domingo, 13 de março de 2011

Salão de Artes Visuais movimenta Zona Norte

FOTO: DIVULGAÇÃO
Salão de Artes Visuais de Cariré reúne artistas locais, anualmente. A ideia é expandir para outras cidades da região
Sobral. Em busca de revelar novos talentos, o Município de Cariré, na Região Norte, tem realizado, anualmente, o Salão de Artes Visuais, que no passado recebeu incentivo e reconhecimento da Secretaria da Cultura do Estado (Secult). A última edição foi realizada em janeiro e agora o idealizador do evento, o artista plástico Ed Ferrera, pretende expandir a iniciativa para outros Municípios da região: Reriutaba, Pacujá, Graça, Mucambo, Varjota, Groaíras e Sobral.

O Salão de Artes Visuais procurou, neste Município, um espaço onde reunisse pessoas que representassem toda uma cidade. A Escola de Ensino Médio Marieta Cals foi o local escolhido para apresentação de processo criativo, conforme conta Ed Ferrera. "A escola é esse espaço que precisamos, principalmente, quando ela acaba reunindo num só lugar estudantes de vários lugares da sede e da zona rural. Apesar de estar bem ali dentro da cidade, acaba se tornando distante, pois está cercada por um muro, onde quem está fora não sabe o que se passa lá dentro e vice-versa".

A intenção, segundo o idealizador do salão, é valorizar a produção artística local. "Os artistas que existem nessas localidades distantes dos grandes centros urbanos, por mais que eles tenham conhecimentos práticos, estão distantes da teoria. Então o salão fomenta isso", explica Ferrera.

Perspectiva
De acordo com levantamentos feitos pela direção da escola, a falta da perspectiva de vida dos adolescentes, após a formação educacional, é grande. A maioria deles tem como destino, na sua vida adulta, as cidades do Estado do Rio de Janeiro e São Paulo, em busca dessa perspectiva de vida. A proposta do salão envolve os jovens nas atividades criativas, podendo tornar-se o motivo de permanecer em sua cidade natal.

O Salão de Artes Visuais é dividido espacialmente onde quem está participando diretamente busca conhecimento e quem está fora, o público, também se envolve, pois aprende um pouco de como descrever uma arte visual. "A gente traz pessoas que tem um grande conhecimento em artes visuais para dialogar com esses artistas que estão lá", disse Ed Ferrera, acrescentando que na segunda edição trouxe o artista convidado, Járed Domício, que apresentou a exposição coletiva "Olhos da Cidade". "Essa exposição busca provocar uma aproximação entre aqueles que estão em processo de formação com o público, que acaba demonstrando interesse pelos artistas locais". A exposição acontece na rua, fora das oficinas.

Convidado
O artista convidado para a segunda edição do Salão de Artes Visuais de Cariré, Járed Domício, é natural de Fortaleza, e graduado em Ciências Sociais, pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Entre suas exposições individuais podem ser destacadas Artista invasor: meio amargo (2005), no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CE); e In calço (2004), que fez parte do programa de exposições do Centro Cultural de São Paulo. Participou ainda de diversas mostras coletivas, entre as quais estão quatro edições do Salão de Abril da Fundação Cultural de Fortaleza.

O salão apresenta, ainda, três oficinas de formação. Uma delas voltada para História da Arte; uma outra para Criação de Artes Visuais; e a terceira sobre Leituras de Obras de Artes. "Dessas três oficinas, sai outra exposição que é voltada para mostrar o que a cidade tem de belo e acaba virando arte. Todo esse material produzido pelos alunos fica em exposição na rua por quase um mês".

Na primeira edição do Salão de Artes Visuais, apenas 12 artistas participaram e o convite, segundo Ed Ferrera, foi feito de porta em porta, onde ao final exibiram 22 obras. Na edição deste ano, o número quase dobrou, chegando a 20 participantes, e 32 obras foram exibidas pelas ruas da cidade de Cariré.

