porta
A bater continuamente;
Dentro a esperança jaz morta
E o coração jaz doente.
Em toda parte onde eu ando,
ouço este ruído infindo:
São as tristezas entrando
E as alegrias saindo.

(Influência dos seus sonhos de poeta)


SENHOR, ASSIM PREGADO AO DURO LENHO

Senhor, assim pregado ao duro lenho,
Não negas a ninguém o seu socorro;
A mim, pois, que de mágoa vivo e morro,
Dá-me o brando sossego que não tenho.
Em te amar sempre ponho todo o empenho,
Vendo do puro sangue o frio jorro,
E com suspiros aos teus braços corro
E ao pé da santa cruz deitar-me venho.
Olha como foi triste o meu destino,
Sem esperanças quase e sem ventura,
Apenas com os sonhos que imagino.
Lembra-te destas dores tão escuras,
De que tu és o meu Pastor divino
E de que eu sou a ovelha que procuras.

(Influência de sua religiosidade)

O poeta morreu aos 41 anos na cidade francesa de Montauban, em 11 de julho de 1923 e está sepultado no cemitério desta cidade.

NOTA:

Quem leu na minha escrivaninha do Recanto das Letras, no dia 14 de março deste ano, a MENSAGEM "Dia Nacional da Poesia", percebeu a importância que alguns nomes da poesia tiveram em minha vida. Entre eles está José Albano, a quem, hoje, presto essa humilde homenagem.

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