Mons. Sabino Feijão Foto: Divulgação
Ele era muito alegre, ativo, divertido e 
brincalhão. Sempre de batina preta, gozava da admiração da comunidade e 
mantinha uma imensa autoridade. Andar apressado, por onde andasse as 
pessoas, fossem crianças, jovens ou adultos, homens ou mulheres, 
manifestavam receio com sua aproximação, pois ele não dispensava uma 
brincadeira\: ora, uma “mãozada” nas costas; aqui um cocorote na cabeça 
ou a caçoleta na orelha; ali o beliscão na barriga. Este até levava-nos 
ao grito de “ai...ai....ai.... Mas, na faltaram os que, surpresos, até 
revidaram com um tabefe na cara dele....Mais de uma história, ouvi eu 
contarem... E não se zangava quando de inesperada reação. Talvez até se 
saísse, às gargalhadas, como a sussurrar: “Bem feito...bem feito!...”.
Esta, ouvi de seu Raimundo Higino, um idoso de 
Aranaú, com muito riso, contar várias vezes aos que iam passando por 
aquela comunidade onde ele era o dedicado encarregado da Capela. “Um 
dia, narrava ele, estando eu na Casa Paroquial de Acaraú, em visita ao 
padre Sabino, este, de repente, grita forte para uma dupla de soldados 
que ia passando em frente à casa:” Ei, soldados, prendam este homem e 
leve para a cadeia!”. De pronto,
 um policial falou: “Teje preso!”. E eu respondi no mesmo tom: “Num 
Tejo!”. O soldado, já se zangando disse uma segunda e uma terceira vez, a
 ordem de prisão. E eu...respondia do mesmo jeito: “Num têjo!”. Padre 
Sabino, insultando e já parecendo zangado, falou: “Prendam este homem, 
soldados moles!”. Os soldados me agarraram com força para algemar”. Foi 
quando o padre Sabino, ás gargalhadas, interveio forte: “Soltem o 
homem!...Vocês estão prendendo é o homem mais importante de Aranaú!...”.
 Ai, eles me soltaram, e um deles falou meio zangado: “Eu logo via que 
aí tinha uma coisa... que a gente não estava entendendo...”. E 
entenderam: era mais uma brincadeira do padre Sabino.
Ele era assim: brincalhão. Parecia jeito de criança
 peralta. Certa vez, presenciei aflição da risonha e “gorducha” dona 
Tereza Pará, doméstica da Casa Paroquial. Trabalhando ali, com seu irmão
 Domingos Pará, os dois muito respeitavam padre Sabino e lhe eram muito 
gratos, pelos benefícios que ele lhes dava. Naquele dia, após o almoço, 
ainda na mesa, padre se levanta e, mais que de repente e de surpresa, 
padre Sabino se levanta e coloca, pelas costas, pescoço abaixo dentro do
 vestido da Tereza, uma mão cheia de pedras de gelo... Foi um sufoco da 
pobre doméstica...
Confiado na amizade e no respeito que lhe tinham as
 famílias, ele não pedia licença para “carregar” de uma loja fosse o que
 fosse: uma peça de tecidos, pacotes de bolachas, ou de bombons, ou, de 
uma residência rural, um saco de farinha... ou, numa casa da cidade, 
aquele queijo exposto lá na prateleira do quarto ao lado da cozinha... 
Intempestivo, quantas vezes, nas noites das 
novenas, nas festas de padroeiros das Capelas, ou mesmo, na Matriz, ele 
descia aos locais das diversões e das vendas, para derrubar com um 
“chute” as bancas de caipira (jogo de azar), ou mesmo as mesas cheias de
 mercadorias, quando expostas em locais ou horários não permitidos. 
Atitudes parecidas, quando da teimosia dos operadores de carrosséis e 
canoinhas. Se não havia policiais na área, ele fazia as vezes deles, 
substituindo-os até no apartar de brigas, inclusive, brigas de rua 
envolvendo embriagados de faca em punho. Confiava na autoridade da 
batina. Uma imprudência, todos diziam. Mas, era o jeito dele! O que 
fazer?!
Pe. Valderi da Rocha