segunda-feira, 25 de maio de 2009

Dona Laura-Parteira


Laura Lima Martins a “Dona Laura”
Desde sempre mulheres trazem filhos ao mundo, mas nem sempre houve profissional em saúde para que pudesse ajudar às mulheres em trabalho de parto. Foi aí que surgiu voluntariamente no mundo inteiro um batalhão de mulheres heroínas, que com a cara, a coragem e muita fé em Deus se dispunha à ajudar a futura mamãe a passar por período desconfortante que é o dar a luz.

A parteira, tamanha é a grandeza da sua participação naquela hora, que lhe dá até o direito de sentir-se um pouco mãe das crianças, afinal são as duas juntas quem botam mais um filho no mundo.

Certamente foi o que aconteceu no dia 25 de julho de 1925, lá em Cascavel na casa de seu Antônio, a quem os amigos, carinhosamente, chamavam de Seu “Macaíba” e de Dona Madalena, que com certeza, tinha uma parteira lhe ajudando a trazer ao mundo mais uma criança. E deu tudo certo. Nasceu uma garotinha que lá entre Seu Macaíba e Dona Madalena, decidiram lhe chamar de Laura, por sinal um lindo nome.

Mais tarde, a família mudou-se para Fortaleza e Laura foi trabalhar no Hospital São Raimundo, lá conheceu um paciente por quem se apaixonou. Ele chamava-se Valter. Casaram-se e nasceram alguns filhos. No começo da década de 60, vieram morar em Acaraú e Dona Laura conseguiu emprego no Hospital e Maternidade Doutor Moura Ferreira, como parteira.

As características de Dona Laura eram: bonita, educada, extrovertida, muito risonha, e o mais importante, era a responsabilidade em pessoa, mas o destino lhe pregou uma peça. Sr. Valter veio a falecer deixando-a com sete filhos. Algum tempo depois, ela conheceu outro moço, José Martins, que veio de Pentecostes. Casaram-se e D. Laura teve mais cinco filhos. São eles: Francisco e Vanúsia (já falecidos), Valmir, Antônio, Valdir, Vanda, Valdira, Laureci, Aroldo, Madalena, Lenira e Edvaldo.

Dona Laura continuava trabalhando e era muito solicitada pelas gestantes. Seu José era motorista e viajava bastante, até que se interessou por outra pessoa e aos poucos foi se afastando de casa, até sair de vez. Como D. Laura o amava muito sofria bastante, mas não demonstrava a ninguém e cada vez mais se entregava ao trabalho. Tantas era a sua prática que tinha a confiança de vários médicos que passaram pelo hospital.

D. Laura ficou doente, mas não tinha tempo para se cuidar. Pois em primeiro lugar estavam as gestantes que só queriam ser assistidas por ela. Algumas diziam que quando chegavam ao hospital e D. Laura estava presente, era como se Deus estivesse. E outras colegas de trabalho ficavam tão enciumadas com essa preferência, que quando chegava uma gestante e D. Laura não se encontrava, aproveitavam e usavam a seguinte expressão: Seu “deus” já foi embora!

Seu problema de saúde foi agravando-se e apesar das fortes dores no estômago, continuava na luta e só pensava nos outros. Trabalhou 28 anos no hospital e conseguiu se aposentar. Mesmo assim era muito solicitada. Continuou trabalhando em sua própria casa por dois anos. As mulheres chegavam, davam à luz na casa de D. Laura e permaneciam ali por 24 horas e eram liberadas para retornarem às suas casas.

Se algum caso fosse difícil era encaminhado por D. Laura ao hospital onde um médico providenciava o internamento, sem jamais discordar do diagnóstico feito pela mesma.

Quando seu estado de saúde se tornou critico, surgiu um novo problema. Sua casa parecia um local de romaria. As visitas eram permanentes e isso a impedia de descansar e a única saída encontrada por uma amiga, Benedita Pongitori, foi levá-la ao hospital a fim de controlar as visitas.

Até que no dia 22 de dezembro de 1981 D. Laura fez sua viagem, deixando além da saudade, um exemplo a ser seguido...
No dia 26 de julho de 2007 a comunidade do Sítio Buriti ganhou um posto de saúde que homenageia de forma merecidíssima, o nome de Dona Laura.

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