Alguns participantes foram premiados com incentivo financeiro, mas a ideia é gratificar todos participantes, como forma de reconhecimento em dizer que este artista está no caminho certo. "As pessoas têm que entender que uma peça de arte, não é apenas um objeto de decoração e sim expressão de formação política", destaca o organizador Ed Ferrera.

MAIS INFORMAÇÕES
Salão de Artes Visuais, Ed Ferrera- Artista Plástico: (88) 9245.7747

Secretaria de Educação de Cariré: (88) 3643.1133/ educação@carire.ce.gov.br

ARTISTA PLÁSTICO
História mostra dedicação à arte
Sobral Antonio Edivaldo Ferreira, Ed Ferrera como prefere ser chamado, nasceu em Cariré. Tem 12 anos de formação em Artes Plásticas. Com habilidade em pintura, se dedica à produção artística voltada para o cubismo, com destaque para colagem e fragmentação da figura. O interesse pela arte começou muito cedo, aos sete anos de idade. Ed Ferrera é um artista conhecido por ter participado de vários salões pelo Ceará.

Voltado para um trabalho autodidata, suas obras podem ser apreciadas em vários prédios públicos da região, como por exemplo, o Memorial de Ensino Superior, além de peças expostas no Museu Dom José. Ed Ferrera demonstra ser uma pessoa dedicada à história das artes.

No ano de 2004, ganhou espaço para realização de uma exposição denominada "Labirinto", na Casa da Cultura. Ed Ferrera já havia participado de 18 exposições, sendo 16 coletivas e duas individuais. Destaque para a exposição Expressões Estrilhaçadas (abril, 2002), composição da mesa julgadora do Salão de Artes Plásticas de Crateús e a curadoria de Safra Sobral de Artes Plásticas, ambos em 2003.

Em outubro de 2010, o artista se destaca como curador de uma mostra promovida por alunos da Escola Municipal José Parente Prado. A exposição coletiva "Retalhos" reuniu trabalho de alunos atendidos pelo programa Jornada Ampliada, promovido pela Secretaria da Educação Municipal. Foram 24 painéis de 55 crianças, entre 6 e 12 anos, inclusas no projeto de artes visuais da escola, que mostrou o potencial criativo da meninada.

Segundo o artista plástico, a exposição foi o resultado dos dois primeiros meses do programa. "Esta exposição mostrou as primeiras impressões das crianças antes de qualquer contato com a técnica e os artistas que eles vão conhecer ao longo do projeto", explicou Ed Ferrera.

Na visão do curador, a exposição serve como proposta pedagógica. "As pessoas precisam entender que a exposição não é para o artista ou quem a elabora, e sim para a cidade, para formação de um público".

Wilson Gomes
Colaborador

Mudanças no audiovisual

Francis Vale-FOTO: FÁBIO LIMA
Fundado em 2008, o Fórum Cearense de Audiovisual realiza sua primeira mudança de colegiado. Em pauta, as demandas do setor no Estado do Ceará

Com o intuito de contribuir para um processo de discussão democrática do setor de audiovisual no Estado, pesquisadores, estudantes e cineastas se reuniram para formar o Fórum Cearense de Audiovisual.

Criado em 2008, o fórum tem se reunido semanalmente, com o propósito de congregar interessados em audiovisual, que desejem discutir as demandas do setor e propor encaminhamentos aos órgãos públicos que desenvolvem projetos na área.

"O Fórum nada mais é do que a reunião da cadeia produtiva do audiovisual cearense: desde pesquisadores até diretores e cineclubistas". Vem gente de toda a Fortaleza para as reuniões. Não fazemos a exigência de nada, nem filiação nem carteirinha, as pessoas colocam seus nomes na lista de e-mails e recebem as comunicações", explica um dos membros do colegiado atual, o cineasta Francis Vale.

Há um ano, o fórum optou por estabelecer um colegiado gestor para coordenar suas atividades e ações. Amanhã, o grupo passa por sua primeira mudança de gestão, em mais uma reunião aberta ao público, às 18h30 no equipamento Vila das Artes, (Rua 24 de maio, 1221, Centro).

