João Lopes de Araújo-Pai de Nicodemos Araújo
No ano da graça de 1717 nasceu, na comunidade de Santa Lúcia de Barcelos, Arcebispado de Braga, em Portugal, José de Araújo Costa, filho de Pedro de Araújo Costa e dona Maria de Sá. Jovem ainda, José de Araújo Costa emigrou para o Brasil, vindo fixar residência no lugar “Lagoa Grande”, hoje, pertencente ao município de Acaraú. Inteligente e ativo, o moço português ali construiu casa de morada e passou a viver do comércio e da criação de gado, bem como da agricultura. Em data de 31 de julho de 1747 consorciou-se com dona Brites de Vasconcelos (uma das sete irmãs), filha do Capitão Manoel Vaz de Carrasco e Silva e de dona Maria Madalena de Sá e Oliveira. Manoel Vaz de Carrasco e Silva nasceu em Ipojuca, Pernambuco, primogênito do casal Francisco Vaz Carrasco e Inês de Vasconcelos, tronco de inumerável descendência em toda a Ribeira do Acaraú. Emigrou para o Ceará, fixando residência na Fazenda Lagoa Seca, próxima onde hoje se encontra a cidade de Bela Cruz. É o pai das célebres sete irmãs, de cuja fecundidade maternal provém grande parte da família sobralense, como, aliás, de toda a Ribeira do Acaraú.
Do casamento de José de Araújo Costa com dona Brites de Vasconcelos, nasceram onze filhos, entre os quais o Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa que viveu na fazenda “Lagoa do Mato”, onde se tornou célebre no exercício da medicina, embora sem cursar qualquer faculdade. Diogo Lopes foi um abastado pecuarista e influente político, chegando a ser eleito vereador à Câmara Municipal de Sobral, no ano de 1789, como o seu pai o fora, em 1775. Dizem ter tido 35 filhos de sete mulheres, entre as quais dona Maria Siciaca da Fonseca, de cuja união nasceram sete, entre estes o Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa, que nasceu no ano de 1819 e consorciou-se a 02 de setembro de 1844, com dona Angélica Francisca da Silveira, filha de José da Silveira Dutra e de dona Francisca de Araújo Costa.
Depois do casamento, Vicente Lopes situou-se em terras herdadas de seu pai – na Lagoa do Mato. Ali construiu casa de morada, aviamento para beneficiamento da mandioca e outras benfeitorias. E viveu da pecuária, da agricultura e da indústria de cera de carnaúba, o que lhe garantiu boa situação econômica.
De seu casamento nasceram treze filhos, sendo sete homens e seis mulheres, entre estes João Lopes de Araújo Costa, pai do poeta Nicodemos Araújo.
Por parte de mãe, Nicodemos descende do patriarca João Carneiro da Costa, que foi pecuarista e político no município de Santana do Acaraú, e que casou-se, em terceiras núpcias, com dona Teresa de Jesus Vasconcelos. Deste matrimônio provém a família Carneiro, tão numerosa nesta região.
O professor Afonso Alberto Carneiro, que era filho do Capitão Joaquim Gomes Carneiro e de dona Maria da Penha Carneiro, nasceu no lugar “Curral Grande”, município de Santana do Acaraú, a 25 de novembro de 1851. Exerceu o magistério e a pecuária, e casou-se, na capela de Santa Cruz (hoje cidade de Bela Cruz), com dona Maria do Carmo da Silveira, filha de José Pereira da Rocha e de dona Maria da Penha Silveira. Deste matrimônio nasceram cinco filhos, entre os quais, Francisca Eucária da Silveira, mãe do poeta Nicodemos Araújo.
O poeta nasceu na antiga povoação de Santa Cruz, a 10 de março de 1905, filho legítimo de João Lopes de Araújo, nascido a 22 de outubro de 1848 e de Francisca Eucária da Silveira, nascida a 03 de março de 1880, a qual, em virtude do casamento, passou a chamar-se Francisca Silveira Lopes.
Nicodemos foi batizado na capela de Santa Cruz, a 22 de junho de 1905, sendo oficiante o Padre Joaquim Severiano de Vasconcelos, e padrinhos, o Capitão Sabino Lopes de Araújo Costa e sua esposa, dona Beatriz Ibiapina de Araújo (irmã de seu pai). O registro de seu nascimento, em cartório, foi feito somente a 11 de dezembro de 1937, pelo tabelião de Acaraú, Joaquim Quariguazi da Frota (livro nº 22, fls. 227). Seu batismo se acha registrado no livro nº 20, fls. 181, da Paróquia de Acaraú.
Seu pai casou-se duas vezes: a primeira com sua sobrinha, dona Maria José de Araújo, que faleceu poucos anos depois de casada. Desse matrimônio nasceram dois meninos – João e Vicente – que tiveram poucos meses de vida; a segunda, com dona Francisca Eucária da Silveira. Desse matrimônio nasceram os seguintes filhos – Maria Aprígia de Araújo, nascida a 03 de janeiro de 1896 e que faleceu seis meses depois. – Vicente Lopes Araújo, nascido a 24 de abril de 1898 e casado, a 09 de novembro de 1931, com Maria José de Carvalho, nascida a 07 de setembro de 1909. – Maria Cacilda da Silveira, nascida a 12 de maio de 1902, casada com Raimundo Silveira Araújo e falecida a 19 de setembro de 1936. – Manoel Nicodemos Araújo, nascido a 10 de março de 1905 e falecido a 23 de junho de 1999; casado a 09 de novembro de 1931, com Alice Leitão Adriano, nascida a 25 de dezembro de 1911. – Ana Profetiza Silveira, nascida a 12 de junho de 1908 e falecida a 03 de março de 1938. – Afonso Celso Araújo, nascido a 05 de abril de 1912, casado com Narcisa Noberta Maranhão, nascida a 31 de agosto de 1913. – Raimunda Lopes Araújo, nascida a 16 de fevereiro de 1915 e casada em 1936, com João Ambrósio Araújo, nascido a 07 de dezembro de 1909, falecido a 03 de abril de 1984. – Geralda Lopes Araújo, nascida a 30 de junho de 1920 e casada a 03 de dezembro de 1954, com Abdom Murilo Zacas, nascido a 09 de junho de 1913.
Francisca Eucária nasceu no lugar Curral Grande, do hoje município de Santana do Acaraú. Aos doze anos de idade, órfã de mãe, veio morar com seus avós, na então povoação de Santa Cruz, e com apenas quatorze anos de idade, consorciou-se com João Lopes de Araújo, casamento oficiado pelo Padre Antônio Xavier Maria de Castro, então vigário da freguesia de Acaraú. João Lopes de Araújo, que residia em Lagoa do Mato, fixou residência em Santa Cruz, onde abriu uma loja de tecidos e exerceu as funções de Juiz de Paz, Subdelegado de Polícia e Fiscal Municipal.
Araújo, Vicente Freitas – O Carpinteiro das Letras: perfil
biobibliográfico e antologia de Nicodemos Araújo,
Tanoa Editora, 2004
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