Afora o meritório trabalho das escolas, a imprensa e o teatro contribuíram, de modo preponderante, para o incremento da vida cultural da cidade de Acaraú.
Relativamente aos jornais que ali circularam, iniciamos com o jornal O ACARAÚ, editado em Manaus, sob a direção de F. Teófilo, mas que a partir de 7 de setembro de 1907, passou a ser impresso em Acaraú, sob a direção do Dr. Arnulfo Lins e Silva, então Juiz Municipal do Termo.
Com o passar do tempo, outros jornais ali foram impressos: Gazeta do Povo, Solar das Garças, O Esporte, Aurora e Helianto.
A 1º de maio de 1920, saiu o primeiro número do jornal A COMUNA, que circulava quinzenalmente. Em 1926 passou a denominar-se O ACARAÚ, título do primeiro jornal que ali circulara.
O ACARAÚ, teve vida ativa até 15 de fevereiro de 1958. Em suas colunas, durante 38 anos, colaboraram, entre outros, os seguintes intelectuais: Padre Antônio Tho-maz, Antônio Sales, Carlyle Martins, João Damasceno Vasconcelos, Gurgel do Amaral, Francisco Felipe Rocha, José Edson Magalhães, Anibel Filho, Nicodemos Araújo, Ribeiro Ramos e Dinorá Tomaz Ramos.
Segundo informa o poeta Nicodemos Araújo, seu primeiro trabalho publicado foi o soneto intitulado “Virgem Imaculada”, inserto no jornal “A Comuna”, em sua edição de 15 de maio de 1923.
Em conseqüência de seu entusiasmo pelo jornalismo, a 1º de maio de 1933, auxiliado pelo companheiro João Venceslau Araújo (Joca Lopes), o poeta funda em Bela Cruz, um jornalzinho quinzenário, intitulado ALVORADA, folha que circulou pontualmente até novembro de 1934, época em que o poeta passou a residir em Acaraú.
No que se relaciona com o desenvolvimento da música, na cidade de Acaraú, muito pouco temos a registrar. Sim, porque não existe ali uma escola destinada ao ensino da música. Apenas as Bandas de Música que existiram na cidade ao longo do tempo, desde o século dezenove, e os cânticos litúrgicos da igreja, têm marcado o gosto por essa arte de tão elevada importância no setor cultural.
Entretanto, com relação à poesia, os acarauenses têm razões para se orgulhar. Isto porque, temos o saudoso Padre Antônio Thomaz, filho de Acaraú, e que ali exerceu o cargo de Vigário durante trinta anos, e que, em concurso promovido pela revista Ceará Ilustrado, em 1925, foi eleito Príncipe dos Poetas Cearenses.
Esse fato como que despertou a veia poética que jazia latente, entre vários acarauenses. Desde então vem se desenvolvendo o gosto pela poesia, onde marcaram destaque os poetas Rodrigues de Andrade, Junqueira Grarany, Dedek Fontenele, Francisco Felipe Rocha, Dinorá Tomaz Ramos, Francisco José Ferreira Gomes, João Damasceno Vasconcelos e Dimas Carvalho, com vários livros publicados.
Outro fator também positivo no incremento cultural de Acaraú foi, como já dissemos, durante meio século, a imprensa, através dos jornais que ali se imprimiram, e que constituíram veículos marcantes na esfera intelectual do município.
A 1º de janeiro de 1935, Nicodemos inscreve-se como jornalista, na Associação Cearense de Imprensa, e a 19 de abril de 1956 a A.C.I. deu-lhe a Carteira de Redator.
Durante o período de 1º de maio de 1948 a 15 de fevereiro de 1958, desempenhou as funções de redator-chefe do jornal “O ACARAÚ” que tinha por objetivo propugnar pelos legítimos interesses da Região do Vale do Acaraú.
Entre os Jornais e revistas em que tem colaborado, destacamos: “Alvorada” e “Correio de Bela Cruz”, de Bela Cruz; “A Comuna”, “O Acaraú”, “Aurora”, “Helianto” e o “Palhaço”, de Acaraú; “Camocim Jornal”, de Camocim; “A Luz”, de Ubajara;“ A Ordem”, “A Luta”, “Correio da Semana” e “Revista da Academia”, de Sobral; “A Resposta”, “Almanaque Ítalo-Brasileiro”, do Rio de Janeiro; “Cruzeiro do Sul”, do Acre; “Mensageiro da Fé”, da Bahia; “Correio do Ceará”, “O Povo”, “Gazeta de Notícias”, “O Nordeste”, “O Ceará” e “Anunciação”, de Fortaleza.
Tendo também cultivado a arte de Edipo, colaborou com charadas, logogrifos e enigmas, nas seguintes publicações: – “Almanaque das Senhoras”, de Lisboa; “Almanaque Mensageiro da Fé”, da Bahia; “Almanaque Ítalo-Brasileiro”, do Rio de Janeiro e “Almanaque da Parnaíba”, do Piauí”.
Seu nome para tudo quanto tem escrito é apenas Nicodemos Araújo, no entanto tem usado os seguintes pseudônimos: K. Lado, B. Zouro, Naraújo, A.Gulha.
A arte cênica também contribuiu para a evolução da vida cultural da sociedade acarauense. Grupos amadores de teatro ali representavam peças de boa qualidade, obtendo casa cheia, tal era o interesse dos amigos da cultura e da arte cênica. E foram esses grupos teatrais que, no dia 2 de maio de 1915, entregaram à sociedade acarauense, o “Recreio Dramático Familiar”, que ali marcou época mais de meio século. Sua sede própria só foi inaugurada a 7 de setembro de 1922. Estiveram à frente desse empreendimento os srs. Américo Rocha, Dico Guilherme, Manoel Lousada e Vicente Araújo. Em 1962, após um período de quase paralisação, “O Recreio” foi reorganizado, sendo eleita nova diretoria, tendo como presidente o poeta Francisco José Ferreira Gomes e Vicente Araújo como presidente honorário.
Atendendo o Projeto de Lei nº 686/89, em 1998 foi feita uma reforma total do imóvel, mantendo-se as linhas originais da fachada, inaugurando-se ali uma Biblioteca Pública, informatizada; com apreciável acervo bibliográfico, denominada Biblioteca Pública Poeta Nicodemos Araújo.
Araújo, Vicente Freitas – O Carpinteiro das Letras: perfil
biobibliográfico e antologia de Nicodemos Araújo,
Tanoa Editora, 2004
Nenhum comentário:
Postar um comentário