Balanço
Segundo Vale, a grande importância do Fórum tem sido as intervenções nas políticas de editais. O grupo exigiu maior democratização das políticas de incentivo do Governo do Estado.

"Antes, os editais contemplavam 10 ou 15 pessoas, no máximo, agora são muito mais do que isso. Fora que eles abriram as políticas também para os cineclubes, incentivando a exibição de filmes e não só a criação. Essa tem sido nossa maior contribuição, ainda que nossas sugestões sejam apenas até certo ponto acatadas pela Secult", revela o cineasta. Francis analisa com desconfiança as promessas na nova gestão da Secretaria de Cultura do Estado em investir no setor de audiovisual. Para ele, é preciso saber o que o secretariado considera como promoção do cinema no Estado. "Não sei se eles tem uma visão holywoodiana da coisa. Trazer gente de fora pra vir fazer filme aqui não é estimular o cinema estadual! Tem que investir em quem está começando, dar continuidade à política de editais... Ações concretas. Agora temos vários cursos de audiovisual no Ceará, mas onde esse pessoal vai atuar?", defende Vale. Para ele, essa é a missão das coordenações do fórum: manter a frequência das reuniões para que possam fiscalizar as ações na nova gestão estadual.

Barbalha ganha ecomuseu

     Sítio Pinheiro-FOTOS: ELIZÂNGELA SANTOS
A proposta do primeiro ecomuseu de Barbalha busca agregar a riqueza natural e arqueológica da Chapada do Araripe

Barbalha Um espaço que pretende revelar uma das mais belas regiões do Ceará em suas mais diversas nuances. Dentro do projeto Trilhas do Cariri, da Fundação SOS Chapada do Araripe, os primeiros passos para a criação do Museu de História Natural estão sendo dados.

A proposta de interatividade do equipamento com os turistas e moradores da região vem ganhando fôlego e projeto executivo, que está sendo executado por museólogas. O projeto será apresentado no próximo dia 22 de março, Dia Mundial das Florestas, na cidade de Barbalha. Nesse mesmo dia acontece a premiação do prêmio Ambientalistas do Ano.

O espaço funcionará como um ecomuseu, conforme o presidente da Fundação SOS Chapada do Araripe, o biólogo Maurício Freire, que já atua com outros projetos relacionados à biodiversidade regional, por meio da entidade. "A nossa pretensão é envolver todas as dimensões relacionadas ao ecossistema da região", explica.

Atrativos naturais
O local para a implantação do Museu da Chapada é o Sítio Pinheiro, numa área plana e alta, de onde pode contemplar, em meio ao verde da vegetação, todo o contexto regional. "O objetivo principal do projeto é produzir coleções da fauna e flora de espécies que ocorrem atualmente na região do Cariri cearense, que certamente contribuirão para o desenvolvimento de atividades de pesquisa e educação, especialmente a ambiental", observa o biólogo.

A pretensão é ir além do que se pode imaginar em termos de formatação de museu. Essa é a grande proposta para a instalação do que também será o primeiro museu de Barbalha, que tem em seu centro urbano um dos acervos arquitetônicos mais bem preservados do Cariri e está inserida no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas do Brasil.


O espaço no Sítio Pinheiros, localizado no Distrito do Caldas, é, atualmente, uma das grandes atrações em termos de hospedagem em área natural da Chapada do Araripe, e se tornou um dos atrativos turísticos da região. Uma área foi cedida para a construção do museu pelo seu proprietário, Renato Pinheiro. Ele destaca a importância da valorização desses atrativos naturais e do processo de conscientização e educação, para que tal patrimônio seja preservado para gerações futuras.

Segundo o presidente da SOS Chapada do Araripe, o espaço cedido será totalmente regularizado, no sentido de buscar apoio dos ministérios do Turismo e do Meio Ambiente, tão logo sejam destinados recursos para a construção da obra.

