domingo, 10 de abril de 2011

Chico Anysio - Inclinações musicais

Mais conhecido como humorista, Chico Anysio também se destaca na MPB onde é parceiro de sua mãe Haydée Paula, Dolores Duran, Nonato Luiz Arnaud Rodrigues, entre outros

Francisco Anysio de Paula, apesar de ser mais popular por seus papéis humorísticos, também é compositor e escreveu seu nome na música popular brasileira através das parcerias com sua mãe, Haydée de Paula, Dolores Duran, Rubens Silva, Raul Sampaio, João Roberto Kelly, Nonato Buzar, Durval Ferreira, S. Valentim, Arnaud Rodrigues, Benito di Paula, Ary Toledo e, mais recentemente com o conterrâneo Nonato Luiz.

Rádio
O artista nascido em Maranguape, iniciou sua trajetória na década de 50, já no Rio de Janeiro, como ator e redator de programas humorísticos na emissora carioca Rádio Mayrink Veiga. Em 1954, com os parceiros Rubens Silva e Raul Sampaio, Chico Anysio criou a marcha carnavalesca "Guarda chuva de pobre", registrada com bastante sucesso pelo grupo cearense Vocalistas Tropicais, na gravadora Continental. A composição foi eleita em 1955, por uma comissão especializada, numa votação no Teatro João Caetano, como uma das dez marchinhas mais populares no período momino daquele ano.

Em 1956, a então consagrada cantora e compositora Dolores Duran(1930 - 1959), conhecida por criar e cantar o samba-canção dor-de-cotovelo, gravou com sucesso o baião, que era também um ritmo da moda, "A fia de Chico Brito", criação do cearense, no seu LP "Estrada da saudade".

Capa do compacto duplo com os sucessos de Baiano & Novos Caetanos, criado por Chico Anysio e Arnaud Rodrigues parodiando Caetano Veloso e os Novos Baianos
Baiões
Depois, em 1959, a mesma Dolores registrou um LP com o título "Esse Norte é minha sorte", no qual emprestou sua voz e incluiu gêneros essencialmente nordestinos. No disco, canções com letra e música de Chico Anysio, "Zefa cangaceira", e "Não se avexe não" e "Tá nascendo fio", assinadas por ele e Haydée de Paula, e "Prece de vitalina", parceria de Dolores Duran e Chico.

No primeiro ano da década de 1960, Chico Anysio estreou com cantor e gravou pela gravadora Todamérica as marchinhas carnavalescas "Não sou de nada" e "Eu sou durão", as duas da consagrada parcerias dos compositores Bruno Marnet e Mário Lago. Ao lado do músico carioca João Roberto Kelly o letrista cearense assinou em 1965 a marcha "Rancho da Praça Onze", interpretada pela estrela Dalva de Oliveira, a qual imediatamente virou hit popular do ano e até hoje é sucesso no período do carnaval. Três anos depois, em 1968, o compositor cearense teve uma parceira sua com o cantor, compositor , teatrólogo e também humorista Ary Toledo, a música "A Família", classificado em terceiro lugar pelo júri popular do IV Festival de Música Brasileira, promovido pela TV Record de São Paulo. A composição foi interpretada pelo cantor paulista Jair Rodrigues.

Década de 70
Atuando sempre em paralelo como humorista, ator, e escritor, trabalhando em apresentações na televisão e nos palcos, Chico Anysio tinha a música sempre como uma companheira. Na década de 1970, ele assinou em parceria com cantor, compositor e músico maranhense radicado no Rio de Janeiro, Nonato Buzar o samba "Rio antigo", no qual resgata algumas histórias da cultura e da boêmia carioca do passado, sucesso popular até hoje no repertório da cantora Alcione.

Como intérprete, o artista de Maranguape também utilizou o seu talento de comediante para alguns discos nos quais encarna seus personagens popularizados em programas de televisivos. Entre eles o versátil Azambuja, o famoso jogador de futebol Coalhada e o antigo "speaker" de rádio, com locução empostada, Roberval Taylor, todos, com suas vozes e bordões característicos.

Capa do compacto duplo com os sucessos de Baiano & Novos Caetanos, criado por Chico Anysio e Arnaud Rodrigues parodiando Caetano Veloso e os Novos Baianos
Baiano & Novos Caetanos
Em dupla com o cantor, compositor e músico Arnaud Rodrigues, seu parceiro mais constantes nessa época, lançou em 1974 o grupo Baiano e os Novos Caetanos. Era uma sátira visual e vocal das apresentações de Caetano Veloso e o conjunto Novos Baianos, muito popular na época, e que revelou para a música popular brasileiras artistas do nível de Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo e Pepeu Gomes.

Composições interpretadas por "Baiano & Novos Caetanos" se tornaram muito conhecidas dos discos lançados pelo grupo. Entre elas, "Eu vou batê pa tú", "Véio Zuza, "Urubu tá com raivado boi", "Selva de feras", "Ciranda" e Folia de Reis". Em 1976, devido ao sucesso que acontecia no programa Chico City da Rede Globo de Televisão, o artista cearense dedicou uma álbum para o personagem radialista Roberval Taylor. O então LP foi disponibilizado pela Som Livre e teve o auxílio luxuoso de artistas da música popular do porte de Carlos Alberto, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Betinho, entre outros.

Nonato Luiz
O talentoso artista cearense Chico Anysio, além dos amigos já citados, também é parceiro do sambista fluminense Benito Di Paula, com quem criou "De quem é essa morena". Mais recentemente, a partir da primeira metade da década de 90, o letrista compõe também com Nonato Luiz.

O instrumentista lembra do primeiro encontro com o humorista: "Conheci o Chico Anysio na casa da Lilibeth Monteiro e logo ficamos amigos. Como havia levado o violão, mostrei minhas músicas e ele já foi letrando algumas. Enquanto eu tocava a melodia, ele ia colocando as palavras. Depois, fomos a um estúdio em Botafogo e fizemos algumas gravações ainda em fitas cassetes. Creio que, nessa época, foram umas 15 músicas, todas ainda inéditas".

NELSON AUGUSTO 
REPÓRTER

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