"O projeto insere a fauna, a flora, cultura regional, estudos científicos, a questão da pesca, animais que hoje estão em risco de extinção, como o pássaro Soldadinho-do-Araripe, a riqueza paleontológica, arqueológica, dentre outros aspectos", diz ele. Os animais mortos que forem encontrados serão empalhados e passarão a compor o acervo.

Maurício Freire ainda não tem uma noção exata de quanto será investido, já que todo o acervo também será adquirido por meio da verba a ser destinada pelos poderes públicos e iniciativa privada. "Aos poucos podemos ir compondo esse espaço, para que se torne um dos grandes atrativos, e não só isso, mas principalmente um local onde possa ser repassada a educação e a conscientização de como preservar esse grande patrimônio natural", salienta.

Ambiente e cultura
A história da flora da região, com exposição das árvores nativas e exemplares fotográficos, será contada para o público. Uma delas é a fruta típica do caririense, o pequi, que por esta época faz a festa gastronômica na região. E desta planta, podem ser incluídas as questões relacionadas à preservação da árvore até o seu envolvimento no contexto cultural do morador da Chapada.

Essa trajetória de conhecimento vai desde os catadores de pequi, que se instalam por quase um semestre do ano, na Serra do Araripe, para colher o produto e comercializar, ao valor proteico do fruto, com os estudos científicos, inserção na economia, dentre outros aspectos. E não só o pequi, mas também espécies, como o jatobá, a aroeira, dentre outros, serão de conhecimento do público.

MAIS INFORMAÇÕES
Fundação SOS Chapada do Araripe em Barbalha (CE)

Rodovia Estadual CE-060 - Km 7

Sítio Pinheiros/ (88) 9271.1979

VER, TOCAR, SENTIR 
Proposta envolve interação com peças
O espaço integrado contará com área educativa, para que os visitantes não só toquem o que virem pela frente, mas para que vivam e sintam a história natural em sua integralidade. "A marca do museu vivo é de que é proibido não tocar", ressalta Maurício Freire, presidente da Fundação SOS Chapada do Araripe.

A proposta da entidade está sendo aprimorada pelas museólogas, após a visita do espaço onde será construído o equipamento. O projeto executivo está em fase de finalização. O Museu de História Natural da Chapada do Araripe estará situado dentro da área de visibilidade mundial, que é hoje o Geopark Araripe.

Já que se fala em educação, o presidente da fundação destaca a importância de manter o lúdico presente no espaço. Para ao biólogo, a referência de uma área, que inclui a Floresta Nacional do Araripe, como a primeira a ser reconhecida por decreto lei, deve ser adquirida desde a mais tenra idade, com todos os valores e mistérios contidos na sua beleza natural.

A parceria para a instalação do projeto não está restrita apenas ao poder público. Maurício Freire afirma que manterá contato com órgãos como a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) para apresentar e pedir apoio ao projeto. Ele destaca a importância do reconhecimento desse setor para o processo de preservação das áreas verdes do Estado, e consequentemente das espécies animais, além da qualidade de vida do cidadão. "Teremos um traço antropológico e ecológico, e será o primeiro do Cariri com essas dimensões a que nos propomos", diz ele.

A responsável pelo projeto executivo do museu será a professora Sílvia Regina Gonzáles, que, segundo Maurício, possui experiência internacional na área. Sílvia Regina é graduada em Educação Artística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Tem atuado na área de preservação do patrimônio cultural material e imaterial ao longo de 23 anos, nos Estados de Pernambuco, Minas Gerais e Paraíba.

Foi diretora executiva do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP), de 2005 a 2008, quando implantou uma Política para Preservação do Patrimônio Cultural Material e Imaterial. Também iniciou uma política específica e inédita para os museus paraibanos e representou o Estado na elaboração do Plano Nacional de Museus.

Maurício Freire destaca a experiência da responsável pelo projeto no âmbito internacional, quando esteve na direção do IPHAEP e desenvolveu um programa de intercâmbio técnico-científico com o Governo da Espanha para atuação na revitalização e requalificação de centros históricos, de gestão museográfica e cultural.

Elizângela Santos
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

Programa Riquezas do Ceará-TV Cidade


O Riquezas do Ceará não é mais um "programinha" sobre turismo local, como tantos outros já existentes no estado. O Riquezas tem algo mais. É bem produzido, é bem editado, é diferente, é o melhor. Um time de repórteres experientes, se reveza todo o fim de semana em busca do diferencial. Os municípíos visitados são explorados de uma forma nunca vista. Vamos em busca de boas histórias, personagens interessantes, culinária da boa, gente da terra e pontos turísticos que só existem pras bandas de cá. Em três anos de programa, já percorremos mais de 10 mil quilômetros. Foram mais de 100 municípios visitados e dezenas de distritos descobertos. É o equivalente a dar sete voltas pelo estado sem parar. É muito chão! Toda vez que uma equipe de reportagem coloca o pé na estrada, algo diferente está prestes a acontecer.
Sertão, praia, serra, os três climas na terra do sol.

Fonte: TV Cidade

A tensão de conjugar vida e arte no cearense Leonilson

Orlando Margarido, na CartaCapital

Das primeiras individuais na Europa e em São Paulo, no início dos anos 80, à instalação na capital paulista que não chegou a ser inaugurada na década seguinte, a obra de Leonilson comportou-se como um catálogo pessoal de seus sentimentos e convicções. Mesmo quando ainda não evidenciadas por palavras escritas ou bordadas, as intenções se revelavam nas pinturas, desenhos e aquarelas de primeira fornada, que recebiam títulos como Na Neblina, O Bom Piloto ou O Inflexível.

Retomar esse percurso é a proposta da mostra Sob o Peso dos Meus Amores. São mais de 300 trabalhos do cearense morto em 1993, aos 36 anos, em decorrência da Aids. Leonilson foi um dos nomes mais originais da chamada Geração 80, pautada pela pintura, mas dela afastou-se em busca de rumo próprio. Em 1988, as obras Como as Cataratas e Ninguém Tinha Visto, esta uma acrílica sobre madeira com uma grande asa branca no centro, somavam-se a outras na percepção das mudanças. A atitude mais simbólica da adequação de suas aspirações a um meio, no entanto, é aquela representada na escolha de suportes e técnicas nada convencionais, a exemplo de bordados sobre tecidos variados, sacolas e fronhas de travesseiros, aliados à escrita. O artista era filho de um vendedor de tecidos e de mãe bordadeira.

Conforme suas reflexões saltavam em razão das fases vividas, essas eram traduzidas em formatos e palavras que intrigam o espectador, caso do bordado Cheio, Vazio, uma das últimas obras, e Todos os Rios, para ficar nos trabalhos emblemáticos. Muitas vezes a imperfeição do acabamento, da costura, do recorte desalinhado que Leonilson preconizava como manifestação de sua arte aguçava-se quando a forma e o elemento gráfico não eram suficientes, a exemplo da cruz de lona pintada de azul chamada KmS – Horas.

Mas tais dados fornecidos pelas obras vêm sempre costurados por situações pessoais do artista, como assinala o crítico Ricardo Resende, curador da exposição ao lado de Bitu Cassundé.  Ele relembra o caráter de colecionador de Leonilson, transposto nos elementos recorrentes de seus desenhos, seja um relógio, um avião ou um farol. Reforça ainda a ideia de um solitário voltado a refletir sobre questões de desejo e sexuais. O eixo de retrospecto da mostra confirma a apreciação antes mesmo de Leonilson surgir no cenário nacional, quando criou em 1972 Mirro, uma caixa de madeira na qual representa seu rosto com variados objetos e material descartável, já sugerindo uma personificação.

SOB O PESO DOS MEUS AMORES
Itaú Cultural, São Paulo
17 de março a 29 de maio